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2007/06/04

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI – N.º 01 

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Com o fim da II guerra mundial (1939-45), mais evidente se tornou a grandeza e enorme força moral e espiritual da Igreja Católica.

As potências europeias intervenientes na guerra, todas reduzidas a cacos e desde logo ou quase logo ameaçadas de perderem o que lhes restava dos colossais impérios coloniais construídos pelas suas burguesias no séc. XIX e primórdios do séc. XX; com a URSS ameaçadora mas contida nos seus limites pelos EUA, por força da bomba atómica, na hora certa descoberta ou inventada e na hora certa exibida como o dissuasor absoluto; restavam-nos, de facto, e valiam-nos apenas os EUA e a Igreja simbolizada e representada pela Santa Sé, Estado do Vaticano, geograficamente o mais pequeno dos pequeníssimos Estados Livres do Mundo inteiro e militarmente reduzido à honorífica e efectivamente decorativa … Guarda Suíça.

Mas, na verdade, a Igreja e o seu Chefe supremo, o Papa Pio XII, inspiravam à maioria de todos nós tanta ou mais confiança que o poder militar, político, económico e diplomático que os Estados Unidos e os seus presidentes eleitos detinham, a crer no mundo inteiro.

O anti-comunismo da Igreja era porém muito mais fiável e bem fundado, mais seguro que o anti-comunismo americano; e a sua luta contra a URSS, no plano político e espiritual, afigurava-se mais mobilizadora das energias de reacção dos povos europeus que a formidável potência norte-americana.

O orgulho que os católicos sentíamos!

Orgulho e oração pela mobilização dos países europeus ocupados pelos exércitos soviéticos, como a Hungria, a Checoslováquia, a Áustria, a Hungria, a Polónia, regiões da Jugoslávia como a Croácia e a Eslovénia, onde os cardeais e bispos chefes das igrejas nacionais locais, mesmo perseguidos ou feitos prisioneiros e humilhados, com tantos milhares de outros sacerdotes e bispos católicos, continuavam a inspirar a resistência irredutível e heróica dos seus povos, pelos exemplos múltiplos da sua intransigência anti-comunista e anti-soviética!

Tínhamos o perfeito sentimento de que, enquanto esses povos e seus líderes religiosos resistissem assim, nada estava definitivamente perdido; a liberdade e a independência seriam recuperadas um dia, de dentro para fora, pela força irresistível da reacção dos próprios países ocupados.

Muitos cidadãos desses países, mesmo assim, não aguentavam mais e refugiavam-se no Ocidente, pura e simplesmente.

Mas isso era uma sangria de tal modo insustentável que os governos comunistas foram obrigados a construir a chamada Cortina de Ferro para tentar evitar o êxodo e esconder da Europa a revolta e o descontentamento generalizado que grassavam lá dentro. Assim, a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim foram, afinal, também uma grande vitória da insubmissão dos católicos desses países e, portanto, um triunfo igualmente da Igreja Católica.

Mas não era só na Europa oriental que a resistência dos povos era indispensável e, de facto, se impunha.

Nos países livres da Europa ocidental, saídos da Guerra derrotados e desfeitos, o cerco comunista era também efectivo, exercido pela “quinta coluna” dos partidos comunistas, na verdade extensões e agentes do Império Soviético, tentando ganhar no terreno político o domínio que lhes era possível, através de eleições, em competição com os demais partidos dos sistemas políticos aí em vigor.

Mas, entre eles, a resistência e a reacção fizeram-se principalmente, sobretudo na França, na Bélgica, na Holanda, na Alemanha e na Itália, através de partidos políticos inspirados pela Doutrina Social da Igreja, os chamados partidos Democratas-Cristãos.

Ao passo que na Península Ibérica essa resistência se fez através dos regimes políticos aí instalados desde os anos Trinta, que haviam sido impulsionados de muitos modos, também pela Igreja, embora não só, e igualmente inspirados pela mesma Doutrina Social.

Assim, aos nossos olhos ou da maioria dos europeus…

PIO XII nesses tempos de luta decidida, luta de todos os instantes e por todos os meios disponíveis da ideologia, da inteligência, da hombridade e da acção nos mais diversos terrenos, foi pois o chefe supremo da resistência europeia e ocidental ao cerco comunista que a “Paz” de Ialta (na Crimeia), entre Anglo-Americanos e Soviéticos, nos havia imposto, porque as armas de fogo essas eram só deles.

Tudo – democracias e regimes políticos corporativos – tudo com efeito regimes de guerra para tempos de guerra, que não toleravam fraquezas ou ilusões, muito menos distracções.

O que, nesse período de 1945 a 1958, o ano da morte de Pio XII, ficámos a dever, isto é, o Ocidente ficou a dever à Igreja e aos Católicos que a igreja formou, é incomensurável.

Mais: porque geraram necessariamente em milhões de nós sentimentos de gratidão e responsabilidade profundas, que não morrem, tais sentimentos continuaram e continuam inevitavelmente a inspirar as nossas atitudes de cristãos e de homens comuns, mas tremendamente lúcidos e firmes, sob os pontificados seguintes, de João XXIII a João Paulo II e Bento XVI.

São recordações tão fortes ou, se possível, mais fortes ainda que quaisquer outras que aqui se têm vindo a reviver, prezado leitor.

Mais fortes ou menos fortes, pouco importará até.

Importante é, sim, o dizerem as recordações respeito a acontecimentos que – se marcas tão profundas deixaram na História e naqueles que os vivemos – é porque foram realmente dos mais decisivos e criadores desses tempos e das vidas de todos nós que por eles nos responsabilizamos.

Não é orgulho vão; é fidelidade, acreditem.

A.C.R.

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