2012/06/12
Só uma achega
O Evangelho da Missa da IX semana do Tempo Comum, iniciada a 3 de Junho (Mateus 28, 16-20) relata o seguinte:
"Undecim autem discipuli abierunt in Galilaeam, in montem ubi constituerat illis Iesus, et videntes eum adoraverunt; quidam autem dubitaverunt. Et accedens Iesus locutus est eis dicens: «Data est mihi omnis potestas in caelo et in terra. Euntes ergo docete omnes gentes, baptizantes eos in nomine Patris et Filli et Spiritus Sancti, docentes eos servare omnia, quaecumque mandavi vobis. Et ecce ego vobiscum sum omnibus diebus usque ad consummationem saeculi»".
"Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. Ao verem-No, adoraram-No, mas houve alguns que duvidaram. Aproximou-Se Jesus e falou-lhe nestes termos: «Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo o que vos mandei. Sabei que Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos»".
Como é possível que pessoas que passam a vida com a Bíblia na mão, em riste, venham depois negar que Jesus Cristo seja Deus e defender que a Trindade divina é uma invenção humana pós-apostólica? Então, porque é que os onze apóstolos adoraram Cristo? Terão cometido um acto de idolatria, adorando alguém que não é Deus? Se a Trindade divina é uma invenção humana pós-apostólica, sem qualquer registo bíblico, como é que Jesus Cristo manda baptizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo?
Como é possível que, após este relato, existam pessoas, algumas dizendo-se cristãs e até com pretensões teológicas, neguem o carácter apostólico, missionário, evangelizador - como quiserem chamar - do Cristianismo e, por isso, da Igreja?
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Bento XVI, João Paulo II
2011/11/12
Fim do socialismo – 1ª parte
Podemos indagar e discutir as razões da queda de um regime que, no dia anterior, jurava durar para sempre, e talvez sejam várias. Mas, mais importante que isso é questionar a tremenda analogia existente entre a defunta URSS e a UE. A UE está podre, mas todos os políticos agarrados ao sistema garantem que está de boa saúde.
Afinal de contas falta fazer cair a 2ª parte do socialismo, na Europa Ocidental. Será Merckel a perestroika, ou devemos esperar outra?
A UE já tem a troika, só falta a perestroika.
E, tal como aconteceu com a defunta URSS e nações satélites, quando um sistema socialista, mesmo que seja a diesel, é derrubado, o mundo não acaba, a vida continua, com mais liberdade e independência.
Portanto, se acabar o euro e a UE, nem que seja só para alguns países, já sabem... não vale a pena chorar.
The 20th anniversary of the fall of the USSR offers an opportunity both to remember and to look ahead. The reasons for the USSR’s collapse are many, ranging from its mania for top-down economic control, to its oppression of its own people, to its efforts to hold an empire in Eastern Europe and Central Asia, to the courage and leadership of Russian dissidents and Western leaders. But standing above all of these causes was a truth that Ronald Reagan recognized clearly: while the Soviet Union looked strong, it was in reality weak. If the West stood up to it, and forced it to confront its own inability to feed and listen to its people, the flaws inherent in its tyrannical regime would be revealed.
The truth of Reagan’s vision became apparent in 1991. Since then, we have witnessed other tyrannies, seemingly solid, collapse in a matter of days: the sudden failure of the dictatorships of North Africa is only the most recent evidence that these regimes have no enduring strength. But in spite of this, the United States and the West are today enduring another of their periodic moments of concern about their future and worries about decline. The anniversary of the fall of the USSR gives us reason to look back at this triumph for American and Western leadership, and for the now-free peoples of the former Soviet Union. But it also gives us an opportunity to look at the victories of 1991 that have not yet been secured, and which are under threat as the U.S. pursues its ‘reset’ policy with Russia that is back-sliding rapidly into autocracy.
http://www.heritage.org/Events/2011/11/Fall-of-the-USSR
Etiquetas: Capitalismo, Em defesa do Ocidente, João Paulo II, O mundo não é perfeito, socialismo, União Europeia
2011/04/27
Uma boa notícia…
Trata-se da beatificação de João Paulo II, um Papa que ainda todos têm bem fresco na memória e que muitos não hesitam em considerar “grande”. Grande, sem dúvida. Importante é saber porquê.
Sendo certo que alguns lhe atribuem singular importância no desenvolvimento de determinados desenlaces históricos e políticos do século XX, como a derrocada do muro de Berlim e, com ele, do socialismo no leste europeu e da União Soviética, a verdade é que João Paulo II teve bem mais importância espiritual e religiosa, dentro e fora da Igreja.
Talvez por tudo isto, João Paulo II foi um Papa quase-mártir e muito martirizado ao longo do seu pontificado. Para além do atentado em que o turco Ali Agca o tentou assassinar a 13 de Maio de 1981 na Praça de S. Pedro, sabe Deus, e quem mais quiser saber, a mando de quem, a verdade é que a imprensa nunca o deixou de atacar durante todo o pontificado, fosse pela rejeição da “teologia da libertação”, fosse por ser “conservador” (isto é, não alinhar com o igualitarismo de todas as formas de vida, com o relativismo moral, com o aborto, com o homossexualismo, com o evolucionismo materialista, etc.), fosse porque os seus inimigos conspiravam e pressionavam para que, a pretexto da sua doença, resignasse ao pontificado, tal era a vontade de se verem livres dele. O “Expresso”, na sua edição de 26 de Março de 1994, chegou mesmo a dar como certa, na última página do seu principal caderno, a resignação de João Paulo II. Tal era a paranóia.
Fica por fazer o estudo da forma como a imprensa tratou João Paulo II ao longo do seu pontificado. E, quando se fizer, não será muito difícil perceber que, frequentemente, o trataram mal. Basta pensar nos jornalistas e colunistas de “religião” em Portugal. Basta só ver os jornais.
Podem dizer o que quiserem a respeito de João Paulo II, que em breve será elevado à honra dos altares, mas eis o que ele na realidade foi: um grande santo, um homem de oração, do espírito e dos sentidos, que soube suportar, com sentido sobrenatural, o mal e as contrariedades que com ele se cruzaram na vida, sabendo que a vida terrena é transitória, com os olhos postos na vida eterna.
Foi esta a sua maior grandeza.
http://www.jpiibeatus.org/it/site/generalInformation
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: João Paulo II
2010/04/19
Nova fase da guerra?
A ninguém passa despercebido o facto de que a Igreja e o Cristianismo estão a enfrentar uma guerra cultural e mediática que ultimamente experimentou novos desenlaces com a tentativa de incriminar Bento XVI a pretexto de alguns casos de abusos de crianças por eclesiásticos e da forma como tais casos foram tratados.
Como já aqui foi desfiado, pretextos não têm faltado aos poderes deste mundo para atacar a Igreja e os Papas, de forma mais ou menos velada, desde há umas boas décadas. Desde a Humanae Vitae de Paulo VI, passando pelo atentado a João Paulo II pela mão de Ali Agca e sabe-se lá de mais quem, às especulações sobre a saúde de João Paulo II e a sua capacidade de governar a Igreja, que a Igreja é conservadora e João Paulo II também... Mais recentemente foi a vez de Bento XVI ser contemplado com a hostilidade mediática a pretexto de ser alemão e ter 18 anos em 1945, de falar sobre fé, razão e Deus em Regensburg, da proibição de discursar numa universidade italiana, de a bordo do avião que o conduziu aos Camarões ter sublinhado a primazia da conduta moral – evitar a promiscuidade sexual – na prevenção da SIDA em relação à “distribuição de preservativos”, a pretexto de uma alegada solidão e, por agora, com o pretexto de que encobriu e protegeu padres pedófilos.
Que acusação virá a seguir? Talvez também seja culpado do “aquecimento global”, quem sabe?
Mas eis que, de repente, entra em jogo o Cardeal Bertone asseverando que a maioria dos casos de pedofilia de que são acusados alguns padres são abusos entre pessoas do mesmo sexo masculino: esses padres e rapazes. Alguém poderá negar que são do sexo masculino? Trata-se, portanto, numa maioria de casos, de homossexualidade, que é uma das causas, apontadas pelo cardeal, deste problema que afecta a Igreja.
Entramos assim numa nova fase, que é a discussão de um problema que estava escondido e de que oficialmente não se pode falar sob pena de se ser acusado das piores coisas. Aqui já todos têm que ter a mesma opinião...
Talvez a guerra tenha entrado, por ironia do destino, na discussão desassombrada da natureza, da aceitabilidade e das consequências da homossexualidade, dentro e fora da Igreja.
E porque não começar por distinguir o sentido da complementaridade entre sexos masculino e feminino?
Para aqueles que têm mais dificuldade em entender essa complementaridade, o argumento biológico parece ser aquele que mais facilmente entra pelos olhos: dir-se-ia que as tomadas só têm sentido se existirem fichas que a elas se liguem, tal como as chaves só têm sentido se existirem fechaduras. Que sentido teria ligar tomadas com tomadas, fichas com fichas, fechaduras com fechaduras e chaves com chaves?
Uma coisa, entretanto, parece certa: se a Igreja subscrevesse e recomendasse o aborto e a homossexualidade, a pedofilia transformava-se em “educação sexual”.
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Bento XVI, Em Defesa da Vida, João Paulo II, Manuel Brás, pedofilia
2010/04/12
A saga dos Papas pós-sessenta

Manuel Brás
A campanha de ódio em curso nos media contra a Igreja Católica e o Papa a pretexto de alguns casos de pedofilia envolvendo eclesiásticos pode parecer inédita, mas não o é em toda a linha nem em todos os aspectos.
Se olharmos com atenção para os pontificados de Paulo VI, João Paulo II e agora de Bento XVI verificamos que todos eles foram objecto de campanhas mediáticas hostis. Tudo isto é verificável: é só estudar os jornais da época.
Quanto a Paulo VI, a profética publicação daquela que é, talvez, a mais polémica de todas as encíclicas: a “Humanae Vitae”, que desencadeou uma campanha de hostilidade contra a sua pessoa, fora e dentro da Igreja, sendo que dentro da Igreja além da hostilidade também encontrou a desobediência de certos sectores.
Com João Paulo II, e pondo de lado a tentativa de assassinato por Ali Agca e tudo o que esse atentado teve por trás, chamou a atenção durante anos e anos especulações sobre a sua saúde, que invariavelmente tentavam pôr em causa diante da opinião pública a sua capacidade de dirigir a Igreja e desembocavam na sua renúncia, um verdadeiro wishful thinking da imprensa que lhe era hostil. O “Expresso” de 26 de Março de 1994 dava como certa a renúncia de João Paulo II para breve. Para além da frequente hostilidade do “Expresso”, João Paulo II também teve que suportar frequentes críticas negativas e hostis do “Público” servidas a pretexto das opiniões dos jornalistas de serviço. E tudo isto, porquê? Porque João Paulo II era conservador, como se isso fosse um crime, coisa insuportável para a imprensa dominante.
Finalmente, chegou Bento XVI – menos telegénico e fotogénico que João Paulo II, mas isso não se explica, é daqueles atributos que se tem ou não tem, mais de palavra e pensamento que de gesto e imagem – e não havia razão nenhuma para a imprensa, verdadeiro amplificador a soldo dos poderes deste mundo, se comportar de forma diferente do que fez com João Paulo II. Foi por isso que tivemos a polémica à volta do discurso de Regensburg sobre o papel da razão, da entrevista a bordo do avião que o conduziu aos Camarões sobre a questão da SIDA e do preservativo, fruto, em ambos os casos, de distorções das suas palavras.
Não admira, pois, que agora, de um momento para o outro, o queiram envolver e acusar de encobrimento de actos pedófilos de que certo número de eclesiásticos é acusado ao longo de várias décadas.
Tudo isto se entende melhor se tivermos em conta a forma como a imprensa internacional tratou a Igreja e os Papas desde os 60 para cá. Nos dias que correm é muito difícil encontrar notícias positivas sobre a Igreja e o Papa, isto é, notícias que dêem uma visão positiva da Igreja e do Papa.
Se tivermos isso em conta, há uma conclusão a que não nos podemos furtar: os poderes deste mundo – políticos e temporais – querem mandar na Igreja, o que significa que querem dirigir a Igreja de modo a tê-la ao serviço da sua agenda e dos seus interesses.
É por isso que querem que a Igreja mude.
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Bento XVI, João Paulo II, Manuel Brás, Paulo VI, pedofilia
2009/05/19
Uma Missão (quase) Impossível
Foi o que aguardou Bento XVI na passada semana durante a sua peregrinação ao Médio Oriente: Jordânia, Palestina e Israel.
Para quem tivesse dúvidas, o Papa lembrou que ia fazer uma peregrinação e não política.
Não obstante, os protestos das franjas de um lado e doutro não se fizeram esperar. Aconteceram coisas bizarras, tais como uns pedirem ao Papa para condenar os outros, ou Bento XVI ficar a saber que, para outra vez, já sabe a quem tem que pedir para lhe fazer o discurso, a fim de lá ter todas as palavras que a mais caprichosa audiência deseja ouvir.
Que podíamos esperar de um ponto do globo onde talvez o nº de loucos por metro quadrado seja o mais elevado do mundo?
Nada que já não tenha sucedido na viagem de João Paulo II. Aliás, o pontificado de Bento XVI tem cada vez mais semelhanças com o de João Paulo II, seja na incompreensão e desconsideração a que o devota a comunicação social, seja pelo teor das surpresas que aparecem.
Só lhe falta darem uns tiros para fazerem o pleno do “humanismo” e da tolerância.
Isto à parte, e Bento XVI cumpriu a sua missão com sucesso: anunciar o Evangelho, o perdão, a importância da oração, na terra onde nasceu Aquele que o mandou anunciar tais coisas.
http://www.foxnews.com/story/0,2933,520288,00.html
http://www.mercatornet.com/articles/view/the_popes_detente_with_the_muslim_world/
Etiquetas: Bento XVI, João Paulo II, Miguel Lima
2009/03/24
A consagração de um mito

Quando alguém questiona ou manifesta dúvidas sobre algum assunto e tem como resposta uma reacção corporativa de certos sectores do mundo jornalístico baseada na histeria e no insulto, então é caso mesmo para desconfiar. Foi o que sucedeu a Bento XVI: muitos o insultaram, mas foram poucos aqueles que procuraram esclarecer, ou até revelar dentro do contexto, o conteúdo das suas palavras. Poucos tiveram a lealdade de tentar clarificar e aceitar uma proposta diferente da versão oficial veiculada pelos media, como se ela fosse um dogma e os media infalíveis.
Dá até a sensação que querem esconder alguma coisa que têm medo que se saiba e que ninguém pode ter outro entendimento ou convicção diferente do endoutrinamento mediático.
Mas será que a receita do preservativo resolve mesmo o problema da propagação do HIV? Se resolve, então porque é que onde essa receita foi aviada – e já lá vão 20 anos – o número de pessoas contaminadas nunca parou de aumentar ou, pelo menos, nunca diminuiu significativamente? Simbolicamente, Camarões é um exemplo acabado disso: entre 1992 e 2001 as vendas de preservativos passaram de 6 para 15 milhões de dólares, enquanto a prevalência de HIV triplicou de 3 para 9%.
Pelo contrário, nos poucos países que encorajaram as populações à abstinência de promiscuidade sexual, sobretudo entre os jovens, à redução de parceiros e à fidelidade conjugal, as prevalências de HIV diminuíram significativamente, como sucedeu no Uganda e, mais recentemente, no Quénia.
E em Portugal, porque é que ao fim de 20 anos de campanhas de promoção dos preservativos o nº de infectados com HIV nunca parou de crescer?
Devido à abstinência não foi de certeza.
A pergunta a que é preciso responder com verdade é esta: é a utilização de preservativos eficaz a 100% na prevenção do contágio de HIV? É que, se não é, encorajar a promiscuidade e o preservativo acaba por ser contraproducente e dar o que se vê.
Desprezar políticas que esclareçam e encorajem à abstinência, à redução de parceiros e à fidelidade conjugal é que é verdadeiramente criminoso. A responsabilidade dos actos é de cada um que os pratica, mas a desinformação e a censura tem outros responsáveis.
Aqueles que aproveitaram a ocasião para insultar Bento XVI, talvez até ignorando a realidade da vida de muitas pessoas em África, pensando que é o mesmo que em Lisboa, Paris ou S. Francisco, têm que pensar bem se aquilo que real e prioritariamente pretendem é combater a SIDA… ou outras coisas.
Enquanto eles se definem, de uma coisa podemos estar certos: Bento XVI está na moda.
Para quem é acusado de não viver neste mundo, nada mau.
Mas eles têm uma certa razão: há vários, ou até muitos mundos.
Há um mundo em que inequivocamente os Papas não têm vivido nas últimas décadas – nem Bento XVI, nem João Paulo II, nem Paulo VI – que é o mais tenebroso e sinistro de todos os mundos: o mundo jornalístico.
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2009/march/documents/hf_ben-xvi_spe_20090317_africa-interview_it.html
http://www.mercatornet.com/articles/view/african_aids_the_facts_that_demolish_the_myths/
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Bento XVI, Em Defesa da Vida, João Paulo II, Manuel Brás
2009/03/17
UMA CARTA HISTÓRICA

Todo o processo à volta da questão do levantamento da excomunhão dos 4 bispos da Fraternidade S. Pio X, seja por esse facto em si, seja pela "coincidência" da publicação das opiniões do bispo Williamson sobre o holocausto, levantou controvérsia e incompreensões dentro e fora da Igreja.
Não deixa de ser irónico que aqueles que têm sempre o ecumenismo na boca – será que sabem o que isso significa? - são aqueles que mais se opõem à Comunhão na Igreja e com a Igreja. Ora, o ecumenismo visa isso mesmo, a unidade dos cristãos. E o levantamento desta excomunhão, não obstante o que ainda fica por clarificar, é um passo em direcção à unidade, objecto do ecumenismo.
Como o assunto teve ressonância dentro e fora da Igreja, aqui fica a mensagem apresentada há dias por Bento XVI a propósito desta polémica absurda, que parece só ter uma moral da história: a tentativa de instrumentalizar a Igreja para fins políticos, como sucede com aqueles que se dizem católicos sempre que se trata de justificar e promover o aborto, o divórcio, a homossexualidade, e tudo o que contraria o modo de ser da Igreja e a sua natureza hierárquica.
manuelbras@portugalmail.pt
CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
A PROPÓSITO DA REMISSÃO DA EXCOMUNHÃO
AOS QUATRO BISPO CONSAGRADOS
PELO ARCEBISPO LEFEBVRE
Amados Irmãos no ministério episcopal!
A remissão da excomunhão aos quatro Bispos, consagrados no ano de 1988 pelo Arcebispo Lefebvre sem mandato da Santa Sé, por variadas razões suscitou, dentro e fora da Igreja Católica, uma discussão de tal veemência como desde há muito tempo não se tinha experiência. Muitos Bispos sentiram-se perplexos perante um facto que se verificou inesperadamente e era difícil de enquadrar positivamente nas questões e nas tarefas actuais da Igreja. Embora muitos Bispos e fiéis estivessem, em linha de princípio, dispostos a considerar positivamente a decisão do Papa pela reconciliação, contra isso levantava-se a questão acerca da conveniência de semelhante gesto quando comparado com as verdadeiras urgências duma vida de fé no nosso tempo. Ao contrário, alguns grupos acusavam abertamente o Papa de querer voltar atrás, para antes do Concílio: desencadeou-se assim uma avalanche de protestos, cujo azedume revelava feridas que remontavam mais além do momento. Por isso senti-me impelido a dirigir-vos, amados Irmãos, uma palavra esclarecedora, que pretende ajudar a compreender as intenções que me guiaram a mim e aos órgãos competentes da Santa Sé ao dar este passo. Espero deste modo contribuir para a paz na Igreja.
Uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão. O gesto discreto de misericórdia para com quatro Bispos, ordenados válida mas não legitimamente, de improviso apareceu como algo completamente diverso: como um desmentido da reconciliação entre cristãos e judeus e, consequentemente, como a revogação de quanto, nesta matéria, o Concílio tinha deixado claro para o caminho da Igreja. E assim o convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objectivo do meu trabalho teológico pessoal. O facto de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste. Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.
Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições. Uma ordenação episcopal sem o mandato pontifício significa o perigo de um cisma, porque põe em questão a unidade do colégio episcopal com o Papa. Por isso a Igreja tem de reagir com a punição mais severa, a excomunhão, a fim de chamar as pessoas assim punidas ao arrependimento e ao regresso à unidade. Passados vinte anos daquelas ordenações, tal objectivo infelizmente ainda não foi alcançado. A remissão da excomunhão tem em vista a mesma finalidade que pretende a punição: convidar uma vez mais os quatro Bispos ao regresso. Este gesto tornara-se possível depois que os interessados exprimiram o seu reconhecimento, em linha de princípio, do Papa e da sua potestade de Pastor, embora com reservas em matéria de obediência à sua autoridade doutrinal e à do Concílio. E isto traz-me de volta à distinção entre pessoa e instituição. A remissão da excomunhão era um provimento no âmbito da disciplina eclesiástica: as pessoas ficavam libertas do peso de consciência constituído pela punição eclesiástica mais grave. É preciso distinguir este nível disciplinar do âmbito doutrinal. O facto de a Fraternidade São Pio X não possuir uma posição canónica na Igreja não se baseia, ao fim e ao cabo, em razões disciplinares mas doutrinais. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja. Por conseguinte, é necessário distinguir o nível disciplinar, que diz respeito às pessoas enquanto tais, do nível doutrinal em que estão em questão o ministério e a instituição. Especificando uma vez mais: enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros – embora tenham sido libertos da punição eclesiástica – não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja.
À luz desta situação, é minha intenção unir, futuramente, a Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei» – instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – à Congregação para a Doutrina da Fé. Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas. Os organismos colegiais pelos quais a Congregação estuda as questões que se lhe apresentam (especialmente a habitual reunião dos Cardeais às quartas-feiras e a Plenária anual ou bienal) garantem o envolvimento dos Prefeitos de várias Congregações romanas e dos representantes do episcopado mundial nas decisões a tomar. Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.
Dito isto, espero, amados Irmãos, que tenham ficado claros tanto o significado positivo como os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. Mas resta a questão: Tal provimento era necessário? Constituía verdadeiramente uma prioridade? Não há porventura coisas muito mais importantes? Certamente existem coisas mais importantes e mais urgentes. Penso ter evidenciado as prioridades do meu Pontificado nos discursos que pronunciei nos seus primórdios. Aquilo que disse então permanece inalteradamente a minha linha orientadora. A primeira prioridade para o Sucessor de Pedro foi fixada pelo Senhor, no Cenáculo, de maneira inequivocável: «Tu (…) confirma os teus irmãos» (Lc 22, 32). O próprio Pedro formulou, de um modo novo, esta prioridade na sua primeira Carta: «Estai sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar a razão da esperança que está em vós» (1 Ped 3, 15). No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais.
Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo. Segue-se daqui, como consequência lógica, que devemos ter a peito a unidade dos crentes. De facto, a sua desunião, a sua contraposição interna põe em dúvida a credibilidade do seu falar de Deus. Por isso, o esforço em prol do testemunho comum de fé dos cristãos – em prol do ecumenismo – está incluído na prioridade suprema. A isto vem juntar-se a necessidade de que todos aqueles que crêem em Deus procurem juntos a paz, tentem aproximar-se uns dos outros a fim de caminharem juntos – embora na diversidade das suas imagens de Deus – para a fonte da Luz: é isto o diálogo inter-religioso. Quem anuncia Deus como Amor levado «até ao extremo» deve dar testemunho do amor: dedicar-se com amor aos doentes, afastar o ódio e a inimizade, tal é a dimensão social da fé cristã, de que falei na Encíclica Deus caritas est.
Em conclusão, se o árduo empenho em prol da fé, da esperança e do amor no mundo constitui neste momento (e, de formas diversas, sempre) a verdadeira prioridade para a Igreja, então fazem parte dele também as pequenas e médias reconciliações. O facto que o gesto submisso duma mão estendida tenha dado origem a um grande rumor, transformando-se precisamente assim no contrário duma reconciliação é um dado que devemos registar. Mas eu pergunto agora: Verdadeiramente era e é errado ir, mesmo neste caso, ao encontro do irmão que «tem alguma coisa contra ti» (cf. Mt 5, 23s) e procurar a reconciliação? Não deve porventura a própria sociedade civil tentar prevenir as radicalizações e reintegrar os seus eventuais aderentes – na medida do possível – nas grandes forças que plasmam a vida social, para evitar a segregação deles com todas as suas consequências? Poderá ser totalmente errado o facto de se empenhar na dissolução de endurecimentos e de restrições, de modo a dar espaço a quanto nisso haja de positivo e de recuperável para o conjunto? Eu mesmo constatei, nos anos posteriores a 1988, como, graças ao seu regresso, se modificara o clima interno de comunidades antes separadas de Roma; como o regresso na grande e ampla Igreja comum fizera de tal modo superar posições unilaterais e abrandar inflexibilidades que depois resultaram forças positivas para o conjunto. Poderá deixar-nos totalmente indiferentes uma comunidade onde se encontram 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis? Verdadeiramente devemos com toda a tranquilidade deixá-los andar à deriva longe da Igreja? Penso, por exemplo, nos 491 sacerdotes: não podemos conhecer toda a trama das suas motivações; mas penso que não se teriam decidido pelo sacerdócio, se, a par de diversos elementos vesgos e combalidos, não tivesse havido o amor por Cristo e a vontade de anunciá-Lo e, com Ele, o Deus vivo. Poderemos nós simplesmente excluí-los, enquanto representantes de um grupo marginal radical, da busca da reconciliação e da unidade? E depois que será deles?
É certo que, desde há muito tempo e novamente nesta ocasião concreta, ouvimos da boca de representantes daquela comunidade muitas coisas dissonantes: sobranceria e presunção, fixação em pontos unilaterais, etc. Em abono da verdade, devo acrescentar que também recebi uma série de comoventes testemunhos de gratidão, nos quais se vislumbrava uma abertura dos corações. Mas não deveria a grande Igreja permitir-se também de ser generosa, ciente da concepção ampla e fecunda que possui, ciente da promessa que lhe foi feita? Não deveremos nós, como bons educadores, ser capazes também de não reparar em diversas coisas não boas e diligenciar por arrastar para fora de mesquinhices? E não deveremos porventura admitir que, em ambientes da Igreja, também surgiu qualquer dissonância? Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. E se alguém ousa aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso – perde também o direito à tolerância e pode de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência.
Amados Irmãos, nos dias em que me veio à mente escrever-vos esta carta, deu-se o caso de, no Seminário Romano, ter de interpretar e comentar o texto de Gal 5, 13-15. Notei com surpresa o carácter imediato com que estas frases nos falam do momento actual: «Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a lei se resume nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tomai cuidado em não vos destruirdes uns aos outros». Sempre tive a propensão de considerar esta frase como um daqueles exageros retóricos que às vezes se encontram em São Paulo. E, sob certos aspectos, pode ser assim. Mas, infelizmente, este «morder e devorar» existe também hoje na Igreja como expressão duma liberdade mal interpretada. Porventura será motivo de surpresa saber que nós também não somos melhores do que os Gálatas? Que pelo menos estamos ameaçados pelas mesmas tentações? Que temos de aprender sempre de novo o recto uso da liberdade? E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor? No dia em que falei disto no Seminário Maior, celebrava-se em Roma a festa de Nossa Senhora da Confiança. De facto, Maria ensina-nos a confiança. Conduz-nos ao Filho, de Quem todos nós podemos fiar-nos. Ele guiar-nos-á, mesmo em tempos turbulentos. Deste modo quero agradecer de coração aos numerosos Bispos que, neste período, me deram comoventes provas de confiança e afecto, e sobretudo me asseguraram a sua oração. Este agradecimento vale também para todos os fiéis que, neste tempo, testemunharam a sua inalterável fidelidade para com o Sucessor de São Pedro. O Senhor nos proteja a todos nós e nos conduza pelo caminho da paz. Tais são os votos que espontaneamente me brotam do coração neste início da Quaresma, tempo litúrgico particularmente favorável à purificação interior, que nos convida a todos a olhar com renovada esperança para a meta luminosa da Páscoa.
Com uma especial Bênção Apostólica, me confirmo
Vosso no Senhor
BENEDICTUS PP. XVI
Vaticano, 10 de Março de 2009.
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2009/02/18
Contradições pós-modernas

Manuel Brás
Já aqui temos chamado a atenção para as contradições e o absurdo do pensamento pós-moderno, do pensamento único assente em “direitos” arbitrariamente definidos pelos polícias do sistema, uma minoria instalada que domina a ONU, a EU e a imprensa. Daí pretendem obrigar, com base nos “direitos” que arbitrariamente inventaram para seu proveito, os outros a pensar da mesma maneira e a aceitar os seus dogmatismos, já que, como dizem, a natureza não existe, não há qualquer referência objectiva, verificável por todos, em que esses tais direitos se possam fundamentar.
É que, se a natureza (lei natural) não existe, então os proclamados “direitos fundamentais” não têm outro fundamento que a arbitrariedade dos “iluminados”, isto é, são arbitrários e subjectivos, e portanto não têm valor universal. A lei e os direitos são igualmente arbitrários e estão ao serviço de que tem o poder de os impor, são meros instrumentos de poder discricionário.
Isto podia vir a propósito de qualquer polémica hodierna, que lhe ficava bem. Mas vem a propósito da polémica absurda à volta do levantamento da excomunhão de 4 bispos e dos comentários de um desses bispos sobre o holocausto.
Em primeiro lugar, qualquer cristão deveria alegrar-se pelos passos dados em direcção à Comunhão entre o Papa e os bispos e a instituição em questão. Ao fim e ao cabo excomunhão é o contrário de comunhão.
Sobre o levantamento da excomunhão e o posterior esclarecimento da Secretaria de Estado do Vaticano, veja-se:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cbishops/documents/rc_con_cbishops_doc_20090121_remissione-scomunica_po.html#top
http://www.zenit.org/article-20730?l=portugueseA instrumentalização da polémica em torno das palavras do bispo Williamson, que são divergentes da tese oficialmente divulgada e autorizada, para tentar impedir o levantamento da excomunhão não tem qualquer sentido porque a razão da excomunhão nada tem a ver com opiniões sobre o holocausto, mas sim com o facto desses 4 bispos terem sido ordenados há 20 anos sem autorização do Papa João Paulo II, portanto, de forma ilícita, embora válida, em conformidade com o direito da Igreja. A polémica é também absurda porque quem proferiu as opiniões heterodoxas foi o bispo Williamson, mas quem pagou as favas foi Bento XVI, como se as opiniões sobre o holocausto fizessem parte da revelação cristã ou a tese oficialmente autorizada na imprensa fosse um dogma de fé.
Esta gente tem muita dificuldade em perceber o que é a responsabilidade pessoal. Quem afirma, responde pelo que afirma, não os outros.
O engraçado no meio disto tudo é que se o bispo Williamson negasse a existência de Deus ou de Cristo ninguém se escandalizava. Seria uma opinião legítima que era imperioso tolerar, pois o que é próprio de bispos é serem ateus.
Por desacertada ou afastada da realidade que seja a opinião do bispo Williamson – a tolerância é só para alguns, não para ele – sobre o teor da perseguição aos judeus durante a II Guerra Mundial, a função da Igreja não é ser polícia de teses ou opiniões demonizadas na imprensa sobre a História. A demonização do contraditório e a histeria mediática nada contribui para a credibilidade da tese autorizada. Se, de facto, existem provas reais em favor da história tal como os media contam, então era bom que fossem apresentadas para dissipar dúvidas a todos. É que a demonização do contraditório, sem aceitar discutir as dúvidas e as razões dos outros, levanta mais dúvidas sobre o modo como a história autorizada é contada. A resposta cabal para todos seria a exibição de provas concludentes, que todos agradeceriam para acabar a polémica.
Não deixa de ser contraditório que quando a negação do holocausto vem de Ahmadinejad, do Hamas, do Hezbollah, enfim, do “mundo muçulmano” ninguém pia, todos se curvam e deixam passar. E estes sim, são o perigo real para os judeus, para Israel e para a nossa própria civilização, da qual Israel e os judeus fazem parte, e não o bispo Williamson, com as suas opiniões, por polémicas ou duvidosas que sejam. A cegueira impede ver as diferenças.
A exigência da aceitação do Magistério da Igreja do e após o Concílio Vaticano II, que não é nada daquilo que a imprensa pinta, porque nunca o leu, pode ser bom para todos. Para os 4 bispos e a Fraternidade, que reforçam a sua Comunhão com a Igreja. Para a Igreja por razões óbvias. E para muitos outros a quem se exige que aceitem a “Humanae Vitae”, de Paulo VI, “Evangelium Vitae” e “Veritatis Splendor”, de João Paulo II, para citar alguns exemplos.
Ou será que a esses não se lhes exige nada?
De resto, o que fica patente do que se respira dos media, sobre este e muitos outros assuntos, é que a ideologia dos “direitos”, a “igualdade” e a “tolerância” não passam de uma grande treta ao serviço duns “iluminados” que querem que o mundo se deite a seus pés.
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2007/06/13
Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI – N.º 05
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Tinham sido meramente ensaios para combates de fundo…
Na verdade, quando a grande mudança chegou, o 25 de Abril não encontrou os grupos de acção ligados àquela e outras publicações, semanários ou não, totalmente desprovidos de preparação para activarem um combate inteligentemente adequado às circunstâncias.
A mudança de governo, meia dúzia de anos antes, de Salazar para Marcelo Caetano, tinha de resto alertado muita gente para os perigos que o País corria, perigos que eram teoricamente previsíveis desde muito, mas que a partir de então se sentiam “bater à porta” como contingências que podiam a todo o momento dar lugar a profundas e largas mudanças sociais e políticas de grande calibre.
Por isso e pela larga doutrinação ideológica desenvolvida no País pelo próprio regime e pelos grupos doutrinários surgidos na sociedade ao longo dos vinte e tal anos anteriores, principalmente, havia muita gente lúcida e treinada para reagir sem desanimar. Ora os grupos que, com o meu amigo e muitos mais, tínhamos animado antes de Abril de 1974, estiveram seguramente entre a melhor dessa gente. De facto, não tínhamos andado distraídos nem descuidados…
O PREC-Processo Revolucionário em Curso desde logo* se identificou como o lado negativo por excelência do “25 de Abril”, mas, porque radicalmente conduzido pelos comunistas, os seus métodos e tipos de agentes eram nossos velhos conhecidos, não traziam novidades nenhumas, fosse nas nuances mais clássicas ou nas mais estapafúrdias.
Nada disso, aliás, constituiria novidade que justificasse novos desenvolvimentos, agora e aqui, porque tem sido largamente contado noutras oportunidades e em relatos muito variados, mais ou menos fiáveis.
Em todo o caso e porque muitas vezes é referido, na sua efectiva dimensão, sempre se diga que o PREC teve alguma importância e que chegou até a representar um grande perigo, mas apenas porque contaminou as Forças Armadas, uma parte das quais, surpreendentemente, chegou a constituir-se em braço armado dos comunistas do PCP, durante alguns meses.
Essa foi efectivamente a grande surpresa do percurso revolucionário português de 1974…
Tanto menos compreensível, aliás, quanto era já então visível que tudo “mexia”, na Europa, politicamente em sentido contrário ao das expectativas comunistas, e portanto do PREC, como iam dando indícios os movimentos de fundo da sociedade, no mundo comunista europeu exactamente.
Eram sintomas tão bons que nem se podia acreditar?...
Basta lembrar o sindicato “Solidariedade” e as vitórias sucessivas do sindicalismo livre, na Polónia, ou a Perestroyka, com as sucessivas cedências russas à transparência na vida política, na URSS, para se compreender como os dirigentes comunistas em Portugal e os seus apaniguados das Forças Armadas estavam completamente dissonantes e mal informados da evolução em curso, ou muito perto, do marxismo-comunismo-leninismo-estalinismo, na Europa inteira.
Os comunistas de cá de casa, civis e militares, estavam completamente desfasados do mundo político em gestação, com transformações em curso ou em preparação para breve, que eles não avaliavam nem minimamente “farejavam”.
Queriam instalar aqui mais um regime comunista puro e duro, quando toda a Europa estava prestes a livrar-se dos seus…
Claro que não podiam prever a eleição de Ronald Reagan, da Senhora Thacher ou de João Paulo II…
Mas mesmo assim foi-lhes precisa muita pontaria para acertarem em pleno na asneira de altíssimo calibre!
Claro, portanto, que tinham de completamente falhar os seus objectivos e a reacção das Forças Armadas no “25 de Novembro” veio a tempo para corrigir-se o essencial dos erros cometidos pelas cabecinhas esquentadas de muitos civis e militares comunistóides.
Portugal, graças a isso, bem pode dizer hoje que o séc. XX foi a renovada prova de como somos um grande povo, duma fantástica experiência acumulada.
Que outro povo pode orgulhar-se de ter sido sujeito a uma provação como foi a de treze anos duma guerra conduzida em grande, de 1961 a 1974, sem verdadeira derrota militar?
Que outro pode orgulhar-se de ter vencido uma ameaça – mal calculada mas ainda assim grandemente efectiva – como foi a do PREC, vencido exclusivamente pelos meios próprios da nossa sociedade?
Não obstante esses esforços tremendos e o duma adesão arriscada à UE, mais duas grandes guerras europeias e a de Espanha, de que sofremos os embates tremendos, que outro povo pode orgulhar-se de ter conservado íntegra a sua identidade e de, apesar de atrasos persistentes, termos reconstruído a economia e o nosso desenvolvimento social, por duas ou três vezes, num século só?
Haja a coragem da lucidez!
Somos um grande povo e talvez, historicamente, só tenhamos que ter ainda “ciúmes” dos Portugueses de Seiscentos.
Mas é certo e evidente não termos vencido um certo PREC, outro PREC mas de direita…
Falarei dele, mais tarde ou mais cedo.
Uma vez que as memórias desse são sobretudo minhas e de mais algumas, muito poucas pessoas.
Já agora, segue imediatamente.
A.C.R.
*Este “logo” são apenas os dias que vão de 26 de Abril até 01 de Maio imediato, quando os comunistas se sentiram tão à vontade que, a partir daí, as suas manifestações arruaceiras tinham efectivamente sempre menos de um nono do pessoal que eles obrigavam os Meios de Comunicação Social a dizerem!
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2007/06/04
Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI – N.º 01
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Com o fim da II guerra mundial (1939-45), mais evidente se tornou a grandeza e enorme força moral e espiritual da Igreja Católica.
As potências europeias intervenientes na guerra, todas reduzidas a cacos e desde logo ou quase logo ameaçadas de perderem o que lhes restava dos colossais impérios coloniais construídos pelas suas burguesias no séc. XIX e primórdios do séc. XX; com a URSS ameaçadora mas contida nos seus limites pelos EUA, por força da bomba atómica, na hora certa descoberta ou inventada e na hora certa exibida como o dissuasor absoluto; restavam-nos, de facto, e valiam-nos apenas os EUA e a Igreja simbolizada e representada pela Santa Sé, Estado do Vaticano, geograficamente o mais pequeno dos pequeníssimos Estados Livres do Mundo inteiro e militarmente reduzido à honorífica e efectivamente decorativa … Guarda Suíça.
Mas, na verdade, a Igreja e o seu Chefe supremo, o Papa Pio XII, inspiravam à maioria de todos nós tanta ou mais confiança que o poder militar, político, económico e diplomático que os Estados Unidos e os seus presidentes eleitos detinham, a crer no mundo inteiro.
O anti-comunismo da Igreja era porém muito mais fiável e bem fundado, mais seguro que o anti-comunismo americano; e a sua luta contra a URSS, no plano político e espiritual, afigurava-se mais mobilizadora das energias de reacção dos povos europeus que a formidável potência norte-americana.
O orgulho que os católicos sentíamos!
Orgulho e oração pela mobilização dos países europeus ocupados pelos exércitos soviéticos, como a Hungria, a Checoslováquia, a Áustria, a Hungria, a Polónia, regiões da Jugoslávia como a Croácia e a Eslovénia, onde os cardeais e bispos chefes das igrejas nacionais locais, mesmo perseguidos ou feitos prisioneiros e humilhados, com tantos milhares de outros sacerdotes e bispos católicos, continuavam a inspirar a resistência irredutível e heróica dos seus povos, pelos exemplos múltiplos da sua intransigência anti-comunista e anti-soviética!
Tínhamos o perfeito sentimento de que, enquanto esses povos e seus líderes religiosos resistissem assim, nada estava definitivamente perdido; a liberdade e a independência seriam recuperadas um dia, de dentro para fora, pela força irresistível da reacção dos próprios países ocupados.
Muitos cidadãos desses países, mesmo assim, não aguentavam mais e refugiavam-se no Ocidente, pura e simplesmente.
Mas isso era uma sangria de tal modo insustentável que os governos comunistas foram obrigados a construir a chamada Cortina de Ferro para tentar evitar o êxodo e esconder da Europa a revolta e o descontentamento generalizado que grassavam lá dentro. Assim, a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim foram, afinal, também uma grande vitória da insubmissão dos católicos desses países e, portanto, um triunfo igualmente da Igreja Católica.
Mas não era só na Europa oriental que a resistência dos povos era indispensável e, de facto, se impunha.
Nos países livres da Europa ocidental, saídos da Guerra derrotados e desfeitos, o cerco comunista era também efectivo, exercido pela “quinta coluna” dos partidos comunistas, na verdade extensões e agentes do Império Soviético, tentando ganhar no terreno político o domínio que lhes era possível, através de eleições, em competição com os demais partidos dos sistemas políticos aí em vigor.
Mas, entre eles, a resistência e a reacção fizeram-se principalmente, sobretudo na França, na Bélgica, na Holanda, na Alemanha e na Itália, através de partidos políticos inspirados pela Doutrina Social da Igreja, os chamados partidos Democratas-Cristãos.
Ao passo que na Península Ibérica essa resistência se fez através dos regimes políticos aí instalados desde os anos Trinta, que haviam sido impulsionados de muitos modos, também pela Igreja, embora não só, e igualmente inspirados pela mesma Doutrina Social.
Assim, aos nossos olhos ou da maioria dos europeus…
PIO XII nesses tempos de luta decidida, luta de todos os instantes e por todos os meios disponíveis da ideologia, da inteligência, da hombridade e da acção nos mais diversos terrenos, foi pois o chefe supremo da resistência europeia e ocidental ao cerco comunista que a “Paz” de Ialta (na Crimeia), entre Anglo-Americanos e Soviéticos, nos havia imposto, porque as armas de fogo essas eram só deles.
Tudo – democracias e regimes políticos corporativos – tudo com efeito regimes de guerra para tempos de guerra, que não toleravam fraquezas ou ilusões, muito menos distracções.
O que, nesse período de 1945 a 1958, o ano da morte de Pio XII, ficámos a dever, isto é, o Ocidente ficou a dever à Igreja e aos Católicos que a igreja formou, é incomensurável.
Mais: porque geraram necessariamente em milhões de nós sentimentos de gratidão e responsabilidade profundas, que não morrem, tais sentimentos continuaram e continuam inevitavelmente a inspirar as nossas atitudes de cristãos e de homens comuns, mas tremendamente lúcidos e firmes, sob os pontificados seguintes, de João XXIII a João Paulo II e Bento XVI.
São recordações tão fortes ou, se possível, mais fortes ainda que quaisquer outras que aqui se têm vindo a reviver, prezado leitor.
Mais fortes ou menos fortes, pouco importará até.
Importante é, sim, o dizerem as recordações respeito a acontecimentos que – se marcas tão profundas deixaram na História e naqueles que os vivemos – é porque foram realmente dos mais decisivos e criadores desses tempos e das vidas de todos nós que por eles nos responsabilizamos.
Não é orgulho vão; é fidelidade, acreditem.
A.C.R.
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2006/10/19
Caríssimo Fernando,
Caríssimos Amigos
Quem, nas nossas “trincheiras”, não poderia apreciá-lo e estimulá-lo?
E digo trincheiras porque isso se torna mais evidente em tempos como estes, quando nos aproximamos de um referendo sobre a vida e, para nós, contra a cultura de morte, de que falava esse genialíssimo João Paulo II!
Saudações nacionalistas entusiásticas.
Pelo Aliança Nacional
António da Cruz Rodrigues
Etiquetas: João Paulo II
2006/10/11
Regensburg

A causa e o conteúdo já foram abundantemente dissecados e até é de espantar, depois das “ruidosas” manifestações de alguns seguidores do Profeta muçulmano, a forma como intelectuais agnósticos têm aderido ao repto de Bento XVI.
É que as relações da Fé com a razão não dizem apenas respeito aos muçulmanos, caso em que se revestem de peculiares características, mas dizem também aos cristãos, aos judeus, a outras religiões, aos agnósticos e aos ateus.
Este discurso de Bento XVI pode representar para a nossa civilização a recuperação da confiança e do valor da razão, vários anos após a publicação da Encíclica “Fides et Ratio” de João Paulo II, que passou despercebida em comparação com o discurso de Regensburg.
Esta reflexão é particularmente importante para o Ocidente, civilizacionalmente dividido entre uma matriz greco-latina e judaico-cristã e outra matriz jacobina-ateia. É particularmente importante num momento em que impera na sociedade europeia a dificuldade em raciocinar, em que se procuram sucedâneos e respostas imediatas e sem esforço, num momento em que o que caracteriza o chamado pensamento pós-moderno é a incoerência e a irracionalidade.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
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2006/10/10
Uma achega
Com respeito à posição da Igreja sobre o assunto, e enquanto os bispos portugueses não tornam, mais uma vez, a intervir publicamente, coisa que deve acontecer lá para Novembro – e deixando de lado o exposto no Catecismo da Igreja Católica e na Encíclica “Evangelium Vitae” de João Paulo II – basta recordar “Meditação sobre a Vida”, de 5 de Março de 2004 da Conferência Episcopal Portuguesa e algumas citações de D. Carlos Azevedo, actual porta-voz da mesma, retiradas do “Expresso” de 30 de Setembro de 2006, que deixo à consideração dos leitores:
“O facto do tema do aborto voltar à ribalta será uma ocasião para questionar as consciências sobre a ética da vida. As posições da Igreja Católica sobre o assunto são sobejamente conhecidas. Não se tratando de uma questão religiosa mas ética, a Igreja unir-se-á a todos os que assumam posições que defendam a vida desde a concepção à morte natural. A dimensão religiosa acrescenta à responsabilidade ética dos crimes o facto do aborto constituir uma ofensa a Deus, na medida em que recorre a uma prerrogativa que não pertence ao ser humano: decidir pôr fim à vida de outra criatura humana.”
Depois disto, só tem dúvidas quem quer.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
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2006/07/10
A Igreja… não deixou de ser Católica!

Como se fosse novidade ou surpresa que Ela mais uma vez (e até à eternidade) não tenha cedido à expectativa dos que cíclica e regularmente lhe auguram o próximo volte-face da sua doutrina da Família, que afinal nunca chega a acontecer.
Porque, para isso, haveria Ela que ter deixado de ser Católica.
Senhor Deus! O que estes augures sem emenda sofrem nas angústias das suas sempre confirmadamente falsas esperanças!
Com Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II ou Bento XVI – e falo apenas daqueles de quem fui ou sou contemporâneo – é sempre igual.
A rocha da Igreja não treme nem nunca estremece ou cede.
Aí está Bento XVI a confirmá-lo de novo nas intervenções de Valência, ou a caminho de Valência, para o Grande Encontro de 2006 sobre a Família.
Sem surpresas para nenhum Católico, mas com uma enorme alegria por vermos a Verdade sair a terreno, face bem descoberta.
Graças a Deus!
Os desesperados que não desesperam, continuarão convictos de que alguma vez o Papa e a Igreja terão de acabar por ceder, pois que eles, os desesperados, é que encarnam o futuro e o progresso.
No fundo dos quais – se fosse efectivamente à maneira deles – só acharíamos abismos de retrocesso e degradação.
Pois que a cultura de morte que professam não poderá/poderia ter outra saída, senão degradação e morte.
A.C.R.
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2006/04/04
“O homem que mudou o mundo”.
“Aquele que deixou o mundo melhor”.

Mas é tão fácil criar lemas para aquela personalidade tão rica e tão fascinante, misteriosamente viva ainda, cada vez mais viva!
A propósito do ano que passou sobre a sua morte, escrevi aqui no domingo, 2, deixando correr a alegria de recordá-lo e revivê-lo, a extravasar-me do coração como a muitos mais como eu que estes dias também não conseguiram ou não quiseram fechar o coração ao deslumbramento… Tal qual há um ano…
“Literalmente, Outro Cristo!”
Pressinto… Não! Tenho a certeza. Que alguém terá achado isto inadequado, excessivo, provocador, imprevisível, surpreendente, nada teológico, mesmo herético.
E, no entanto, bastaria que se lembrassem de São Paulo a dizer… “Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim.”
Era isso que transparecia em João Paulo II, essa verdade deslumbrante que cegava e tornava tudo tão simples e tão claro!
Já não era Karol Wojtyla, João Paulo II que vivia, era Cristo que vivia nele!
Quantas vezes terá acontecido tal ao longo da História?...
Não sei, não quero, não preciso nem tenho que saber.
Basta-me, e aos muitos que tivemos a glória de experimentar o mesmo deslumbramento, que isto tenha acontecido uma vez.
Uma vez só, mas no nosso tempo dum século de impiedade e sofreguidão religiosa, mas nas nossas vidas!
Tudo porque foi Ele, Wojtyla, quem nos deu a experiência única de termos estado ante o próprio Cristo.
A.C.R.
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2006/04/03
O Papa João Paulo II morreu há um ano!

Esse Papa saiu dele, do seu Pontificado, vinte e seis anos depois, ainda mais gloriosamente do que entrara, fazendo para os homens de hoje, e perante nós todos, em directo, a mais incrível e formidavelmente humana demonstração de como venceu a morte.
Penso e revivo tudo como o mais espantoso exemplo, no meu tempo, de um homem de Deus que, com absoluta simplicidade, viveu epicamente o seu destino inteiro.
Literalmente, como outro Cristo.
A.C.R.
Seia, 02.04.2006
Etiquetas: João Paulo II
2006/03/13
O que foi o Círculo de Estudos Sociais VECTOR? (2)
Os que vivemos os tempos mais angustiantes da Igreja da 2ª metade do séc. XX, digamos entre 1960 e 1980, sentimos ainda hoje que, sem o levantamento das muitas dezenas, talvez centenas de pequenos e médios focos de resistência à subversão eclesial, a nível de todo o Ocidente, como referi no último poste, não teria sido possível o regresso à ordem criadora e ao equilíbrio dos tempos dos Papas João Paulo II ou Bento XVI, retoma aliás iniciada com os terríveis esforços de Paulo VI que imediatamente os antecedeu.
O Vector e a “Resistência”, na sua modéstia e com as suas limitações de meios materiais e humanos, foram em Portugal dois desses muitos focos visíveis da contra-revolução.
O combate esforçado, empolgado e apaixonante de todos esses focos resistentes fortaleceu grandemente o ânimo de muitas elites católicas no mundo ocidental inteiro, contribuindo não pouco para que, com a eleição daqueles Papas, o progressismo dito cristão cada vez mais passasse a encontrar pela frente uma Igreja totalmente apostada em revitalizar-se mas à luz de interpretações realmente católicas do Vaticano II, em particular do ecumenismo que hoje se pratica.
Podemos acrescentar ainda que essa Igreja, sem as fissuras que a enfraqueciam, aparece hoje e desde então como elemento fundamental da Grande Aliança de tudo o que verdadeiramente conta no Mundo, para a consolidação e recuperação do Ocidente.
Alguns dirão que isto nada tem de religioso e que não passa de simplesmente político?
Não compreenderão que, de facto, é o religioso que nos faz ver toda a dimensão e importância, todo o significado e alcance da Política?
Não compreenderão que, por isso, a Política é, como dizia Pio XII, a mais nobre de todas as actividades do homem?
Não admira, assim, que a muitos militantes do Vector, a partir de 1974, se tivesse apresentado com toda a simplicidade e naturalidade a urgência de se empenharem directamente em actividades sem dúvida da ordem política imediata.
Até porque o Vaticano II nos tinha recordado fortemente que esse era um dever de todo o leigo católico.
E não só isso mas até que, em razão desse dever, o leigo católico tem condições para ser naturalmente o mais lúcido, rigoroso, exigente e cumpridor dos políticos.
Hoje sabemo-lo melhor, mais conscientemente do que então sabíamos ou pressentíamos tudo isto, embora na altura a maioria de nós já agisse como se o soubesse tão bem como hoje.
A atitude de muitos nós, a partir do 25 de Abril, não podia, por isso, deixar de ser de resistência muito activa, fundamentalmente e decididamente contra a ameaça que de imediato se revelara e pusera em marcha contra Portugal: a ameaça do comunismo internacional, totalitário e ateu, representada e expressa pelo PCP, desde o dia seguinte ao sucesso da revolução.
Para além disso, o progressismo cristão/católico fizera-se, havia muito, aliado de facto do comunismo (marxista, leninista e estalinista), por excesso de benevolência, de estupidez ou de ingenuidade, o que os tornava ambos ainda mais ameaçadores, temíveis e repugnantes.
Nesses anos até 1976/78*, os responsáveis do Vector associaram-se a, ou tomaram a iniciativa de organizações políticas que acima de tudo prometessem guerra sem quartel ao comunismo, o qual parecia então a muitos verdadeiramente irresistível, mas que, graças à mobilização extraordinária do povo Português para mais esta resistência, de facto também foi rapidamente derrotado.
O que dele resta é uma sobrevivência que vai durar anos, numa agonia de facto, não obstante alguma vitalidade que às vezes ainda possa exibir.
Entretanto, terá feito o máximo de esforços para aparentar-se com um partido do sistema, tanto quanto a sua capacidade mimética e camaleónica lho possibilitar.
A.C.R.
* Este foi o ano da eleição do Papa João Paulo II.
(continua)
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2006/03/06
Milhares de pessoas passam diariamente junto do túmulo de João Paulo II

Num momento em que se começa a preparar o primeiro aniversário da morte de João Paulo II, a 2 de Abril, o vigário do Papa para a Cidade do Vaticano, D. Angelo Comastri, revelou que milhares de peregrinos continuam a passar diariamente junto do túmulo de João Paulo II.
Segundo este responsável, as filas não diminuem e o número de visitas diárias varia entre 12 e 15 mil, com picos de 20 mil pessoas aos Domingos e dias festivos.
“Antigamente, os túmulos dos Papas eram visitados por algumas centenas de pessoas”, refere o prelado ao jornal italiano “Il Messaggero”.
O número de visitantes é tão numeroso que as forças da ordem têm de pedir aos peregrinos que não se demorem demasiado junto do túmulo do Papa polaco, onde depositam flores e mensagens pessoais. O local tornou-se, progressivamente, uma paragem obrigatória de qualquer visita a Roma.
“Ioannes Pavlvs PP II. 16.X.1978-2.IV.2005” é a única inscrição gravada a dourado na lápide de mármore, proveniente da famosa zona de Carrara, no noroeste italiano. O túmulo ocupa um espaço abobadado na cripta, no subsolo da basílica de São Pedro, que na parede do fundo apresenta um baixo-relevo em mármore que representa a Virgem Maria com o Menino nos braços.
Etiquetas: João Paulo II
2006/03/01
“Santa Televisão”, chama-lhe Eduardo Cintra Torres

Isto como título do seu artigo do penúltimo domingo, a propósito das transmissões televisivas da trasladação dos restos mortais da Irmã Lúcia.
Ver-se-á que o título nada tem a ver com o artigo de E.C.T., hábil e inteligente, criativo e culto comentador televisivo do Público.
Diz ele.
“(…) a religião tem recuperado por novos caminhos o papel de cimento social nas sociedades contemporâneas ocidentais. Mas daí à unanimidade de toda uma sociedade vai um passo demasiado grande. E aquilo a que assistimos no domingo passado (o da trasladação) constitui um facto de grande relevância não só no aparato televisivo português como na sociedade em geral: os três canais generalistas, representando três quartos dos espectadores ou mais, transmitiram a mesma cerimónia, muitas vezes com as mesmas imagens, por período que ocupou mais de nove horas da sua emissão.”
E acrescenta E.C.T..
“Porque é isto tão significativo em termos nacionais? Porque estamos perante um facto novo. A televisão generalista contrariou em absoluto aquilo que a faz viver, a concorrência do dia a dia, por sinal bem dura. (…). Neste caso, os três operadores optaram deliberadamente por dar a mesma coisa (…). A televisão generalista fez, por vontade própria, o seu próprio unanimismo. Esta decisão permite retirar importantes conclusões. (…) O fenómeno de Fátima tem um lugar de destaque nesta recuperação (da religião), em especial pela importância que lhe atribuiu João Paulo II. Apesar de haver muitos católicos não fatimistas, o peso da multidão de Fátima* é determinante para fazer do santuário não só um centro da religiosidade popular e intelectual portuguesa, mas também e ao mesmo tempo e pelas mesmas razões, um fenómeno social transversal em que a sociedade converge, quer dizer, um momento único em que toda a sociedade, crente ou não, fatimista ou não, se comporta como uma comunidade única. (…) Hoje, Fátima impôs-se à televisão: a multidão visível no santuário e a multidão dispersa que se coisifica nas audiências impuseram-se à televisão generalista.”
“Falo – escreve ainda E.C.T. – de representações, de utopias religiosas, políticas ou até comerciais (caso da utopia da TV generalista) de unir todos como um só sob o mesmo manto comunitário. (…) precisamente porque a Televisão, com T grande, ainda pretende apresentar-se, à semelhança da religião e do futebol, como um cimento cultural, ideológico e social da comunidade nacional. (…) esta estratégia da TV generalista como `espelho da nação´ (…)”
Fim das citações.
Estou de acordo.
Mas os que me lêem sabem o que isso de mais profundo tem de traduzir, no meu entendimento: a aliança, a “grande aliança” das principais forças da sociedade nacional e internacional, em defesa do mundo ocidental, contra os perigos de fora e os de dentro.
Estamos no caminho certo.
A.C.R.
*Apesar do mau tempo daquele dia da transladação, por todo o País, chegaram a estar em Fátima mais de 150.000 pessoas, o que encheu de engulhos alguns intelectuais da praça, que até mentiram descaradamente, julgando levar água aos seus moinhos.
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