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2003/11/05

A Pluralidade nos movimentos nacionalistas na Europa - 1ª Parte 

Dr. Miguel Angelo Jardim


Contrariamente ao que é difundido nos meios do “politicamente correcto” e nos sectores do “anti-fascismo” primário, o movimento nacionalista europeu é caracterizado pela pluralidade ideológica e por uma praxis que se orienta pelo eleitoralismo, respeitador das regras demo-liberais e pela contestação do sistema vigente.

Por comodidade metodológica procuremos apresentar as diferentes famílias e tendências duma forma sistemática e sucinta, considerando que as mesmas se entrecruzam no tempo e no espaço ideológico em que actuam, pois não existem domínios enclausurados onde os partidos ou movimentos exercem as suas actividades.

Por outro lado, ocorre verificarmos que no mesmo partido ou organização coexistem sensibilidades e tendências contraditórias entre si, porventura sem nunca atingirem o antagonismo. É sabido, por exemplo, que na Frente Nacional Francesa ou no Vlaams Block confluem soberanistas (maioritários), europeístas, nacionais populistas, católicos tradicionalistas etc. O mesmo acontece com o Vlaams Block, movimento etno-identitário Flamengo.

Sumariamente podemos enunciar as grandes famílias do que impropriamente se convencionou designar como “extrema-direita”: monárquicos conservadores e católicos integristas, etno-diferencialistas e etno-regionalistas, nacionais revolucionários e neo-fascistas, nacionais-liberais e nacionais populistas; no que respeita à Europa as posturas vão desde o soberanismo a todo o custo até a posições claramente Europeístas apologistas do Federalismo.

Historicamente o catolicismo sempre integrou as forças nacionais e partidos nacionalistas. A herança de Maurras persiste não só em França, como noutros países Europeus. O corporativismo católico teorizado por La Tour du Pin, Le Play e pelos Papas Leão XIII e Pio XII continua sendo um dos fundamentos teóricos de muitos movimentos nacionalistas. Na Frente Nacional Francesa, no Vlaams Block, na Alleanza Nazionale, nas Falanges Espanholas a contribuição católica constitui-se como um dos esteios ideológicos. No campo editorial e associativo Europeu é importante salientar o jornal “Présent” herdeiro do pensamento católico tradicionalista de Jean Madiran e Jean Fabrégues. Em Itália, a Associação Lepanto é a porta-voz dos defensores duma Europa cristã, católica contra a Maçonaria, o Islamismo e o Marxismo. Em França, a revista “La Reconquête” de Bernard Anthony, membro da Frente Nacional, congrega os activistas católicos mais intransigentes.

O catolicismo espanhol de índole mais conservadora e tradicionalista reúne-se em torno de alguns sectores Falangistas, particularmente aqueles que se reclamam do “neofranquismo”. A organização e revista “Fuerza Nueva” de Blas Piñar, são os expoentes máximos do pensamento católico Espanhol de direita.

Nas gerações mais novas, salienta-se o movimento Italiano da “Forza Nuova” de Roberto Fiore. Vindo dos sectores mais radicais, ligados à “Terza Posizione”, Fiore organizou um movimento extremamente dinâmico e interveniente, apesar do pequeno número de militantes e membros do partido.

Com excepção dos países nórdicos, na sua maioria protestantes Luteranos, e da Grécia ortodoxa, a corrente católica está representada na Áustria, no Partido da Liberdade de Haider, no Vlaams Block, na DVU Alemã (Deutschland Volks Union) – União do Povo Alemão, no Partido Republicano Alemão (RPD).

Finalmente, em Portugal, o catolicismo foi elemento fundador do nacionalismo Português, independentemente da ideia que possamos ter deste. Desde o “Integralismo Lusitano” e António Sardinha, ao Estado Novo, através do corporativismo de associação, diferente do homónimo fascista, passando mais recentemente pelo Círculo de Estudos Sociais Vector e revista “Resistência”, ambos dirigidos pelo Dr. António da Cruz Rodrigues, o catolicismo desempenhou um papel aglutinador dos nacionalistas Portugueses.

A ideia contra revolucionária de Joseph de Maistre, Bonnard e mais tarde de Charles Maurras, revelou-se essencial no pensamento do Prof. António de Oliveira Salazar e na estrutura constitutiva do estado Novo. Segundo este, Portugal identifica-se com a igreja Católica, na medida em que foi esta um dos elementos estruturantes e modelares da nacionalidade Portuguesa.

Na segunda parte abordaremos as ideias e movimentos que se reclamam do etno-diferencialismo e etno-regionalismo e que, acabaram em última instância, por identificar-se com o que vulgarmente se designa como nacionais-identitários.

(continua num próximo post)

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