2003/11/07
Espanha Amiga, Portugal Amigo está contigo!
Ouço dizer que o embaixador de Espanha em Lisboa se permitiu ensinar aos nosso empresários do ofício deles e recomendar-lhes que trabalhem mais. Porque o seu mal — terá dito — é trabalharem pouco.
A quem mais dará o senhor embaixador as suas "ordens", e as suas orientações, em Portugal e a Portugueses, depois disto?
E o Senhor Presidente da República, que atitude tomará?
Porque, no fundo, o embaixador, talvez não esteja mais que a retorquir às acusações que há dias o Presidente fez, em Madrid, quanto ao desfavor com que os empresários portugueses seriam tratados nos concursos públicos de Espanha.
Também isto me parece uma vilezazinha nada diplomática do embaixador.
Pois com este blog, é o contrário.
Aqui preza-se a honra de Espanha e a honra da sua Casa Real.
Não seremos nós que nos espantemos, em voz alta, de a futura Rainha de Espanha ter mandado calar o Real noivo, em plena sessão da apresentação de ambos à Imprensa, como Reais noivos.
Nem nos atreveremos a censurar-lhe o excesso de gesticulação exibida.
Nem a permanente e excessivamente nervosa movimentação daquele braço direito, como que pronto para a tapona.
Nem, enfim, a tendência revelada para a verborreia imparável.
Deficiências duma cultura algo primária de apresentadora de televisão?
Deseja-se que a Casa Real e o Príncipe depressa consigam vencer estas pequeninas limitações.
E que os Noivos sejam muito felizes!
E por bastante tempo!
O mais possível.
A.C.R.
A quem mais dará o senhor embaixador as suas "ordens", e as suas orientações, em Portugal e a Portugueses, depois disto?
E o Senhor Presidente da República, que atitude tomará?
Porque, no fundo, o embaixador, talvez não esteja mais que a retorquir às acusações que há dias o Presidente fez, em Madrid, quanto ao desfavor com que os empresários portugueses seriam tratados nos concursos públicos de Espanha.
Também isto me parece uma vilezazinha nada diplomática do embaixador.
Pois com este blog, é o contrário.
Aqui preza-se a honra de Espanha e a honra da sua Casa Real.
Não seremos nós que nos espantemos, em voz alta, de a futura Rainha de Espanha ter mandado calar o Real noivo, em plena sessão da apresentação de ambos à Imprensa, como Reais noivos.
Nem nos atreveremos a censurar-lhe o excesso de gesticulação exibida.
Nem a permanente e excessivamente nervosa movimentação daquele braço direito, como que pronto para a tapona.
Nem, enfim, a tendência revelada para a verborreia imparável.
Deficiências duma cultura algo primária de apresentadora de televisão?
Deseja-se que a Casa Real e o Príncipe depressa consigam vencer estas pequeninas limitações.
E que os Noivos sejam muito felizes!
E por bastante tempo!
O mais possível.
A.C.R.
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (III).
(continuação do post de 2003/11/04)
Continuaram, assim, a desenvolver-se e aprofundar as teses anti-tradicionalistas, como as referentes, por exemplo: ao primado do Papa; ao celibato eclesiástico; ao sacerdócio das mulheres; à democraticidade das decisões na Igreja; ao dogma da virgindade de Nª Senhora; ao dogma da infalibilidade papal; ao dogma da transubstanciação eucarística, fundamento da sacralidade da Missa; ao baptismo das crianças; ao dogma do pecado original; ao constantinianismo da Igreja e relações desta com o poder político; à riqueza da Igreja; etc., etc., etc.
Tudo foi discutido e posto em questão, sobretudo as interpretações autorizadas das Escrituras e as verdades transmitidas na tradição do Povo de Deus.
Muitas vezes a Igreja pareceu então um enorme barco sem rumo.
Muitos fiéis abandonaram a sua Fé.
Muitos sacerdotes acharam que se haviam enganado e saíram da sua Casa de sempre, a Igreja.
O concílio Vaticano II (1962-65) foi uma ocasião aproveitada por muitos para reordenarem ou desordenarem de alto a baixo as suas vidas.
Os abandonos do sacerdócio por seculares e regulares foi então tal que muitos católicos pensaram que a Igreja não sobreviveria, contra a confiança que deveriam merecer-lhes as promessas de Cristo.
Mas o joio mobilizou bem todas as suas forças de reacção e resistência.
Um vasto e poderoso lobby progressista congregou-se na rectaguarda de muitos Padres conciliares e teceu a sua rede, nos Meios de Comunicação Social, para influenciar e orientar as discussões e as votações em cada sessão do Concílio.
Simultaneamente, a miséria e desorganização social em muitos países, sobretudo da América Central e da América do Sul, forneceram a sectores da Igreja locais ocasiões para espalharem teses de defesa e promoção dos desvalidos, que fizeram os movimentos católicos daí derivados aproximar-se muito perigosamente das teses materialistas e revolucionárias dos partidos marxistas, comunistas em geral, daquelas duas Américas, ainda que não faltem exemplos na América do Norte.
Essas aproximações originaram entendimentos e mesmo alianças, em que os católicos acabaram quase sempre por desempenhar o papel de “inocentes” úteis.
Mas as suas vozes também chegaram ao Concílio e foram mais um meio de lá chegarem também os interesses e teses do comunismo mundial , que foram encontrando cada vez menos resistências nos espíritos mais minados pela confusão e desordem mental gerada pela propaganda, mesmo que aparentemente idealista, de comunistas e progressistas.
Foi a tal aliança objectiva do comunismo mundial, soviético, e do progressismo católico, euro-americano, que muitas vezes chegou mesmo a recorrer à infiltração nos seminários — onde se formavam os futuros sacerdotes — para inquinar com as teses e interesses comunistas não pequenas camadas novas do clero católico.
E não foram muito poucos desses os que chegaram a Bispos!
Em todo o caso pode dizer-se que o Vaticano II acabou por ser uma pesada derrota para o progressismo, em termos doutrinários, teológicos, disciplinares e organizativos da Igreja.
Veremos em breve o que se seguiu e como resistiram os católicos à rede mundial de influências e difusão doutrinária dos vencidos.
Para lá da multidão de padres despadrados, que o amor, a caridade e o respeito nos manda poupar, preservar, porque muitíssimos deles sofreram e penaram muitíssimo, que nos ficou e que se passou?
A.C.R.
(continua num próximo post)
O progressismo foi condenado explicitamente pelo Papa Pio X (São Pio X) numa encíclica célebre, mas vinha de muito antes, do meio do séc. XIX, pelo menos. Sobreviveria longamente à condenação, embora latente, muito escondido e reduzido a pouco, sem influência, a não ser nas faculdades e seminários de teologia da própria Igreja, onde continuou a alimentar-se e a requintar nas especulações de umas largas dezenas ou centenas de teólogos, pouco ou muito conhecidos, por todo o Mundo, Europa e América Central e do Sul sobretudo.
Continuaram, assim, a desenvolver-se e aprofundar as teses anti-tradicionalistas, como as referentes, por exemplo: ao primado do Papa; ao celibato eclesiástico; ao sacerdócio das mulheres; à democraticidade das decisões na Igreja; ao dogma da virgindade de Nª Senhora; ao dogma da infalibilidade papal; ao dogma da transubstanciação eucarística, fundamento da sacralidade da Missa; ao baptismo das crianças; ao dogma do pecado original; ao constantinianismo da Igreja e relações desta com o poder político; à riqueza da Igreja; etc., etc., etc.
Tudo foi discutido e posto em questão, sobretudo as interpretações autorizadas das Escrituras e as verdades transmitidas na tradição do Povo de Deus.
Muitas vezes a Igreja pareceu então um enorme barco sem rumo.
Muitos fiéis abandonaram a sua Fé.
Muitos sacerdotes acharam que se haviam enganado e saíram da sua Casa de sempre, a Igreja.
O concílio Vaticano II (1962-65) foi uma ocasião aproveitada por muitos para reordenarem ou desordenarem de alto a baixo as suas vidas.
Os abandonos do sacerdócio por seculares e regulares foi então tal que muitos católicos pensaram que a Igreja não sobreviveria, contra a confiança que deveriam merecer-lhes as promessas de Cristo.
É certo e seguro para nós, católicos, que João XXIII convocou o Concílio com perfeita lucidez em relação a tudo o que estava em jogo, talvez mesmo convicto de que era chegada a altura, inadiável, de separar o trigo do joio.
Mas o joio mobilizou bem todas as suas forças de reacção e resistência.
Um vasto e poderoso lobby progressista congregou-se na rectaguarda de muitos Padres conciliares e teceu a sua rede, nos Meios de Comunicação Social, para influenciar e orientar as discussões e as votações em cada sessão do Concílio.
Simultaneamente, a miséria e desorganização social em muitos países, sobretudo da América Central e da América do Sul, forneceram a sectores da Igreja locais ocasiões para espalharem teses de defesa e promoção dos desvalidos, que fizeram os movimentos católicos daí derivados aproximar-se muito perigosamente das teses materialistas e revolucionárias dos partidos marxistas, comunistas em geral, daquelas duas Américas, ainda que não faltem exemplos na América do Norte.
Essas aproximações originaram entendimentos e mesmo alianças, em que os católicos acabaram quase sempre por desempenhar o papel de “inocentes” úteis.
Mas as suas vozes também chegaram ao Concílio e foram mais um meio de lá chegarem também os interesses e teses do comunismo mundial , que foram encontrando cada vez menos resistências nos espíritos mais minados pela confusão e desordem mental gerada pela propaganda, mesmo que aparentemente idealista, de comunistas e progressistas.
Foi a tal aliança objectiva do comunismo mundial, soviético, e do progressismo católico, euro-americano, que muitas vezes chegou mesmo a recorrer à infiltração nos seminários — onde se formavam os futuros sacerdotes — para inquinar com as teses e interesses comunistas não pequenas camadas novas do clero católico.
E não foram muito poucos desses os que chegaram a Bispos!
Em todo o caso pode dizer-se que o Vaticano II acabou por ser uma pesada derrota para o progressismo, em termos doutrinários, teológicos, disciplinares e organizativos da Igreja.
Veremos em breve o que se seguiu e como resistiram os católicos à rede mundial de influências e difusão doutrinária dos vencidos.
Para lá da multidão de padres despadrados, que o amor, a caridade e o respeito nos manda poupar, preservar, porque muitíssimos deles sofreram e penaram muitíssimo, que nos ficou e que se passou?
A.C.R.
(continua num próximo post)
2003/11/06
UM EXEMPLO DE SUCESSO DA COLABORAÇÃO PODER CENTRAL — AUTARQUIAS — INICIATIVA PRIVADA.
UM TIPO DE MOBILIZAÇÃO QUE, GENERALIZADO, PODERIA ACELERAR O SURTO DA BEIRA INTERIOR COMO DAS VÁRIAS REGIÕES DEPRIMIDAS.
UM FELIZ EXEMPLO DE "ARTE DE GOVERNAR", EM QUE TODOS NOS PODEMOS EMPENHAR.
Isso não impede que a Escola Profissional da Serra da Estrela (EPSE) tenha ainda problemas complicados a resolver. Mas o presidente do Conselho de Administração da EPSE, como exprime nas palavras proferidas na sessão de encerramento da Semana de comemoração do 10º aniversário da Escola, em Seia, está certo de que esses problemas serão resolvidos através daquele tríplice entendimento, efectivamente inter-activo. Cabe ao Governo, no exercício da sua "ARTE DE GOVERNAR", que se quer verdadeiramente fecunda e modelar, continuar a desenvolver iniciativas e criar condições para que os exemplos se multipliquem e os frutos cresçam em quantidade e qualidade. E que, quando a iniciativa partir da actividade privada — como, aliás, foi o caso da EPSE — o Governo possa e saiba acolhê-la e animar-lhe ainda os seus entusiasmos e propósitos.
Os Governos que acreditam na sociedade civil — e não a olham sistematicamente com desconfiança, como tantas vezes no passado — descobrirão rapidamente o enorme efeito multiplicador que isso terá sobre a sua própria acção governativa.
Aqui vai o discurso:
Senhora Secretária de Estado da Educação; Senhor Governador Civil do Distrito da Guarda; Senhor Presidente da Câmara Municipal de Seia; Senhor Director do Centro de Emprego e Formação Profissional de Seia; Prezados Convidados; Senhores Professores e Pessoal Técnico e Administrativo da EPSE; Senhores Encarregados de Educação; Prezados Alunos,
É com um sentimento muito profundo de regozijo que, em nome da Pro Sena, S.A. e da Escola Profissional da Serra da Estrela, agradeço a V/ participação nesta sessão comemorativa dos dez anos de existência da nossa Escola.
São todos para nós muito bem-vindos!
A Vossa Excelência, Senhora Secretária de Estado, quero muito especialmente exprimir ainda a nossa gratidão pela honra que nos dá dignando-se presidir a esta sessão.
Permita-nos que entendamos isso como um prémio para o nosso trabalho destes dez anos e como uma demonstração mais da consideração de Vª Exª e do Governo pelas Escolas Profissionais e pelo ensino que elas proporcionam ao País.
Foi em 26 de Outubro de 1993 que os Promotores da Escola Profissional da Serra da Estrela – duas empresas locais, das áreas da Construção Civil e da Exploração Florestal, e a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Dr. Simões Pereira – assinámos no Ministério da Educação, em Lisboa, com o Director do Departamento do Ensino Secundário (DES), o contrato-programa para criação da Escola.
O contrato-programa foi homologado, no dia seguinte, por Sua Excelência o Secretário de Estado da Educação da altura, Dr. Joaquim de Azevedo, e a Escola abriu poucos dias depois, em 02 de Novembro de 1993, nas instalações possíveis, cedidas pela Câmara Municipal de Seia presidida pelo Senhor Jorge Correia.
A luta por instalações melhores, que também permitissem o desenvolvimento mais acelerado da Escola, começou desde logo. Até que em 1997 foi celebrado com a Câmara Municipal de Seia da presidência do Senhor Eduardo Mendes de Brito o protocolo de cedência das actuais instalações, simultaneamente com a celebração do protocolo financeiro de financiamento pela Câmara dos encargos de recuperação e equipamento do edifício então degradado, na parte não coberta pelo PRODEP II.
Assim, em Setembro de 1998, já pudemos vir ocupar as novas instalações.
E, no entanto, como as coisas correram ainda mais depressa!
Das duas turmas de cursos de nível III com que começámos em 1993, com 40 formandos ao todo, chegámos dez anos depois a 13 turmas e cerca de 240 formandos, sendo 8 turmas dos cursos de nível III e 5 turmas na área da formação contínua, sejam de cursos de educação e formação de adultos (EFA), sejam de cursos para a formação e aperfeiçoamento de quadros intermédios para a Construção Civil (Nível IV), sejam de cursos de actualização e aperfeiçoamento de licenciados e bacharéis desempregados (GESTIC), com vista à sua melhor inserção no mercado de trabalho.
Esta área da formação contínua é o grande salto em frente da nossa Escola, nos últimos três anos, só possível com a acreditação da Pro Sena como entidade formadora, através do INOFOR – Instituto para a Inovação na Formação.
As instalações que pareciam bastantes para os cursos que o Ministério da Educação nos vai autorizando anualmente a criar, não só já o não são, como se mostram também insuficientes para novos projectos na área da formação contínua, tão importante para a actualização de competências profissionais e escolares exigidas pelo mercado de trabalho.
Já o prevíamos há quase três anos, pelo que se iniciaram diligências junto da Câmara Municipal de Seia – previamente conhecida a sua disponibilidade para o efeito – no sentido de nos vir a ceder também a utilização do edifício mais antigo do ex-Colégio.
Para a sua recuperação e reequipamento, celebrou-se em 16 de Novembro de 2001, com a Câmara Municipal presidida pelo Senhor Eduardo Mendes de Brito, novo protocolo para cedência desta velha e degradada instalação.
E – já aprovada pela DREC / PRODEP III, em Maio de 2003, a nossa candidatura aos fundos públicos de apoio à reconstrução e reequipamento deste 2º edifício – preparámo-nos para finalmente celebrar o protocolo de financiamento pela Câmara de parte substancial dos encargos previstos.
Entretanto, porém, as restrições financeiras impostas às Câmaras Municipais obrigaram a Câmara de Seia a reduzir o volume da ajuda que dela esperávamos.
Com o acordo tácito da DREC / PRODEP III, iniciámos então diligências no sentido de se reduzir o valor dos orçamentos de equipamento e de reconstrução / recuperação do edifício, isto é, reduzindo-o, tanto quanto possível, ao valor das verbas agora assegurados pelo PRODEP e pela Câmara.
Estas diligências prosseguem em colaboração com a Câmara, com o Empreiteiro ao qual a obra fora adjudicada, em concurso público, e com a Autora do projecto.
Pensa-se que por todo o primeiro semestre de 2004 poderão iniciar-se as obras e ser acabadas no 1º semestre de 2005, se tudo correr sem novos imprevistos.
Teremos então a Escola melhor que é possível, em matéria de instalações, na localização actual.
Mas o futuro da EPSE não depende só da resolução de problemas das instalações, a qual parece apesar de tudo assegurada para a fase de desenvolvimento da Escola que está em curso.
Seremos, de facto, uma Escola pronta a enfrentar o futuro, considerando tudo o mais?
Teremos, repito, como espero, instalações e equipamento funcionais; como temos já uma gestão rigorosa, e contas equilibradas, um ensino de qualidade comprovada, uma oferta diversificada de ensino e formação; temos todos os anos mais candidaturas à matrícula do que aquelas que podemos satisfazer; temos um corpo docente crescentemente estável; é elevada a empregabilidade dos nossos diplomados; procura-se reduzir sempre mais a percentagem das desistências ao longo dos cursos; e por fim, são numerosos e com resultados efectivos os protocolos celebrados com as mais diversas instituições locais, nomeadamente as que colaboram connosco em matéria de estágios profissionais e na inserção dos nossos diplomados na vida activa, bem como em iniciativas de ordem cultural e social e no apoio directamente ao ensino, como é o caso do IPG – Instituto Politécnico da Guarda e da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia.
Isto é, resumindo, consideramos a EPSE um estabelecimento solidamente enraizado, a poder encarar o futuro com serenidade e confiança.
Mas a cessação das subvenções da UE, a partir do fim de 2006, não deixa de causar-nos inquietações.
Essa perda já é, desde o início do presente ano lectivo, a situação para as EP de Lisboa e Vale do Tejo. O modelo de financiamento que aí já está a ser aplicado, com as correcções que a experiência destes casos aconselhar, será muito provavelmente o modelo a aplicar no resto do País, depois de 2006.
Não conhecemos os resultados, até agora, da experiência.
Mas o Regulamento de Bolsas de Frequência das EP, que ali está em vigor desde o início do ano lectivo, bem como a revisão curricular anunciada dos planos de estudos dos cursos de nível III das EP, deixam-nos esboçar o que será o provável quadro de financiamento e funcionamento das Escolas Profissionais de todo o país já em 2007, em termos genéricos mas fundamentais:
1º - A selecção das EP, para efeito de futuros apoios financeiros públicos, far-se-á segundo a qualidade do seu ensino;
2º - Essa selecção não será determinada pelo Estado mas pelo mercado, isto é, conforme a procura das escolas pelos candidatos à matrícula;
3º - O valor das Bolsas de Frequência, a avaliar pelos seus montantes anunciados, é sensivelmente inferior aos custos actuais do ensino, mesmo deduzidos dos apoios sociais, actualmente pagos directamente aos alunos pelas Escolas subvencionadas para o efeito e actualmente considerados custos desse ensino.
Conclusão a tirar destes três pontos
Cada Escola terá futuramente de agir e reagir no mercado em elevado grau de competição com as outras e, muito possivelmente, obrigada a fazer um grande esforço de redução de custos, sem perda de qualidade da formação. Isto é, de modo que seja o mais pequena possível a parte das propinas a pagar, evidentemente, pelas famílias, além da Bolsa de Frequência.
As decisões das administrações da Escolas, em matéria de gestão, passarão a ser tomadas muito mais autonomamente, como verdadeiras empresas, de direito privado que passam a ser.
Estará o Estado disposto a reconhecer essa autonomia de gestão?
São muitos e duros os problemas a enfrentar pelas Escolas para ultrapassar os riscos das transformações que vão acontecer em 2006/2007.
Por nós, Pro Sena e EPSE, queremos fazer até essa altura os maiores esforços de ainda melhor consolidação interna da nossa organização, no sentido da competitividade pela qualidade.
Convencidos, evidentemente, de que os nossos utentes potenciais saberão reconhecê-lo nas alturas próprias.
E confiantes, Senhora Secretária de Estado, em que o Poder aqui representado por Vª Ex.ª continuará a demonstrar como até agora a mesma firme vontade de salvar e desenvolver o muito importante e creio que insubstituível sub-sistema de ensino das EP, em que nos inserimos.
Dr. António da Cruz Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração da EPSE
UM FELIZ EXEMPLO DE "ARTE DE GOVERNAR", EM QUE TODOS NOS PODEMOS EMPENHAR.
Isso não impede que a Escola Profissional da Serra da Estrela (EPSE) tenha ainda problemas complicados a resolver. Mas o presidente do Conselho de Administração da EPSE, como exprime nas palavras proferidas na sessão de encerramento da Semana de comemoração do 10º aniversário da Escola, em Seia, está certo de que esses problemas serão resolvidos através daquele tríplice entendimento, efectivamente inter-activo. Cabe ao Governo, no exercício da sua "ARTE DE GOVERNAR", que se quer verdadeiramente fecunda e modelar, continuar a desenvolver iniciativas e criar condições para que os exemplos se multipliquem e os frutos cresçam em quantidade e qualidade. E que, quando a iniciativa partir da actividade privada — como, aliás, foi o caso da EPSE — o Governo possa e saiba acolhê-la e animar-lhe ainda os seus entusiasmos e propósitos.
Os Governos que acreditam na sociedade civil — e não a olham sistematicamente com desconfiança, como tantas vezes no passado — descobrirão rapidamente o enorme efeito multiplicador que isso terá sobre a sua própria acção governativa.
Aqui vai o discurso:
Senhora Secretária de Estado da Educação; Senhor Governador Civil do Distrito da Guarda; Senhor Presidente da Câmara Municipal de Seia; Senhor Director do Centro de Emprego e Formação Profissional de Seia; Prezados Convidados; Senhores Professores e Pessoal Técnico e Administrativo da EPSE; Senhores Encarregados de Educação; Prezados Alunos,
É com um sentimento muito profundo de regozijo que, em nome da Pro Sena, S.A. e da Escola Profissional da Serra da Estrela, agradeço a V/ participação nesta sessão comemorativa dos dez anos de existência da nossa Escola.
São todos para nós muito bem-vindos!
A Vossa Excelência, Senhora Secretária de Estado, quero muito especialmente exprimir ainda a nossa gratidão pela honra que nos dá dignando-se presidir a esta sessão.
Permita-nos que entendamos isso como um prémio para o nosso trabalho destes dez anos e como uma demonstração mais da consideração de Vª Exª e do Governo pelas Escolas Profissionais e pelo ensino que elas proporcionam ao País.
Foi em 26 de Outubro de 1993 que os Promotores da Escola Profissional da Serra da Estrela – duas empresas locais, das áreas da Construção Civil e da Exploração Florestal, e a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Dr. Simões Pereira – assinámos no Ministério da Educação, em Lisboa, com o Director do Departamento do Ensino Secundário (DES), o contrato-programa para criação da Escola.
O contrato-programa foi homologado, no dia seguinte, por Sua Excelência o Secretário de Estado da Educação da altura, Dr. Joaquim de Azevedo, e a Escola abriu poucos dias depois, em 02 de Novembro de 1993, nas instalações possíveis, cedidas pela Câmara Municipal de Seia presidida pelo Senhor Jorge Correia.
A luta por instalações melhores, que também permitissem o desenvolvimento mais acelerado da Escola, começou desde logo. Até que em 1997 foi celebrado com a Câmara Municipal de Seia da presidência do Senhor Eduardo Mendes de Brito o protocolo de cedência das actuais instalações, simultaneamente com a celebração do protocolo financeiro de financiamento pela Câmara dos encargos de recuperação e equipamento do edifício então degradado, na parte não coberta pelo PRODEP II.
Assim, em Setembro de 1998, já pudemos vir ocupar as novas instalações.
E, no entanto, como as coisas correram ainda mais depressa!
Das duas turmas de cursos de nível III com que começámos em 1993, com 40 formandos ao todo, chegámos dez anos depois a 13 turmas e cerca de 240 formandos, sendo 8 turmas dos cursos de nível III e 5 turmas na área da formação contínua, sejam de cursos de educação e formação de adultos (EFA), sejam de cursos para a formação e aperfeiçoamento de quadros intermédios para a Construção Civil (Nível IV), sejam de cursos de actualização e aperfeiçoamento de licenciados e bacharéis desempregados (GESTIC), com vista à sua melhor inserção no mercado de trabalho.
Esta área da formação contínua é o grande salto em frente da nossa Escola, nos últimos três anos, só possível com a acreditação da Pro Sena como entidade formadora, através do INOFOR – Instituto para a Inovação na Formação.
As instalações que pareciam bastantes para os cursos que o Ministério da Educação nos vai autorizando anualmente a criar, não só já o não são, como se mostram também insuficientes para novos projectos na área da formação contínua, tão importante para a actualização de competências profissionais e escolares exigidas pelo mercado de trabalho.
Já o prevíamos há quase três anos, pelo que se iniciaram diligências junto da Câmara Municipal de Seia – previamente conhecida a sua disponibilidade para o efeito – no sentido de nos vir a ceder também a utilização do edifício mais antigo do ex-Colégio.
Para a sua recuperação e reequipamento, celebrou-se em 16 de Novembro de 2001, com a Câmara Municipal presidida pelo Senhor Eduardo Mendes de Brito, novo protocolo para cedência desta velha e degradada instalação.
E – já aprovada pela DREC / PRODEP III, em Maio de 2003, a nossa candidatura aos fundos públicos de apoio à reconstrução e reequipamento deste 2º edifício – preparámo-nos para finalmente celebrar o protocolo de financiamento pela Câmara de parte substancial dos encargos previstos.
Entretanto, porém, as restrições financeiras impostas às Câmaras Municipais obrigaram a Câmara de Seia a reduzir o volume da ajuda que dela esperávamos.
Com o acordo tácito da DREC / PRODEP III, iniciámos então diligências no sentido de se reduzir o valor dos orçamentos de equipamento e de reconstrução / recuperação do edifício, isto é, reduzindo-o, tanto quanto possível, ao valor das verbas agora assegurados pelo PRODEP e pela Câmara.
Estas diligências prosseguem em colaboração com a Câmara, com o Empreiteiro ao qual a obra fora adjudicada, em concurso público, e com a Autora do projecto.
Pensa-se que por todo o primeiro semestre de 2004 poderão iniciar-se as obras e ser acabadas no 1º semestre de 2005, se tudo correr sem novos imprevistos.
Teremos então a Escola melhor que é possível, em matéria de instalações, na localização actual.
Mas o futuro da EPSE não depende só da resolução de problemas das instalações, a qual parece apesar de tudo assegurada para a fase de desenvolvimento da Escola que está em curso.
Seremos, de facto, uma Escola pronta a enfrentar o futuro, considerando tudo o mais?
Teremos, repito, como espero, instalações e equipamento funcionais; como temos já uma gestão rigorosa, e contas equilibradas, um ensino de qualidade comprovada, uma oferta diversificada de ensino e formação; temos todos os anos mais candidaturas à matrícula do que aquelas que podemos satisfazer; temos um corpo docente crescentemente estável; é elevada a empregabilidade dos nossos diplomados; procura-se reduzir sempre mais a percentagem das desistências ao longo dos cursos; e por fim, são numerosos e com resultados efectivos os protocolos celebrados com as mais diversas instituições locais, nomeadamente as que colaboram connosco em matéria de estágios profissionais e na inserção dos nossos diplomados na vida activa, bem como em iniciativas de ordem cultural e social e no apoio directamente ao ensino, como é o caso do IPG – Instituto Politécnico da Guarda e da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia.
Isto é, resumindo, consideramos a EPSE um estabelecimento solidamente enraizado, a poder encarar o futuro com serenidade e confiança.
Mas a cessação das subvenções da UE, a partir do fim de 2006, não deixa de causar-nos inquietações.
Essa perda já é, desde o início do presente ano lectivo, a situação para as EP de Lisboa e Vale do Tejo. O modelo de financiamento que aí já está a ser aplicado, com as correcções que a experiência destes casos aconselhar, será muito provavelmente o modelo a aplicar no resto do País, depois de 2006.
Não conhecemos os resultados, até agora, da experiência.
Mas o Regulamento de Bolsas de Frequência das EP, que ali está em vigor desde o início do ano lectivo, bem como a revisão curricular anunciada dos planos de estudos dos cursos de nível III das EP, deixam-nos esboçar o que será o provável quadro de financiamento e funcionamento das Escolas Profissionais de todo o país já em 2007, em termos genéricos mas fundamentais:
1º - A selecção das EP, para efeito de futuros apoios financeiros públicos, far-se-á segundo a qualidade do seu ensino;
2º - Essa selecção não será determinada pelo Estado mas pelo mercado, isto é, conforme a procura das escolas pelos candidatos à matrícula;
3º - O valor das Bolsas de Frequência, a avaliar pelos seus montantes anunciados, é sensivelmente inferior aos custos actuais do ensino, mesmo deduzidos dos apoios sociais, actualmente pagos directamente aos alunos pelas Escolas subvencionadas para o efeito e actualmente considerados custos desse ensino.
Conclusão a tirar destes três pontos
Cada Escola terá futuramente de agir e reagir no mercado em elevado grau de competição com as outras e, muito possivelmente, obrigada a fazer um grande esforço de redução de custos, sem perda de qualidade da formação. Isto é, de modo que seja o mais pequena possível a parte das propinas a pagar, evidentemente, pelas famílias, além da Bolsa de Frequência.
As decisões das administrações da Escolas, em matéria de gestão, passarão a ser tomadas muito mais autonomamente, como verdadeiras empresas, de direito privado que passam a ser.
Estará o Estado disposto a reconhecer essa autonomia de gestão?
São muitos e duros os problemas a enfrentar pelas Escolas para ultrapassar os riscos das transformações que vão acontecer em 2006/2007.
Por nós, Pro Sena e EPSE, queremos fazer até essa altura os maiores esforços de ainda melhor consolidação interna da nossa organização, no sentido da competitividade pela qualidade.
Convencidos, evidentemente, de que os nossos utentes potenciais saberão reconhecê-lo nas alturas próprias.
E confiantes, Senhora Secretária de Estado, em que o Poder aqui representado por Vª Ex.ª continuará a demonstrar como até agora a mesma firme vontade de salvar e desenvolver o muito importante e creio que insubstituível sub-sistema de ensino das EP, em que nos inserimos.
Dr. António da Cruz Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração da EPSE
Etiquetas: Beira Interior, Ensino, Escola Profissional da Serra da Estrela
2003/11/05
A Pluralidade nos movimentos nacionalistas na Europa - 1ª Parte
Dr. Miguel Angelo Jardim
Contrariamente ao que é difundido nos meios do “politicamente correcto” e nos sectores do “anti-fascismo” primário, o movimento nacionalista europeu é caracterizado pela pluralidade ideológica e por uma praxis que se orienta pelo eleitoralismo, respeitador das regras demo-liberais e pela contestação do sistema vigente.
Por comodidade metodológica procuremos apresentar as diferentes famílias e tendências duma forma sistemática e sucinta, considerando que as mesmas se entrecruzam no tempo e no espaço ideológico em que actuam, pois não existem domínios enclausurados onde os partidos ou movimentos exercem as suas actividades.
Por outro lado, ocorre verificarmos que no mesmo partido ou organização coexistem sensibilidades e tendências contraditórias entre si, porventura sem nunca atingirem o antagonismo. É sabido, por exemplo, que na Frente Nacional Francesa ou no Vlaams Block confluem soberanistas (maioritários), europeístas, nacionais populistas, católicos tradicionalistas etc. O mesmo acontece com o Vlaams Block, movimento etno-identitário Flamengo.
Sumariamente podemos enunciar as grandes famílias do que impropriamente se convencionou designar como “extrema-direita”: monárquicos conservadores e católicos integristas, etno-diferencialistas e etno-regionalistas, nacionais revolucionários e neo-fascistas, nacionais-liberais e nacionais populistas; no que respeita à Europa as posturas vão desde o soberanismo a todo o custo até a posições claramente Europeístas apologistas do Federalismo.
Historicamente o catolicismo sempre integrou as forças nacionais e partidos nacionalistas. A herança de Maurras persiste não só em França, como noutros países Europeus. O corporativismo católico teorizado por La Tour du Pin, Le Play e pelos Papas Leão XIII e Pio XII continua sendo um dos fundamentos teóricos de muitos movimentos nacionalistas. Na Frente Nacional Francesa, no Vlaams Block, na Alleanza Nazionale, nas Falanges Espanholas a contribuição católica constitui-se como um dos esteios ideológicos. No campo editorial e associativo Europeu é importante salientar o jornal “Présent” herdeiro do pensamento católico tradicionalista de Jean Madiran e Jean Fabrégues. Em Itália, a Associação Lepanto é a porta-voz dos defensores duma Europa cristã, católica contra a Maçonaria, o Islamismo e o Marxismo. Em França, a revista “La Reconquête” de Bernard Anthony, membro da Frente Nacional, congrega os activistas católicos mais intransigentes.
O catolicismo espanhol de índole mais conservadora e tradicionalista reúne-se em torno de alguns sectores Falangistas, particularmente aqueles que se reclamam do “neofranquismo”. A organização e revista “Fuerza Nueva” de Blas Piñar, são os expoentes máximos do pensamento católico Espanhol de direita.
Nas gerações mais novas, salienta-se o movimento Italiano da “Forza Nuova” de Roberto Fiore. Vindo dos sectores mais radicais, ligados à “Terza Posizione”, Fiore organizou um movimento extremamente dinâmico e interveniente, apesar do pequeno número de militantes e membros do partido.
Com excepção dos países nórdicos, na sua maioria protestantes Luteranos, e da Grécia ortodoxa, a corrente católica está representada na Áustria, no Partido da Liberdade de Haider, no Vlaams Block, na DVU Alemã (Deutschland Volks Union) – União do Povo Alemão, no Partido Republicano Alemão (RPD).
Finalmente, em Portugal, o catolicismo foi elemento fundador do nacionalismo Português, independentemente da ideia que possamos ter deste. Desde o “Integralismo Lusitano” e António Sardinha, ao Estado Novo, através do corporativismo de associação, diferente do homónimo fascista, passando mais recentemente pelo Círculo de Estudos Sociais Vector e revista “Resistência”, ambos dirigidos pelo Dr. António da Cruz Rodrigues, o catolicismo desempenhou um papel aglutinador dos nacionalistas Portugueses.
A ideia contra revolucionária de Joseph de Maistre, Bonnard e mais tarde de Charles Maurras, revelou-se essencial no pensamento do Prof. António de Oliveira Salazar e na estrutura constitutiva do estado Novo. Segundo este, Portugal identifica-se com a igreja Católica, na medida em que foi esta um dos elementos estruturantes e modelares da nacionalidade Portuguesa.
Na segunda parte abordaremos as ideias e movimentos que se reclamam do etno-diferencialismo e etno-regionalismo e que, acabaram em última instância, por identificar-se com o que vulgarmente se designa como nacionais-identitários.
(continua num próximo post)
Contrariamente ao que é difundido nos meios do “politicamente correcto” e nos sectores do “anti-fascismo” primário, o movimento nacionalista europeu é caracterizado pela pluralidade ideológica e por uma praxis que se orienta pelo eleitoralismo, respeitador das regras demo-liberais e pela contestação do sistema vigente.
Por comodidade metodológica procuremos apresentar as diferentes famílias e tendências duma forma sistemática e sucinta, considerando que as mesmas se entrecruzam no tempo e no espaço ideológico em que actuam, pois não existem domínios enclausurados onde os partidos ou movimentos exercem as suas actividades.
Por outro lado, ocorre verificarmos que no mesmo partido ou organização coexistem sensibilidades e tendências contraditórias entre si, porventura sem nunca atingirem o antagonismo. É sabido, por exemplo, que na Frente Nacional Francesa ou no Vlaams Block confluem soberanistas (maioritários), europeístas, nacionais populistas, católicos tradicionalistas etc. O mesmo acontece com o Vlaams Block, movimento etno-identitário Flamengo.
Sumariamente podemos enunciar as grandes famílias do que impropriamente se convencionou designar como “extrema-direita”: monárquicos conservadores e católicos integristas, etno-diferencialistas e etno-regionalistas, nacionais revolucionários e neo-fascistas, nacionais-liberais e nacionais populistas; no que respeita à Europa as posturas vão desde o soberanismo a todo o custo até a posições claramente Europeístas apologistas do Federalismo.
Historicamente o catolicismo sempre integrou as forças nacionais e partidos nacionalistas. A herança de Maurras persiste não só em França, como noutros países Europeus. O corporativismo católico teorizado por La Tour du Pin, Le Play e pelos Papas Leão XIII e Pio XII continua sendo um dos fundamentos teóricos de muitos movimentos nacionalistas. Na Frente Nacional Francesa, no Vlaams Block, na Alleanza Nazionale, nas Falanges Espanholas a contribuição católica constitui-se como um dos esteios ideológicos. No campo editorial e associativo Europeu é importante salientar o jornal “Présent” herdeiro do pensamento católico tradicionalista de Jean Madiran e Jean Fabrégues. Em Itália, a Associação Lepanto é a porta-voz dos defensores duma Europa cristã, católica contra a Maçonaria, o Islamismo e o Marxismo. Em França, a revista “La Reconquête” de Bernard Anthony, membro da Frente Nacional, congrega os activistas católicos mais intransigentes.
O catolicismo espanhol de índole mais conservadora e tradicionalista reúne-se em torno de alguns sectores Falangistas, particularmente aqueles que se reclamam do “neofranquismo”. A organização e revista “Fuerza Nueva” de Blas Piñar, são os expoentes máximos do pensamento católico Espanhol de direita.
Nas gerações mais novas, salienta-se o movimento Italiano da “Forza Nuova” de Roberto Fiore. Vindo dos sectores mais radicais, ligados à “Terza Posizione”, Fiore organizou um movimento extremamente dinâmico e interveniente, apesar do pequeno número de militantes e membros do partido.
Com excepção dos países nórdicos, na sua maioria protestantes Luteranos, e da Grécia ortodoxa, a corrente católica está representada na Áustria, no Partido da Liberdade de Haider, no Vlaams Block, na DVU Alemã (Deutschland Volks Union) – União do Povo Alemão, no Partido Republicano Alemão (RPD).
Finalmente, em Portugal, o catolicismo foi elemento fundador do nacionalismo Português, independentemente da ideia que possamos ter deste. Desde o “Integralismo Lusitano” e António Sardinha, ao Estado Novo, através do corporativismo de associação, diferente do homónimo fascista, passando mais recentemente pelo Círculo de Estudos Sociais Vector e revista “Resistência”, ambos dirigidos pelo Dr. António da Cruz Rodrigues, o catolicismo desempenhou um papel aglutinador dos nacionalistas Portugueses.
A ideia contra revolucionária de Joseph de Maistre, Bonnard e mais tarde de Charles Maurras, revelou-se essencial no pensamento do Prof. António de Oliveira Salazar e na estrutura constitutiva do estado Novo. Segundo este, Portugal identifica-se com a igreja Católica, na medida em que foi esta um dos elementos estruturantes e modelares da nacionalidade Portuguesa.
Na segunda parte abordaremos as ideias e movimentos que se reclamam do etno-diferencialismo e etno-regionalismo e que, acabaram em última instância, por identificar-se com o que vulgarmente se designa como nacionais-identitários.
(continua num próximo post)
2003/11/04
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (II).
(continuação do post de 2003/10/29)
Falou-se há dias aqui dum almoço em que duzentos beirões festejávamos, no mês passado, os 25 anos da posse do Sacerdote homenageado, como pároco de Santiago, uma pequena paróquia do concelho de Seia.
Enquanto o almoço começava e não começava e o serviço ia e vinha, não pude deixar de pensar nessa grande geração de sacerdotes católicos fortes, tenazes e em geral cultos, a que o Padre Rogério Miranda pertenceu e que aguentaram a Igreja na gigantesca procela dos tempos do Concílio Vaticano II e, poucos anos depois, em Portugal, nos tempos dos sismos do 25 de Abril e do abandono do Ultramar.
Com o Papa João XXIII (1959-1962), sucessor de Pio XII, a Igreja apostou na “renovação” e na “adaptação” ao mundo moderno, dizia-se. O famoso “aggiornamento”.
Pio XII tivera um pontificado longo, de 1939 a 1959, o mais longo do Séc. XX, depois do pontificado de João Paulo II, “felizmente reinante”.
Eleito nas vésperas de eclodir a Guerra Mundial (1939-45), guiada por ele a grande nau da Igreja atravessou incólume e cheia de prestígio, reverenciada pela maioria dos vencedores, todos os acontecimentos da longa e mais mortífera das guerras que arrastou com ela as maiores e mais vertiginosas transformações geo-estratégicas de sempre.
A Europa, apertada entre os grandes vencedores, a URSS e os EUA, perdeu por completo o estatuto político-militar e económico de que gozava até 1939.
Se na Europa algum poder conservava então, ainda, vestígios da influência europeia de antes da Guerra, no Mundo, esse poder era o Vaticano.
Todas as potências europeias iam recuando pelo Mundo fora (com excepção de Portugal) mas a Igreja, apesar das descolonizações dos outros, não só mantinha, em geral, as suas posições de potência espiritual e humanitária, como continuou até a alargá-las, sobretudo em África — nos territórios abandonados pelos antigos colonizadores — e nas Américas.
Acrescentemos a isto o papel desempenhado pela Igreja de Pio XII na contenção política da vaza marxista, empurrada do Kremlin, para toda a Europa, papel já referido neste blog e desenvolvido, sobretudo, na França, Alemanha, França e Bélgica, através dos partidos democratas-cristãos de inspiração vaticana. Teremos compreendido assim como a Igreja se havia tornado um alvo a abater pela Internacional comunista soprada da URSS.
Na verdade, a Igreja de Pio XII era, com a sua influência apenas espiritual e as suas organizações humanitárias e de ensino e com a sua rede tentacular de agentes operacionais no Mundo inteiro, um obstáculo colossal que o marxismo tinha de enfrentar decisivamente para o vencer e esmagar.
Não se apresentava fácil a tarefa, que parecia gigantesca e impossível.
Mas o marxismo tentou, explorando todas as oportunidades que angariou ou lhe foram oferecidas e servindo-se, com inteligência diabólica, da ingenuidade, estupidez ou má fé e ambiçõesinhas dos chamados inocentes úteis, sobretudo.
Dos chamados católicos progressistas, principalmente.
Não foi, claro, o marxismo que fabricou os “progressistas” e talvez, até, possa assegurar-se que, na maioria dos casos, estes não foram agentes conscientes, remunerados ou não, do comunismo soviético.
Mas o Concílio Vaticano II forneceu-lhes uma formidável ocasião de servirem - consciente ou inconscientemente, por idealismo, até, ou não, mas sempre objectivamente — os desígnios mundiais do domínio da URSS.
Como se tornaram tantos católicos aliados objectivos do comunismo soviético?
ACR
(continua num próximo post)
Falou-se há dias aqui dum almoço em que duzentos beirões festejávamos, no mês passado, os 25 anos da posse do Sacerdote homenageado, como pároco de Santiago, uma pequena paróquia do concelho de Seia.
Enquanto o almoço começava e não começava e o serviço ia e vinha, não pude deixar de pensar nessa grande geração de sacerdotes católicos fortes, tenazes e em geral cultos, a que o Padre Rogério Miranda pertenceu e que aguentaram a Igreja na gigantesca procela dos tempos do Concílio Vaticano II e, poucos anos depois, em Portugal, nos tempos dos sismos do 25 de Abril e do abandono do Ultramar.
Com o Papa João XXIII (1959-1962), sucessor de Pio XII, a Igreja apostou na “renovação” e na “adaptação” ao mundo moderno, dizia-se. O famoso “aggiornamento”.
Pio XII tivera um pontificado longo, de 1939 a 1959, o mais longo do Séc. XX, depois do pontificado de João Paulo II, “felizmente reinante”.
Eleito nas vésperas de eclodir a Guerra Mundial (1939-45), guiada por ele a grande nau da Igreja atravessou incólume e cheia de prestígio, reverenciada pela maioria dos vencedores, todos os acontecimentos da longa e mais mortífera das guerras que arrastou com ela as maiores e mais vertiginosas transformações geo-estratégicas de sempre.
A Europa, apertada entre os grandes vencedores, a URSS e os EUA, perdeu por completo o estatuto político-militar e económico de que gozava até 1939.
Se na Europa algum poder conservava então, ainda, vestígios da influência europeia de antes da Guerra, no Mundo, esse poder era o Vaticano.
Todas as potências europeias iam recuando pelo Mundo fora (com excepção de Portugal) mas a Igreja, apesar das descolonizações dos outros, não só mantinha, em geral, as suas posições de potência espiritual e humanitária, como continuou até a alargá-las, sobretudo em África — nos territórios abandonados pelos antigos colonizadores — e nas Américas.
Acrescentemos a isto o papel desempenhado pela Igreja de Pio XII na contenção política da vaza marxista, empurrada do Kremlin, para toda a Europa, papel já referido neste blog e desenvolvido, sobretudo, na França, Alemanha, França e Bélgica, através dos partidos democratas-cristãos de inspiração vaticana. Teremos compreendido assim como a Igreja se havia tornado um alvo a abater pela Internacional comunista soprada da URSS.
Na verdade, a Igreja de Pio XII era, com a sua influência apenas espiritual e as suas organizações humanitárias e de ensino e com a sua rede tentacular de agentes operacionais no Mundo inteiro, um obstáculo colossal que o marxismo tinha de enfrentar decisivamente para o vencer e esmagar.
Não se apresentava fácil a tarefa, que parecia gigantesca e impossível.
Mas o marxismo tentou, explorando todas as oportunidades que angariou ou lhe foram oferecidas e servindo-se, com inteligência diabólica, da ingenuidade, estupidez ou má fé e ambiçõesinhas dos chamados inocentes úteis, sobretudo.
Dos chamados católicos progressistas, principalmente.
Não foi, claro, o marxismo que fabricou os “progressistas” e talvez, até, possa assegurar-se que, na maioria dos casos, estes não foram agentes conscientes, remunerados ou não, do comunismo soviético.
Mas o Concílio Vaticano II forneceu-lhes uma formidável ocasião de servirem - consciente ou inconscientemente, por idealismo, até, ou não, mas sempre objectivamente — os desígnios mundiais do domínio da URSS.
Como se tornaram tantos católicos aliados objectivos do comunismo soviético?
ACR
(continua num próximo post)
Etiquetas: Beira Interior, Conta-me como foi..., Ensino, João Paulo II, Memórias das minhas Aldeias
2003/11/03
Correcção do desmentido da "notícia" do "Público"
Cometeu-se o lapso no desmentido da notícia do “Público”, de 27 de Outubro passado, de dar como data da minha saída dos corpos sociais do PNR Janeiro de 2001. De facto, não se trata de Janeiro de 2001, mas de Janeiro de 2002. Penso que o lapso em nada prejudica o desmentido da notícia, mas, em qualquer caso, aqui fica a rectificação.
António da Cruz Rodrigues
António da Cruz Rodrigues