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2007/10/26

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VII – N.º 15 – CONTINUAÇÃO DA NOVA BIOGRAFIA DE SALAZAR 

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Ou não fosse intensa e profundamente católico todo o ambiente social e familiar em que Salazar nasceu e foi criado.

Mas não só.

O miúdo viveu sempre rodeado e apoiado nos símbolos da célebre trilogia que há-de constituir, aproximadamente trinta anos depois, o emblema do seu futuro regime: Deus, Pátria, Família ou, aproximando mais das origens e génese da fórmula:

Igreja, Estado, Família.


Tudo a corresponder-se ponto por ponto, pela mesma ordem.

Ele olhava à sua volta e, ponderando o que via, que é que se lhe impunha?

A Família que lhe proporcionava tudo o que era imediato e o cercava de carinho e protecção dos pais e das três irmãs, mais velhas todas, que o tratavam e apaparicavam como um príncipe.

O Estado que promovera e lhe instalara o comboio à porta e pagava o professor primário que a partir de certa altura o preparou para o exame da 4ª classe e para o acesso ao ensino secundário, em Viseu.

E Deus, por fim, ou a Sua Igreja que lhe enquadravam a vida e todo o modo de viver o dia-a-dia e as perspectivas mais longínquas da existência: a oração, o culto, a moral, o casamento ou, porventura, o sacerdócio, a morte, o juízo final, a eternidade.

Tudo se encerrava nesses três horizontes.

Os dois colossos quase esmagadores, a Igreja e o Estado…

E o doce ninho familiar que os dois colossos condicionavam e acarinhavam, tanto que podiam chegar quase a abafá-lo, se não houvesse garantias de uma vigilância rigorosa sobre o Estado e sobre a Igreja.

Estaria aí a raiz do seu profundo e jamais desmentido anti-totalitarismo?

Rufino não duvidou.

Mas a quem ou a quê pertenceria o encargo e responsabilidade duma vigilância como essa, que tinha de ser absolutamente idónea e incorruptível?

É fácil de pressentir quanto Estado, Igreja e Família se impuseram a Salazar ao longo dos anos, talvez mesmo até antes dos vinte anos, como elementos decisivamente estruturantes da sociedade, doutro modo coisa amorfa e sem destino, nem saída nem futuro.

Mas mais.

No caso, elementos igualmente fundamentais e estruturadores de todo o seu pensamento político futuro.

Porque, a coroar tudo, não podia deixar de haver um regime político, o seu futuro Regime, capaz um dia de assegurar o funcionamento correcto do todo.

A certa altura tornou-se-lhe irrecusável, por isso, a fundação dum regime político novo, para o País, que não sofresse das fraquezas calamitosas de todos os que até então tinham sido experimentados, monárquicos ou republicanos.

Rufino acreditava que, a partir das primeiras reflexões próprias do seu desenvolvimento precoce, Salazar chegou à formulação completa do seu pensamento social e político, principalmente através do seu convívio com os professores do Colégio da Via Sacra, de Viseu, onde foi prefeito e também professor. Acima de todos, teria influído nele o director do Colégio, o muito conhecido cónego Barreiros.

Depois, como aluno da Universidade de Coimbra, e também como professor lá, igualmente, Salazar não terá feito mais que limar, aprofundar, afeiçoar e aperfeiçoar teoricamente os fundamentos do sistema político cedo concebido.

Não se sabe onde e como o descobriu, o facto é que Rufino garantia que Salazar e o cónego tinham longas e acesas conversas, durante as quais Salazar chegava a “perder a cabeça” porque o cónego, tendo descoberto a surpreendente agilidade e reflexão política acumulada do jovem Salazar, se comprazia enormemente a provocá-lo, desafiá-lo e… irritá-lo amigavelmente. Principalmente porque descobrira nele um enorme filão de promessas e capacidades políticas que ansiava já então por ver realizadas.

A ponto de Salazar, até muito mais anos depois, ainda não haver “perdoado” ao cónego Barreiros fazê-lo arrastar as noites de discussão até altas horas, desorganizando todo o esquema de vida regrada que já então era e seria sempre o seu.

A.C.R.

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