2003/11/25
Que Portugal é o nosso? Qual é o nosso Portugal? Contributos duma grande geração de Sacerdotes (X)
(continuação do post de 2003/11/21)
Assim como o Exército entregou o poder a Salazar, e Salazar nunca traiu os compromissos com o Exército, nomeadamente o de lhe deixar o País inteiro, como dele o recebera *; também Salazar nunca desmereceu da Igreja, que lhe forjou o carácter e a personalidade e de algum modo o “empurrou” nos caminhos do Poder.
Nem se pode censurar ao Estadista que, durante o seu longo consulado, tivesse sempre mantido a mais rigorosa e zelosa independência relativamente à Igreja, sem prejuízo do que entendia ser-lhe devido em termos de Justiça histórica e de interesse nacional, objectivamente.
Não podemos deixar de reconhecer que também nesse aspecto, salvo um ou outro desmando, possivelmente, em geral, da responsabilidade de serventuários de 2ª ordem, a Revolução e o regime dela saído não deixaram de observar as lições do Mestre de Coimbra.
Nunca foi por aí, de facto, que a Revolução e o regime puseram em causa a paz social do País, a que por outras vias tantos riscos fizeram correr, até 1985.
Portugal não se partiu, em certa altura crucial do pós-25 A., também por obra da Igreja.
Hoje talvez possamos dizer que Abril, vencidos todos os seus desmandos revolucionários, muito deve à Igreja** pelo País sólido socialmente que com o Estado Novo ela reconstruíra durante cinquenta anos.
Tenho razões para crer que, se novo sobressalto do Poder acontecesse, por fraqueza deste, esse mesmo efeito voltaria a verificar-se tal é, julgo eu, a enorme confiança, nem minimamente beliscada, que continua a dever merecer-nos o relacionamento e entrosamento da Igreja com a sociedade portuguesa.
Sou dos que acreditam que a Igreja portuguesa sempre esteve ao serviço de Portugal, aliás em grande parte obra da Igreja.
Desculpem-me os nacionalistas a quem isto possa desagradar.
Até porque creio que serão os novos Estados a chamar-nos, a convidar-nos, se de nós precisarem.
Não, não se trata de voltar a exercer lá qualquer função de soberania, era absurdo. Também não de protectorado, como algumas vezes se diz que isso será inevitável nalguns casos, mas por força e via da UE.
Esta hipótese é preciso rejeitá-la e combatê-la com toda a nossa energia.
Dentro da UE, se isso for necessário, tal pode ter de vir a ser um dos nossos combates mais importantes.
Queremos que aqueles Estados e Nações o sejam verdadeiramente, viáveis e completamente viabilizados.
Volto à Igreja, porque é a altura.
Com um voto.
Sem sombras de constantinismo.
Que ela possa (porque saber, sabe) desempenhar em África, nos Estados lusófonos, um papel e função idênticos aos que de raiz e ao longo dos tempos desempenhou em Portugal, como aliás em muitos outros países no Mundo, mas dum modo particularmente fecundo e eficaz em Portugal europeu.
Isto é, contribuir, decisivamente, com a sua sabedoria, para a consolidação estrutural das sociedades desses novos Estados e novos Nações e, portanto, para a solidez desses Estados e Nações.
Sei, todos sabemos, que os tempos e modos são diferentes mas a minha confiança no saber fazer e construir da Igreja é ilimitado, como no seu poder de superação das contingências e adversidades. Não quero, nem quer nenhum Português, alijar responsabilidades para a Igreja. Mas será também, no fim de contas, um grande, um enorme serviço prestado pela Igreja a Portugal, através das Igrejas dos novos Estados, todas elas filhas da Igreja de Portugal.
A.C.R.
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* V. “Salazar e Caetano – Falar Claro” — Augusto de Sá Viana Rebelo — Editora Nova Arrancada, S. A. – Nov. 2003.
** Clero e fiéis
(continua num próximo post)
Assim como o Exército entregou o poder a Salazar, e Salazar nunca traiu os compromissos com o Exército, nomeadamente o de lhe deixar o País inteiro, como dele o recebera *; também Salazar nunca desmereceu da Igreja, que lhe forjou o carácter e a personalidade e de algum modo o “empurrou” nos caminhos do Poder.
Nem se pode censurar ao Estadista que, durante o seu longo consulado, tivesse sempre mantido a mais rigorosa e zelosa independência relativamente à Igreja, sem prejuízo do que entendia ser-lhe devido em termos de Justiça histórica e de interesse nacional, objectivamente.
Não podemos deixar de reconhecer que também nesse aspecto, salvo um ou outro desmando, possivelmente, em geral, da responsabilidade de serventuários de 2ª ordem, a Revolução e o regime dela saído não deixaram de observar as lições do Mestre de Coimbra.
Nunca foi por aí, de facto, que a Revolução e o regime puseram em causa a paz social do País, a que por outras vias tantos riscos fizeram correr, até 1985.
Portugal não se partiu, em certa altura crucial do pós-25 A., também por obra da Igreja.
Hoje talvez possamos dizer que Abril, vencidos todos os seus desmandos revolucionários, muito deve à Igreja** pelo País sólido socialmente que com o Estado Novo ela reconstruíra durante cinquenta anos.
Tenho razões para crer que, se novo sobressalto do Poder acontecesse, por fraqueza deste, esse mesmo efeito voltaria a verificar-se tal é, julgo eu, a enorme confiança, nem minimamente beliscada, que continua a dever merecer-nos o relacionamento e entrosamento da Igreja com a sociedade portuguesa.
Sou dos que acreditam que a Igreja portuguesa sempre esteve ao serviço de Portugal, aliás em grande parte obra da Igreja.
Tanto obra da Igreja que, deixado o Ultramar por Portugal, a Igreja lá continua, em bom desenvolvimento e com boas expectativas de futuro, em muito como que por um legado de Portugal.
Com a língua e a cultura, a Igreja é uma das mais importantes realidades que levámos ao Ultramar, para, com a administração, a exploração dos recursos e o mulato, que também “levámos”, assegurarem a continuidade de Portugal em África.
Não é preciso outro “retorno” nosso ao antigo Ultramar, tanta água passou já debaixo das pontes.
Com a língua e a cultura, a Igreja é uma das mais importantes realidades que levámos ao Ultramar, para, com a administração, a exploração dos recursos e o mulato, que também “levámos”, assegurarem a continuidade de Portugal em África.
Não é preciso outro “retorno” nosso ao antigo Ultramar, tanta água passou já debaixo das pontes.
Desculpem-me os nacionalistas a quem isto possa desagradar.
Até porque creio que serão os novos Estados a chamar-nos, a convidar-nos, se de nós precisarem.
Não, não se trata de voltar a exercer lá qualquer função de soberania, era absurdo. Também não de protectorado, como algumas vezes se diz que isso será inevitável nalguns casos, mas por força e via da UE.
Esta hipótese é preciso rejeitá-la e combatê-la com toda a nossa energia.
Dentro da UE, se isso for necessário, tal pode ter de vir a ser um dos nossos combates mais importantes.
Queremos que aqueles Estados e Nações o sejam verdadeiramente, viáveis e completamente viabilizados.
Volto à Igreja, porque é a altura.
Com um voto.
Sem sombras de constantinismo.
Que ela possa (porque saber, sabe) desempenhar em África, nos Estados lusófonos, um papel e função idênticos aos que de raiz e ao longo dos tempos desempenhou em Portugal, como aliás em muitos outros países no Mundo, mas dum modo particularmente fecundo e eficaz em Portugal europeu.
Isto é, contribuir, decisivamente, com a sua sabedoria, para a consolidação estrutural das sociedades desses novos Estados e novos Nações e, portanto, para a solidez desses Estados e Nações.
Sei, todos sabemos, que os tempos e modos são diferentes mas a minha confiança no saber fazer e construir da Igreja é ilimitado, como no seu poder de superação das contingências e adversidades. Não quero, nem quer nenhum Português, alijar responsabilidades para a Igreja. Mas será também, no fim de contas, um grande, um enorme serviço prestado pela Igreja a Portugal, através das Igrejas dos novos Estados, todas elas filhas da Igreja de Portugal.
A.C.R.
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* V. “Salazar e Caetano – Falar Claro” — Augusto de Sá Viana Rebelo — Editora Nova Arrancada, S. A. – Nov. 2003.
** Clero e fiéis
(continua num próximo post)