2003/11/28
II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o nacionalismo Português (D)
Fontes inspiradoras do Novo Nacionalismo
O nosso nacionalismo não será um nacionalismo já feito, mas um nacionalismo novo para fazer e a perfazer.
Um nacionalismo a haver!
Um nacionalismo sem bafio nem teias de aranha.
Um nacionalismo não mumificado.
Um nacionalismo que, por mergulhar raízes bem fundo no passado, seja sobretudo um nacionalismo do presente e ainda mais do futuro.
Um nacionalismo revolucionário, se todos assim quisermos.
Porque fartos estamos de ideologias bafientas, mumificadas e passadistas, como quase tudo o que nos rodeia e tem manietado, neste caldo político e mental dito democrático, em que geralmente vivemos.
Temos de fugir disso.
Mais do que para evocações pietistas, prezados Amigos, senhores Congressistas e dedicados Camaradas, estamos aqui para começar a moldar e a apresentar a face renovada do nacionalismo de sempre, que é fundamental evocar: primeiro, naturalmente, para bebermos nas fontes mais puras das suas energias e nos mais luminosos exemplos das suas grandezas e sucessos; mas também para, com a mesma humildade e não menos determinação, aprendermos a não recair nos seus erros ou nos seus desvios e labirintos.
Porque isto é o principal segredo do presente e do futuro.
Queremo-lo como imaginámos, e temos razões para crer que efectivamente foi, o nacionalismo da melhor parte das gerações de artistas e escritores dos anos Dez do séc. XX, um nacionalismo desempoeirado e notavelmente varrido de teias de aranha.
Os Sousa-Cardoso, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Sá Carneiro, António Ferro, Alfredo Pimenta, João de Castro Osório, Homem Cristo Filho, etc., foram grandes anunciadores de tempos novos, com o génio futurista próprio da autêntica direita, em geral, e da autêntica Direita vanguardista, em particular. E foram-no, em grande parte, porque encontraram os caminhos desimpedidos pela implantação da República.
Nós devemos aspirar a ir tão longe quanto eles poderiam ou desejariam ter ido. Estamos ainda mais libertos de constrangimentos e compromissos que eles, pois que a frustrada revolução de Abril nos mostrou, melhor que o 5 de Outubro, o que devemos e podemos querer e o que não devemos nem podemos querer, para decididamente o rejeitarmos.
Nada de secundário ou menos essencial nos prende agora, senão as nossas raízes profundas.
E temos pressa! E temos coragem!
Sim, também temos de rejeitar o velho e bolorento aforismo de que “de pressa e bem, não o faz ninguém”!
Nós, os novos nacionalistas, temos de fazer muito, já, de pressa e bem, como dignos que queremos ser dum novo futurismo e não apenas — de modo nenhum! — herdeiros de heranças mortas, cadavéricas, e herdeiros de cadáveres que o são, quer procriem quer não procriem.
Isto nada tem a ver com o célebre “Viver perigosamente!” como modelo conjuntural para Portugueses, faço questão de observar.
Nós, Portugueses, ao contrário dos Italianos dos anos Vinte, não temos que ser nem precisamos de ser convocados a “viver perigosamente”.
Isso é o que nos habituamos a fazer sempre, desde sempre. Isso tornou-se como que uma segunda natureza, imperecível, foi a nossa escola de todos os dias, durante séculos. Percebe-se porque é que nos foi mais oportuno e mais útil e eficaz, mais imperativo, pelos começos dos anos Trinta do séc. passado, sermos convocados a “viver habitualmente”.
Nós tínhamos perdido o treino — ou nunca o tínhamos cultivado — de inventar e praticar o heroísmo de viver ordenadamente e exigentemente o dia-a-dia, nas tarefas comezinhas e correntes ordenadas ao êxito dos grandes projectos e que são indispensáveis para os tornar possíveis e certeiros em todas as fases do planeamento, da mobilização e da execução.
Vejamos as nunca suficientemente evocadas guerras do Ultramar.
Tudo isso se traduziu num afinar contínuo das virtudes potenciais do sistema, de tal modo que, crescidas no treino diário, persistente, contínuo, sistemático e sem quebras, a habitualidade acabava por torná-las quase automáticas e espontâneas, sem dor aparente e durante muito tempo sem desgaste incomportável.
É da ordem dos feitos das duas ou três épocas maiores da nossa História termos desenvolvido uma guerra em três frentes, durante treze anos; com mais de 200.000 homens permanentemente mobilizados nos últimos nove anos; só com os recursos próprios; com baixíssima inflação; a uma distância média das bases metropolitanas superior a 7.000 Kms; e realizando o País, ao mesmo tempo, uma extraordinária obra de fomento económico e social, praticamente em todos os territórios em causa, incluindo o europeu. Essa uma obra, em termos relativos, sem comparação com a de qualquer outro período da nossa História.
Comemorar, não deixar esquecer as guerras do Ultramar, é fundamental por isso, porque são o exemplo vivo da nossa grandeza e capacidade, o exemplo dum tempo ainda actual, que ainda é hoje, que ainda é agora, com a maioria dos Portugueses vivos ainda seus contemporâneos, e que, como tal, pode alimentar melhor que nada a nossa auto-estima e a confiança colectiva no que colectivamente valemos e podemos.
E não estamos a presumir.
Porque são estrangeiros os que vêm, documentadamente — e já numa perspectiva histórica perfeitamente objectiva — confirmar a grandeza e excepcionalidade do que soubemos fazer, bem maior até do que nós próprios podíamos pensar.
Esta revolução no modo de convencermos os enganados ou pouco esclarecidos a encarar super-positivamente a nossa epopeia ultramarina dos anos sessenta deve também servir de fortíssimo esteio para enfrentarmos sem catastrofismos, mas com decisão e optimismo, os perigos que ameaçam a Nação e o nacionalismo.
A.C.R
In "Rumo ao Futuro"
Actas do I Congresso Nacionalista Português
De pgs. 53 a 56
Edição de Nova Arrancada, S.A.
Novembro de 2003
O nosso nacionalismo não será um nacionalismo já feito, mas um nacionalismo novo para fazer e a perfazer.
Um nacionalismo a haver!
Um nacionalismo sem bafio nem teias de aranha.
Um nacionalismo não mumificado.
Um nacionalismo que, por mergulhar raízes bem fundo no passado, seja sobretudo um nacionalismo do presente e ainda mais do futuro.
Um nacionalismo revolucionário, se todos assim quisermos.
Porque fartos estamos de ideologias bafientas, mumificadas e passadistas, como quase tudo o que nos rodeia e tem manietado, neste caldo político e mental dito democrático, em que geralmente vivemos.
Temos de fugir disso.
Mais do que para evocações pietistas, prezados Amigos, senhores Congressistas e dedicados Camaradas, estamos aqui para começar a moldar e a apresentar a face renovada do nacionalismo de sempre, que é fundamental evocar: primeiro, naturalmente, para bebermos nas fontes mais puras das suas energias e nos mais luminosos exemplos das suas grandezas e sucessos; mas também para, com a mesma humildade e não menos determinação, aprendermos a não recair nos seus erros ou nos seus desvios e labirintos.
Porque isto é o principal segredo do presente e do futuro.
Queremo-lo como imaginámos, e temos razões para crer que efectivamente foi, o nacionalismo da melhor parte das gerações de artistas e escritores dos anos Dez do séc. XX, um nacionalismo desempoeirado e notavelmente varrido de teias de aranha.
Os Sousa-Cardoso, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Sá Carneiro, António Ferro, Alfredo Pimenta, João de Castro Osório, Homem Cristo Filho, etc., foram grandes anunciadores de tempos novos, com o génio futurista próprio da autêntica direita, em geral, e da autêntica Direita vanguardista, em particular. E foram-no, em grande parte, porque encontraram os caminhos desimpedidos pela implantação da República.
Puderam ser livres, mentalmente livres, para — tanto quanto individualmente foram capazes — dedicar-se sem peias, ou poucas, ao essencial, com um olhar às vezes inteiramente novo sobre a essência da Pátria e do que era nacional.
Deveria pelo menos ter sido assim. E só na medida em que o conseguissem poderiam tornar-se ou ter-se tornado astros de primeira grandeza do firmamento nacionalista português e nele florescer e desabrochar plenamente.
Deveria pelo menos ter sido assim. E só na medida em que o conseguissem poderiam tornar-se ou ter-se tornado astros de primeira grandeza do firmamento nacionalista português e nele florescer e desabrochar plenamente.
Nós devemos aspirar a ir tão longe quanto eles poderiam ou desejariam ter ido. Estamos ainda mais libertos de constrangimentos e compromissos que eles, pois que a frustrada revolução de Abril nos mostrou, melhor que o 5 de Outubro, o que devemos e podemos querer e o que não devemos nem podemos querer, para decididamente o rejeitarmos.
Nada de secundário ou menos essencial nos prende agora, senão as nossas raízes profundas.
E temos pressa! E temos coragem!
Sim, também temos de rejeitar o velho e bolorento aforismo de que “de pressa e bem, não o faz ninguém”!
Nós, os novos nacionalistas, temos de fazer muito, já, de pressa e bem, como dignos que queremos ser dum novo futurismo e não apenas — de modo nenhum! — herdeiros de heranças mortas, cadavéricas, e herdeiros de cadáveres que o são, quer procriem quer não procriem.
Isto nada tem a ver com o célebre “Viver perigosamente!” como modelo conjuntural para Portugueses, faço questão de observar.
Nós, Portugueses, ao contrário dos Italianos dos anos Vinte, não temos que ser nem precisamos de ser convocados a “viver perigosamente”.
Isso é o que nos habituamos a fazer sempre, desde sempre. Isso tornou-se como que uma segunda natureza, imperecível, foi a nossa escola de todos os dias, durante séculos. Percebe-se porque é que nos foi mais oportuno e mais útil e eficaz, mais imperativo, pelos começos dos anos Trinta do séc. passado, sermos convocados a “viver habitualmente”.
Nós tínhamos perdido o treino — ou nunca o tínhamos cultivado — de inventar e praticar o heroísmo de viver ordenadamente e exigentemente o dia-a-dia, nas tarefas comezinhas e correntes ordenadas ao êxito dos grandes projectos e que são indispensáveis para os tornar possíveis e certeiros em todas as fases do planeamento, da mobilização e da execução.
Vejamos as nunca suficientemente evocadas guerras do Ultramar.
As guerras do Ultramar, de 1961 a 1974, que no essencial estávamos a ganhar militarmente, comprovam o bem fundado do “viver habitualmente” para o sucesso mesmo na guerra, quando aprendido e aplicado com inteligência, determinação, frieza, zelo dos pormenores, sem falhas no dia-a-dia, de acordo com um plano rigoroso mas flexível, capaz de captar e aproveitar as oportunidades imprevisíveis. Um total profissionalismo.
Tudo isso se traduziu num afinar contínuo das virtudes potenciais do sistema, de tal modo que, crescidas no treino diário, persistente, contínuo, sistemático e sem quebras, a habitualidade acabava por torná-las quase automáticas e espontâneas, sem dor aparente e durante muito tempo sem desgaste incomportável.
É da ordem dos feitos das duas ou três épocas maiores da nossa História termos desenvolvido uma guerra em três frentes, durante treze anos; com mais de 200.000 homens permanentemente mobilizados nos últimos nove anos; só com os recursos próprios; com baixíssima inflação; a uma distância média das bases metropolitanas superior a 7.000 Kms; e realizando o País, ao mesmo tempo, uma extraordinária obra de fomento económico e social, praticamente em todos os territórios em causa, incluindo o europeu. Essa uma obra, em termos relativos, sem comparação com a de qualquer outro período da nossa História.
Comemorar, não deixar esquecer as guerras do Ultramar, é fundamental por isso, porque são o exemplo vivo da nossa grandeza e capacidade, o exemplo dum tempo ainda actual, que ainda é hoje, que ainda é agora, com a maioria dos Portugueses vivos ainda seus contemporâneos, e que, como tal, pode alimentar melhor que nada a nossa auto-estima e a confiança colectiva no que colectivamente valemos e podemos.
E não estamos a presumir.
Porque são estrangeiros os que vêm, documentadamente — e já numa perspectiva histórica perfeitamente objectiva — confirmar a grandeza e excepcionalidade do que soubemos fazer, bem maior até do que nós próprios podíamos pensar.
Esta revolução no modo de convencermos os enganados ou pouco esclarecidos a encarar super-positivamente a nossa epopeia ultramarina dos anos sessenta deve também servir de fortíssimo esteio para enfrentarmos sem catastrofismos, mas com decisão e optimismo, os perigos que ameaçam a Nação e o nacionalismo.
A.C.R
In "Rumo ao Futuro"
Actas do I Congresso Nacionalista Português
De pgs. 53 a 56
Edição de Nova Arrancada, S.A.
Novembro de 2003
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Um Nacionalismo Novo
2003/11/27
II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o nacionalismo Português? (C)
Julgo que o grande mérito do II Congresso Nacionalista Português foi o de marcar — talvez nem sempre intencionalmente, mas de facto — a distância entre os antigos nacionalismos e o novo nacionalismo.
Talvez não tanto só por este, em si, mas por uma certa incapacidade de renovação daqueles, como vem sendo aliás manifesto desde há pelo menos setenta anos.
Posso dizer que foi com grande proveito que ouvi as comunicações apresentadas pelos congressistas Prof. Pinharanda Gomes, Eduardo Alves, Miguel Jardim, Manuel Brás, Miguel Lima, Prof. Gonçalo Sampaio e Melo, Manuel Marques José, Luís Silveira, Prof. Isaac Estravís, Prof. Humberto Nuno de Oliveira e Prof. Artur Anselmo.
A maioria deles mostrou, directamente ou nas entrelinhas, a sua apetência, mesmo a sua capacidade, para ajudar à renovação, superação e enriquecimento dos velhos nacionalismos.
Pode dizer-se até que o desprendimento de certas fórmulas anquilosadas e de certos velhos temas cresceu neste Congresso bastante para além das expectativas.
Ouvimos mesmo aquilo por que, talvez, menos esperássemos: na comunicação do Prof. Pinharanda Gomes, elementos muito importantes para a fundamentação filosófica do novo nacionalismo e do seu desenvolvimento. Quero ler atentamente o texto da comunicação que o Autor me prometeu só para Fevereiro, mas pareceu-me estar ali — e julgo que ao Miguel Jardim também pareceu — uma verdadeira linha de pensamento estruturante do novo nacionalismo.
Podeis ter a medida da sua vontade de renovação, sabendo o comentário que fez já durante o debate, como que à laia de uma conclusão: “Temos de pôr tudo em causa (ou questão?)”.
Recordo que o tema da sua comunicação era “O Pensamento Nacionalista ao longo do Séc. XX”.
E apesar deste ter sido o primeiro tema do Congresso, nem o Autor (naturalmente, pelo que dele já disse) e praticamente ninguém ali defendeu um nacionalismo de restauracionismos.
Um Congresso, pois, sem obsolescências ou com muito poucas?
Até se chegar ao fim, o caminho é ainda longo e talvez nem todos, tomando consciência plena dos sacrifícios a fazer, queiram percorrê-lo até ao seu termo.
Uma coisa é certa: este Congresso revelou-me, e sei que não só a mim, um núcleo quase surpreendente de nacionalistas aparentemente dispostos a percorrê-lo.
Julgo que teremos dado passos importantes para a realização de algumas expectativas criadas pelo I Congresso.
A.C.R.
Talvez não tanto só por este, em si, mas por uma certa incapacidade de renovação daqueles, como vem sendo aliás manifesto desde há pelo menos setenta anos.
Posso dizer que foi com grande proveito que ouvi as comunicações apresentadas pelos congressistas Prof. Pinharanda Gomes, Eduardo Alves, Miguel Jardim, Manuel Brás, Miguel Lima, Prof. Gonçalo Sampaio e Melo, Manuel Marques José, Luís Silveira, Prof. Isaac Estravís, Prof. Humberto Nuno de Oliveira e Prof. Artur Anselmo.
A maioria deles mostrou, directamente ou nas entrelinhas, a sua apetência, mesmo a sua capacidade, para ajudar à renovação, superação e enriquecimento dos velhos nacionalismos.
Pode dizer-se até que o desprendimento de certas fórmulas anquilosadas e de certos velhos temas cresceu neste Congresso bastante para além das expectativas.
Ouvimos mesmo aquilo por que, talvez, menos esperássemos: na comunicação do Prof. Pinharanda Gomes, elementos muito importantes para a fundamentação filosófica do novo nacionalismo e do seu desenvolvimento. Quero ler atentamente o texto da comunicação que o Autor me prometeu só para Fevereiro, mas pareceu-me estar ali — e julgo que ao Miguel Jardim também pareceu — uma verdadeira linha de pensamento estruturante do novo nacionalismo.
Podeis ter a medida da sua vontade de renovação, sabendo o comentário que fez já durante o debate, como que à laia de uma conclusão: “Temos de pôr tudo em causa (ou questão?)”.
Recordo que o tema da sua comunicação era “O Pensamento Nacionalista ao longo do Séc. XX”.
E apesar deste ter sido o primeiro tema do Congresso, nem o Autor (naturalmente, pelo que dele já disse) e praticamente ninguém ali defendeu um nacionalismo de restauracionismos.
Um Congresso, pois, sem obsolescências ou com muito poucas?
Até se chegar ao fim, o caminho é ainda longo e talvez nem todos, tomando consciência plena dos sacrifícios a fazer, queiram percorrê-lo até ao seu termo.
Uma coisa é certa: este Congresso revelou-me, e sei que não só a mim, um núcleo quase surpreendente de nacionalistas aparentemente dispostos a percorrê-lo.
Julgo que teremos dado passos importantes para a realização de algumas expectativas criadas pelo I Congresso.
A.C.R.
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2003/11/26
II CONGRESSO NACIONALISTA PORTUGUÊS - Em que direcção vai o Nacionalismo português? (B)
O II Congresso Nacionalista Português não podia tirar conclusões formais dos seus dois dias de trabalhos (15 e 16 do corrente, Hotel Roma, em Lisboa), porque isso “não estava no programa”.
Também assim foi no I Congresso, em Outubro de 2001.
Um III Congresso, desde a sua preparação terá de repensar este aspecto.
Sobretudo pelo papel que, obrigado a tirar conclusões, o Congresso pode vir a ter (melhor diria, deve ter) na clarificação do que será ou não será um nacionalismo de futuro, isto é um nacionalismo positivamente viável.
Mas “conclusões” implicam que os participantes as votem.
Responsabilizando-se apenas a si próprios?
Ou responsabilizando eventuais mandantes?
A organização terá de decidir, porque as implicações e consequências podem ser completamente diferentes.
Seja como for, há que definir para Portugal um nacionalismo de futuro, um nacionalismo viável para o séc. XXI.
A História do(s) nacionalismo(s) em Portugal no séc. XX confirma bem até que ponto é fundamental esta distinção, entre o viável e o inviável, que é quase como dizer entre o racional e o irracional.
Ofendi alguém?
De modo nenhum era essa a intenção.
Mas, para que não fiquem dúvidas sobre a clareza e transparência das minhas intenções, darei alguns exemplos.
De facto, não creio que tenha futuro algum um nacionalismo, ou nacionalismos, que, como tantos conhecemos, se afirmasse em Portugal:
a) Exclusivamente monárquico ou exclusivamente republicano;
b) Oposto ao sufrágio universal;
c) Defensor dum “partido único”;
d) Anti-capitalista;
e) A favor dum capitalismo sem regras;
f) Anti-burguês (Parece impossível?...Olhem que não!);
g) Totalitário;
h) Defensor do corporativismo como sistema exclusivo da representação política;
i) Oposto ao pluralismo étnico;
j) Adversário da liberdade de consciência e/ou da liberdade de opinião.
Resumindo: O novo nacionalista deve recusar qualquer restauracionismo que prejudique seja qual for das bases propostas.
Mais:
O Poder devem os nacionalistas conquistá-lo pelo sufrágio universal, na luta política em campo aberto com as demais correntes de opinião; a perdê-lo, será também através do sufrágio universal, como garante que o novo nacionalismo se considera do mesmo sufrágio.
Isto tudo implica vários pressupostos de que destaco três:
1º O novo nacionalismo vem para governar melhor e mais coerentemente, não para subverter a sociedade;
2º O novo nacionalismo é uma ética do interesse nacional e do respeito por todas as Nações;
3º O novo nacionalismo português defende a integração de Portugal numa ordem mundial coerente com os factores geo-políticos e históricos em que Portugal se formou e desenvolveu.
A.C.R.
Também assim foi no I Congresso, em Outubro de 2001.
Um III Congresso, desde a sua preparação terá de repensar este aspecto.
Sobretudo pelo papel que, obrigado a tirar conclusões, o Congresso pode vir a ter (melhor diria, deve ter) na clarificação do que será ou não será um nacionalismo de futuro, isto é um nacionalismo positivamente viável.
Mas “conclusões” implicam que os participantes as votem.
Responsabilizando-se apenas a si próprios?
Ou responsabilizando eventuais mandantes?
A organização terá de decidir, porque as implicações e consequências podem ser completamente diferentes.
Seja como for, há que definir para Portugal um nacionalismo de futuro, um nacionalismo viável para o séc. XXI.
A História do(s) nacionalismo(s) em Portugal no séc. XX confirma bem até que ponto é fundamental esta distinção, entre o viável e o inviável, que é quase como dizer entre o racional e o irracional.
Ofendi alguém?
De modo nenhum era essa a intenção.
Mas, para que não fiquem dúvidas sobre a clareza e transparência das minhas intenções, darei alguns exemplos.
De facto, não creio que tenha futuro algum um nacionalismo, ou nacionalismos, que, como tantos conhecemos, se afirmasse em Portugal:
a) Exclusivamente monárquico ou exclusivamente republicano;
b) Oposto ao sufrágio universal;
c) Defensor dum “partido único”;
d) Anti-capitalista;
e) A favor dum capitalismo sem regras;
f) Anti-burguês (Parece impossível?...Olhem que não!);
g) Totalitário;
h) Defensor do corporativismo como sistema exclusivo da representação política;
i) Oposto ao pluralismo étnico;
j) Adversário da liberdade de consciência e/ou da liberdade de opinião.
Resumindo: O novo nacionalista deve recusar qualquer restauracionismo que prejudique seja qual for das bases propostas.
Mais:
O Poder devem os nacionalistas conquistá-lo pelo sufrágio universal, na luta política em campo aberto com as demais correntes de opinião; a perdê-lo, será também através do sufrágio universal, como garante que o novo nacionalismo se considera do mesmo sufrágio.
Isto tudo implica vários pressupostos de que destaco três:
1º O novo nacionalismo vem para governar melhor e mais coerentemente, não para subverter a sociedade;
2º O novo nacionalismo é uma ética do interesse nacional e do respeito por todas as Nações;
3º O novo nacionalismo português defende a integração de Portugal numa ordem mundial coerente com os factores geo-políticos e históricos em que Portugal se formou e desenvolveu.
A.C.R.
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2003/11/25
Que Portugal é o nosso? Qual é o nosso Portugal? Contributos duma grande geração de Sacerdotes (X)
(continuação do post de 2003/11/21)
Assim como o Exército entregou o poder a Salazar, e Salazar nunca traiu os compromissos com o Exército, nomeadamente o de lhe deixar o País inteiro, como dele o recebera *; também Salazar nunca desmereceu da Igreja, que lhe forjou o carácter e a personalidade e de algum modo o “empurrou” nos caminhos do Poder.
Nem se pode censurar ao Estadista que, durante o seu longo consulado, tivesse sempre mantido a mais rigorosa e zelosa independência relativamente à Igreja, sem prejuízo do que entendia ser-lhe devido em termos de Justiça histórica e de interesse nacional, objectivamente.
Não podemos deixar de reconhecer que também nesse aspecto, salvo um ou outro desmando, possivelmente, em geral, da responsabilidade de serventuários de 2ª ordem, a Revolução e o regime dela saído não deixaram de observar as lições do Mestre de Coimbra.
Nunca foi por aí, de facto, que a Revolução e o regime puseram em causa a paz social do País, a que por outras vias tantos riscos fizeram correr, até 1985.
Portugal não se partiu, em certa altura crucial do pós-25 A., também por obra da Igreja.
Hoje talvez possamos dizer que Abril, vencidos todos os seus desmandos revolucionários, muito deve à Igreja** pelo País sólido socialmente que com o Estado Novo ela reconstruíra durante cinquenta anos.
Tenho razões para crer que, se novo sobressalto do Poder acontecesse, por fraqueza deste, esse mesmo efeito voltaria a verificar-se tal é, julgo eu, a enorme confiança, nem minimamente beliscada, que continua a dever merecer-nos o relacionamento e entrosamento da Igreja com a sociedade portuguesa.
Sou dos que acreditam que a Igreja portuguesa sempre esteve ao serviço de Portugal, aliás em grande parte obra da Igreja.
Desculpem-me os nacionalistas a quem isto possa desagradar.
Até porque creio que serão os novos Estados a chamar-nos, a convidar-nos, se de nós precisarem.
Não, não se trata de voltar a exercer lá qualquer função de soberania, era absurdo. Também não de protectorado, como algumas vezes se diz que isso será inevitável nalguns casos, mas por força e via da UE.
Esta hipótese é preciso rejeitá-la e combatê-la com toda a nossa energia.
Dentro da UE, se isso for necessário, tal pode ter de vir a ser um dos nossos combates mais importantes.
Queremos que aqueles Estados e Nações o sejam verdadeiramente, viáveis e completamente viabilizados.
Volto à Igreja, porque é a altura.
Com um voto.
Sem sombras de constantinismo.
Que ela possa (porque saber, sabe) desempenhar em África, nos Estados lusófonos, um papel e função idênticos aos que de raiz e ao longo dos tempos desempenhou em Portugal, como aliás em muitos outros países no Mundo, mas dum modo particularmente fecundo e eficaz em Portugal europeu.
Isto é, contribuir, decisivamente, com a sua sabedoria, para a consolidação estrutural das sociedades desses novos Estados e novos Nações e, portanto, para a solidez desses Estados e Nações.
Sei, todos sabemos, que os tempos e modos são diferentes mas a minha confiança no saber fazer e construir da Igreja é ilimitado, como no seu poder de superação das contingências e adversidades. Não quero, nem quer nenhum Português, alijar responsabilidades para a Igreja. Mas será também, no fim de contas, um grande, um enorme serviço prestado pela Igreja a Portugal, através das Igrejas dos novos Estados, todas elas filhas da Igreja de Portugal.
A.C.R.
______________________________________
* V. “Salazar e Caetano – Falar Claro” — Augusto de Sá Viana Rebelo — Editora Nova Arrancada, S. A. – Nov. 2003.
** Clero e fiéis
(continua num próximo post)
Assim como o Exército entregou o poder a Salazar, e Salazar nunca traiu os compromissos com o Exército, nomeadamente o de lhe deixar o País inteiro, como dele o recebera *; também Salazar nunca desmereceu da Igreja, que lhe forjou o carácter e a personalidade e de algum modo o “empurrou” nos caminhos do Poder.
Nem se pode censurar ao Estadista que, durante o seu longo consulado, tivesse sempre mantido a mais rigorosa e zelosa independência relativamente à Igreja, sem prejuízo do que entendia ser-lhe devido em termos de Justiça histórica e de interesse nacional, objectivamente.
Não podemos deixar de reconhecer que também nesse aspecto, salvo um ou outro desmando, possivelmente, em geral, da responsabilidade de serventuários de 2ª ordem, a Revolução e o regime dela saído não deixaram de observar as lições do Mestre de Coimbra.
Nunca foi por aí, de facto, que a Revolução e o regime puseram em causa a paz social do País, a que por outras vias tantos riscos fizeram correr, até 1985.
Portugal não se partiu, em certa altura crucial do pós-25 A., também por obra da Igreja.
Hoje talvez possamos dizer que Abril, vencidos todos os seus desmandos revolucionários, muito deve à Igreja** pelo País sólido socialmente que com o Estado Novo ela reconstruíra durante cinquenta anos.
Tenho razões para crer que, se novo sobressalto do Poder acontecesse, por fraqueza deste, esse mesmo efeito voltaria a verificar-se tal é, julgo eu, a enorme confiança, nem minimamente beliscada, que continua a dever merecer-nos o relacionamento e entrosamento da Igreja com a sociedade portuguesa.
Sou dos que acreditam que a Igreja portuguesa sempre esteve ao serviço de Portugal, aliás em grande parte obra da Igreja.
Tanto obra da Igreja que, deixado o Ultramar por Portugal, a Igreja lá continua, em bom desenvolvimento e com boas expectativas de futuro, em muito como que por um legado de Portugal.
Com a língua e a cultura, a Igreja é uma das mais importantes realidades que levámos ao Ultramar, para, com a administração, a exploração dos recursos e o mulato, que também “levámos”, assegurarem a continuidade de Portugal em África.
Não é preciso outro “retorno” nosso ao antigo Ultramar, tanta água passou já debaixo das pontes.
Com a língua e a cultura, a Igreja é uma das mais importantes realidades que levámos ao Ultramar, para, com a administração, a exploração dos recursos e o mulato, que também “levámos”, assegurarem a continuidade de Portugal em África.
Não é preciso outro “retorno” nosso ao antigo Ultramar, tanta água passou já debaixo das pontes.
Desculpem-me os nacionalistas a quem isto possa desagradar.
Até porque creio que serão os novos Estados a chamar-nos, a convidar-nos, se de nós precisarem.
Não, não se trata de voltar a exercer lá qualquer função de soberania, era absurdo. Também não de protectorado, como algumas vezes se diz que isso será inevitável nalguns casos, mas por força e via da UE.
Esta hipótese é preciso rejeitá-la e combatê-la com toda a nossa energia.
Dentro da UE, se isso for necessário, tal pode ter de vir a ser um dos nossos combates mais importantes.
Queremos que aqueles Estados e Nações o sejam verdadeiramente, viáveis e completamente viabilizados.
Volto à Igreja, porque é a altura.
Com um voto.
Sem sombras de constantinismo.
Que ela possa (porque saber, sabe) desempenhar em África, nos Estados lusófonos, um papel e função idênticos aos que de raiz e ao longo dos tempos desempenhou em Portugal, como aliás em muitos outros países no Mundo, mas dum modo particularmente fecundo e eficaz em Portugal europeu.
Isto é, contribuir, decisivamente, com a sua sabedoria, para a consolidação estrutural das sociedades desses novos Estados e novos Nações e, portanto, para a solidez desses Estados e Nações.
Sei, todos sabemos, que os tempos e modos são diferentes mas a minha confiança no saber fazer e construir da Igreja é ilimitado, como no seu poder de superação das contingências e adversidades. Não quero, nem quer nenhum Português, alijar responsabilidades para a Igreja. Mas será também, no fim de contas, um grande, um enorme serviço prestado pela Igreja a Portugal, através das Igrejas dos novos Estados, todas elas filhas da Igreja de Portugal.
A.C.R.
______________________________________
* V. “Salazar e Caetano – Falar Claro” — Augusto de Sá Viana Rebelo — Editora Nova Arrancada, S. A. – Nov. 2003.
** Clero e fiéis
(continua num próximo post)
2003/11/24
Equívocos nacionalistas. ... Quem os não tem?
Há dias, um nacionalista argumentava comigo sobre o Iraque, os Iraquianos e a guerra “que lhes é movida pela Coligação”.
“Veja como eles se batem! Aquilo é que são nacionalistas. Verdadeiros! Assim é que é nacionalismo.”
Como se dissesse:
Seria absurdo pensar que, numa guerra em que, por hipótese, só de um lado houvesse nacionalistas, tivéssemos todos os nacionalistas de alinhar necessariamente desse lado.
Depende, evidentemente, de circunstâncias geo-estratégicas e da causa ou causas e interesses em questão, defendidos por cada “lado” dos contendores.
Os diversos nacionalismos e nacionalistas podem só ter em comum o nacionalismo e divergir em tudo o mais: os interesses de cada nação não têm que ser os interesses de todas as demais.
Seria, de facto, também absurdo pensar que nunca houve nem haverá guerras entre Estados igualmente nacionalistas.
Não se percebe, pois, porque teríamos de alinhar com os Iraquianos só por serem nacionalistas.
Seria como se, numa eventual guerra futura, por exemplo com a China que foi, é e possivelmente continuará para sempre nacionalista, e só por isso, fôssemos a correr todos os nacionalistas alinhar com ela contra todos os nossos outros valores e interesse ocidentais.
O nacionalismo não é, não tem que ser um totalitarismo.
Ou foi por terem cinco milhões de muçulmanos ou alguns milhões de Turcos dentro de portas — todos supostamente nacionalistas — que a França e a Alemanha, respectivamente, alinharam com o Iraque contra os EUA e a Coligação?
Também não, com certeza.
Até entre nacionalistas há gente que anda “baralhada” e traz baralhadas as suas referências e prioridades.
Bastantes são os que não querem sequer perceber que desde “o 11 de Setembro” estamos todos realmente mergulhados numa guerra total de que, por ora, o principal campo de batalha é o Médio Oriente.
(E queira Deus que o último!).
Por puro antiamericanismo, ou por unilateralismo europeísta, de quem acredita — mesmo adverso à UE — que a Europa chega para enfrentar todas as ameaças dos terroristas e terrorismos?
Muitos, incluindo alguns nacionalistas, começam até a acreditar que a Coligação já está derrotada e que vai ser forçada a retirar do Iraque dentro em pouco, talvez mesmo do Afeganistão.
Esses também não acreditam ou querem ver o seguinte: que, tratando-se duma guerra, e possivelmente para durar muito tempo, perder uma batalha não será com certeza perder a guerra; e que, a perder desta vez a batalha do Iraque, a Coligação terá seguramente de voltar, mais tarde ou mais cedo e com maiores perdas, mas então reforçada pela Europa toda, sob pena de a Europa, dividida novamente, nos deitar a perder a todos para sempre.
Quanto a perdas em vidas humanas creio que só importa observar uma coisa, por agora: poucas ou muitas (naturalmente, mais muitas que poucas), não podemos é esperar, nem seria justo, que morram só, ou principalmente, Americanos.
Parece inevitável que todos os países europeus, africanos, americanos e o Japão acabem por dar o seu contributo e participar no gigantesco esforço e sacrifício, que a guerra está e vai continuar a exigir.
E não se pense que, se os Anglo-Americanos tivessem desistido/recuado em Março de 2002, não teria acabado por haver guerra e que os terroristas teriam desarmado, sem ser pela força.
Teriam sido esperanças à maneira de Chamberlain/Daladier, em 1938, em Münich.
A ONU (Conselho de Segurança) portou-se segundo este exemplo histórico. Esqueceu-se, aliás, de que alguém teria ou poderia fazer cumprir as moções vitais por ela aprovadas contra Saddam e que este desprezava repetidamente. É natural que fossem os EUA, que haviam sido os primeiros agredidos desta guerra e de longe os principais ofendidos.
Sem os EUA, o terrorismo, então sim, estaria hoje mais forte que nunca, e mais encorajado.
É ver, aliás, o poder que está a demonstrar com todos os ataques e assassinatos em massa. Como não admitir que, sem a reacção anglo-americana, o terrorismo já hoje iria bem mais longe?
É por tudo isto que a questão das armas de destruição maciça — que as organizações e países terroristas já hoje, entretanto, poderiam ter fabricado — não passa de uma álibi para fazer esquecer o essencial.
Concluindo.
A.C.R.
“Veja como eles se batem! Aquilo é que são nacionalistas. Verdadeiros! Assim é que é nacionalismo.”
Como se dissesse:
“Não podemos deixar de estar ao lado deles contra os Americanos. Se somos realmente nacionalistas.”
“Mas não pensa que haja bons nacionalistas dos dois lados, como na guerra de 1914-18, ou na de 1939-45, por exemplo?” — retorqui.
Não pude ouvir a sua resposta. Intrometeram-se outras pessoas, com outros assuntos, e a nossa conversa ficou por ali. Mas vale a pena desenvolver e explicar melhor, porque há hoje muitos nacionalistas a pensar assim, espalhando algumas confusões.
“Mas não pensa que haja bons nacionalistas dos dois lados, como na guerra de 1914-18, ou na de 1939-45, por exemplo?” — retorqui.
Não pude ouvir a sua resposta. Intrometeram-se outras pessoas, com outros assuntos, e a nossa conversa ficou por ali. Mas vale a pena desenvolver e explicar melhor, porque há hoje muitos nacionalistas a pensar assim, espalhando algumas confusões.
Seria absurdo pensar que, numa guerra em que, por hipótese, só de um lado houvesse nacionalistas, tivéssemos todos os nacionalistas de alinhar necessariamente desse lado.
Depende, evidentemente, de circunstâncias geo-estratégicas e da causa ou causas e interesses em questão, defendidos por cada “lado” dos contendores.
Os diversos nacionalismos e nacionalistas podem só ter em comum o nacionalismo e divergir em tudo o mais: os interesses de cada nação não têm que ser os interesses de todas as demais.
Seria, de facto, também absurdo pensar que nunca houve nem haverá guerras entre Estados igualmente nacionalistas.
Não se percebe, pois, porque teríamos de alinhar com os Iraquianos só por serem nacionalistas.
Seria como se, numa eventual guerra futura, por exemplo com a China que foi, é e possivelmente continuará para sempre nacionalista, e só por isso, fôssemos a correr todos os nacionalistas alinhar com ela contra todos os nossos outros valores e interesse ocidentais.
O nacionalismo não é, não tem que ser um totalitarismo.
Ou foi por terem cinco milhões de muçulmanos ou alguns milhões de Turcos dentro de portas — todos supostamente nacionalistas — que a França e a Alemanha, respectivamente, alinharam com o Iraque contra os EUA e a Coligação?
Também não, com certeza.
Até entre nacionalistas há gente que anda “baralhada” e traz baralhadas as suas referências e prioridades.
Bastantes são os que não querem sequer perceber que desde “o 11 de Setembro” estamos todos realmente mergulhados numa guerra total de que, por ora, o principal campo de batalha é o Médio Oriente.
(E queira Deus que o último!).
Por puro antiamericanismo, ou por unilateralismo europeísta, de quem acredita — mesmo adverso à UE — que a Europa chega para enfrentar todas as ameaças dos terroristas e terrorismos?
Muitos, incluindo alguns nacionalistas, começam até a acreditar que a Coligação já está derrotada e que vai ser forçada a retirar do Iraque dentro em pouco, talvez mesmo do Afeganistão.
Esses também não acreditam ou querem ver o seguinte: que, tratando-se duma guerra, e possivelmente para durar muito tempo, perder uma batalha não será com certeza perder a guerra; e que, a perder desta vez a batalha do Iraque, a Coligação terá seguramente de voltar, mais tarde ou mais cedo e com maiores perdas, mas então reforçada pela Europa toda, sob pena de a Europa, dividida novamente, nos deitar a perder a todos para sempre.
Quanto a perdas em vidas humanas creio que só importa observar uma coisa, por agora: poucas ou muitas (naturalmente, mais muitas que poucas), não podemos é esperar, nem seria justo, que morram só, ou principalmente, Americanos.
Parece inevitável que todos os países europeus, africanos, americanos e o Japão acabem por dar o seu contributo e participar no gigantesco esforço e sacrifício, que a guerra está e vai continuar a exigir.
E não se pense que, se os Anglo-Americanos tivessem desistido/recuado em Março de 2002, não teria acabado por haver guerra e que os terroristas teriam desarmado, sem ser pela força.
Teriam sido esperanças à maneira de Chamberlain/Daladier, em 1938, em Münich.
A ONU (Conselho de Segurança) portou-se segundo este exemplo histórico. Esqueceu-se, aliás, de que alguém teria ou poderia fazer cumprir as moções vitais por ela aprovadas contra Saddam e que este desprezava repetidamente. É natural que fossem os EUA, que haviam sido os primeiros agredidos desta guerra e de longe os principais ofendidos.
Sem os EUA, o terrorismo, então sim, estaria hoje mais forte que nunca, e mais encorajado.
É ver, aliás, o poder que está a demonstrar com todos os ataques e assassinatos em massa. Como não admitir que, sem a reacção anglo-americana, o terrorismo já hoje iria bem mais longe?
É por tudo isto que a questão das armas de destruição maciça — que as organizações e países terroristas já hoje, entretanto, poderiam ter fabricado — não passa de uma álibi para fazer esquecer o essencial.
Concluindo.
Não há guerras sem altos e baixos, e se, como pode pensar-se, a Al-Quaeda escolheu o Iraque para campo de batalha privilegiado e decisivo, então não há retirada possível.
Ou a imagem e futuro da Europa ficam para sempre comprometidos, porque dela depende uma vitória mais rápida e mais completa.
Foi enquanto os cristãos, em Constantinopla, discutiam o sexo dos anjos, que os Turcos tomaram a cidade. Até hoje.
Ou a imagem e futuro da Europa ficam para sempre comprometidos, porque dela depende uma vitória mais rápida e mais completa.
Foi enquanto os cristãos, em Constantinopla, discutiam o sexo dos anjos, que os Turcos tomaram a cidade. Até hoje.
A.C.R.