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2003/11/12

Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (V) 

(continuação do post de 2003/11/11)

(Um Parêntese para Álvaro Cunhal - II)

Já agora deixem-me terminar o parêntese relativo a Cunhal. Prolongo-o com isto, e já o prolonguei, mais do que pensava fazê-lo quando comecei. Também os blogues são como as cerejas?... Mas o tema é importante igualmente, e oportuno como poucos.

Como insinuei ou julgo ter explicado (v. IV), Cunhal não mudou nada, apesar da sua já muito longa vida de noventa anos.

E não se penitencia, reincide até.

Como beirão que é, por nascimento e origens familiares (entre Coimbra e Seia), aplicar-se-lhe-à o que escreveu há dias “Manuel Azinhal” no seu blogue, “O Sexo dos Anjos”, a respeito dos Beirões em geral?

Autênticos, activos, rijos e teimosos?

Talvez.

Julgo ter desmontado a falácia das “novas” forças de esquerda por ele alinhadas para a futura “revolução mundial”, à cabeça a China, o que a meu ver se explica pelo que de grande Cunhal espera do “exército vermelho” chinês, para a recuperação da superpotência mundial pelo comunismo.


Na verdade, não há aí nada de novo ou inédito; são apenas as forças de sempre à luz dum certo realismo de Cunhal, de facto a sua velha idiossincrasia para o delírio aparentemente controlado, contido e subreptício, à mistura com o que eram as “certezas” e objectivos fixados pelo Kremlin.

Agora o Kremlin passou-se-lhe para o Politburo do PC chinês.

Mas é preciso desmontar também aquela da “queda do hífen”, como lhe chamou um jornalista não sei se superficial, se distraído, se ilusionista.

O hífen do “marxismo-leninismo”.

Realmente, como se lembram, o que Cunhal fez no seu texto rectificativo, aparentemente, de toda uma vida, não foi apenas fazer cair o hífen; foi mais, reduziu a expressão ao “marxismo”, como se não tivesse havido leninismo nem estalinismo, que esse foi o primeiro a cair, a ser saneado, logo com a queda do Muro de Berlim, em parte, e da URSS depois, então de todo.


É preciso, essencial, esclarecer porém que a redução da doutrina fundadora e directora ao marxismo é uma falácia mais e mais radical ainda que a listagem cunhalista das novas forças disponíveis para a reconquista do Mundo pelo comunismo.

A meu ver, há três teses no estalinismo que já estavam explícitas ou implícitas no leninismo, como já o estavam antes no marxismo. O leninismo e o estalinismo apenas, quando muito, as explicitaram, aplicaram e explicaram melhor, tirando delas todo o partido possível para o lançamento do movimento comunista, para a revolução e para a construção do estado soviético, como para o controlo das massas e das nações vizinhas e das mais ou menos longínquas.

Fundamentos filosóficos à parte, que esses vêm directamente do Hegel e mesmo do idealismo Kantiano, como dos filósofos da “religião – ópio do povo”, as três teses a que me refiro são: a “exploração do homem pelo homem”, a “luta de classes” e o “centralismo democrático”.

São elas o fundamento ou explicação para o ódio que o comunismo acendeu sistematicamente entre os homens e fonte principal das guerras que dominaram o Mundo ao longo de todo o séc. XX. Considerada a luta de classes como a luta entre elas, até à morte de todas, menos uma, do que se tratou foi, na verdade, da tentativa de holocausto, “solução final”, aplicada às classes sociais.

Não esperemos sossego nenhum, por isso, da concessão que “magnanimamente” Cunhal faz à Humanidade e a Portugal, deixando cair o estalinismo e o leninismo da doutrinação comunista.

Tudo o que nestes havia de mais repugnante, já estava e continua, intrinsecamente, no marxismo. É a mesma cultura de morte e ódio.

Não ganhamos nada.

Só a necessidade de abrirmos mais os olhos.

A.C.R.

(continua num próximo post)

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