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2007/12/19

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 11 – NOS BRAÇOS DA DIREITA, SOBE O PC AO GOVERNO 

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Assim mesmo.

Sem reticências, nem pontos de exclamação!...

Aquelas juventudes achavam-se de súbito senhoras de um… como que Império!

Vejam lá! Um Império!

Lisboa, Luanda, Maputo, Pretória, Braga, Porto, Faro, Cabo Verde… tão diversos pontos, em quase três continentes, tão dispersos fisicamente, mas unidos no mesmo projecto grandioso da mesma Universidade – do mesmo universalismo, portanto… – quase sem saberem como e quase sem se darem por isso, mas a partir do mesmo impulso, da mesma única capital de sempre…

Lisboa!

Sim, a Lisboa da sua mesma eterna vocação de outras vezes… de sempre, afinal.

Estranho?...

Nem tanto!

Estranho talvez só o facto de ser uma vocação compartilhada com um PC moribundo que tentava salvar-se, à boleia duma vocação doutros tempos, de que porventura esperava a sua regeneração e o esforçado prolongamento duma sobrevivência que nada tinha a ver com as supostas luzes dum marxismo sem raízes já e sem futuro. Ou com menos futuro ainda, nem outra salvação que a duma transfusão dum sangue que não era seu, mas, quem sabe, talvez se desse bem com os sonhos daquelas juventudes novas e pluri-raciais. Porque sem as responsabilidades de passado algum, nem nas quimeras dum futuro que nunca fora imaginado ou desejado, nem assentava noutra coisa que a fé sonhadora e tresloucada delas todas, essas juventudes novas e de várias raças.

Quando se deram conta, tinham os “tentáculos” imaginários fixados, bem fixos, naqueles pontos geográficos todos e de cada um destes já elas irradiavam à volta, nos respectivos Países, tão longe quanto lhes era possível e o bom senso e o sentido expansionista recomendavam.

Porque não havia o pólo da UL em Luanda de crescer para o Lobito ou Benguela; para o Interior angolano do sudeste ou do nordeste; mesmo até Kinshasa, na República Democrática do Congo, ou para o Catanga, onde também as colónias de portugueses ou descendentes de portugueses eram numerosas, mas sobretudo pujantes?

E porque não haveria o pólo da UL do Maputo de estender-se à cidade da Beira ou até ao Chinde, mais de mil quilómetros a norte e aproximando-se da grande área do futuro de Moçambique, entre o grande porto moçambicano da Beira e ao longo do Vale do Zambeze, até àquilo que já então estava em perspectiva e viria a ser a formidável barragem e principal fonte de energia eléctrica da Colónia, Cabora Bassa, criada por Salazar?

E porque não uma UL em Cabo Verde, não como simples pólo doutro pólo da UL, mas como uma UL de corpo e alma inteiros que, na capital ou no Tarrafal, na Ilha de São Tiago, viesse a formar a juventude do País para o destino que a História, desde muitas décadas lhe designara, isto é, de ser a melhor fonte de quadros da administração ultramarina do Império Português, a par dos próprios quadros fornecidos pela população branca do Continente?

Sim, Cabo Verde…

Como me lembro, Cabo Verde o Arquipélago da gente mais gentil e civilizada!...

Cabo Verde que honra a nossa colonização quase tanto como a construção do Brasil nos honra, para sempre. Mesmo que o seu fundamento mais sólido tenham sido a escravatura e o comércio excelentemente organizado de escravos negros, durante mais de dois séculos, através do Atlântico, para as Américas e a Europa, até à Escandinávia e à Rússia, sabe-se lá mais para onde.

Que espantoso entreposto, Cabo Verde!

Claro que a Universidade vinha mesmo a calhar bem ali.

Dificilmente calharia melhor noutro lado qualquer!

Mas… Tentemos retomar o fio à meada, que já não é sem tempo.

A.C.R.

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