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2007/07/30

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI - N.º 22 - UMA GAROTA AZOUGADA 

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Sem contar a ninguém, Rufino decidiu ir a Coimbra falar com o que lhe diziam ser um dos professores-chaves da rede de Universidades de todo o País.

Entendeu que agora tinha argumentos para convencer, pelo menos “amolecer”, fosse quem fosse, por mais desconfiado do futuro em Portugal do ensino universitário privado.

Não seria a prima volta que se encontravam e conversavam do muito que os unia, a ponto de o Professor de Coimbra ter mesmo aceitado ser presidente da assembleia plenária do “movimento”, o que é dizer muito, atendendo à resistência que em geral os académicos muito prestigiados ofereciam para comprometer-se com organizações mesmo que apenas de intervenção cívica, mas que pudessem ser tomadas por político-partidárias.

Mais ainda, o Professor de Coimbra, já saneado pela Revolução recente de director da sua Faculdade e de simples docente, embora catedrático, visitara-o outra vez Rufino por causa da Universidade, ainda esta não tinha nome, só com o propósito de pedir-lhe uma sugestão ou sugestões, pois que nas reuniões em Lisboa ninguém havia até agora sugerido um nome que merecesse o acordo geral.

Sobretudo Rufino não gostava de nenhum.

Mas também não via ninguém, um só participante que fosse, entusiasmado com qualquer das sugestões aparecidas.

Intempestivamente, uma filha do Professor entrou na sala enquanto falavam e, como tivesse ouvido a conversa, de escuta atrás da porta, logo a Rufino ela pareceu azougada bastante para tal, mas não tanto que alguém pudesse prever o alvitre que imediatamente atirou para o ar…

- Porque não lhe chamam Universidade Livre! Por favor, chamem-lhe Universidade Livre! Vai ser uma destas bofetadas nesta bandalheira toda!...

- Olha a língua, rapariga! - ralhou o pai.

- Senhor Professor, quem é esta menina?... Sua neta? Tem de apresentar-ma!

- É já! – anuiu o Professor ansioso de reparar a gaffe – É minha filha, pouco mais velha que a minha neta mais nova. Fez dezassete anos… Está no segundo ano de Direito… Com as melhores notas… E tão atrevida quanto acaba de demonstrar, como viu.... Chama-se Joana Goretti mas os irmãos e primos chamam-lhe Joana a Guerrilheira ou também Joana do Arco… da Velha! Aí tem o retrato da última prenda nascida cá em casa! Gostou?...

- Melhor não ficaria em qualquer outro retrato! Ainda que o Pai dela se tivesse esquecido do último retoque… com certeza que não o menos importante. Que é também muito bonita e gentil!

Ela olhou-o muito corada.

E saiu noutro repente, quase como entrara.

Porém não sem deixar nova marca do seu estilo de garota sem papas na língua, nada preocupada com ser gentil, usando as palavras como tiros.

- Mas se pensasse só na sua Universidade?... Que grandes sarilhos lhe vai dar!

E saiu aparentemente furiosa, atirando com a porta nas caras do Pai e de Rufino.

Levaram alguns minutos a recompor-se os dois, mas ambos concordaram que a sugestão era excelente, como a aceitação geral viria a confirmar.

A.C.R.

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