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2007/07/23

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VI - N.º 20 - A FRAQUEZA DOS GOVERNOS 

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“A fraqueza dos Governos é a sua maior força.”

Não sou eu quem o diz, era RUFINO, com o seu talento para julgar e avaliar tudo o que politicamente “mexia” ou “abanava”.

Nesse tempo estava no ME um ministro de esquerda que se lhes revelou completamente informal e sem preconceitos, mas inteligentemente conhecedor de como a educação é também um instrumento político de primeiríssima ordem, nos planos mais comezinhos do dia-a-dia dum governo responsável.

Era dos poucos, mas em número que vinha crescendo, a perceber que o caos instalado pela Revolução não tinha que estar só ao serviço da esquerda, mas que devia, e ele sublinhava devia, ser ainda mais útil ou eficaz e inteligentemente explorado pela direita.

Grande homem de esquerda, o primeiro finalmente inteligente que Rufino encontrava!

Com grande rapidez, o ministro acedeu a recebê-los – ao Professor e a ele, Rufino – logo que solicitado, para lhe apresentarem o “caso Universidade Livre”, a qual os teria designado para o efeito. O que nada importou ao ministro, mas sim que o Professor fosse um seu velho conhecido, que tinha por um “original” muito atento, duma direita muito particular, e porque de Rufino lhe haviam chegado notícias da desconfiança e azedumes com que a esquerda mais radical e conservadora, sua conhecida, costumava desprezadoramente tratá-lo, fingindo-se escandalizada da tolerância do ministro para com gente desqualificada daquela espécie da “direita mais desqualificada” deste mundo e do outro!

Disso o ministro gostava especialmente, de escandalizar os “puristas e rigorosos” da sua esquerda que armavam em zelosos defensores do “purismo” e “rigores” daqueles espadachins de novo modelo, que aspiravam, fosse lá como fosse, a serem sagrados cavaleiros da esquerda, no mais puro estilo de cavaleiro das direitas históricas.

A oportunidade oferecida pelos representantes da UL, o ministro não esteve com meias medidas, aproveitou-a em cheio.

Pois aqueles inocentes, assim os classificou no seu íntimo e quase esteve para lho dizer… pois aqueles ingénuos queixavam-se de não haver legislação que os orientasse e balizasse nos seus intentos de criarem pela primeira vez em Portugal uma Universidade privada…

“E para que precisam de legislação?” – perguntou-lhes frontalmente, para logo acrescentar…

“Vocês não são tão de direita que defendam o monopólio da UCP, pois não?”

“Estão a prestar um bom serviço ao País – talvez um grande serviço, quem sabe? – então vão em frente, não olhem para trás, e corram quanto puderem, que mais cedo ou mais tarde, alguém aqui, do meu actual lugar, há-de louvá-los alto e bom som, proclamando que vocês tiveram razão, para justificar a legislação tardia que há-de dar-vos cobertura, tarde mas a tempo bastante de salvar as faces de nós todos!”

O Professor e Rufino fizeram, sem dar por isso, todo o percurso a pé do ME, na 5 de Outubro, até à Vítor Córdon, revivendo à gargalhada todo o decorrer da longa entrevista, que o ministro quis saber tudo do projecto e do seu andamento, até não ter dúvida alguma de que aqueles dois… aqueles dois malucos, tinham as doses certas de loucura para não falharem.

Não lhes o disse, mas ambos perceberam ou quiseram perceber, e acertadamente, que a intenção do ministro fora mesmo essa, uma vez que, como bem lhes dera a entender num rápido e fugidio “por alto”, ao ministro a Universidade privada ser-lhe-ia muito útil, até para assustar as estatais, em polvorosa, aonde a ordem e a hierarquia talvez só regressassem pelo medo de que os estudantes lhes fugissem todos para a privada ou talvez os melhores alunos ou os de mais futuro.

O ministro em nada se comprometia politicamente por escrito, para já. Mas se os dois “representantes” fossem efectivamente da fibra que aparentavam, o ministro, ou quem quer que viesse depois de si, passava a ter uma arma mais para fazer regressar as Universidades públicas ao redil, aos seus redis.

A.C.R.

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