<$BlogRSDUrl$>

2010/05/10

Europa na Falência? 

Mão amiga fez-nos chegar estes números que dão que pensar. Muito agradecido.

http://www.nytimes.com/interactive/2010/05/02/weekinreview/02marsh.html?ref=weekinreview

External Debt (BILions) Population (MILions). Valores em $ USD (dólares americanos)

......(BILion) (MILion)...Debt/capita….GDP/capita…..RACIO DE INSOLVENCIA.

Portugal  286 /     10.7 =….$26,729……..$22,923……..1.166 (=$26,729/$22,923) 

Spain   1100 /    40.5 =...$27,160……..$35,215……..0.771 (=$27,160/$35,215)

Italy    1400 /    58.1 =….$24,096……..$38,492……..0.626 (=$24,096/$38,492)

Greece   236 /    10.7 =….$22,056……..$31,670……..0.696 (=$22,056/$31,670)

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


Ventos mudam em Downing Street 

Manuel Brás

A menos que haja surpresas em matéria de coligações, tudo indica que o próximo inquilino em Downing Street será David Cameron e que o governo será da responsabilidade dos conservadores com a participação dos liberais democratas.

A verdade é que tudo se desvaneceu no Reino Unido de modo a chegar a uns resultados eleitorais pouco claros e concludentes. Cameron e os tories, embora sendo o partido mais votado e com mais lugares não obteve uma vitória clara, mas uma meia vitória. A grande decepção foi a estrela Nick Clegg do LibDem que, posto tão alto nas sondagens, acabou por ter resultados piores que em 2005, em percentagem e lugares. Por fim, a quebra mais que esperada do Labour, não foi assim tão grande quanto isso. A importância do LibDem reside no facto de não haver um partido com maioria absoluta, podendo ser decisivo na aprovação ou rejeição de diplomas legislativos.

A composição parlamentar parece frágil, como o resultado das eleições. David Cameron não deverá ter margem de manobra nem empenho para imprimir uma política conservadora, no sentido em que a ciência política entende o termo. E frágil deverá ser o seu governo.

Os ventos mudam em Downing Street… mas não muito.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


Coisas com piada 

Manuel Brás

Lia-se na revista da última edição do “Expresso” aquilo que se pode chamar uma coisa com piada. Elton John, que dispensa apresentações, foi proibido de dar um concerto particular no Egipto, por determinação da União de Músicos desse país. Para além das razões que o afectam pessoalmente, foram alegadas para esse veto também algumas das suas aleivosias antireligiosas, incluindo contra o Cristianismo.

Ora, a pergunta impõe-se: se isto sucedesse num país ocidental, o que aconteceria? É fácil imaginar as reacções. Vigílias e manifestações de rua, campanhas nos jornais e TV’s, até condenações parlamentares, nada faltaria em apoio da estrela.

E agora, no Egipto, o que vão fazer os ateus e o lobby gay?

Aguentam e calam o bico.

Mais uma vez se prova que o medo é a única linguagem que esta gente entende.

Pois é… Afinal, as condenações mediáticas e a tolerância são só para alguns.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


Desafios de Bento XVI 

Manuel Brás

Parece não haver dúvidas de que os grandes desafios que Bento XVI tem pela frente se referem ao esclarecimento, para dentro e fora da Igreja, essencialmente, de muitas coisas que dizem respeito à natureza da própria Igreja e aos fundamentos da moral cristã, em particular no que toca à sexualidade.

A observação pode, à primeira vista, parecer demasiado redutora, e até se pode arguir que a resposta para esses desafios deverá ser mais abrangente e não tão incisiva, mas a verdade é que têm sido estes os flancos escolhidos, ao longo das últimas décadas, para deturpar e minar a autoridade da Igreja na sua missão de ensinar. E a prova de que são questões importantes está na insistência e na voracidade com que são pasto das chamas dos críticos e dissidentes. E a estes factos talvez não se deva voltar a cara e fugir com medo ao embate, como parece ter acontecido em alguns sectores.

São, todos eles, desafios artificialmente empolados, porque a quem quiser saber a resposta e esclarecer-se não lhe faltam documentos escritos pelos últimos papas, incluindo os documentos do Concílio Vaticano II. O que parece suceder é que aqueles que invocam o Concílio Vaticano II para dar cobertura às suas coisas não leram ou não quiseram entender os seus documentos, redefinindo-o à imagem e semelhança dos seus interesses, pessoais e/ou colectivos. É um facto que quando alguém, a priori, não quer entender uma coisa, não há argumento que lhe valha. Certamente este é o caso de boa parte dos críticos em relação ao Papa e à Igreja.

Mas, vale a pena, independentemente da má vontade dos críticos e dissidentes, com que sempre é preciso contar, indagar o porquê da não aceitação de aspectos que se referem à natureza específica da Igreja e da moral sexual.

E aqui é difícil não reconhecer o alinhamento dessas pessoas com o “politicamente correcto”, com aquilo que no momento é bem visto pelas opiniões e ideologias da moda, pretendendo-se subordinar a Igreja e os seus ensinamentos à imagem e semelhança das organizações políticas e civis, como se a Igreja fosse um partido político, uma ONG ou um parlamento.

Ter filhos é mal visto? Então vamos dizer aos cristãos que não tenham filhos. O celibato dos padres é mal visto pela “opinião pública”? Então vamos dizer aos padres que se casem já. Há mulheres em todas, ou quase todas, as profissões na sociedade? Então também tem que haver no sacerdócio. Há legislação civil sobre o divórcio? Então a Igreja também tem que aceitar o divórcio. A lei civil acha que a homossexualidade é uma relação como qualquer outra? Então a Igreja também tem que achar e não pode criticar esses comportamentos. A legislação civil prevê o “casamento” de pessoas do mesmo sexo? Então a Igreja também tem que aceitar. A ONUSIDA, e outras organizações do género, acham que é distribuindo preservativos que se estanca a propagação de HIV/SIDA? Então a Igreja também tem que achar e não pode apontar outras soluções. O Richard Dawkins e os ateus acham que Deus não existe? Então a Igreja também tem que achar. Os darwinistas acham que a evolução é um produto do acaso, sem nexo nem lógica, sem princípio nem fim? Então a Igreja também tem que achar. E por aí fora...

No fundo, parece que o grande desígnio destes autoproclamados modernos é que os padres se casem, os casados se divorciem, e todos se acabem por transformar em homossexuais.

Urge, por isso, proteger a Igreja na sua liberdade de ser o que é, na singularidade da sua natureza, e de não se tornar mais uma organização civil ou política como tantas que há por aí.

Seja pelo combate e pela recusa à tomada de assalto por uma ideologia totalitária que a pretende pôr ao seu serviço, à semelhança da “teologia da libertação” nos anos 70 e 80, seja pela simples recusa da pretensão de algumas pessoas, críticas e dissidentes, moldarem a Igreja e os seus ensinamentos ao sabor das suas conveniências pessoais ou de grupo.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


2010/05/09

Respostas polémicas 

Manuel Brás

Alguns jornais, inclusivamente em Portugal, como por exemplo o “Expresso”, publicaram com grande destaque e na íntegra uma longíssima carta do Sr. Hans Küng aos bispos católicos. Em certos momentos e passagens da carta até parece que o Papa é ele.

Ele já se deu mal com João Paulo II, e agora com Bento XVI, mas a condição de dissidente dá-lhe protagonismo, fama e palco. Aliás, atacar o Papa e a Igreja é fácil, divertido, dá palco e até, quem sabe, se tornou negócio florescente.

O certo é que, por exemplo, a carta que Bento XVI escreveu aos bispos irlandeses em 19 de Março

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2010/documents/hf_ben-xvi_let_20100319_church-ireland_po.html
não mereceu publicação na íntegra, ficando-se por umas citaçõezitas em artigos de opinião dos especialistas do costume.

Mas, voltando ao dissidente Küng, e depreendendo-se da carta que pretende transformar a Igreja numa organização política à imagem da ONU, da UE ou de um partido político, subordinada ao igualitarismo e à ideologia do género – é aqui que os cristãos têm que abrir os olhos e estão a ser manipulados para fins políticos e ideológicos –, eis uma resposta de George Weigel:


An Open Letter to Hans Küng


Apr 21, 2010
George Weigel

Dr. Küng:

A decade and a half ago, a former colleague of yours among the younger progressive theologians at Vatican II told me of a friendly warning he had given you at the beginning of the Council’s second session. As this distinguished biblical scholar and proponent of Christian-Jewish reconciliation remembered those heady days, you had taken to driving around Rome in a fire-engine red Mercedes convertible, which your friend presumed had been one fruit of the commercial success of your book, The Council: Reform and Reunion.

This automotive display struck your colleague as imprudent and unnecessarily self-advertising, given that some of your more adventurous opinions, and your talent for what would later be called the sound-bite, were already raising eyebrows and hackles in the Roman Curia. So, as the story was told me, your friend called you aside one day and said, using a French term you both understood, “Hans, you are becoming too evident.”

As the man who single-handedly invented a new global personality-type—the dissident theologian as international media star—you were not, I take it, overly distressed by your friend’s warning. In 1963, you were already determined to cut a singular path for yourself, and you were media-savvy enough to know that a world press obsessed with the man-bites-dog story of the dissenting priest-theologian would give you a megaphone for your views. You were, I take it, unhappy with the late John Paul II for trying to dismantle that story-line by removing your ecclesiastical mandate to teach as a professor of Catholic theology; your subsequent, snarling put-down of Karol Wojtyla’s alleged intellectual inferiority in one volume of your memoirs ranked, until recently, as the low-point of a polemical career in which you have become most evident as a man who can concede little intelligence, decency, or good will in his opponents.

I say “until recently,” however, because
your April 16 open letter to the world’s bishops, which I first read in the Irish Times, set new standards for that distinctive form of hatred known as odium theologicum and for mean-spirited condemnation of an old friend who had, on his rise to the papacy, been generous to you while encouraging aspects of your current work.

Before we get to your assault on the integrity of Pope Benedict XVI, however, permit me to observe that your article makes it painfully clear that you have not been paying much attention to the matters on which you pronounce with an air of infallible self-assurance that would bring a blush to the cheek of Pius IX.

You seem blithely indifferent to the doctrinal chaos besetting much of European and North American Protestantism, which has created circumstances in which theologically serious ecumenical dialogue has become gravely imperiled.

You take the most rabid of the Pius XII-baiters at face value, evidently unaware that the weight of recent scholarship is shifting the debate in favor of Pius' courage in defense of European Jewry (whatever one may think of his exercise of prudence).

You misrepresent the effects of Benedict XVI’s 2006 Regensburg Lecture, which you dismiss as having “caricatured” Islam. In fact, the Regensburg Lecture refocused the Catholic-Islamic dialogue on the two issues that complex conversation urgently needs to engage—religious freedom as a fundamental human right that can be known by reason, and the separation of religious and political authority in the twenty-first century state.

You display no comprehension of what actually prevents HIV/AIDS in Africa, and you cling to the tattered myth of “overpopulation” at a moment when fertility rates are dropping around the globe and Europe is entering a demographic winter of its own conscious creation.

You seem oblivious to the scientific evidence underwriting the Church’s defense of the moral status of the human embryo, while falsely charging that the Catholic Church opposes stem-cell research.

Why do you not know these things? You are an obviously intelligent man; you once did groundbreaking work in ecumenical theology. What has happened to you?

What has happened, I suggest, is that you have lost the argument over the meaning and the proper hermeneutics of Vatican II. That explains why you relentlessly pursue your fifty-year quest for a liberal Protestant Catholicism, at precisely the moment when the liberal Protestant project is collapsing from its inherent theological incoherence. And that is why you have now engaged in a vicious smear of another former Vatican II colleague, Joseph Ratzinger. Before addressing that smear, permit me to continue briefly on the hermeneutics of the Council.

While you are not the most theologically accomplished exponent of what Benedict XVI called the “hermeneutics of rupture” in his Christmas 2005 address to the Roman Curia, you are, without doubt, the most internationally visible member of that aging group which continues to argue that the period 1962–1965 marked a decisive trapgate in the history of the Catholic Church: the moment of a new beginning, in which Tradition would be dethroned from its accustomed place as a primary source of theological reflection, to be replaced by a Christianity that increasingly let “the world” set the Church’s agenda (as a motto of the World Council of Churches then put it).

The struggle between this interpretation of the Council, and that advanced by Council fathers like Ratzinger and Henri de Lubac, split the post-conciliar Catholic theological world into warring factions with contending journals: Concilium for you and your progressive colleagues, Communio for those you continue to call “reactionaries.” That the Concilium project became ever more implausible over time—and that a younger generation of theologians, especially in North America, gravitated toward the Communio orbit—could not have been a happy experience for you. And that the Communio project should have decisively shaped the deliberations of the 1985 Extraordinary Synod of Bishops, called by John Paul II to celebrate Vatican II’s achievements and assess its full implementation on the twentieth anniversary of its conclusion, must have been another blow.

Yet I venture to guess that the iron really entered your soul when, on December 22, 2005, the newly elected Pope Benedict XVI—the man whose appointment to the theological faculty at Tübingen you had once helped arrange—addressed the Roman Curia and suggested that the argument was over: and that the conciliar “hermeneutics of reform,” which presumed continuity with the Great Tradition of the Church, had won the day over “the hermeneutics of discontinuity and rupture.”

Perhaps, while you and Benedict XVI were drinking beer at Castel Gandolfo in the summer of 2005, you somehow imagined that Ratzinger had changed his mind on this central question. He obviously had not. Why you ever imagined he might accept your view of what an “ongoing renewal of the Church” would involve is, frankly, puzzling. Nor does your analysis of the contemporary Catholic situation become any more plausible when one reads, further along in your latest op-ed broadside, that recent popes have been “autocrats” against the bishops; again, one wonders whether you have been paying sufficient attention. For it seems self-evidently clear that Paul VI, John Paul II, and Benedict XVI have been painfully reluctant—some would say, unfortunately reluctant—to discipline bishops who have shown themselves incompetent or malfeasant and have lost the capacity to teach and lead because of that: a situation many of us hope will change, and change soon, in light of recent controversies.

In a sense, of course, none of your familiar complaints about post-conciliar Catholic life is new. It does, however, seem ever more counterintuitive for someone who truly cares about the future of the Catholic Church as a witness to God’s truth for the world’s salvation to press the line you persistently urge upon us: that a credible Catholicism will tread the same path trod in recent decades by various Protestant communities which, wittingly or not, have followed one or another version of your counsel to a adopt a hermeneutics of rupture with the Great Tradition of Christianity. Still, that is the single-minded stance you have taken since one of your colleagues worried about your becoming too evident; and as that stance has kept you evident, at least on the op-ed pages of newspapers who share your reading of Catholic tradition, I expect it’s too much to expect you to change, or even modify, your views, even if every bit of empirical evidence at hand suggests that the path you propose is the path to oblivion for the churches.

What can be expected, though, is that you comport yourself with a minimum of integrity and elementary decency in the controversies in which you engage. I understand odium theologicum as well as anyone, but I must, in all candor, tell you that you crossed a line that should not have been crossed in your recent article, when you wrote the following:

There is no denying the fact that the worldwide system of covering up sexual crimes committed by clerics was engineered by the Roman Congregation for the Doctrine of the Faith under Cardinal Ratzinger (1981-2005).

That, sir, is not true. I refuse to believe that you knew this to be false and wrote it anyway, for that would mean you had willfully condemned yourself as a liar. But on the assumption that you did not know this sentence to be a tissue of falsehoods, then you are so manifestly ignorant of how competencies over abuse cases were assigned in the Roman Curia prior to Ratzinger’s seizing control of the process and bringing it under CDF’s competence in 2001, then you have forfeited any claim to be taken seriously on this, or indeed any other matter involving the Roman Curia and the central governance of the Catholic Church.

As you perhaps do not know, I have been a vigorous, and I hope responsible, critic of the way abuse cases were (mis)handled by individual bishops and by the authorities in the Curia prior to the late 1990s, when then-Cardinal Ratzinger began to fight for a major change in the handling of these cases. (If you are interested, I refer you to my 2002 book, The Courage To Be Catholic: Crisis, Reform, and the Future of the Church.)

I therefore speak with some assurance of the ground on which I stand when I say that your description of Ratzinger’s role as quoted above is not only ludicrous to anyone familiar with the relevant history, but is belied by the experience of American bishops who consistently found Ratzinger thoughtful, helpful, deeply concerned about the corruption of the priesthood by a small minority of abusers, and distressed by the incompetence or malfeasance of bishops who took the promises of psychotherapy far more seriously than they ought, or lacked the moral courage to confront what had to be confronted.

I recognize that authors do not write the sometimes awful subheads that are put on op-ed pieces. Nonetheless, you authored a piece of vitriol—itself utterly unbecoming a priest, an intellectual, or a gentleman—that permitted the editors of the Irish Times to slug your article: “Pope Benedict has made worse just about everything that is wrong with the Catholic Church and is directly responsible for engineering the global cover-up of child rape perpetrated by priests, according to this open letter to all Catholic bishops.” That grotesque falsification of the truth perhaps demonstrates where odium theologicum can lead a man. But it is nonetheless shameful.

Permit me to suggest that you owe Pope Benedict XVI a public apology, for what, objectively speaking, is a calumny that I pray was informed in part by ignorance (if culpable ignorance). I assure you that I am committed to a thoroughgoing reform of the Roman Curia and the episcopate, projects I described at some length in God’s Choice: Pope Benedict XVI and the Future of the Catholic Church, a copy of which, in German, I shall be happy to send you. But there is no path to true reform in the Church that does not run through the steep and narrow valley of the truth. The truth was butchered in your article in the Irish Times. And that means that you have set back the cause of reform.

With the assurance of my prayers,

George Weigel

Etiquetas: , , ,


Dejá vu (II) 

Eis a resposta devida aos leitores sobre a enigmática citação publicada há dias com o mesmo nome:

http://www.mercatornet.com/articles/view/how_the_nazis_engineered_a_paedophile_priests_scare/
~

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


2010/05/07

Vem aí um desconhecido 


Manuel Brás

Talvez um dos maiores paradoxos dos meios de comunicação de massas se possa resumir ao seguinte: quanto mais se fala de uma coisa ou pessoa, menos se sabe dela. Os leitores saberão, certamente, compreender o significado disto, mas talvez alguma vez na vida tenhamos chegado à conclusão de que para distorcer mais vale o silêncio.

A figura e a pessoa de Bento XVI não é excepção a este panorama mediático, muito enviesado e viciado por uma agenda política totalitária. É só estudar as suas preferências informativas.

Bento XVI é mal conhecido de uns e desconhecido de outros, apesar de todos saberem que ele existe. A despropósito: um dos males do ocidente moderno é pensar que percebe alguma coisa do Cristianismo.

Aqui fica um texto e um link como pequenos contributos para um melhor conhecimento de Bento XVI.

http://www.youtube.com/watch?v=CNXNVLGuP9E&NR=1

Biografia Breve do Papa Bento XVI


1927 “Nasci no dia 16 de Abril, Sábado Santo, em Markl im Inn (Baviera). Fui baptizado na manhã seguinte. A parte mais importante e mais bonita da minha infância passei-a em Traunstein, uma cidade muito influenciada por Salzburg. Por conseguinte, Mozart entrou na nossa alma desde o princípio, e ainda hoje continua emocionando-me porque é tão claro e, ao mesmo, tempo tão profundo.”

“No Outono íamos aos campos procurar alface-brava; nos prados em redor encontrávamos, sob orientação da nossa mãe, várias coisas úteis para o presépio.”
“Não sou capaz de indicar uma prova de verdade da fé mais convincente do que a sincera e franca humanidade que a fé fez amadurecer nos meus pais e em muitas outra pessoas que encontrei ao longo da vida.”

1939 J. Ratzinger entra no Seminário. Depois da guerra dirá: “Gratidão e vontade de renascer, de trabalhar na Igreja e para o mundo, eram estes o sentimentos que dominavam a atmosfera daquela casa.”

1943 Juntamente com os colegas de Seminário é obrigado a prestar serviço militar: “Uma noite tiraram-nos da cama e mandaram-nos reunir ainda meio adormecido. Um oficial das SS chamou-nos da fileira, um a um, e tentou induzir-nos a que nos alistássemos voluntariamente no corpo das SS, aproveitando-se do nosso cansaço e da posição de cada um em frente ao grupo todo reunido. Muitos camaradas, que inclusive eram boas pessoas, foram alistadas desta maneira, neste grupo criminoso. Juntamente com outros, eu tive a sorte de poder dizer que queria ser sacerdote católico. Cobriram-me de impropérios e de insultos e mandaram-nos para trás…”

1951 É ordenado sacerdote juntamente com o irmão Georg: “Éramos mais de quarenta candidatos; quando fomos chamados respondemos Adsum ‘Eis-me aqui’. Era um esplêndido dia de verão que se tornou inesquecível como o momento mais importante da minha vida.”

1952 Começa a sua actividade como professor de teologia. Quando do Maio/68 ninguém lhe tirou o microfone ou lhe atirou ovos: “Não, sempre se entendeu bem com os alunos. Uma vez houve um debate com os professores Küng, Seckler, Ratzinger, Neumann. Na apaixonada discussão que se seguiu o professor Ratzinger não abriu a boca. De repente ouvem-se as vozes dos alunos: ‘que fale Ratzinger, que fale Ratzinger…”

1962-65 É consultor teológico do Card Frings durante o concilio Vaticano II. Certa vez o Cardeal havia pedido a Ratzinger que lhe preparasse um texto para uma conferência que tinha que fazer em Génova. A conferência causa tanto impacto em Itália que o papa João XXIII chama o Cardeal de Colónia a Roma e diz-lhe ‘querido Cardeal: disse tudo o que eu penso e queria dizer…”

1977 É nomeado por Paulo VI Arcebispo e depois Cardeal de Munique.

1981 É chamado para trabalhar em Roma pelo Papa: “Ratzinger reconhecia na pessoa carismática e pastoral de João Paulo II uma ‘paixão pelo homem’ e uma capacidade para descobrir a ‘dimensão espiritual da história’. O papa Wojtyla reconhecia na pessoa tímida de Ratzinger um intelectual contemporâneo que era um teólogo mais completo do que ele próprio. Em conjunto formavam uma equipa intelectual fantástica.”

2005 A 19 de Abril é eleito Papa e escolhe o nome Bento XVI: “ Rogo-vos [aos cardeais depois da sua eleição]: jamais deixeis faltar-me a vossa amizade.”
“O nosso ministério é um dom de Cristo aos homens, para construir no Seu corpo o mundo novo. Vivamos o nosso ministério assim, como dom de Cristo aos homens! Peçamos com insistência ao Senhor, para que depois do grande dom do Papa João Paulo II, nos ofereça um pastor segundo o Seu coração, um pastor que nos guie ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à verdadeira alegria. Amén.”

Etiquetas: ,


2010/05/03

Actualização sobre a pedofilia na Igreja 

por Bruno Mastroianni, 30.4.10
Os números, os documentos, a actuação de Bento XVI e a explicação dos casos que vieram à luz. A forma como a Igreja está a tratar uma ferida de que tem consciência.
 
 
OS NÚMEROS: QUANTOS SÃO OS CASOS DE ABUSO?

A contagem do número efectivo de casos de pedofilia por parte dos eclesiásticos não tem como finalidade reduzir o fenómeno, mas compreendê-lo na sua justa dimensão.

EUA: De acordo com o estudo feito em 2004 pelo John Jay College of Criminal Justice (
link), os sacerdotes acusados de terem tido relações sexuais com menores entre 1950 e 2002 são cerca de 4.392. Num artigo publicado no Avvenire, Massimo Introvigne fez notar que, destes, os que foram efectivamente acusados de pedofilia foram 958, ascendendo o total dos sacerdotes condenados a 54, pouco mais de um por ano (o número de sacerdotes e religiosos dos Estados Unidos é de cerca de 109.000). Nesse mesmo período, e ainda nos EUA, foram 6.000 os professores de ginástica e treinadores desportivos considerados culpados do mesmo crime pelos tribunais americanos. De acordo com um estudo encomendado pela Conferência Episcopal Norte Americana (link), em 2009 estão a ser analisados 6 casos, num total de 109.000 sacerdotes e religiosos. A revista Newsweek (link) observa que as companhias de seguros americanas não exigem às instituições católicas prémios mais elevados nos seguros contra abusos sexuais, porque os dados provam que os riscos não são superiores aos de outras instituições.
Alemanha:
Num artigo publicado no Giornale, Andrea Tornielli informa que, desde 1995, foram denunciados na Alemanha 210.000 casos deste crime contra menores, sendo os casos suspeitos de terem tido lugar no âmbito da Igreja Católica 94 (1 em cada 2.000).
Irlanda: O Relatório Ryan de 2009 (
link) registou depoimentos de casos de violência (não apenas sexual, mas sobretudo física e psicológica) no sistema educacional da ilha entre 1914 e 2000, tendo detectado 381 pessoas que declararam ter sido vítimas de abusos sexuais por parte do pessoal educativo, de visitantes, de alunos mais velhos e, em proporção reduzida, do clero. O Relatório Murphy (link) sobre a diocese de Dublin registou, entre 1974 e 2000, depoimentos de 440 pessoas que acusam sacerdotes.
Malta: De acordo com os dados fornecidos por uma comissão ad hoc (
link), entre os anos 70 e a actualidade foram acusados 45 sacerdotes. 19 destas acusações foram rejeitadas por falta de fundamento, 13 estão ainda por analisar e outras 13 deram lugar a um processo; de entre as 13 últimas, 4 sacerdotes foram condenados, 7 serão ainda ouvidos pela Santa Sé e 2 já morreram.
Congregação para a Doutrina da Fé: Mons. Scicluna, da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, declarou
numa entrevista que, entre 2000 e 2010, a Congregação tratou de cerca de 3.000 casos de sacerdotes diocesanos e religiosos por delitos cometidos nos últimos 50 anos. Desses, 10% dos casos – ou seja, cerca de 300 em todo o mundo – dizem respeito a actos de pedofilia. Em todo o mundo, existe um total de 400.000 sacerdotes diocesanos e religiosos.
 
DOCUMENTOS E DISPOSIÇÕES EXPLÍCITAS
Nas intervenções sobre a pedofilia, têm vindo à baila alguns documentos que os jornalistas afirmam erradamente conterem instruções para o encobrimento dos casos de pedofilia. Na realidade, todos os documentos são oficiais e públicos, e a atitude de condenação dos abusos é clara e enérgica. As incompreensões resultam de traduções mal feitas e de imprecisões devidas ao facto de os documentos terem sido redigidos em latim e de não haver, até há pouco tempo, traduções oficiais noutras línguas.
O primeiro destes documentos é a instrução Crimen sollicitationis (
texto latino), um texto de 1922 reeditado por outro texto de 1962 de João XXIII, e que diz respeito ao crime de instigação a actos torpes por parte dos confessores. O documento, que trata principalmente de outros abusos, também refere a pedofilia, designando-a como crimen pessimum. Está explicitada no documento a obrigação de denunciar estes crimes (tradução não oficial, para italiano, das passagens mais explícitas).
O segundo é o documento De delictis gravioribus (
texto latino, texto italiano), assinado por Joseph Ratzinger e Tarcisio Bertone em 2001 e redigido para dar andamento ao motu proprio Sacramentorum sanctitatis tutela (texto latino, texto italiano), do Papa João Paulo II, que, precisamente para evitar encobrimentos locais, atribui à Congregação para a Doutrina da Fé a competência nas matérias relacionadas com pedofilia.
Tudo isto foi ainda confirmado pelas
Linhas de orientação que se seguiram à Instrução: informar a Santa Sé, acatar as disposições da justiça civil, afastar o suspeito das actividades pastorais.
Se houve encobrimentos e omissões, ficaram a dever-se à falta de fidelidade para com as disposições do Papa e do Magistério.
 
A ACTUAÇÃO DE BENTO XVI
O Papa Bento XVI, primeiro como Prefeito da Doutrina da Fé, e depois como Papa, é sem dúvida nenhuma aquele que mais se empenhou na eliminação desta chaga da Igreja. Leia-se a recente Carta aos católicos irlandeses, em que procede a uma clara condenação do fenómeno e a um enérgico convite aos bispos para que assumam as suas responsabilidades na reparação do mesmo e na tomada de medidas que impeçam a sua repetição no futuro. O Papa deu provas da mesma clareza e determinação na viagem que fez aos EUA (
veja-se aqui uma resenha das intervenções que fez sobre a pedofilia) e à Austrália (veja-se aqui uma resenha das intervenções).
 
OS CASOS QUE APARECERAM NOS MEDIA
Foram recentemente trazidos à baila nos jornais alguns casos de pedofilia que, de uma maneira ou de outra, parecem dizer respeito ao Pontífice. Vistos de perto, todos eles mostram a conduta clara de Ratzinger:
1. Padre Murphy, em Milwakee: trata-se do caso de um sacerdote acusado de crimes de pedofilia nos anos 70. De acordo com os documentos, a Congregação para a Doutrina da Fé (de que Ratzinger era na altura o Prefeito) foi consultada vinte anos depois dos factos, devido a uma acusação de crime de solicitação (e não por causa dos abusos). A Congregação ordenou que, apesar de terem decorrido muitos anos sem indícios de novos crimes e de a justiça civil ter arquivado o caso, o sacerdote se mantivesse afastado de actividades pastorais (
veja-se aqui a descrição completa do caso).
2. Padre Kiesle, de Oakland: trata-se do caso de uma carta de 1985 em que o Cardeal Ratzinger não concede apressadamente a dispensa do celibato a um sacerdote acusado de pedofilia que já era alvo de um processo para expulsão do sacerdócio. Alguns meios de informação confundiram as duas coisas: a dispensa do celibato (que é uma concessão) coma a expulsão do sacerdócio (que é uma pena) (
veja-se aqui a descrição completa do caso).
3. Padre H da arquidiocese de Munique e Freising: pedófilo que foi transferido para a diocese quando Ratzinger era arcebispo da mesma. O caso remonta a 1980, veio à luz em 1985 e foi julgado por um tribunal alemão em 1986. O Cardeal Ratzinger desconhecia os factos, como reconheceu o então vigário geral da diocese (
veja-se aqui a descrição).
4. O irmão do Papa: dois casos de abuso que tiveram lugar em Ratisbona por volta de 1958 pareceram envolver o irmão do Papa. Na realidade, trata-se de casos já conhecidos, juridicamente encerrados e que dizem respeito a um período diferente daquele em que Georg Ratzinger dirigiu o coro (1964 a 1994) (veja-se o já citado
artigo de Tornielli que explica os dois casos).
 
O CELIBATO NÃO TEM NADA A VER COM A PEDOFILIA
Também se falou de um nexo entre pedofilia e celibato. O psiquiatra Manfred Lutz, um dos maiores especialistas no tema, explicou numa entrevista recente que tal nexo é na realidade inexistente; pelo contrário, os especialistas afirmam que as pessoas que vivem a abstinência sexual correm menos riscos de cometer abusos, em comparação com as pessoas casadas. No
já citado artigo de Introvigne, são referidos os estudos de Philip Jenkins, que mostraram que há mais casos de pedofilia entre as diversas denominações protestantes, cujos pastores podem contrair matrimónio; por outro lado, os já referidos 6.000 casos de abusos verificados nos Estados Unidos no mesmo período em que se verificaram os dos eclesiásticos foram cometidos, na sua maioria, por pessoas casadas. Em suma, não parece haver qualquer relação entre o celibato e a pedofilia.

Fonte:
http://www.documentazione.info/article.php?id=1111&idsez=41



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


Dejá vu 

“Surgem todos os dias casos de abusos sexuais envolvendo um elevado número de clérigos católicos. Infelizmente não é uma questão de casos individuais, mas uma crise moral colectiva, com uma dimensão tão medonha e desconcertante, talvez sem precedentes na história cultural da humanidade. Numerosos padres e religiosos confessaram. Não há dúvida de que os milhares de casos que despertaram a atenção do sistema de justiça representam apenas uma pequena parte do total, dado que muitos abusadores têm sido protegidos e escondidos pela hierarquia”.

No meio da guerra cultural e mediática em curso, com o pretexto de alguns clérigos pedófilos, quem consegue descobrir quando, onde e quem disse estas palavras?

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


2010/04/29

Ó Pátria, para que te quero 

Manuel Brás

Segundo rezam as previsões mais pessimistas, Portugal está a ser contagiado pelo vírus grego e deverá enfrentar em breve uma crise de confiança dos mercados internacionais, com as respectivas consequências para a economia, como o aumento das taxas de juro e mais dificuldade no acesso ao crédito, que as autoridades portuguesas entendem como um ataque dos mercados à credibilidade e à estabilidade da economia portuguesa. Talvez.

É ridículo os políticos, agora que o País está nas lonas após muitos anos de negligência, incompetência e amadorismo da classe política de todos os partidos, virem invocar a Pátria e a Nação e que é preciso unir esforços colectivamente para vencer este desafio.

Até aqui insultavam e demonizavam todos aqueles que invocavam a Pátria e a Nação como desígnios políticos maiores de uma sociedade. Agora, que estão à rasca, lembraram-se que tudo isso existe. Para esses políticos a Pátria e a Nação são só para invocar em caso de desgraça.

Necessariamente tínhamos que chegar aqui, em consequência de muitos anos de Estado despesista, intervencionista, controlador e inútil, cuja principal missão não é servir a sociedade mas garantir postos de trabalho. Portugal, um País com rendimentos médios baixos e impostos altos, tem vivido para alimentar um Estado esbanjador e parasitário, entregue aos caprichos das clientelas partidárias, que só tem que aumentar impostos e criar taxas para se financiar. O Estado rebenta de gordo, como gorda é a sua dívida.

Isto é inaguentável, mesmo num País como Portugal, em que ninguém pede contas aos políticos sobre a forma como usam o dinheiro dos contribuintes, vulgo dos impostos e taxas.

Portugal tem sido um País, desde há décadas, dominado pela esquerda política, também na economia e nas finanças. Por muito que os hipócritas de esquerda venham agora demonizar a situação e o capitalismo, a verdade é que têm sido eles a determinar a forma como os dinheiros públicos são usados e a controlar a utilização do dinheiro dos outros para reforçar os seus poderes políticos: eles têm sabido utilizar o dinheiro dos outros, dos capitalistas, para ganhar poder e alcançar os objectivos da sua agenda política.

As mesmas previsões pessimistas asseguram que se o contágio chega a Espanha, além das óbvias perdas para a economia espanhola e a frustração de alguns “portugueses” que estavam a contar enriquecer sob a bandeira espanhola, existe uma razoável ameaça à zona euro e mesmo à União Europeia (UE).

Tendo em conta que a UE é uma invenção unilateral de políticos, imposta aos povos europeus, em muitos casos sem sequer os consultar, digamos que para esses políticos o fim da UE é bem merecido. Só é pena aquilo que a grande maioria dos europeus poderá sofrer sem qualquer culpa, nem responsabilidade, uma vez que não foram tidos nem achados sobre a UE.

Mas, se calhar, vale a pena o sacrifício para ser livre.

A crise já cá a temos, como noutras épocas da História. Agora só falta o homem.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


2010/04/28

Pachauri na Gulbenkian 


Manuel Brás

Rajendra Pachauri, o chairman do IPCC, esteve dia 27 de Abril na Gulbenkian para falar sobre “Alterações Climáticas – o grande desafio ao nosso futuro comum”.

Com as limitações próprias de quem não pôde assistir para além das 19h, sendo que a conferência, marcada para as 18h, começou um quarto de hora depois, eis algumas impressões relevantes recolhidas até esse momento.

Não tinha qualquer expectativa de ver ali apresentado algo de novo no que toca ao discurso oficial do IPCC relativamente ao clima. E, de facto, a expectativa cumpriu-se. O que ali foi apresentado resumiu-se à repetição do “Fourth Assessment Report” (4AR) de 2007.

O que pareceu diferente foi a atitude. Como diria o Louçã, eles estão “cada vez mais mansos”.

Teresa Gouveia, pela parte da Gulbenkian, fez uma introdução prudente e cuidadosa, próxima do realismo, salientando as incertezas, a imprevisibilidade e as controvérsias associadas ao tema das “alterações climáticas”, sem deixar de lado a variabilidade natural.

O Painel de moderadores, constituído do Filipe Duarte Santos, Viriato Soromenho Marques e Vasco Trigo, começou à defesa, através de Viriato Soromenho Marques, dizendo que o IPCC foi alvo de um ataque à credibilidade por uns malandros que entraram no e-mail de reputados cientistas da Climate Research Unit da Universidade de East Anglia, Reino Unido, e de onde retiraram correspondência entre cientistas, supostamente privada e, portanto, confidencial, e, no entanto, extremamente comprometedora, ao ponto de levar, como é de recordar, ao afastamento de Phil Jones. Para de seguida dizer que, afinal, existiram erros que foram prontamente reconhecidos pelo IPCC.

Pergunta-se: se os e-mails não fossem descobertos, o IPCC teria reconhecido os erros? O notável é que não foram revelados os erros cometidos pelos tais cientistas.

Também aqui há sinais de mansidão: ter começado por fazer referência ao climategate. No entanto, outros erros tem o IPCC cometido que no momento da correcção não foram referidos, como os dados relativamente aos gelos dos Himalaias indianos ou à área de território abaixo do nível do mar na Holanda, ambos rectificados pelas instâncias competentes dos respectivos países.

Será possível continuar a considerar o IPCC uma instituição credível?

Pachauri mostrou e comentou gráficos de temperaturas dos últimos 150 anos. Mas não disse se esses gráficos estavam afectados pelos inconvenientes erros dos cientistas do IPCC ou não. Fez referência ao ritmo de subida das temperaturas dos últimos 100 e 50 anos, retirando que nos últimos 50 anos a subida tinha sido mais intensa. Mas, curiosamente, não se lembrou de verificar o que aconteceu nos últimos 15 anos.

De resto, Pachauri limitou-se a referir possíveis impactos que a variabilidade climática necessariamente acarreta na agricultura, em fenómenos naturais e meteorológicos, no nível das águas, no aproveitamento dos recursos hídricos ou na maior ou menor proliferação de espécies. Mas isto é uma constante, porque o clima está sempre a mudar, nunca é fixo.

O que fica por provar é a magnitude da influência dos gases com efeito de estufa emitidos por actividades humanas e que é essa pequena parte do total que provoca as catástrofes anunciadas até 2100. E aqui pouco interessa dizer que podem afectar, ou que provavelmente afectam. O que importa é saber quanto.

Porque o que alguns pretendem é ter o poder de influenciar decisões políticas baseadas no que pode acontecer, ou como se isso acontecesse, mesmo que não aconteça. É o esquema do “se não é, podia ser”. É a pretensão de dar um carácter absoluto ao princípio da precaução.

Que é inaceitável.

E se o mesmo princípio se aplicasse dessa forma absoluta noutras áreas?

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


2010/04/26

Bronca no Foreign Office 

Manuel Brás

O Foreign Office pretende educar o Papa durante a sua viagem ao Reino Unido em Setembro próximo, como alguns estados europeus educam as pobres criancinhas nas escolas. O plano, insultuoso, desenhado por alguns dos seus funcionários, foi descoberto. Depois, pediram desculpa.

A União Europeia é cada vez mais um espaço em que se pode manifestar livremente convicções, sem ser insultado por isso. Claro, desde que essas convicções não contradigam a agenda estabelecida no memorando do Foreign Office, que por acaso é a agenda do igualitarismo e da ideologia do género.



Está cada vez mais à vista quais são os verdadeiros motivos que movem a perseguição ao Papa.

http://www.telegraph.co.uk./news/newstopics/religion/7628752/Ministers-apologise-for-insult-to-Pope.html



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


2010/04/22

Quanto custa uma bandeira? 

Manuel Brás

Mão amiga fez chegar um artigo do “Diabo” sobre a questão das bandeiras em Valença do Minho, reflectindo, à luz da História recente, sobre possíveis significados e leituras deste incidente.

Mas a resposta à pergunta não parece ser difícil. Em Valença a bandeira portuguesa actual custa o mesmo que a bandeira espanhola: um médico. O preço porque venderam a bandeira portuguesa foi o mesmo porque compraram a bandeira espanhola. E se eu arranjar um médico americano para Valença, será que põem lá a bandeira americana? Acredito que sim.

Entretanto, as “autoridades” portuguesas (PM, PR, etc…), que fazem? Nestas coisas que mete a Pátria, sempre mudos e a assobiar para o lado, como é costume.

Talvez um dia destes apareça, não a bandeira portuguesa da Monarquia, mas a bandeira espanhola em S. Bento ou em Belém. Será que vão deixar?



Quanto custa uma bandeira?


Creio que a maior parte da população nacional, mesmo entre aqueles que ainda pensam em Portugal como sendo uma Pátria de pleno direito e não como uma mera região administrativa dos Estados Unidos da Europa, não se apercebeu plenamente do risco inerente dos últimos actos, espero que irreflectidos, ocorridos em Valença.

Uma “comissão de utentes” insatisfeitos com o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente por parte do governo português decidiu demonstrar o seu descontentamento adquirindo, desconhecemos precisamente onde, mil bandeiras espanholas e hasteá-las por toda a cidade, a começar pela fortaleza local.

E se é certo que compreendemos a legítima indignação da população valenciana, escusado será dizer que os sectores espanhóis mais entusiastas da anexação de Portugal – e como conferencista habitual, quer de entidades de esquerda, quer de direita, nas terras de sua majestade Juan Carlos, estou plenamente a par da transversalidade de tal sentimento – ficaram deliciados com tamanho desprezo para com a nossa independência.

Transversal legado franquista?

Já em 1940 o ditador espanhol, Francisco Franco, pedira ao seu Estado Maior que elaborasse um plano para a invasão de Portugal, estes factos deveriam estar relativamente frescos na mente do público português uma vez que ainda no ano passado foi publicada a obra “A Grande Tentação: Os Planos de Franco Para Invadir Portugal”, da autoria de Manuel Rós Agudo, pela Casa das Letras.

Em diversos órgãos iberistas, na ausência de um termo geopolítico mais correcto – dado que pelo termo iberismo se subentende a posterior existência de uma qualquer federação de nações ibéricas enquanto que na eventualidade de uma anexação passaríamos a ser uma província do Reino de Espanha, logo o termo não é o mais correcto – a euforia não podia ser maior, o periódico Minuto Digital vangloriava-se com a manchete “Portugueses salen a la calle al grito de ¡Viva España!”, que nem me dignarei a traduzir, enquanto que no fórum Hispanismo, frequentado quer por franquistas espanhóis quer por ‘portugueses’ defensores de uma integração no Reino da Espanha, os ânimos estavam em alta com diversos utilizadores a recordar que já nem em Barcelona se assiste a tal fervor ‘patriótico’ espanholista, salvo quando joga a selecção (aparentemente, um mal semelhante ao nosso).

Para os leitores que tenham dúvidas acerca do igual fervor iberista por parte da esquerda espanhola, e deste poder ser de igual modo um legado franquista, gostaria de vos chamar a atenção para uma obra ainda inédita em Portugal, “Yo Tenía Un Camarada”, da autoria de César Alonso de los Rios, publicado pela Áltera em 2007, em cujo esclarecedor trabalho ficamos a par do passado de muitos dos principais intelectuais de esquerda espanhóis, franquistas convictos no anterior regime, socialistas e antifascistas credenciados na actual democracia monárquica.

Conclui-se pois que, no que toca ao entusiasmo de voltar a ver Portugal como mera província do Reino de Espanha, a transversalidade da extrema-esquerda à extrema-direita origina numa mesma escola partilhada no anterior regime é certo, mas também dum desejo recalcado que conta já com algumas centenas de anos.

Espanha avança!

Caso a coisa tivesse morrido por aqui, com a Guarda Nacional Republicana a velar somente para que não se hasteassem bandeiras espanholas nos edifícios públicos, um ultraje punido com dois anos de prisão, não haveriam quaisquer consequências de maior.

Por mais que possamos compreender a legítima indignação da população para com o Estado português pelo encerramento do SAP, tamanho protesto irreflectido – embora dada a quantidade de bandeiras reunidas em tão pouco tempo, o protesto aparente ser o resultado de uma prévia planificação – indicia, aos sectores iberistas dispersos por toda a administração civil e pelas Forças Armadas, uma certa receptividade. Recordo que já em 2006 o resultado de uma sondagem, de acordo com o semanário Sol, demonstrava que 28% dos portugueses, note-se que se trata de mais de um quarto da nossa população, preferiam ser espanhóis.

Acontece que a coisa não morreu por aqui, no passado dia 8 a Lusa anunciou uma preocupante novidade: com base num acordo celebrado entre o governo de José Sócrates e o reino espanhol na Cimeira Ibérica de Zamora, em Janeiro do ano passado, publicado na edição de 19 de Março do Diário da República, uma associação constituída por cinco municípios do Alto Minho e dezasseis municípios galegos, anunciaram que irão avançar com um estudo que possibilite a utilização dos serviços de saúde transfronteiriços.

O alcaide de Tui, do outro lado da fronteira, prestou-se a oferecer aos cidadãos portugueses o usufruto do Centro de Saúde do lado espanhol da fronteira, no qual tampouco é necessário o pagamento de quaisquer taxas moderadoras, tendo inclusive prometido um reforço de médicos e restante pessoal auxiliar.

Suicídio geopolítico?

Fazendo eu parte de uma inclinação geopolítica que defende o correcto reconhecimento da Galiza como nação lusófona com direito a assento na CPLP, estou plenamente consciente que a actual situação desencadeou um risco que nenhum de nós ponderara: a utilização da Galiza como porta de entrada do espanholismo. Não foram bandeiras galegas as hasteadas em Valença, foram bandeiras do Reino de Espanha. Os próprios galegos quando protestam possuem bandeira própria, não hasteiam a bandeira da monarquia espanhola. Como referiu ao JN um turista galego que se encontrava em Valença aparentemente avesso ao protesto dos locais, “por coisa nenhuma poria uma bandeira portuguesa hasteada em casa”.

Caso os valencianos desconheçam porque razões chegaram a tamanho desespero, permitam-me partilhar convosco os resultados das últimas legislativas: PPD/PSD – 37,45% dos votos expressos, PS – 35,17%. E vejamos as anteriores, em 2005: PS – 44,06% dos votos expressos, PPD/PSD – 34,92%.

E fico-me por aqui. Caríssimos conterrâneos, compreendo a vossa indignação, mas não seria mais fácil deixar de votar nos do costume do que renegar a nacionalidade do mais antigo Estado-Nação europeu hasteando um milhar de bandeiras de uma potência estrangeira?

O Diabo
13 de Abril, 2010



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas:


2010/04/19

Eyjafjallajökull 


Manuel Brás

É o nome do vulcão que entrou em actividade, mais recentemente, desde 21 de Março de 2010 e que teve nos dois últimos dias um notável aumento de actividade com as consequências imediatas já exaustivamente comentadas pela imprensa, incluindo o cancelamento de milhares de voos na e para a Europa do Norte.

Do que ainda pouco se tem falado é das consequências, mais ou menos duradouras, para o clima, de uma erupção desta grandeza.

Como previsão, e apenas isso, recolhe-se a experiência de casos anteriores, como o Pinatubo, com grande actividade pelos anos 1992 e 1993. Ainda que as erupções vulcânicas libertem gases com efeitos nocivos e de estufa para a atmosfera, esse efeito de estufa costuma ser contrariado, a favor destas, pelas partículas de cinza que têm um efeito reflector da radiação solar, portanto um efeito de arrefecimento.

A continuar a erupção ao ritmo a que os últimos dias nos habituaram, é de prever algum arrefecimento nos próximos meses.

Mas o melhor é mesmo esperar para ver. Prognósticos, só no fim do jogo.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


Como se monta uma perseguição mediática 


OUTRO DISPARATE DA IMPRENSA SOBRE PADRES PEDÓFILOS
A CARTA DE 1985 DO CARDEAL RATZINGER

Por Massimo Introvigne (Avvenire, 10 de Abril de 2010)

Durou vinte e quatro horas o novo disparate lançado pela Associated Press contra o Papa. Até os media mais hostis, acossados pelos especialistas em direito canonico, fizeram marcha atrás. Mas, de acordo com o preceito segundo o qual vale a pena caluniar que sempre fica qualquer coisa, na cabeça dos utentes mais distraidos terão ficado apenas os títulos, segundo os quais, em 1985, o actual Pontífice «protegeu um padre pedófilo».

Para se compreender o significado da carta escrita pelo Cardeal Ratzinger a Mons. John Stephen Cummins (e não «Cummings»), Bispo de Oakland (California), a 6 de Novembro de 1985, é preciso ter algumas noções, ainda que básicas, de direito canónico. A perda do estado clerical pode ocorrer (a) como pena imposta pelo direito canónico por delitos especialmente graves; ou (b) quando solicitada pelo próprio sacerdote. Assim, um sacerdote acusado ou condenado por pedofilia pode perder o estado clerical (a) como pena pelo delito cometido ou (b) a seu pedido, pedido esse que o padre pedófilo pode ter interesse em fazer por razões diversas, por exemplo, para escapar à vigilância da Igreja (a vigilância do Estado é mais branda, como fica demonstrado em diversos casos), ou porque pretende casar-se. No primeiro caso, está-se a castigar o padre pedófilo. No segundo caso, está-se a fazer-lhe um favor.

Até 2001, a pena pelo delito de pedifilia – o castigo – era imposta pelas dioceses; em 2001, essa competência passou para a Congregação para a Doutrina da Fé. Em contrapartida, a análise dos pedidos de dispensa do estado clerical – o favor – já em 1985 era da competência da Congregação para a Doutrina da Fé.

Em 1985, Stephen Miller Kiesle, sacerdote acusado de abusos de menores, foi objecto de dois processos distintos. O primeiro dizia respeito à averiguação canónica susceptível de levar à demissão do estado clerical deste sacerdote como pena pelos absusos praticados, averiguação que era da estrita competência da Diocese de Oakland, e em que a Congregação para a Doutrina da Fé de modo nenhum intervinha.

O segundo processo dizia respeito à solicitação, feita pelo mesmo Padre Kiesle, de dispensa do estado clerical, solicitação que chegou à secretária da Congregação para a Doutrina da Fé, a qual – por uma praxe que adquiriu valor de regulamento – não concede a referida dispensa a um sacerdote que não tenha completado os quarenta anos. Na altura, o Padre Kiesle tinha trinta e oito anos e o Bispo Cummins solicitou à Congregação para a Doutrina da Fé que abrisse uma excepção porque, acolhendo a solicitação de Kiesle, Roma libertaria a diocese de Oakland do embaraço de prosseguir a averiguação penal pelos abusos (indagação essa que, em 1985 – antes das alterações processuais introduzidas em 2001 – era, recorde-se, da estrita competência da diocese, e na qual a Congregação dirigida pelo Cardeal Ratzinger não podia intervir).

Se a Congregação tivesse acolhido o pedido de Kiesle, não teria «castigado» o sacerdote; pelo contrário, ter-lhe-ia feito um favor. Na verdade, Kiesle pretendia abandonar o sacerdócio porque tinha a intenção de se casar.

É muito importante distinguir o acolhimento de um pedido de dispensa do estado clerical, que constitui um benefício concedido ao sacerdote e que é da competência da Congregação para a Doutrina da Fé, da demissão do estado clerical como punição, que era, até 2001, da competência das dioceses, e não de Roma.

Enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger responde exprimindo a sua compreensão pela delicada posição em que o bispo se encontra – ou seja, agora em termos menos curiais, diz-lhe que compreende que o bispo preferisse que fosse Roma a tirar as castanhas do lume –, mas salienta que, para bem da Igreja, se devem respeitar rigorosamente as praxes, e que a idade do solicitante não permite dar-lhe a dispensa do estado clerical. «Considerando o bem universal da Igreja» – o que não significa, evidentemente, «para evitar escândalos» (aliás, o caso dos abusos sexuais atribuídos a Kiesle já tinha sido amplamente comentado na Califórnia, e o escândalo já se tinha verificado), mas sim «para não criar um precedente que abriria a porta a muitas outras solicitações de dispensa de sacerdotes com menos de quarenta anos» –, o Cardeal Ratzinger explica ao bispo que será necessário ter a prudência de esperar, como sempre acontece em casos de pedidos de sacerdotes que ainda não fizeram quarenta anos.

Entretanto, a Diocese de Oakland poderá, naturalmente, dar andamento à outra averiguação penal, susceptível de conduzir à demissão de Kiesle do estado clerical, não a seu pedido, mas como pena pelos abusos cometidos. Em 1987, enquanto a Diocese de Oakland prossegue as suas averiguações sobre Kiesle – depois de o ter proibido de exercer a actividade ministerial –, o sacerdote faz quarenta anos. Nesta altura, e como é da praxe, a Congregação acolhe o seu pedido de redução ao estado clerical. Kiesle abandona o exercício do ministério sacerdotal e casa-se, continuando a ser conhecido pela polícia como personalidade perturbada e suspeito de abuso de menores.

Os actos cometidos por Kiesle depois de 1987 não são, evidentemente, da responsabilidade da Igreja, mas apenas dos tribunais civis e da polícia. Se praticou outros abusos, a culpa não é da Igreja – que Kiesle abandonou e que deixou de ter quaisquer razões para o vigiar –, mas das autoridades civis.

Como é que ter recusado um pedido que um padre suspeito de pedofilia – que tencionava casar-se – apresentava como pedido de um favor, no seu próprio interesse, equivale a «proteger um padre pedófilo» é coisa que terá de ser a Associated Press a explicar.

http://www.mercatornet.com/articles/view/message_to_the_lynch_mob_the_pope_is_innocent/



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


Crucifica-o! 

DN 2010.04.05
JOÃO CÉSAR DAS NEVE
S

Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos de que os padres comem criancinhas.

A pedofilia é um crime horrendo. Pior se o criminoso for educador. Mais ainda se for clérigo. A prioridade em casos tão graves é prevenção, socorro às vítimas e punição exemplar. A Igreja Católica tem de ter regras muito claras para estes casos, e vigilância atenta e severa. E tem.

Então porquê o debate? Ele mistura dois crimes diferentes. As acusações de pedofilia vêm a par de outro crime, muito menos grave mas mais vasto, de difamação contra a Igreja.

Sabemos tratar-se de difamação porque os sintomas tradicionais são evidentes. Primeiro as acusações não se dirigem aos verdadeiros culpados. Quem realmente se ataca são, não pedófilos, mas o Papa, cardeais e bispos. Discute-se, não psicologia infantil, mas política eclesiástica.

Em segundo lugar utiliza-se um truque estatístico clássico. Tomam-se 50 anos, em todo o mundo e acumulam-se todos os casos encontrados. Desta forma demonstra-se o que se quiser; este é o método das provas "científicas" invocadas por horóscopos, charlatães e milagreiros. Empilham-se situações muito antigas e muito diferentes que, juntas, ninguém perde tempo a considerar com atenção. Conta só a imagem global. A imaginação faz o resto. Nunca se questiona a agregação de casos díspares ou a razão de surgirem todos de repente agora.

O terceiro sintoma é não se usarem os indicadores adequados: percentagens. Que peso dos criminosos no total dos sacerdotes? Muito mais importante, qual a percentagem destes casos no total dos abusos? Se o que nos preocupa são as crianças, este dado é decisivo. Os poucos estudos sociológicos sérios mostram que «no mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas (...) considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. (...) Dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos (...) mas por membros da família» (www.cesnur.org/2010/mi_preti_pedofili.html). E omitem-se factos incómodos, como «80% dos pedófilos são homossexuais» (idem).

Descuidadas nos dados, as notícias fervilham de comentários e interpretações. Muitas antecedidas de frases como «até há quem pense…», o que permite colocar a seguir o que se quiser, pois há sempre quem pense o mais abstruso. Espanta que jornais respeitáveis entrem nestas práticas. Práticas cuja finalidade fica clara ao ler-se a conclusão invariável: «perda de autoridade moral da Igreja». Mas a autoridade da Igreja vem de outro lado. E que autoridade moral tem o jornal para dizer isto? O contexto é a guerra cultural. Parecendo combater a pedofilia, visa-se a promoção do aborto, eutanásia, divórcio, promiscuidade.

A prática é tradicional. Assim se criou há séculos o mito da Igreja sanguinária nas cruzadas e Inquisição. Tirando os casos do contexto, relacionando épocas diferentes e empolando os números, gerou-se a lenda do terror inquisitorial em que hoje ainda até muitos católicos acreditam. Não importa que os processos fossem rigorosos e transparentes, as condenações uma ínfima minoria dos casos julgados e pouquíssimas face às execuções civis, numa época de pena capital habitual. Julgadas em contexto cultural muito diferente, essas informações distorcidas e parciais criaram uma das maiores falsificações da História.

Nada disto anula os terríveis pecados cometidos, quer nos atropelos da Inquisição, quer nos indiscutíveis casos de padres pedófilos. Cada injustiça inquisitorial, como cada abuso de menor, é horrível e exige atenção e punição exemplar. Por isso Papa e bispos pedem desculpa e impõem responsabilidades.

Mas o que temos agora é outra injustiça, a de tentar degradar toda uma classe respeitável e, por arrastamento, a maior denominação religiosa do mundo, com acusações apressadas e distorcidas. Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos que os padres comem criancinhas. Como há 2000 anos, esta Páscoa é celebrada ao som do grito «crucifica-o, crucifica-o!»


manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


Nova fase da guerra? 

Manuel Brás

A ninguém passa despercebido o facto de que a Igreja e o Cristianismo estão a enfrentar uma guerra cultural e mediática que ultimamente experimentou novos desenlaces com a tentativa de incriminar Bento XVI a pretexto de alguns casos de abusos de crianças por eclesiásticos e da forma como tais casos foram tratados.

Como já aqui foi desfiado, pretextos não têm faltado aos poderes deste mundo para atacar a Igreja e os Papas, de forma mais ou menos velada, desde há umas boas décadas. Desde a Humanae Vitae de Paulo VI, passando pelo atentado a João Paulo II pela mão de Ali Agca e sabe-se lá de mais quem, às especulações sobre a saúde de João Paulo II e a sua capacidade de governar a Igreja, que a Igreja é conservadora e João Paulo II também... Mais recentemente foi a vez de Bento XVI ser contemplado com a hostilidade mediática a pretexto de ser alemão e ter 18 anos em 1945, de falar sobre fé, razão e Deus em Regensburg, da proibição de discursar numa universidade italiana, de a bordo do avião que o conduziu aos Camarões ter sublinhado a primazia da conduta moral – evitar a promiscuidade sexual – na prevenção da SIDA em relação à “distribuição de preservativos”, a pretexto de uma alegada solidão e, por agora, com o pretexto de que encobriu e protegeu padres pedófilos.

Que acusação virá a seguir? Talvez também seja culpado do “aquecimento global”, quem sabe?

Mas eis que, de repente, entra em jogo o Cardeal Bertone asseverando que a maioria dos casos de pedofilia de que são acusados alguns padres são abusos entre pessoas do mesmo sexo masculino: esses padres e rapazes. Alguém poderá negar que são do sexo masculino? Trata-se, portanto, numa maioria de casos, de homossexualidade, que é uma das causas, apontadas pelo cardeal, deste problema que afecta a Igreja.

Entramos assim numa nova fase, que é a discussão de um problema que estava escondido e de que oficialmente não se pode falar sob pena de se ser acusado das piores coisas. Aqui já todos têm que ter a mesma opinião...
Talvez a guerra tenha entrado, por ironia do destino, na discussão desassombrada da natureza, da aceitabilidade e das consequências da homossexualidade, dentro e fora da Igreja.

E porque não começar por distinguir o sentido da complementaridade entre sexos masculino e feminino?

Para aqueles que têm mais dificuldade em entender essa complementaridade, o argumento biológico parece ser aquele que mais facilmente entra pelos olhos: dir-se-ia que as tomadas só têm sentido se existirem fichas que a elas se liguem, tal como as chaves só têm sentido se existirem fechaduras. Que sentido teria ligar tomadas com tomadas, fichas com fichas, fechaduras com fechaduras e chaves com chaves?

Uma coisa, entretanto, parece certa: se a Igreja subscrevesse e recomendasse o aborto e a homossexualidade, a pedofilia transformava-se em “educação sexual”.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , , , ,


2010/04/15

E que tal abrir os olhos? 

Manuel Brás

A publicidade às tristes e lamentáveis notícias sobre casos de pedofilia envolvendo alguns eclesiásticos com que a imprensa nos tem brindado no último mês, não pode deixar de lado fenómenos e interrogações, tão legítimas quanto surpreendentes, que, no meio da confusão mediática generalizada, tendem a passar esquecidos.

O primeiro desses fenómenos é a avalanche. Denunciam-se casos de pedofilia, aqui e ali, alegadamente ocorridos há 30 ou 50 anos. Mas, curiosamente, só agora é que são publicamente denunciados e todos convergem em Março de 2010. Porquê o momento e a convergência? Porquê agora, e só agora, o interesse dos media?

Se isto não é um plano, o que será um plano?

Depois vem a tentativa de envolver e culpar Bento XVI por actos tresloucados de alguns eclesiásticos, quando foi por diligência do Cardeal Ratzinger, em 2001, que a malha sobre casos destes foi bastante mais apertada e a obrigatoriedade de denunciar tais casos exigida. Talvez esteja agora a pagar por isso.

A Igreja Católica é hoje a instituição mais vigiada pelos media em todo o mundo, muito mais que a ONU, a UE, o IPCC ou a OMS. Mas é só na Igreja que há casos de pedofilia? E nas outras instituições? Só há pedofilia com padres? E as outras actividades e profissões? Ou será que não vale a pena investigar?

É curioso, e paradoxal, verificar que aqueles que mais atacam a Igreja e o Papa a pretexto deste particular da pedofilia são os que acham que não há desordens morais em matéria sexual, que a pornografia não tem mal nenhum, que não se deve restringir ou dominar os impulsos da sexualidade, são aqueles que aceitam e justificam a homossexualidade como uma “orientação” tão válida como outra qualquer, que acham que a moral cristã é rígida em matéria sexual e que a Igreja tem que mudar a doutrina moral. Porque é que a pedofilia não é também uma “orientação sexual”? Será o relativismo e o laxismo moral que vão curar os males da pedofilia? Depois queixem-se.

É caso para perguntar: as práticas de que são acusados alguns eclesiásticos, se enquadradas em programas escolares e recomendadas por manuais da especialidade, não seriam “educação sexual”? Ou a revolta só existe porque são eclesiásticos?

Se os cristãos souberem tirar deste grande mal as devidas lições e consequências, podem surgir daqui grandes bens.

A Igreja Católica é a única instituição que pede perdão. E pede perdão em nome de todos pelos males de uns poucos, talvez por saber que um só padeceu pelos males de todos.

Será que a República portuguesa vai pedir perdão aos três pastorinhos da Cova da Iria pelos abusos de poder e maus tratos contra eles cometidos em 1917 pelo Latoeiro (administrador de Ourém)?

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: , ,


Serra a Dilma 


Manuel Brás

Para os nossos leitores do Brasil, bem como todos aqueles que nesse grande país não se revêem no socialismo e lutam para que o Estado se reduza ao mínimo útil e necessário, isto é, lutam contra o totalitarismo do Estado e das suas leis, os votos de que o candidato Serra vença esta contenda que vai ser difícil, como ele prevê, apesar de estar em vantagem nas sondagens.

Para lançamento de campanha escolheu um tema feliz e apelativo: a união de todos os brasileiros, independentemente da condição social e económica de cada um. Uma sociedade unida e coesa gera uma Nação mais unida e capaz de vencer desafios colectivos.

Parece ter começado bem. Oxalá o eleitorado o apoie até ao fim nesse objectivo.

http://jornal.publico.pt/noticia/11-04-2010/serra-apresentou-candidatura-a-presidencia--e-prometeu-trabalhar-pela-uniao-do-brasil-19170386.htm



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas: ,


2010/04/12

Polónia mais pobre 


Manuel Brás

Os polacos têm definitivamente azar para os lados de Katyn. Mesmo que seja só para homenagear os seus heróis que pereceram às mãos do criminoso soviético Estaline.

Foi o que sucedeu com o Presidente polaco Lech Kaczynski, a sua mulher e um nutrido grupo de dirigentes governamentais e militares, onde se inclui o ministro dos negócios estrangeiros.

Os polacos preparam-lhes as sentidas e dignas homenagens, mas a Polónia fica mais pobre.

Quem lhe sucederá?

Como será a Polónia daqui para a frente?

http://www.foxnews.com/world/2010/04/11/poland-enveloped-mourning-leaders-death/



manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional