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2003/11/14

Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (VI) 

(continuação do post de 2003/11/12)

A meia derrota dos "progressistas"

Encerrado o Concílio Vaticano II (1962-65), ao contrário do que suporiam tantos, tantos que poderiam supor ser a altura de descansar e cobrar fôlego, de tanta canseira, a esperança revelou-se completamente ilusória. Na verdade, o pior estava para começar.

Derrotados os progressistas no Concílio, foi como se o desespero lhes tivesse sobreexcitado as forças e multiplicado a audácia.

A rede de contactos estabelecida e refinada; a rede mundial de comunicações desenvolvida e posta à prova durante toda a duração do Concílio; o aprofundado conhecimento dos pontos fracos da armadura da Igreja e das fraquezas e vulnerabilidade dos seus agentes, à escala local, nacional e mundial, estavam criadas as condições para que a crise chegasse ao paroxismo.

Havia um comando?

Com certeza.

Mas não necessariamente exterior à Igreja. Era seguramente um comando em rede, como hoje se diria, não centralizado mas aproveitando as próprias estruturas e canais da mesma Igreja.

A ponto de ninguém o ter definido melhor que o Santo Padre, Paulo VI (1959/78), flagelando-se como que em extremo de desespero, ao falar de “autodestruição da Igreja”.

Não sei de Papa algum — ou, pelo menos, não é do meu tempo — que tenha exprimido em grito tão forte e angustiado o seu sofrimento mais profundo, como só talvez o grito do mesmo Cristo, no alto da Cruz, quando exclamou: “Pai! Pai! Porque me abandonas!”

Só pode compreendê-lo, quero crer, quem tenha vivido e acompanhado a Igreja nesses transes supremos.


Uma profunda e alargadíssima vaga de desorientação estendeu-se a todo o Mundo levada nas páginas de milhares de publicações da Igreja ou por ela autorizadas, que outra coisa não faziam senão, principalmente, espalhar as interpretações abusivas e não autorizadas dos textos do Concílio. E essas interpretações encontravam eco nos púlpitos, até, e nas palavras de milhares de microfones e altifalantes humanos que por toda a parte andaram espalhando e multiplicando as dúvidas e os erros, como se fossem a palavra do próprio Concílio, acobertando-se de má fé sob o manto do seu prestígio e da sua autoridade.

Não podia haver desmentidos e esclarecimentos que chegassem a tempo de evitar os males todos de tanta confusão espalhada à velocidade da luz, como se fosse luz.

Até porque por toda a parte grassavam a indisciplina e o laxismo numa grande parte do clero secular (chegando ao nível dos Bispos, com frequência), dos fiéis e mesmo nas Ordens Religiosas, de que se poderá dizer que nenhuma ficou pura de todo e qualquer contágio dissolvente.

A obediência ao Papa, ou sinais disso, chegaram a ser anátema na “opinião pública” alimentada pelos sectores mais minados da Igreja.

Progressistas e seus aliados objectivos esfregavam as mãos em delírios de triunfalismos apressados.

Tudo parecia correr-lhes pelo melhor.

Com muitas dezenas de milhares de sacerdotes, frades e freiras renegando os seus votos e juramentos e abandonando a Igreja; com mil verdades para todos os gostos rasgando e fazendo em migalhas e farripas a doutrina da Igreja, as suas verdades de sempre; com a autoridade eclesial muitas vezes desfeita ou dividida, para não dizer escarnecida, a Igreja parecia pegar fogo por todos os lados.

A Igreja e o Mundo.

Do Império comunista discutia-se com seriedade quantos anos, escassos, levaria a chegar ao domínio total do Mundo, tantas e tão rápidas vinham sendo as suas conquistas.

A aliança objectiva de comunistas e progressistas afigurava-se imparável, aos olhos de homens e mulheres sem fé ou corrompidos pelo medo e pelo espírito de transigência fácil.

A.C.R.

(continua num próximo post)

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