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2007/11/14

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 02 – CONLUIO COM OS COMUNISTAS 

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“Uma coisa é certa!... – disse-lhe o seu Adido de Imprensa, Celestino Maria, com o ar manhoso das grandes ocasiões. – É um facto até hoje que os comunistas, com todos os seus sucessos políticos e militares africanos, ainda não instalaram em África nem sequer um só arremedo de regime social-comunista!... Tem-lhes sido mais cómodo parasitar em seu proveito, e ás vezes de certas massas privilegiadas, os sistemas capitalistas lá deixados pelos colonialistas europeus. Entretanto, montam pela via dos golpes de Estado simples regimes de partido único, ditos comunistas, governados pelas super-estruturas formadas pela sua gente e alguns convertidos…”

“Queres tu dizer que o nosso jornalista percebeu isso também?” – retorquiu Rufino.

“Percebeu e está disposto a praticar, podes ter a certeza!” – confirmou Rufino ainda.

“Talvez. Só temos então que fazê-lo falar…” – ia o Adido de Imprensa a mostrar como entendera bem.

“Fazê-lo falar – continuou – para sabermos até onde quer ou pode ir o partido na exploração, a favor do regime político angolano ou moçambicano, do capitalismo incarnado por nós na UL… Estou certo?”

“Estás. Estás em cheio, contudo teremos de decidir o que a UL está pronta para dar-lhes” – ripostou Rufino.

Mas o Assessor da UL para a Imprensa mostrou-se na posse de ideias mais claras e originais sobre o futuro do comunismo e do capitalismo do que ele, Rufino, seria capaz de imaginar.

Tinham-se dado os acontecimentos de Praga e Budapeste, na década de cinquenta, reveladores dum profundo apodrecimento do poder soviético nos Países ocupados do Leste europeu.

A previsão de Rufino era que, dentro de trinta, quarenta anos, mas antes do início do séc. XXI, a ocupação soviética acabaria e o próprio império soviético também.

“Aquilo” acabaria de qualquer modo, tal era a fragilidade demonstrada e a força da oposição interna ao sistema, como aliás o levantamento polaco dos anos oitenta logo plenamente confirmaria.

“Vai tudo desfazer-se como caem, todas de seguida, as cartas dum baralho postas em pé, mal seguras umas pelas outras, ao primeiro piparote numa delas ou até sem piparote algum” – explicava Rufino.

“Rapidamente e em força! Vamos para África, que ninguém nos pede contas. E dos africanos o pior que podemos esperar é pedirem-nos que os governemos, vais ver!”

Era o Assessor em pleno despejar de absurdos, mas Rufino não duvidou de que, no essencial em questão, eram sérias e estavam certas a análise e conclusões dele.

“Então, pois então… Para África, rapidamente e em força!” – resumiu também Rufino.

“E a UL… Bem, a UL, pronta para prometer-lhes tudo! E dar-lhes o que puder, em troca de nos garantirem completa liberdade de ensinar e liberdade total de nos expandirmos!” – acrescentou.

“Para sempre?” – perguntou o assessor.

“Não. Para sempre, não. Bastam-nos vinte ou vinte e cinco anos!”

A.C.R.

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