2003/11/07
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (III).
(continuação do post de 2003/11/04)
Continuaram, assim, a desenvolver-se e aprofundar as teses anti-tradicionalistas, como as referentes, por exemplo: ao primado do Papa; ao celibato eclesiástico; ao sacerdócio das mulheres; à democraticidade das decisões na Igreja; ao dogma da virgindade de Nª Senhora; ao dogma da infalibilidade papal; ao dogma da transubstanciação eucarística, fundamento da sacralidade da Missa; ao baptismo das crianças; ao dogma do pecado original; ao constantinianismo da Igreja e relações desta com o poder político; à riqueza da Igreja; etc., etc., etc.
Tudo foi discutido e posto em questão, sobretudo as interpretações autorizadas das Escrituras e as verdades transmitidas na tradição do Povo de Deus.
Muitas vezes a Igreja pareceu então um enorme barco sem rumo.
Muitos fiéis abandonaram a sua Fé.
Muitos sacerdotes acharam que se haviam enganado e saíram da sua Casa de sempre, a Igreja.
O concílio Vaticano II (1962-65) foi uma ocasião aproveitada por muitos para reordenarem ou desordenarem de alto a baixo as suas vidas.
Os abandonos do sacerdócio por seculares e regulares foi então tal que muitos católicos pensaram que a Igreja não sobreviveria, contra a confiança que deveriam merecer-lhes as promessas de Cristo.
Mas o joio mobilizou bem todas as suas forças de reacção e resistência.
Um vasto e poderoso lobby progressista congregou-se na rectaguarda de muitos Padres conciliares e teceu a sua rede, nos Meios de Comunicação Social, para influenciar e orientar as discussões e as votações em cada sessão do Concílio.
Simultaneamente, a miséria e desorganização social em muitos países, sobretudo da América Central e da América do Sul, forneceram a sectores da Igreja locais ocasiões para espalharem teses de defesa e promoção dos desvalidos, que fizeram os movimentos católicos daí derivados aproximar-se muito perigosamente das teses materialistas e revolucionárias dos partidos marxistas, comunistas em geral, daquelas duas Américas, ainda que não faltem exemplos na América do Norte.
Essas aproximações originaram entendimentos e mesmo alianças, em que os católicos acabaram quase sempre por desempenhar o papel de “inocentes” úteis.
Mas as suas vozes também chegaram ao Concílio e foram mais um meio de lá chegarem também os interesses e teses do comunismo mundial , que foram encontrando cada vez menos resistências nos espíritos mais minados pela confusão e desordem mental gerada pela propaganda, mesmo que aparentemente idealista, de comunistas e progressistas.
Foi a tal aliança objectiva do comunismo mundial, soviético, e do progressismo católico, euro-americano, que muitas vezes chegou mesmo a recorrer à infiltração nos seminários — onde se formavam os futuros sacerdotes — para inquinar com as teses e interesses comunistas não pequenas camadas novas do clero católico.
E não foram muito poucos desses os que chegaram a Bispos!
Em todo o caso pode dizer-se que o Vaticano II acabou por ser uma pesada derrota para o progressismo, em termos doutrinários, teológicos, disciplinares e organizativos da Igreja.
Veremos em breve o que se seguiu e como resistiram os católicos à rede mundial de influências e difusão doutrinária dos vencidos.
Para lá da multidão de padres despadrados, que o amor, a caridade e o respeito nos manda poupar, preservar, porque muitíssimos deles sofreram e penaram muitíssimo, que nos ficou e que se passou?
A.C.R.
(continua num próximo post)
O progressismo foi condenado explicitamente pelo Papa Pio X (São Pio X) numa encíclica célebre, mas vinha de muito antes, do meio do séc. XIX, pelo menos. Sobreviveria longamente à condenação, embora latente, muito escondido e reduzido a pouco, sem influência, a não ser nas faculdades e seminários de teologia da própria Igreja, onde continuou a alimentar-se e a requintar nas especulações de umas largas dezenas ou centenas de teólogos, pouco ou muito conhecidos, por todo o Mundo, Europa e América Central e do Sul sobretudo.
Continuaram, assim, a desenvolver-se e aprofundar as teses anti-tradicionalistas, como as referentes, por exemplo: ao primado do Papa; ao celibato eclesiástico; ao sacerdócio das mulheres; à democraticidade das decisões na Igreja; ao dogma da virgindade de Nª Senhora; ao dogma da infalibilidade papal; ao dogma da transubstanciação eucarística, fundamento da sacralidade da Missa; ao baptismo das crianças; ao dogma do pecado original; ao constantinianismo da Igreja e relações desta com o poder político; à riqueza da Igreja; etc., etc., etc.
Tudo foi discutido e posto em questão, sobretudo as interpretações autorizadas das Escrituras e as verdades transmitidas na tradição do Povo de Deus.
Muitas vezes a Igreja pareceu então um enorme barco sem rumo.
Muitos fiéis abandonaram a sua Fé.
Muitos sacerdotes acharam que se haviam enganado e saíram da sua Casa de sempre, a Igreja.
O concílio Vaticano II (1962-65) foi uma ocasião aproveitada por muitos para reordenarem ou desordenarem de alto a baixo as suas vidas.
Os abandonos do sacerdócio por seculares e regulares foi então tal que muitos católicos pensaram que a Igreja não sobreviveria, contra a confiança que deveriam merecer-lhes as promessas de Cristo.
É certo e seguro para nós, católicos, que João XXIII convocou o Concílio com perfeita lucidez em relação a tudo o que estava em jogo, talvez mesmo convicto de que era chegada a altura, inadiável, de separar o trigo do joio.
Mas o joio mobilizou bem todas as suas forças de reacção e resistência.
Um vasto e poderoso lobby progressista congregou-se na rectaguarda de muitos Padres conciliares e teceu a sua rede, nos Meios de Comunicação Social, para influenciar e orientar as discussões e as votações em cada sessão do Concílio.
Simultaneamente, a miséria e desorganização social em muitos países, sobretudo da América Central e da América do Sul, forneceram a sectores da Igreja locais ocasiões para espalharem teses de defesa e promoção dos desvalidos, que fizeram os movimentos católicos daí derivados aproximar-se muito perigosamente das teses materialistas e revolucionárias dos partidos marxistas, comunistas em geral, daquelas duas Américas, ainda que não faltem exemplos na América do Norte.
Essas aproximações originaram entendimentos e mesmo alianças, em que os católicos acabaram quase sempre por desempenhar o papel de “inocentes” úteis.
Mas as suas vozes também chegaram ao Concílio e foram mais um meio de lá chegarem também os interesses e teses do comunismo mundial , que foram encontrando cada vez menos resistências nos espíritos mais minados pela confusão e desordem mental gerada pela propaganda, mesmo que aparentemente idealista, de comunistas e progressistas.
Foi a tal aliança objectiva do comunismo mundial, soviético, e do progressismo católico, euro-americano, que muitas vezes chegou mesmo a recorrer à infiltração nos seminários — onde se formavam os futuros sacerdotes — para inquinar com as teses e interesses comunistas não pequenas camadas novas do clero católico.
E não foram muito poucos desses os que chegaram a Bispos!
Em todo o caso pode dizer-se que o Vaticano II acabou por ser uma pesada derrota para o progressismo, em termos doutrinários, teológicos, disciplinares e organizativos da Igreja.
Veremos em breve o que se seguiu e como resistiram os católicos à rede mundial de influências e difusão doutrinária dos vencidos.
Para lá da multidão de padres despadrados, que o amor, a caridade e o respeito nos manda poupar, preservar, porque muitíssimos deles sofreram e penaram muitíssimo, que nos ficou e que se passou?
A.C.R.
(continua num próximo post)