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2012/09/17

Protestos e ilações 

As manifestações e protestos que recentemente marcaram presença em várias cidades portuguesas têm, pelo menos, a virtude de mostrar o que as pessoas pensam do sistema e quais as suas expectativas. É claro que tornam também possível a percepção de como as promessas da esquerda dominante e as expectativas das pessoas em relação ao Estado nada mudaram nos últimos 40 anos.

Bem podem dizer que as manifestações foram apartidárias, mas basta ver os pormenores de organização, palavras de ordem, acidentes e incidentes, gente em acção de cara tapada, para perceber que ali há núcleo duro e a mãozinha de profissionais de partidos e sindicatos. As manifestações que se viram, sobretudo em Lisboa e no Porto, obviamente, não surgiram espontaneamente nem tiveram origem em gente inexperiente. O facto do protesto ter acontecido em dia 15, à semelhança de outros em dia 15 já ocorridos em Portugal e noutros países europeus é algo de muito sugestivo...

Não vale a pena dizer que houve gente de "direita" que também se associou ao protesto, porque em Portugal não há direita capaz de fazer protestos e manifestações destas. Algumas pessoas de direita podem ter ido atrás, como sempre, mas não controlaram o processo.

Digamos que a dureza do momento, em que a insensatez e a inabilidade desse desastre comunicativo que é o governo se cruza com o inferno sindical, fez com que muitas pessoas fossem atrás.

Os portugueses continuam à espera de um Estado que lhes dê tudo ou quase. Os políticos, em nome do Estado, continuam a prometer tudo ou quase. Passos Coelho governa como um verdadeiro socialista: impostos, impostos, mais impostos, para esse sorvedouro que é o Estado social, insustentável, à custa de quem produz riqueza para alimentar o que produz défice e dívidas. José Sócrates não faria melhor. Os vários estatalistas estão furibundos: Passos Coelho roubou-lhes a receita. Mas, como já sabemos, um Estado que promete tudo é um Estado que pode tirar tudo.

Alguns dizem que é preciso um novo 25 de Abril. Para quê? Para daqui a 38 anos voltar ao mesmo? Além de que a História não se repete, em 1974 o novo regime tinha muitos tachos na administração pública e no Estado para dar aos partidos, os cofres do Banco de Portugal estavam cheios e a situação económica e financeira era bem mais favorável, enfim, havia muitos recursos para estoirar, como efectivamente aconteceu. Hoje, a administração pública está lotada, os cofres do Banco de Portugal estão bem mais pobrezinhos, os bancos estão sem dinheiro, a população está envelhecida e a única coisa que existe com fartura são dívidas. Os nossos manifestantes bem podem gritar pela queda do governo, por mudanças, prometer o que quiserem. O que têm eles para dar? O que têm eles para oferecer? Dívidas.

Todos dizem que é preciso mudar de política. Mas quem é que quer mudar? Os sindicatos querem mudar? Os políticos querem mudar? Os funcionários públicos querem mudar? Os senhores do Estado querem mudar? Claro que não, todos querem manter as posições que têm. Eles querem que os outros mudem, mas acontece que já não podem. Uns não podem, outros não querem mudar. Eis que chegámos a um impasse no regime. Não é apenas o governo A ou B, os partidos C ou D que estão em crise. É o regime.

Não vale a pena insistir no modelo social europeu. Está falido. Não percam tempo.

"Baixem os impostos e cortem na despesa, mas cortem drasticamente! Limpem a casa e esqueçam o modelo social europeu. O tempo para fazer alguma coisa já se esgotou. Foi ontem" (John Cochrane, conselheiro económico de Mitt Romney, citado pela revista Sábado)

manuelbras@portugalmail.pt

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