2007/10/15
It´s politics, stupid
Ironia do destino.
Al Gore, o pró-ambiental, anti-antropogénico, ex-vice-presidente dos EUA, foi contemplado com o Prémio Nobel da Paz um dia depois do Supremo Tribunal de Londres o ter, no fundo, desautorizado ao reconhecer a falta de fundamento científico para 11 (e não só 9) das suas considerações alarmistas no documentário que a propaganda tornou famoso, em consequência de queixas apresentadas contra a pretensão de forçar as escolas inglesas a exibir o tal documentário.
O conteúdo do documentário, bem como de anteriores considerações desse senhor ao longo dos anos sobre as variações climáticas, tem merecido suficientes reparos e suspeitas, contínua e deliberadamente ignorados nas redacções dos media e nos corredores da política.
Depois da sentença do Tribunal de Londres, a atribuição do Nobel da Paz não só não demonstra absolutamente nada do ponto de vista científico, como até aumenta ainda mais as suspeitas de fraude científica, por dar a sensação de lhe quererem “safar a pele”.
De resto, só se poderá surpreender com isto quem não souber o que são os “nóbeis” e a política.
Al Gore tem razão antes do tempo, dizem alguns. Pois tem… E porquê? Explica-se em duas penadas: o clima está sempre a variar; a temperatura média ou sobe ou desce. A temperatura sobe: “Estão a ver? Ele bem avisou mas ninguém lhe deu ouvidos, nem se tomaram as medidas necessárias”. A temperatura desce: “Estão a ver? Se não fossem os seus avisados conselhos, ninguém tomaria medidas e a temperatura não descia”.
No sistema marxista, quando se obtêm os resultados desejados, estes procedem inequivocamente do socialismo científico; quando sucede o contrário – o que é mais frequente – é, evidentemente, porque ainda nem todos lutam pela sociedade sem classes. Até que um dia o sistema económico rui sozinho.
Karl Popper explica o porquê de tudo isto no seu livro “A pobreza do historicismo”, recentemente traduzido e publicado em português.
Fica assim demonstrado como uma fraude científica pode ser um sucesso político.
Talvez até, tanto maior sucesso, quanto maior a fraude.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Ambiente, Manuel Brás, socialismo