2003/11/21
Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? Contributos duma grande geração de sacerdotes (IX)
(continuação do post de 2003/11/19)
O trabalho dos leigos católicos portugueses ligados à "Resistência", à rede de células de estudo e acção, à divulgação doutrinal através de sessões públicas de conferências e debates e ao trabalho do VECTOR, tudo o que sumariamente descrevi nalguns postes anteriores desta série, não foi senão a réplica do que se fez noutros Países da Europa. Insisto: terá sido algo importante no meio português o seu trabalho mas, embora muito empenhado da parte de todos, em geral esse trabalho não foi original. Podemos porém dizer que no conjunto, esse trabalho foi bastante criativo na medida em que recriou e adoptou às nossas condições o modelo francês importado.
E aqui regressa-se ao título primeiro desta série e àquilo que o justifica: a importância fundamental que teve o apoio e o exemplo do clero neste combate pela preservação do essencial do Concílio Vaticano II.
Creio muito convictamente que o Séc. XX terá em grande parte sido uma era de ouro do clero português, pela obra de reconstrução do ambiente cristão do País que conduziu e por tantos valores individuais que produziu ou revelou.
Não se pode passar em claro, evidentemente, aquilo que muitos chamam, depreciativamente e acusadoramente, a aliança entre o Estado e a Igreja.
Esquecem que os católicos e a Igreja portuguesa tinham vivido, com altos e baixos, é certo, mais de cem anos de perseguições, ostracismo ou laicismo vesgo, sem falar particularmente da expropriação de bens seus.
O 25 de Abril teve o bom senso de evitar o regresso a esse clima de hostilidade à Igreja anterior a 1926. Mas isso não foi, implicitamente, senão mais uma das várias homenagens discretas prestadas pela Revolução à obra do Estado Novo.
Aliás, há-de um dia fazer-se a relação dessas homenagens discretas e, além de algumas surpresas, ver-se-à que não foram tão poucas como isso.
Seja como for, ninguém terá de admirar-se de que, chegados os católicos ao Poder em 1926-28, eles tivessem, até por imperativos de Justiça, normalmente reconhecido, passado a conviver com a Igreja, com toda a naturalidade, num clima de amizade recíproca, unidos na tarefa de restituir a paz à Nação e juntarem esforços para, ombro com ombro, sanearem o clima social e conjugarem esforços no seu desenvolvimento material, cultural, moral e espiritual.
Foi assim, com toda a simplicidade e naturalidade, que se criaram condições para uma obra em extensão e profundidade que tem sido naturalmente muito discutida e muito diversamente apreciada mas negada só por relativamente poucos.
O papel do clero na criação deste ambiente só pode ser apreciado devidamente, creio, sem ofensa para ninguém, por quem viveu esse longo período de estabilidade, apesar de todas as guerras, a Guerra Civil de Espanha (1936-39), a Guerra Mundial (1939-45) e a Guerra do Ultramar (1961-74).
O papel da Igreja nesta estabilidade e unidade nacional, em particular do seu clero, foi fundamental e ao afirmá-lo cremos estar a contribuir também para um grande acto de justiça que um dia há-de fazer-se, com carácter nacional.
A.C.R.
(continua num próximo post)
O trabalho dos leigos católicos portugueses ligados à "Resistência", à rede de células de estudo e acção, à divulgação doutrinal através de sessões públicas de conferências e debates e ao trabalho do VECTOR, tudo o que sumariamente descrevi nalguns postes anteriores desta série, não foi senão a réplica do que se fez noutros Países da Europa. Insisto: terá sido algo importante no meio português o seu trabalho mas, embora muito empenhado da parte de todos, em geral esse trabalho não foi original. Podemos porém dizer que no conjunto, esse trabalho foi bastante criativo na medida em que recriou e adoptou às nossas condições o modelo francês importado.
E aqui regressa-se ao título primeiro desta série e àquilo que o justifica: a importância fundamental que teve o apoio e o exemplo do clero neste combate pela preservação do essencial do Concílio Vaticano II.
Creio muito convictamente que o Séc. XX terá em grande parte sido uma era de ouro do clero português, pela obra de reconstrução do ambiente cristão do País que conduziu e por tantos valores individuais que produziu ou revelou.
Não se pode passar em claro, evidentemente, aquilo que muitos chamam, depreciativamente e acusadoramente, a aliança entre o Estado e a Igreja.
Esquecem que os católicos e a Igreja portuguesa tinham vivido, com altos e baixos, é certo, mais de cem anos de perseguições, ostracismo ou laicismo vesgo, sem falar particularmente da expropriação de bens seus.
O 25 de Abril teve o bom senso de evitar o regresso a esse clima de hostilidade à Igreja anterior a 1926. Mas isso não foi, implicitamente, senão mais uma das várias homenagens discretas prestadas pela Revolução à obra do Estado Novo.
Aliás, há-de um dia fazer-se a relação dessas homenagens discretas e, além de algumas surpresas, ver-se-à que não foram tão poucas como isso.
Seja como for, ninguém terá de admirar-se de que, chegados os católicos ao Poder em 1926-28, eles tivessem, até por imperativos de Justiça, normalmente reconhecido, passado a conviver com a Igreja, com toda a naturalidade, num clima de amizade recíproca, unidos na tarefa de restituir a paz à Nação e juntarem esforços para, ombro com ombro, sanearem o clima social e conjugarem esforços no seu desenvolvimento material, cultural, moral e espiritual.
Foi assim, com toda a simplicidade e naturalidade, que se criaram condições para uma obra em extensão e profundidade que tem sido naturalmente muito discutida e muito diversamente apreciada mas negada só por relativamente poucos.
O papel do clero na criação deste ambiente só pode ser apreciado devidamente, creio, sem ofensa para ninguém, por quem viveu esse longo período de estabilidade, apesar de todas as guerras, a Guerra Civil de Espanha (1936-39), a Guerra Mundial (1939-45) e a Guerra do Ultramar (1961-74).
O papel da Igreja nesta estabilidade e unidade nacional, em particular do seu clero, foi fundamental e ao afirmá-lo cremos estar a contribuir também para um grande acto de justiça que um dia há-de fazer-se, com carácter nacional.
A.C.R.
(continua num próximo post)