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2007/06/13

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI – N.º 05 

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Tinham sido meramente ensaios para combates de fundo…

Na verdade, quando a grande mudança chegou, o 25 de Abril não encontrou os grupos de acção ligados àquela e outras publicações, semanários ou não, totalmente desprovidos de preparação para activarem um combate inteligentemente adequado às circunstâncias.

A mudança de governo, meia dúzia de anos antes, de Salazar para Marcelo Caetano, tinha de resto alertado muita gente para os perigos que o País corria, perigos que eram teoricamente previsíveis desde muito, mas que a partir de então se sentiam “bater à porta” como contingências que podiam a todo o momento dar lugar a profundas e largas mudanças sociais e políticas de grande calibre.

Por isso e pela larga doutrinação ideológica desenvolvida no País pelo próprio regime e pelos grupos doutrinários surgidos na sociedade ao longo dos vinte e tal anos anteriores, principalmente, havia muita gente lúcida e treinada para reagir sem desanimar. Ora os grupos que, com o meu amigo e muitos mais, tínhamos animado antes de Abril de 1974, estiveram seguramente entre a melhor dessa gente. De facto, não tínhamos andado distraídos nem descuidados…

O PREC-Processo Revolucionário em Curso desde logo* se identificou como o lado negativo por excelência do “25 de Abril”, mas, porque radicalmente conduzido pelos comunistas, os seus métodos e tipos de agentes eram nossos velhos conhecidos, não traziam novidades nenhumas, fosse nas nuances mais clássicas ou nas mais estapafúrdias.

Nada disso, aliás, constituiria novidade que justificasse novos desenvolvimentos, agora e aqui, porque tem sido largamente contado noutras oportunidades e em relatos muito variados, mais ou menos fiáveis.

Em todo o caso e porque muitas vezes é referido, na sua efectiva dimensão, sempre se diga que o PREC teve alguma importância e que chegou até a representar um grande perigo, mas apenas porque contaminou as Forças Armadas, uma parte das quais, surpreendentemente, chegou a constituir-se em braço armado dos comunistas do PCP, durante alguns meses.

Essa foi efectivamente a grande surpresa do percurso revolucionário português de 1974…

Tanto menos compreensível, aliás, quanto era já então visível que tudo “mexia”, na Europa, politicamente em sentido contrário ao das expectativas comunistas, e portanto do PREC, como iam dando indícios os movimentos de fundo da sociedade, no mundo comunista europeu exactamente.

Eram sintomas tão bons que nem se podia acreditar?...

Basta lembrar o sindicato “Solidariedade” e as vitórias sucessivas do sindicalismo livre, na Polónia, ou a Perestroyka, com as sucessivas cedências russas à transparência na vida política, na URSS, para se compreender como os dirigentes comunistas em Portugal e os seus apaniguados das Forças Armadas estavam completamente dissonantes e mal informados da evolução em curso, ou muito perto, do marxismo-comunismo-leninismo-estalinismo, na Europa inteira.

Os comunistas de cá de casa, civis e militares, estavam completamente desfasados do mundo político em gestação, com transformações em curso ou em preparação para breve, que eles não avaliavam nem minimamente “farejavam”.

Queriam instalar aqui mais um regime comunista puro e duro, quando toda a Europa estava prestes a livrar-se dos seus…

Claro que não podiam prever a eleição de Ronald Reagan, da Senhora Thacher ou de João Paulo II…

Mas mesmo assim foi-lhes precisa muita pontaria para acertarem em pleno na asneira de altíssimo calibre!

Claro, portanto, que tinham de completamente falhar os seus objectivos e a reacção das Forças Armadas no “25 de Novembro” veio a tempo para corrigir-se o essencial dos erros cometidos pelas cabecinhas esquentadas de muitos civis e militares comunistóides.

Portugal, graças a isso, bem pode dizer hoje que o séc. XX foi a renovada prova de como somos um grande povo, duma fantástica experiência acumulada.

Que outro povo pode orgulhar-se de ter sido sujeito a uma provação como foi a de treze anos duma guerra conduzida em grande, de 1961 a 1974, sem verdadeira derrota militar?

Que outro pode orgulhar-se de ter vencido uma ameaça – mal calculada mas ainda assim grandemente efectiva – como foi a do PREC, vencido exclusivamente pelos meios próprios da nossa sociedade?

Não obstante esses esforços tremendos e o duma adesão arriscada à UE, mais duas grandes guerras europeias e a de Espanha, de que sofremos os embates tremendos, que outro povo pode orgulhar-se de ter conservado íntegra a sua identidade e de, apesar de atrasos persistentes, termos reconstruído a economia e o nosso desenvolvimento social, por duas ou três vezes, num século só?

Haja a coragem da lucidez!

Somos um grande povo e talvez, historicamente, só tenhamos que ter ainda “ciúmes” dos Portugueses de Seiscentos.

Mas é certo e evidente não termos vencido um certo PREC, outro PREC mas de direita…

Falarei dele, mais tarde ou mais cedo.

Uma vez que as memórias desse são sobretudo minhas e de mais algumas, muito poucas pessoas.


Já agora, segue imediatamente.

A.C.R.

*Este “logo” são apenas os dias que vão de 26 de Abril até 01 de Maio imediato, quando os comunistas se sentiram tão à vontade que, a partir daí, as suas manifestações arruaceiras tinham efectivamente sempre menos de um nono do pessoal que eles obrigavam os Meios de Comunicação Social a dizerem!

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