2003/11/21
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (IX)
(continuação do post de 2003/11/19)
O trabalho dos leigos católicos portugueses ligados à "Resistência", à rede de células de estudo e acção, à divulgação doutrinal através de sessões públicas de conferências e debates e ao trabalho do VECTOR, tudo o que sumariamente descrevi nalguns postes anteriores desta série, não foi senão a réplica do que se fez noutros Países da Europa. Insisto: terá sido algo importante no meio português o seu trabalho mas, embora muito empenhado da parte de todos, em geral esse trabalho não foi original. Podemos porém dizer que no conjunto, esse trabalho foi bastante criativo na medida em que recriou e adoptou às nossas condições o modelo francês importado.
E aqui regressa-se ao título primeiro desta série e àquilo que o justifica: a importância fundamental que teve o apoio e o exemplo do clero neste combate pela preservação do essencial do Concílio Vaticano II.
Creio muito convictamente que o Séc. XX terá em grande parte sido uma era de ouro do clero português, pela obra de reconstrução do ambiente cristão do País que conduziu e por tantos valores individuais que produziu ou revelou.
Não se pode passar em claro, evidentemente, aquilo que muitos chamam, depreciativamente e acusadoramente, a aliança entre o Estado e a Igreja.
Esquecem que os católicos e a Igreja portuguesa tinham vivido, com altos e baixos, é certo, mais de cem anos de perseguições, ostracismo ou laicismo vesgo, sem falar particularmente da expropriação de bens seus.
O 25 de Abril teve o bom senso de evitar o regresso a esse clima de hostilidade à Igreja anterior a 1926. Mas isso não foi, implicitamente, senão mais uma das várias homenagens discretas prestadas pela Revolução à obra do Estado Novo.
Aliás, há-de um dia fazer-se a relação dessas homenagens discretas e, além de algumas surpresas, ver-se-à que não foram tão poucas como isso.
Seja como for, ninguém terá de admirar-se de que, chegados os católicos ao Poder em 1926-28, eles tivessem, até por imperativos de Justiça, normalmente reconhecido, passado a conviver com a Igreja, com toda a naturalidade, num clima de amizade recíproca, unidos na tarefa de restituir a paz à Nação e juntarem esforços para, ombro com ombro, sanearem o clima social e conjugarem esforços no seu desenvolvimento material, cultural, moral e espiritual.
Foi assim, com toda a simplicidade e naturalidade, que se criaram condições para uma obra em extensão e profundidade que tem sido naturalmente muito discutida e muito diversamente apreciada mas negada só por relativamente poucos.
O papel do clero na criação deste ambiente só pode ser apreciado devidamente, creio, sem ofensa para ninguém, por quem viveu esse longo período de estabilidade, apesar de todas as guerras, a Guerra Civil de Espanha (1936-39), a Guerra Mundial (1939-45) e a Guerra do Ultramar (1961-74).
O papel da Igreja nesta estabilidade e unidade nacional, em particular do seu clero, foi fundamental e ao afirmá-lo cremos estar a contribuir também para um grande acto de justiça que um dia há-de fazer-se, com carácter nacional.
A.C.R.
(continua num próximo post)
O trabalho dos leigos católicos portugueses ligados à "Resistência", à rede de células de estudo e acção, à divulgação doutrinal através de sessões públicas de conferências e debates e ao trabalho do VECTOR, tudo o que sumariamente descrevi nalguns postes anteriores desta série, não foi senão a réplica do que se fez noutros Países da Europa. Insisto: terá sido algo importante no meio português o seu trabalho mas, embora muito empenhado da parte de todos, em geral esse trabalho não foi original. Podemos porém dizer que no conjunto, esse trabalho foi bastante criativo na medida em que recriou e adoptou às nossas condições o modelo francês importado.
E aqui regressa-se ao título primeiro desta série e àquilo que o justifica: a importância fundamental que teve o apoio e o exemplo do clero neste combate pela preservação do essencial do Concílio Vaticano II.
Creio muito convictamente que o Séc. XX terá em grande parte sido uma era de ouro do clero português, pela obra de reconstrução do ambiente cristão do País que conduziu e por tantos valores individuais que produziu ou revelou.
Não se pode passar em claro, evidentemente, aquilo que muitos chamam, depreciativamente e acusadoramente, a aliança entre o Estado e a Igreja.
Esquecem que os católicos e a Igreja portuguesa tinham vivido, com altos e baixos, é certo, mais de cem anos de perseguições, ostracismo ou laicismo vesgo, sem falar particularmente da expropriação de bens seus.
O 25 de Abril teve o bom senso de evitar o regresso a esse clima de hostilidade à Igreja anterior a 1926. Mas isso não foi, implicitamente, senão mais uma das várias homenagens discretas prestadas pela Revolução à obra do Estado Novo.
Aliás, há-de um dia fazer-se a relação dessas homenagens discretas e, além de algumas surpresas, ver-se-à que não foram tão poucas como isso.
Seja como for, ninguém terá de admirar-se de que, chegados os católicos ao Poder em 1926-28, eles tivessem, até por imperativos de Justiça, normalmente reconhecido, passado a conviver com a Igreja, com toda a naturalidade, num clima de amizade recíproca, unidos na tarefa de restituir a paz à Nação e juntarem esforços para, ombro com ombro, sanearem o clima social e conjugarem esforços no seu desenvolvimento material, cultural, moral e espiritual.
Foi assim, com toda a simplicidade e naturalidade, que se criaram condições para uma obra em extensão e profundidade que tem sido naturalmente muito discutida e muito diversamente apreciada mas negada só por relativamente poucos.
O papel do clero na criação deste ambiente só pode ser apreciado devidamente, creio, sem ofensa para ninguém, por quem viveu esse longo período de estabilidade, apesar de todas as guerras, a Guerra Civil de Espanha (1936-39), a Guerra Mundial (1939-45) e a Guerra do Ultramar (1961-74).
O papel da Igreja nesta estabilidade e unidade nacional, em particular do seu clero, foi fundamental e ao afirmá-lo cremos estar a contribuir também para um grande acto de justiça que um dia há-de fazer-se, com carácter nacional.
A.C.R.
(continua num próximo post)
II Congresso Nacionalista Português - Índice de textos relacionados (actualizado)
2003/10/03 - II Congresso Nacionalista Português - “Sobre a Terra e sobre o Mar” - Por todos os motivos - Lisboa, 15 e 16 de Novembro de 2003
2003/10/03 - II Congresso Nacionalista Português - “Sobre a Terra e sobre o Mar” - Programa (actualizado)
2003/10/03 - II Congresso Nacionalista Português - “Sobre a Terra e sobre o Mar” - Informações Úteis
2003/10/10 - Porquê o I Congresso Nacionalista? Porquê o II Congresso Nacionalista Português?
2003/10/28 - II Congresso Nacionalista Português - Desmentido de uma "notícia" do "Público"
2003/10/30 - Rectificação do "Público" - Pior a emenda que o soneto
2003/11/03 - Correcção do desmentido da "notícia" do "Público"
2003/11/10 - II Congresso Nacionalista Português - “Sobre a Terra e sobre o Mar” - Nota à Imprensa
2003/11/13 - Para um NACIONALISMO DE FUTURO - II Congresso Nacionalista Português
2003/11/14 - Puro e Duro
2003/11/17 - II CONGRESSO NACIONALISTA PORTUGUÊS - EM QUE DIRECÇÃO VAI O NACIONALISMO PORTUGUÊS?
2003/11/18 - RECONQUISTA
2003/11/19 - II Congresso Nacionalista Português - Agradecimento
2003/11/26 - II CONGRESSO NACIONALISTA PORTUGUÊS - Em que direcção vai o Nacionalismo português? (B)
2003/11/27 - II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o nacionalismo Português? (C)
2003/11/28 - II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o nacionalismo Português (D)
2003/12/02 - II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o Nacionalismo Português? (E)
2003/12/15 - Congressos em catadupa. Ser nacionalista hoje.
2003/12/16 - Programas e tarefas à medida dos novos nacionalistas
2003/12/18 - Ser Nacionalista hoje. Programas e tarefas à medida dos novos nacionalistas (II).
2003/12/19 - II Congresso Nacionalista Português: um balanço ainda próximo
2003/12/24 - PROGRAMAS E TAREFAS DOS NOVOS NACIONALISTAS (III)
2003/12/26 - Temos de estar à altura! Programas e tarefas dos novos nacionalistas (IV)
2003/12/29 - Como fazer melhor que até agora, em matéria de formação profissional? Programas e tarefas à medida dos novos nacionalistas. (V)
2004/06/08 - II Congresso Nacionalista Português
2004/06/08 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX(I)
2004/06/09 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (II)
2004/06/10 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (III)
2004/06/11 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (IV)
2004/06/12 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (V)
2004/06/14 - II Congresso Nacionalista Português
2004/06/14 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (I)
2004/06/15 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (II)
2004/06/16 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (III)
2003/10/03 - II Congresso Nacionalista Português - “Sobre a Terra e sobre o Mar” - Programa (actualizado)
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2003/10/30 - Rectificação do "Público" - Pior a emenda que o soneto
2003/11/03 - Correcção do desmentido da "notícia" do "Público"
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2003/11/19 - II Congresso Nacionalista Português - Agradecimento
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2003/12/29 - Como fazer melhor que até agora, em matéria de formação profissional? Programas e tarefas à medida dos novos nacionalistas. (V)
2004/06/08 - II Congresso Nacionalista Português
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2004/06/09 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (II)
2004/06/10 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (III)
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2004/06/12 - O PENSAMENTO NACIONALISTA NO SÉCULO XX (V)
2004/06/14 - II Congresso Nacionalista Português
2004/06/14 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (I)
2004/06/15 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (II)
2004/06/16 - APÊNDICE Cultura e Lusofonia (III)
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Índices, Um Nacionalismo Novo
2003/11/20
PAPÉIS VELHOS
Regista-se com satisfação o contributo de "Manuel Azinhal", no seu post de ontem com este título, para o esclarecimento de alguns pontos das minhas memórias de Manuel Maria Múrias, em particular do caso do Bandarra, bem como de alguns outros pontos da resistência ao PREC.
Mesmo tendo em conta que, relativamente ao "Bandarra", as confusões e alguns erros do "Relatório do 28 de Setembro de 1974", do MFA, são mais que muitos.
Mas isso não é culpa senão do próprio Relatório e seus autores.
Portanto, continue desenterrando esses "documentos" que, como tal, nos fazem rir e ilustram bem o rigor e seriedade de quem os lavrava.
A.C.R.
Mesmo tendo em conta que, relativamente ao "Bandarra", as confusões e alguns erros do "Relatório do 28 de Setembro de 1974", do MFA, são mais que muitos.
Mas isso não é culpa senão do próprio Relatório e seus autores.
Portanto, continue desenterrando esses "documentos" que, como tal, nos fazem rir e ilustram bem o rigor e seriedade de quem os lavrava.
A.C.R.
Etiquetas: Manuel Maria Múrias, PREC
2003/11/19
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (VIII)
(continuação do post de 2003/11/18)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II (II)
Em Portugal, as reacções dos católicos às primeiras iniciativas das primeiras células de leigos que referi no último post (VII), traduzidas em particular na receptividade e acolhimento dados à revista, foram imediatamente muito favoráveis.
À semelhança da estrutura francesa, logo se procurou que as células de leigos pudessem beneficiar, na sua organização e trabalho corrente, além da interligação representada pela revista “Resistência” (de regularidade bimensal... irregular), também do apoio de um órgão como era o Office relativamente às células de leigos franceses: um órgão de apoio fundamentalmente logístico, bibliográfico e metodológico.
Esta actividade de apoio veio a desenvolvê-la o Círculo de Estudos Sociais VECTOR, associação criada por escritura pública, em 1970, de que foi primeiro presidente da Assembleia Geral o Prof. Doutor Guilherme Braga da Cruz, prestigiadíssimo catedrático de Direito da Universidade de Coimbra.
A actividade mais visível e de maior projecção do VECTOR viria a ser a realização dos Congressos anuais que tiveram lugar de 1969 a 1983, quase todos em Fátima, com excepção dos realizados no Porto, Viseu Guarda e Lisboa (Buraca).
O modelo inspirador foi também o Office, através dos seus Congressos em Lausanne (posteriormente, e ainda actualmente, em Versalhes), os quais durante anos sucessivos reuniam para cima de três mil participantes, no Palais des Congrès, idos de mais de vinte e cinco países da Europa, Américas e Oriente, incluindo Portugal, sendo os participantes portugueses, em geral, mobilizados pelo próprio VECTOR.
A revista, a forma de trabalho em células dos militantes católicos, o VECTOR com os seus congressos, dos quais os de 1970 a 1973, em Fátima, chegaram a reunir entre 400 e 700 participantes, de cada vez, parecem ter “assustado” os políticos que rodeavam o Doutor Marcelo Caetano. Talvez tenham até querido fazer-lhe crer que “aquilo” era a direita salazarista a organizar-se contra o seu “regime”. Ele possivelmente terá antes pensado que “aquilo”, a ter algum significado político, valia antes para o seu governo como um reforço, de que bem precisava, tantos e fortes eram os adversários que o espreitavam, à direita e à esquerda. Suspeito de que dois ou três “informadores” seus que por lá circulavam, entre vários que conhecíamos, o terão convencido dessa “verdade".
Seja como for, o certo é que no Congresso do Office, em Lausanne, de 1974 (Março), cerca de um mês antes da revolução de Abril, congresso onde tínhamos uma numerosa delegação portuguesa, organizada pelo VECTOR, por lá apareceu, sem nos prevenir, um elemento importante da política em Portugal, que tudo observou muitíssimo atentamente, uma pergunta aqui, outra além, quase em silêncio, ao contrário da sua conhecida natureza muito faladora.
O certo é que, soube-o depois, regressou a Portugal muito impressionado com a irradiação e força da organização de dimensão europeia a que o Vector estava associado. Por reflexo, fez o mesmo juízo, para o VECTOR, em Portugal, soube-o também depois, cerca de dois meses, já em plena revolução.
Como contarei.
A.C.R.
(continua num próximo post)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II (II)
Em Portugal, as reacções dos católicos às primeiras iniciativas das primeiras células de leigos que referi no último post (VII), traduzidas em particular na receptividade e acolhimento dados à revista, foram imediatamente muito favoráveis.
À semelhança da estrutura francesa, logo se procurou que as células de leigos pudessem beneficiar, na sua organização e trabalho corrente, além da interligação representada pela revista “Resistência” (de regularidade bimensal... irregular), também do apoio de um órgão como era o Office relativamente às células de leigos franceses: um órgão de apoio fundamentalmente logístico, bibliográfico e metodológico.
Esta actividade de apoio veio a desenvolvê-la o Círculo de Estudos Sociais VECTOR, associação criada por escritura pública, em 1970, de que foi primeiro presidente da Assembleia Geral o Prof. Doutor Guilherme Braga da Cruz, prestigiadíssimo catedrático de Direito da Universidade de Coimbra.
A actividade mais visível e de maior projecção do VECTOR viria a ser a realização dos Congressos anuais que tiveram lugar de 1969 a 1983, quase todos em Fátima, com excepção dos realizados no Porto, Viseu Guarda e Lisboa (Buraca).
O modelo inspirador foi também o Office, através dos seus Congressos em Lausanne (posteriormente, e ainda actualmente, em Versalhes), os quais durante anos sucessivos reuniam para cima de três mil participantes, no Palais des Congrès, idos de mais de vinte e cinco países da Europa, Américas e Oriente, incluindo Portugal, sendo os participantes portugueses, em geral, mobilizados pelo próprio VECTOR.
Há um aspecto curioso a registar: o trabalho em células (porque este nome, que vinha de incitamentos dados pelo Papa Pio XII aos católicos, lembrava antes de mais, para quem estivesse de fora a observar, a actividade dos comunistas na clandestinidade), o trabalho dos leigos em células, repito, pareceu a certa altura, não digo assustar, mas pelo menos deixar o Poder “de pé atrás”.
A revista, a forma de trabalho em células dos militantes católicos, o VECTOR com os seus congressos, dos quais os de 1970 a 1973, em Fátima, chegaram a reunir entre 400 e 700 participantes, de cada vez, parecem ter “assustado” os políticos que rodeavam o Doutor Marcelo Caetano. Talvez tenham até querido fazer-lhe crer que “aquilo” era a direita salazarista a organizar-se contra o seu “regime”. Ele possivelmente terá antes pensado que “aquilo”, a ter algum significado político, valia antes para o seu governo como um reforço, de que bem precisava, tantos e fortes eram os adversários que o espreitavam, à direita e à esquerda. Suspeito de que dois ou três “informadores” seus que por lá circulavam, entre vários que conhecíamos, o terão convencido dessa “verdade".
Seja como for, o certo é que no Congresso do Office, em Lausanne, de 1974 (Março), cerca de um mês antes da revolução de Abril, congresso onde tínhamos uma numerosa delegação portuguesa, organizada pelo VECTOR, por lá apareceu, sem nos prevenir, um elemento importante da política em Portugal, que tudo observou muitíssimo atentamente, uma pergunta aqui, outra além, quase em silêncio, ao contrário da sua conhecida natureza muito faladora.
O certo é que, soube-o depois, regressou a Portugal muito impressionado com a irradiação e força da organização de dimensão europeia a que o Vector estava associado. Por reflexo, fez o mesmo juízo, para o VECTOR, em Portugal, soube-o também depois, cerca de dois meses, já em plena revolução.
Como contarei.
A.C.R.
(continua num próximo post)
II Congresso Nacionalista Português- Agradecimento
Aqui fica o nosso sincero agradecimento a todos os que nos seus sites e blogues anunciaram a realização do congresso, nomeadamente (pedimos desculpa por eventuais omissões):
- "Lusitânia terra amada";
- "O Sexo dos Anjos";
- "Pro Patria";
- "Puro e Duro";
- "Reconquista".
Muito obrigado!
- "Lusitânia terra amada";
- "O Sexo dos Anjos";
- "Pro Patria";
- "Puro e Duro";
- "Reconquista".
Muito obrigado!
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Um Nacionalismo Novo
2003/11/18
Caros Amigos e Camaradas,
Muito agradecidos pelas V/referências e apreciações ao decorrer do nosso II Congresso Nacionalista Português de 15 e 16 do corrente, no Hotel Roma.
Concordamos que a organização esteve à altura; que o nível das comunicações e de boa parte dos debates foi excelente; que a liberdade de expressão foi completa; e que a cordialidade entre todos os participantes ultrapassou mesmo as melhores expectativas.
Os inscritos mal chegaram à centena mas isso não obsta a dizermos que consideramos ter sido um grande Congresso!
Demos, os nacionalistas portugueses, provas de grande maturidade.
Sobretudo porque de muitos lados, dentro do Congresso, nos vieram sugestões de muito proveito para a formulação do neo-nacionalismo, um "nacionalismo de futuro", compatível com, mas também muito exigente em relação à nossa participação na U. Europeia.
Há dois anos, no I Congresso, nem sequer poderia falar-se dum nacionalismo que não fosse algum dos velhos nacionalismos de há cem ou oitenta, setenta anos .
Mas as primeiras ideias nesse sentido foram já apresentadas no I CNP, embora então rejeitadas ou recebidas com total indiferença (v. as 17 teses neste blog).*
Nestes dois anos, porém, elas fizeram caminho e já se aceita discuti-las cordialmente e sem crispações, numa direcção de nacionalismo sem fixação em restauracionismos.
Concluo com as palavras do V/e-mail:
"São estes encontros que renovam o ânimo e a vontade".
Não poderíamos os organizadores e em particular a Aliança Nacional, que arrancou com estes Congressos, ouvir expressão mais compensadora dos riscos corridos, dos esforços feitos e do desgaste sofrido.
É por tudo isto que o próximo Congresso poderá e terá já de ir muito mais longe.
A.C.R.
_________________________________
* As "Actas do I Congresso Nacionalista Português" já se encontram editadas pela Nova Arrancada
Muito agradecidos pelas V/referências e apreciações ao decorrer do nosso II Congresso Nacionalista Português de 15 e 16 do corrente, no Hotel Roma.
Concordamos que a organização esteve à altura; que o nível das comunicações e de boa parte dos debates foi excelente; que a liberdade de expressão foi completa; e que a cordialidade entre todos os participantes ultrapassou mesmo as melhores expectativas.
Os inscritos mal chegaram à centena mas isso não obsta a dizermos que consideramos ter sido um grande Congresso!
Demos, os nacionalistas portugueses, provas de grande maturidade.
Sobretudo porque de muitos lados, dentro do Congresso, nos vieram sugestões de muito proveito para a formulação do neo-nacionalismo, um "nacionalismo de futuro", compatível com, mas também muito exigente em relação à nossa participação na U. Europeia.
Há dois anos, no I Congresso, nem sequer poderia falar-se dum nacionalismo que não fosse algum dos velhos nacionalismos de há cem ou oitenta, setenta anos .
Mas as primeiras ideias nesse sentido foram já apresentadas no I CNP, embora então rejeitadas ou recebidas com total indiferença (v. as 17 teses neste blog).*
Nestes dois anos, porém, elas fizeram caminho e já se aceita discuti-las cordialmente e sem crispações, numa direcção de nacionalismo sem fixação em restauracionismos.
Concluo com as palavras do V/e-mail:
"São estes encontros que renovam o ânimo e a vontade".
Não poderíamos os organizadores e em particular a Aliança Nacional, que arrancou com estes Congressos, ouvir expressão mais compensadora dos riscos corridos, dos esforços feitos e do desgaste sofrido.
É por tudo isto que o próximo Congresso poderá e terá já de ir muito mais longe.
A.C.R.
_________________________________
* As "Actas do I Congresso Nacionalista Português" já se encontram editadas pela Nova Arrancada
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Um Nacionalismo Novo
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (VII)
(continuação do post de 2003/11/14)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II
A reacção anti-progressista dos leigos católicos da Europa e Américas, especialmente, foi muito vigorosa na defesa das interpretações dos textos conciliares que o clero e leigos progressistas se afincavam em deturpar, sempre em sentidos profundamente divergentes da Tradição.
A partir, pelo menos, de 1965 multiplicaram-se pelos dois Continentes as revistas periódicas, promovidas sobretudo por leigos, que tiveram em geral significativos sucessos, e chegavam a toda a parte, incluindo o clero mais próximo da ortodoxia. Pode dizer-se que por trás dessas revistas estavam quase sempre pequenos grupos de leigos muito dedicados e muito activos que produziam textos originais ou traduziam artigos e noticiário das revistas estrangeiras mais conhecidas, nos meios da resistência mundial à subversão anti-conciliar e anti-católica.
Essas revistas chegaram a constituir uma importante rede de circulação da informação religiosa e de alerta aos leigos contra as estratégicas, tácticas, movimentações e personalidades da rede progressista mundial, em geral muito bem servida de meios.
Foi frequentemente uma luta de pigmeus contra gigantes bem instalados e bem providos, servidos até pelos meios e organizações da própria Igreja que esses gigantes, ou tornados gigantes, tinham assaltado e sabido controlar em seu proveito. Exemplos disso são os organismos da Acção Católica cujas cúpulas foram muitas vezes subvertidas, a ponto de, desde então, a Hierarquia se ter visto obrigada a reformas profundas desses organismos ou a pô-los em “banho maria”, na expectativa duma auto-regeneração que nem sempre aconteceu, acabando alguns por ser deixados cair e fenecer.
A imprensa escrita não foi, porém, o único dos meios usados pelos fiéis cristãos para resistirem à vaga anti-conciliar, deturpadora da obra do Concílio. Os grupos de leigos que, tanto quanto sei, se movimentavam e lançavam iniciativas exclusivamente à custa própria e de oferendas de outros leigos como eles, rapidamente tomaram conhecimento de novos métodos de acção. Em particular as redes de pequenas células de meia dúzia de fiéis que, postas a funcionar e espalhadas por uma cidade, por uma região e às vezes até por um país todo, e estabelecendo ligações entre si, rapidamente trocavam informações, conhecimentos, alertas, compromissos, ordens de trabalho e de estudo.
Sim, estudo. Porque a primeira obrigação de cada célula era o aprofundamento pelos seus membros dos temas de ordem cívica, sobretudo, mas religiosa também, que melhor servissem à sua formação para uma acção mais pronta, esclarecida, eficaz e diversificada.
Foi esta, também — células e revista —, a primeira manifestação organizada, em Portugal, do grande movimento de resistência dos leigos católicos à subversão da Igreja, movimento que se vinha estendendo a muitos Países do Mundo ocidental, até atingir o seu apogeu já depois do meio da década de setenta.
A.C.R.
(continua num próximo post)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II
A reacção anti-progressista dos leigos católicos da Europa e Américas, especialmente, foi muito vigorosa na defesa das interpretações dos textos conciliares que o clero e leigos progressistas se afincavam em deturpar, sempre em sentidos profundamente divergentes da Tradição.
A partir, pelo menos, de 1965 multiplicaram-se pelos dois Continentes as revistas periódicas, promovidas sobretudo por leigos, que tiveram em geral significativos sucessos, e chegavam a toda a parte, incluindo o clero mais próximo da ortodoxia. Pode dizer-se que por trás dessas revistas estavam quase sempre pequenos grupos de leigos muito dedicados e muito activos que produziam textos originais ou traduziam artigos e noticiário das revistas estrangeiras mais conhecidas, nos meios da resistência mundial à subversão anti-conciliar e anti-católica.
Essas revistas chegaram a constituir uma importante rede de circulação da informação religiosa e de alerta aos leigos contra as estratégicas, tácticas, movimentações e personalidades da rede progressista mundial, em geral muito bem servida de meios.
Foi frequentemente uma luta de pigmeus contra gigantes bem instalados e bem providos, servidos até pelos meios e organizações da própria Igreja que esses gigantes, ou tornados gigantes, tinham assaltado e sabido controlar em seu proveito. Exemplos disso são os organismos da Acção Católica cujas cúpulas foram muitas vezes subvertidas, a ponto de, desde então, a Hierarquia se ter visto obrigada a reformas profundas desses organismos ou a pô-los em “banho maria”, na expectativa duma auto-regeneração que nem sempre aconteceu, acabando alguns por ser deixados cair e fenecer.
A imprensa escrita não foi, porém, o único dos meios usados pelos fiéis cristãos para resistirem à vaga anti-conciliar, deturpadora da obra do Concílio. Os grupos de leigos que, tanto quanto sei, se movimentavam e lançavam iniciativas exclusivamente à custa própria e de oferendas de outros leigos como eles, rapidamente tomaram conhecimento de novos métodos de acção. Em particular as redes de pequenas células de meia dúzia de fiéis que, postas a funcionar e espalhadas por uma cidade, por uma região e às vezes até por um país todo, e estabelecendo ligações entre si, rapidamente trocavam informações, conhecimentos, alertas, compromissos, ordens de trabalho e de estudo.
Sim, estudo. Porque a primeira obrigação de cada célula era o aprofundamento pelos seus membros dos temas de ordem cívica, sobretudo, mas religiosa também, que melhor servissem à sua formação para uma acção mais pronta, esclarecida, eficaz e diversificada.
A mobilização e despertar dos leigos, acomodados e por vezes amodorrados, era a grande finalidade do método das células, objecto principal do ensinamento dos grupos franceses apoiados pelo Office de Jean Ousset, sediado em Paris, na Rue des Renaudes, o qual veio em 1968 fazer uma série de conferências, em Lisboa, que profundamente interessaram muitos leigos, logo mobilizados para a acção cívica, cultural e religiosa.
As primeiras exteriorizações dessa nova capacidade e vontade de agir, em Portugal, traduziram-se na criação de algumas células em Lisboa, no Porto e em Coimbra, entre as quais o principal elemento de ligação e identificação foi desde logo a revista “Resistência”, que a primeira célula, de Lisboa, lançou, creio que em Julho de 1968, contando com o precioso acompanhamento do Pe. Joaquim Guerra S.J., chegado pouco antes da China e de Macau.
As primeiras exteriorizações dessa nova capacidade e vontade de agir, em Portugal, traduziram-se na criação de algumas células em Lisboa, no Porto e em Coimbra, entre as quais o principal elemento de ligação e identificação foi desde logo a revista “Resistência”, que a primeira célula, de Lisboa, lançou, creio que em Julho de 1968, contando com o precioso acompanhamento do Pe. Joaquim Guerra S.J., chegado pouco antes da China e de Macau.
Foi esta, também — células e revista —, a primeira manifestação organizada, em Portugal, do grande movimento de resistência dos leigos católicos à subversão da Igreja, movimento que se vinha estendendo a muitos Países do Mundo ocidental, até atingir o seu apogeu já depois do meio da década de setenta.
A.C.R.
(continua num próximo post)
2003/11/17
II CONGRESSO NACIONALISTA PORTUGUÊS - EM QUE DIRECÇÃO VAI O NACIONALISMO PORTUGUÊS?
A avaliar pelo que se passou este fim de semana, no Hotel Roma, onde muitas coisas se esclareceram, há cada vez mais nacionalistas portugueses dispostos a apostar na criação dum nacionalismo novo.
Pareceu-nos, na nossa alocução de encerramento do Congresso, que devíamos assentá-la em três pressupostos, que terão de ser considerados quer na formulação da doutrina quer nos projectos da sua aplicação política prática.
1º) Portugal não acabou, como alguma corrente nacionalista assegura com o máximo de pessimismo. Ficou muito em baixo, estará gravemente arruinado, mas nós cremos no dever de reconstruí-lo e acreditamos que é possível voltar a fazê-lo desempenhar um papel importante.
2º) Portugal teve, neste século que findou, o regime político nacionalista de mais longa duração, no qual podemos descobrir elementos de orientação para um neo-nacionalismo moderno e de acção governativa altamente eficaz.
3º) As ameaças à segurança do Ocidente são cada vez maiores e daí deveremos tirar as lições necessárias para a formulação da política de alianças internacionais, sem esquecer a ameaça que, como A. Cunhal recentemente nos veio dizer, pode vir a representar em breve a maior potência do Oriente.
Contarei em breve, como, no Congresso, se teve estes pontos em consideração.
A.C.R.
Pareceu-nos, na nossa alocução de encerramento do Congresso, que devíamos assentá-la em três pressupostos, que terão de ser considerados quer na formulação da doutrina quer nos projectos da sua aplicação política prática.
1º) Portugal não acabou, como alguma corrente nacionalista assegura com o máximo de pessimismo. Ficou muito em baixo, estará gravemente arruinado, mas nós cremos no dever de reconstruí-lo e acreditamos que é possível voltar a fazê-lo desempenhar um papel importante.
2º) Portugal teve, neste século que findou, o regime político nacionalista de mais longa duração, no qual podemos descobrir elementos de orientação para um neo-nacionalismo moderno e de acção governativa altamente eficaz.
3º) As ameaças à segurança do Ocidente são cada vez maiores e daí deveremos tirar as lições necessárias para a formulação da política de alianças internacionais, sem esquecer a ameaça que, como A. Cunhal recentemente nos veio dizer, pode vir a representar em breve a maior potência do Oriente.
Contarei em breve, como, no Congresso, se teve estes pontos em consideração.
A.C.R.
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Um Nacionalismo Novo