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2007/06/04

Defesa a Leste 

Após o derrube do muro de Berlim e a aparente queda do socialismo científico na cortina de ferro questionava-se, logicamente, o futuro da NATO e o sentido da sua continuidade. Para quê uma força militar multilateral a defender um conjunto de países unidos por laços civilizacionais do perigo vermelho, se ele já não existe?

Passados mais de 15 anos sobre o alegado derrube do socialismo a Leste e o desaparecimento formal da União Soviética, há sinais de que a derrota não foi total. Digamos que a União Soviética e o socialismo perderam terreno e capacidade de influência. No campo económico a derrota foi total, mas em termos políticos, militares e de influência territorial houve apenas um recuo e não uma mudança radical irreversível.

Vemos, assim, países que pertenciam ao cordão sanitário da União Soviética, como a Bielorúsia, alinhados com o poder de Moscovo, ou fortemente divididos entre Moscovo e o Ocidente, como a Ucrânia, e outros, a maioria, que se identificaram claramente com o Ocidente, como os Países Bálticos, Roménia, Hungria, Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Polónia e República Checa, e que aderiram à NATO.

Para a Rússia, que tem Vladimir Putin, o antigo chefe do KGB, como Presidente, onde nunca houve Nuremberga para a máquina soviética, onde, como sempre, se abatem jornalistas e se prendem manifestantes que não estão alinhados com o governo, à mistura com rocambolescas histórias de envenenamento de espiões e contra-espiões – o que não teriam feito já os media internacionais se tudo isto acontecesse com a Administração Bush –, todas essas deserções para o campo da NATO constituem um duro e compreensível revés, o que demonstra, ao mesmo tempo, que ainda há algo da URSS que não acabou.

Porque se acabou, porquê os engulhos com a instalação de mísseis de defesa em solo polaco e de um radar na República Checa?

Tanto mais que, segundo a NATO, não é o que resta da URSS que está na mira deste equipamento defensivo. O enfraquecimento do bloco soviético permitiu revelar outros perigos, mãos ou menos relacionados, como o Irão e as suas criações – Hamas e Hizbullah –, a Coreia do Norte, a Síria e uma rede terrorista disseminada a que chamam Al-Qaeda.

São atribuídos à Al-Qaeda, por aquilo que dessa rede é visível, atentados em Nova York, Londres, Madrid, Casablanca e Istanbul. Quanto à Coreia do Norte e ao Irão, são conhecidas as suas “disponibilidades” e o alcance de mísseis balísticos em seu poder. E quando surge um líder político com poder militar que pretende varrer um país do mapa é melhor acautelar o futuro e não dar confiança.

Ao contrário do que parecia há uns anos, a NATO continua a ter razões para existir: a defesa militar do Ocidente, agora mais alargada a Leste.

Além disso, a Polónia e a República Checa têm a oportunidade de demonstrar, quer o seu empenho no seio da NATO, quer a sua independência em relação a Bruxelas, sobretudo pela rejeição da duplicação e desdobramento dos poderes da NATO pela UE, através da Política de Defesa e Segurança Europeia (EDSP).

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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