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2003/11/24

Equívocos nacionalistas. ... Quem os não tem? 

Há dias, um nacionalista argumentava comigo sobre o Iraque, os Iraquianos e a guerra “que lhes é movida pela Coligação”.

“Veja como eles se batem! Aquilo é que são nacionalistas. Verdadeiros! Assim é que é nacionalismo.”

Como se dissesse:

“Não podemos deixar de estar ao lado deles contra os Americanos. Se somos realmente nacionalistas.”

“Mas não pensa que haja bons nacionalistas dos dois lados, como na guerra de 1914-18, ou na de 1939-45, por exemplo?” — retorqui.

Não pude ouvir a sua resposta. Intrometeram-se outras pessoas, com outros assuntos, e a nossa conversa ficou por ali. Mas vale a pena desenvolver e explicar melhor, porque há hoje muitos nacionalistas a pensar assim, espalhando algumas confusões.


Seria absurdo pensar que, numa guerra em que, por hipótese, só de um lado houvesse nacionalistas, tivéssemos todos os nacionalistas de alinhar necessariamente desse lado.

Depende, evidentemente, de circunstâncias geo-estratégicas e da causa ou causas e interesses em questão, defendidos por cada “lado” dos contendores.

Os diversos nacionalismos e nacionalistas podem só ter em comum o nacionalismo e divergir em tudo o mais: os interesses de cada nação não têm que ser os interesses de todas as demais.

Seria, de facto, também absurdo pensar que nunca houve nem haverá guerras entre Estados igualmente nacionalistas.

Não se percebe, pois, porque teríamos de alinhar com os Iraquianos só por serem nacionalistas.

Seria como se, numa eventual guerra futura, por exemplo com a China que foi, é e possivelmente continuará para sempre nacionalista, e só por isso, fôssemos a correr todos os nacionalistas alinhar com ela contra todos os nossos outros valores e interesse ocidentais.

O nacionalismo não é, não tem que ser um totalitarismo.

Ou foi por terem cinco milhões de muçulmanos ou alguns milhões de Turcos dentro de portas — todos supostamente nacionalistas — que a França e a Alemanha, respectivamente, alinharam com o Iraque contra os EUA e a Coligação?

Também não, com certeza.

Até entre nacionalistas há gente que anda “baralhada” e traz baralhadas as suas referências e prioridades.

Bastantes são os que não querem sequer perceber que desde “o 11 de Setembro” estamos todos realmente mergulhados numa guerra total de que, por ora, o principal campo de batalha é o Médio Oriente.

(E queira Deus que o último!).

Por puro antiamericanismo, ou por unilateralismo europeísta, de quem acredita — mesmo adverso à UE — que a Europa chega para enfrentar todas as ameaças dos terroristas e terrorismos?

Muitos, incluindo alguns nacionalistas, começam até a acreditar que a Coligação já está derrotada e que vai ser forçada a retirar do Iraque dentro em pouco, talvez mesmo do Afeganistão.

Esses também não acreditam ou querem ver o seguinte: que, tratando-se duma guerra, e possivelmente para durar muito tempo, perder uma batalha não será com certeza perder a guerra; e que, a perder desta vez a batalha do Iraque, a Coligação terá seguramente de voltar, mais tarde ou mais cedo e com maiores perdas, mas então reforçada pela Europa toda, sob pena de a Europa, dividida novamente, nos deitar a perder a todos para sempre.

Quanto a perdas em vidas humanas creio que só importa observar uma coisa, por agora: poucas ou muitas (naturalmente, mais muitas que poucas), não podemos é esperar, nem seria justo, que morram só, ou principalmente, Americanos.

Parece inevitável que todos os países europeus, africanos, americanos e o Japão acabem por dar o seu contributo e participar no gigantesco esforço e sacrifício, que a guerra está e vai continuar a exigir.

E não se pense que, se os Anglo-Americanos tivessem desistido/recuado em Março de 2002, não teria acabado por haver guerra e que os terroristas teriam desarmado, sem ser pela força.

Teriam sido esperanças à maneira de Chamberlain/Daladier, em 1938, em Münich.

A ONU (Conselho de Segurança) portou-se segundo este exemplo histórico. Esqueceu-se, aliás, de que alguém teria ou poderia fazer cumprir as moções vitais por ela aprovadas contra Saddam e que este desprezava repetidamente. É natural que fossem os EUA, que haviam sido os primeiros agredidos desta guerra e de longe os principais ofendidos.

Sem os EUA, o terrorismo, então sim, estaria hoje mais forte que nunca, e mais encorajado.

É ver, aliás, o poder que está a demonstrar com todos os ataques e assassinatos em massa. Como não admitir que, sem a reacção anglo-americana, o terrorismo já hoje iria bem mais longe?

É por tudo isto que a questão das armas de destruição maciça — que as organizações e países terroristas já hoje, entretanto, poderiam ter fabricado — não passa de uma álibi para fazer esquecer o essencial.

Concluindo.

Não há guerras sem altos e baixos, e se, como pode pensar-se, a Al-Quaeda escolheu o Iraque para campo de batalha privilegiado e decisivo, então não há retirada possível.

Ou a imagem e futuro da Europa ficam para sempre comprometidos, porque dela depende uma vitória mais rápida e mais completa.

Foi enquanto os cristãos, em Constantinopla, discutiam o sexo dos anjos, que os Turcos tomaram a cidade. Até hoje.


A.C.R.


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