2003/11/18
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (VII)
(continuação do post de 2003/11/14)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II
A reacção anti-progressista dos leigos católicos da Europa e Américas, especialmente, foi muito vigorosa na defesa das interpretações dos textos conciliares que o clero e leigos progressistas se afincavam em deturpar, sempre em sentidos profundamente divergentes da Tradição.
A partir, pelo menos, de 1965 multiplicaram-se pelos dois Continentes as revistas periódicas, promovidas sobretudo por leigos, que tiveram em geral significativos sucessos, e chegavam a toda a parte, incluindo o clero mais próximo da ortodoxia. Pode dizer-se que por trás dessas revistas estavam quase sempre pequenos grupos de leigos muito dedicados e muito activos que produziam textos originais ou traduziam artigos e noticiário das revistas estrangeiras mais conhecidas, nos meios da resistência mundial à subversão anti-conciliar e anti-católica.
Essas revistas chegaram a constituir uma importante rede de circulação da informação religiosa e de alerta aos leigos contra as estratégicas, tácticas, movimentações e personalidades da rede progressista mundial, em geral muito bem servida de meios.
Foi frequentemente uma luta de pigmeus contra gigantes bem instalados e bem providos, servidos até pelos meios e organizações da própria Igreja que esses gigantes, ou tornados gigantes, tinham assaltado e sabido controlar em seu proveito. Exemplos disso são os organismos da Acção Católica cujas cúpulas foram muitas vezes subvertidas, a ponto de, desde então, a Hierarquia se ter visto obrigada a reformas profundas desses organismos ou a pô-los em “banho maria”, na expectativa duma auto-regeneração que nem sempre aconteceu, acabando alguns por ser deixados cair e fenecer.
A imprensa escrita não foi, porém, o único dos meios usados pelos fiéis cristãos para resistirem à vaga anti-conciliar, deturpadora da obra do Concílio. Os grupos de leigos que, tanto quanto sei, se movimentavam e lançavam iniciativas exclusivamente à custa própria e de oferendas de outros leigos como eles, rapidamente tomaram conhecimento de novos métodos de acção. Em particular as redes de pequenas células de meia dúzia de fiéis que, postas a funcionar e espalhadas por uma cidade, por uma região e às vezes até por um país todo, e estabelecendo ligações entre si, rapidamente trocavam informações, conhecimentos, alertas, compromissos, ordens de trabalho e de estudo.
Sim, estudo. Porque a primeira obrigação de cada célula era o aprofundamento pelos seus membros dos temas de ordem cívica, sobretudo, mas religiosa também, que melhor servissem à sua formação para uma acção mais pronta, esclarecida, eficaz e diversificada.
Foi esta, também — células e revista —, a primeira manifestação organizada, em Portugal, do grande movimento de resistência dos leigos católicos à subversão da Igreja, movimento que se vinha estendendo a muitos Países do Mundo ocidental, até atingir o seu apogeu já depois do meio da década de setenta.
A.C.R.
(continua num próximo post)
A mobilização dos leigos pós-Concílio Vaticano II
A reacção anti-progressista dos leigos católicos da Europa e Américas, especialmente, foi muito vigorosa na defesa das interpretações dos textos conciliares que o clero e leigos progressistas se afincavam em deturpar, sempre em sentidos profundamente divergentes da Tradição.
A partir, pelo menos, de 1965 multiplicaram-se pelos dois Continentes as revistas periódicas, promovidas sobretudo por leigos, que tiveram em geral significativos sucessos, e chegavam a toda a parte, incluindo o clero mais próximo da ortodoxia. Pode dizer-se que por trás dessas revistas estavam quase sempre pequenos grupos de leigos muito dedicados e muito activos que produziam textos originais ou traduziam artigos e noticiário das revistas estrangeiras mais conhecidas, nos meios da resistência mundial à subversão anti-conciliar e anti-católica.
Essas revistas chegaram a constituir uma importante rede de circulação da informação religiosa e de alerta aos leigos contra as estratégicas, tácticas, movimentações e personalidades da rede progressista mundial, em geral muito bem servida de meios.
Foi frequentemente uma luta de pigmeus contra gigantes bem instalados e bem providos, servidos até pelos meios e organizações da própria Igreja que esses gigantes, ou tornados gigantes, tinham assaltado e sabido controlar em seu proveito. Exemplos disso são os organismos da Acção Católica cujas cúpulas foram muitas vezes subvertidas, a ponto de, desde então, a Hierarquia se ter visto obrigada a reformas profundas desses organismos ou a pô-los em “banho maria”, na expectativa duma auto-regeneração que nem sempre aconteceu, acabando alguns por ser deixados cair e fenecer.
A imprensa escrita não foi, porém, o único dos meios usados pelos fiéis cristãos para resistirem à vaga anti-conciliar, deturpadora da obra do Concílio. Os grupos de leigos que, tanto quanto sei, se movimentavam e lançavam iniciativas exclusivamente à custa própria e de oferendas de outros leigos como eles, rapidamente tomaram conhecimento de novos métodos de acção. Em particular as redes de pequenas células de meia dúzia de fiéis que, postas a funcionar e espalhadas por uma cidade, por uma região e às vezes até por um país todo, e estabelecendo ligações entre si, rapidamente trocavam informações, conhecimentos, alertas, compromissos, ordens de trabalho e de estudo.
Sim, estudo. Porque a primeira obrigação de cada célula era o aprofundamento pelos seus membros dos temas de ordem cívica, sobretudo, mas religiosa também, que melhor servissem à sua formação para uma acção mais pronta, esclarecida, eficaz e diversificada.
A mobilização e despertar dos leigos, acomodados e por vezes amodorrados, era a grande finalidade do método das células, objecto principal do ensinamento dos grupos franceses apoiados pelo Office de Jean Ousset, sediado em Paris, na Rue des Renaudes, o qual veio em 1968 fazer uma série de conferências, em Lisboa, que profundamente interessaram muitos leigos, logo mobilizados para a acção cívica, cultural e religiosa.
As primeiras exteriorizações dessa nova capacidade e vontade de agir, em Portugal, traduziram-se na criação de algumas células em Lisboa, no Porto e em Coimbra, entre as quais o principal elemento de ligação e identificação foi desde logo a revista “Resistência”, que a primeira célula, de Lisboa, lançou, creio que em Julho de 1968, contando com o precioso acompanhamento do Pe. Joaquim Guerra S.J., chegado pouco antes da China e de Macau.
As primeiras exteriorizações dessa nova capacidade e vontade de agir, em Portugal, traduziram-se na criação de algumas células em Lisboa, no Porto e em Coimbra, entre as quais o principal elemento de ligação e identificação foi desde logo a revista “Resistência”, que a primeira célula, de Lisboa, lançou, creio que em Julho de 1968, contando com o precioso acompanhamento do Pe. Joaquim Guerra S.J., chegado pouco antes da China e de Macau.
Foi esta, também — células e revista —, a primeira manifestação organizada, em Portugal, do grande movimento de resistência dos leigos católicos à subversão da Igreja, movimento que se vinha estendendo a muitos Países do Mundo ocidental, até atingir o seu apogeu já depois do meio da década de setenta.
A.C.R.
(continua num próximo post)