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2007/10/30

O eclipse da razão 

Estamos num tempo que se caracteriza pelo desprezo da razão, pela incoerência do pensamento e da vida, pelo aborrecimento em relação à realidade. A razão despreza-se porque se teme que o seu exercício conduza a resultados que não convêm e de que nem se quer ouvir falar. A própria menção da realidade já assusta. Pretende-se um mundo fora da realidade. Ou, pelo menos, um mundo em que, qual conto de fadas, a realidade se submeta aos caprichos pessoais.

Assim também parece acontecer no que toca ao clima. Sobretudo a partir do momento em que o assunto passou a ter interesse para os políticos e para os media. Pretende-se que o clima seja fixo – o que é uma utopia. Se não é, então tem que haver uns culpados. Cacemo-los.

Considero que cada um deve responder por aquilo que escreve nos jornais sem se escudar na “opinião pública” que, como se sabe, não existe, ou melhor, é a opinião publicada, isto é, de quem a publica.

Assim, dizer que oito em cada dez pessoas de um certo número de países concorda que as actividades humanas são causa significativa das variações climáticas, não prova rigorosamente nada, somente que ao fim de anos a ouvir insistentemente tal relação a coisa entrou nos ouvidos. Que grande coisa! Isso chama-se propaganda.

Porque é que em países como a Rússia, a Indonésia ou a Índia só, respectivamente, 5, 8 e 15% dos inquiridos ouviu falar bastante de “alterações climáticas”? Porque foi nessa medida que os media insistiram no assunto. Se insistirem mais, acreditam mais.

Não é impossível que as variações climáticas sejam influenciadas pela fracção de gases de estufa emitidos pela indústria – pequena em relação às emissões naturais. O difícil é quantificar realmente essa influência. Mas, a julgar pela multiplicidade de factores que afectam a variabilidade climática, e por outras explicações de índole científico, além do “forçamento radiativo”, como a hipótese dos Anticiclones Móveis Polares e trocas meridionais, proposta pelo Prof. Marcel Leroux, baseada em novos conceitos de climatologia, não parece que o peso dos gases com efeito de estufa “extra-natureza” seja significativo.

O clima tem coisas muito chatas: depende de muitos e variados factores e exige o esforço de horas de estudo de Física. É a “Física do Clima”, como lhe chamava o saudoso Prof. José Pinto Peixoto.

Mas, se o Al Gore afirma categórica e inequivocamente essa relação de causalidade entre as actividades humanas e as “alterações climáticas”, seguramente que a conseguirá demonstrar e quantificar, cientificamente, por a+b.

Ficamos à espera.

Manuel Brás

manuelbras@portugalmail.pt

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