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2003/11/28

II Congresso Nacionalista Português - Em que direcção vai o nacionalismo Português (D) 

Fontes inspiradoras do Novo Nacionalismo

O nosso nacionalismo não será um nacionalismo já feito, mas um nacionalismo novo para fazer e a perfazer.

Um nacionalismo a haver!

Um nacionalismo sem bafio nem teias de aranha.

Um nacionalismo não mumificado.

Um nacionalismo que, por mergulhar raízes bem fundo no passado, seja sobretudo um nacionalismo do presente e ainda mais do futuro.

Um nacionalismo revolucionário, se todos assim quisermos.

Porque fartos estamos de ideologias bafientas, mumificadas e passadistas, como quase tudo o que nos rodeia e tem manietado, neste caldo político e mental dito democrático, em que geralmente vivemos.

Temos de fugir disso.

Mais do que para evocações pietistas, prezados Amigos, senhores Congressistas e dedicados Camaradas, estamos aqui para começar a moldar e a apresentar a face renovada do nacionalismo de sempre, que é fundamental evocar: primeiro, naturalmente, para bebermos nas fontes mais puras das suas energias e nos mais luminosos exemplos das suas grandezas e sucessos; mas também para, com a mesma humildade e não menos determinação, aprendermos a não recair nos seus erros ou nos seus desvios e labirintos.

Porque isto é o principal segredo do presente e do futuro.

Queremo-lo como imaginámos, e temos razões para crer que efectivamente foi, o nacionalismo da melhor parte das gerações de artistas e escritores dos anos Dez do séc. XX, um nacionalismo desempoeirado e notavelmente varrido de teias de aranha.

Os Sousa-Cardoso, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Sá Carneiro, António Ferro, Alfredo Pimenta, João de Castro Osório, Homem Cristo Filho, etc., foram grandes anunciadores de tempos novos, com o génio futurista próprio da autêntica direita, em geral, e da autêntica Direita vanguardista, em particular. E foram-no, em grande parte, porque encontraram os caminhos desimpedidos pela implantação da República.

Puderam ser livres, mentalmente livres, para — tanto quanto individualmente foram capazes — dedicar-se sem peias, ou poucas, ao essencial, com um olhar às vezes inteiramente novo sobre a essência da Pátria e do que era nacional.

Deveria pelo menos ter sido assim. E só na medida em que o conseguissem poderiam tornar-se ou ter-se tornado astros de primeira grandeza do firmamento nacionalista português e nele florescer e desabrochar plenamente.


Nós devemos aspirar a ir tão longe quanto eles poderiam ou desejariam ter ido. Estamos ainda mais libertos de constrangimentos e compromissos que eles, pois que a frustrada revolução de Abril nos mostrou, melhor que o 5 de Outubro, o que devemos e podemos querer e o que não devemos nem podemos querer, para decididamente o rejeitarmos.

Nada de secundário ou menos essencial nos prende agora, senão as nossas raízes profundas.

E temos pressa! E temos coragem!

Sim, também temos de rejeitar o velho e bolorento aforismo de que “de pressa e bem, não o faz ninguém”!

Nós, os novos nacionalistas, temos de fazer muito, já, de pressa e bem, como dignos que queremos ser dum novo futurismo e não apenas — de modo nenhum! — herdeiros de heranças mortas, cadavéricas, e herdeiros de cadáveres que o são, quer procriem quer não procriem.

Isto nada tem a ver com o célebre “Viver perigosamente!” como modelo conjuntural para Portugueses, faço questão de observar.

Nós, Portugueses, ao contrário dos Italianos dos anos Vinte, não temos que ser nem precisamos de ser convocados a “viver perigosamente”.

Isso é o que nos habituamos a fazer sempre, desde sempre. Isso tornou-se como que uma segunda natureza, imperecível, foi a nossa escola de todos os dias, durante séculos. Percebe-se porque é que nos foi mais oportuno e mais útil e eficaz, mais imperativo, pelos começos dos anos Trinta do séc. passado, sermos convocados a “viver habitualmente”.

Nós tínhamos perdido o treino — ou nunca o tínhamos cultivado — de inventar e praticar o heroísmo de viver ordenadamente e exigentemente o dia-a-dia, nas tarefas comezinhas e correntes ordenadas ao êxito dos grandes projectos e que são indispensáveis para os tornar possíveis e certeiros em todas as fases do planeamento, da mobilização e da execução.

Vejamos as nunca suficientemente evocadas guerras do Ultramar.

As guerras do Ultramar, de 1961 a 1974, que no essencial estávamos a ganhar militarmente, comprovam o bem fundado do “viver habitualmente” para o sucesso mesmo na guerra, quando aprendido e aplicado com inteligência, determinação, frieza, zelo dos pormenores, sem falhas no dia-a-dia, de acordo com um plano rigoroso mas flexível, capaz de captar e aproveitar as oportunidades imprevisíveis. Um total profissionalismo.


Tudo isso se traduziu num afinar contínuo das virtudes potenciais do sistema, de tal modo que, crescidas no treino diário, persistente, contínuo, sistemático e sem quebras, a habitualidade acabava por torná-las quase automáticas e espontâneas, sem dor aparente e durante muito tempo sem desgaste incomportável.

É da ordem dos feitos das duas ou três épocas maiores da nossa História termos desenvolvido uma guerra em três frentes, durante treze anos; com mais de 200.000 homens permanentemente mobilizados nos últimos nove anos; só com os recursos próprios; com baixíssima inflação; a uma distância média das bases metropolitanas superior a 7.000 Kms; e realizando o País, ao mesmo tempo, uma extraordinária obra de fomento económico e social, praticamente em todos os territórios em causa, incluindo o europeu. Essa uma obra, em termos relativos, sem comparação com a de qualquer outro período da nossa História.

Comemorar, não deixar esquecer as guerras do Ultramar, é fundamental por isso, porque são o exemplo vivo da nossa grandeza e capacidade, o exemplo dum tempo ainda actual, que ainda é hoje, que ainda é agora, com a maioria dos Portugueses vivos ainda seus contemporâneos, e que, como tal, pode alimentar melhor que nada a nossa auto-estima e a confiança colectiva no que colectivamente valemos e podemos.

E não estamos a presumir.

Porque são estrangeiros os que vêm, documentadamente — e já numa perspectiva histórica perfeitamente objectiva — confirmar a grandeza e excepcionalidade do que soubemos fazer, bem maior até do que nós próprios podíamos pensar.

Esta revolução no modo de convencermos os enganados ou pouco esclarecidos a encarar super-positivamente a nossa epopeia ultramarina dos anos sessenta deve também servir de fortíssimo esteio para enfrentarmos sem catastrofismos, mas com decisão e optimismo, os perigos que ameaçam a Nação e o nacionalismo.

A.C.R


In "Rumo ao Futuro"
Actas do I Congresso Nacionalista Português
De pgs. 53 a 56
Edição de Nova Arrancada, S.A.
Novembro de 2003

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