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2007/07/23

Marxismo para ricos 

O modelo económico-social que o mundo soviético abraçou e tentou exportar nunca convenceu as estruturas capitalistas do Ocidente. E menos ainda na América. Não admira: com a luta de classes e a propriedade colectiva dos meios de produção, registos profundamente anti-capitalistas e anti-propriedade privada, pretendia-se uma sociedade sem classes e a ditadura do proletariado.

Entretanto, a realidade, que tendo elasticidade, não é completamente elástica, não aguentou mais a utopia e impôs-se. O resultado está à vista: o sistema soviético, o marxismo, o socialismo “científico” faliram. Pelo menos na economia. Quanto ao resto, talvez não.

Seja como for, o marxismo sempre destilou ódio contra os ricos, o que quer que se entenda por isso.

Após uns 10 ou 15 anos de travessia no deserto, sem poder fazer frente ao capitalismo – o grande papão da globalização – eis que desponta de novo o colectivismo travestido de verde, querendo impor, à força de decretos, restrições às indústrias, ao mercado, ao próprio Homem, muitas vezes impossíveis de cumprir sem danos irreparáveis, como sucede com o Protocolo de Quioto, que muito poucos dos seus assinantes vão cumprir (nem esses!) e que é cada vez mais uma utopia morta.

Não tenho nada contra a racionalização energética. Bem pelo contrário. Aquilo que se pode fazer com 1 Watt de energia renovável, não se faz com petróleo. O Ocidente tem todo o interesse em tornar-se energeticamente independente do Médio Oriente, dos Ahmadinejad’s, dos Chavez e dos Morales e mandá-los pastar. E esse intento está a ser perseguido e prosseguido. Mas, não sejamos utópicos: demorará alguns anos. Vinte, trinta? Veremos.

Porém, o que realisticamente se pode fazer é cada país ocidental reduzir progressivamente a utilização de petróleo na medida em que puder, sem pôr em causa a sua prosperidade e a sua sobrevivência.

Outra coisa completamente diferente é a tentativa de regular de forma estatal e autoritária a indústria e o mercado a pretexto de umas supostas variações climáticas catastróficas, prontas para atacar a qualquer momento, como se da vingança de um ser inteligente e obscuro se tratasse.

Curiosamente, perante esta “ameaça” – juram eles que assim é – alguns ricos aceitam submeter-se à ditadura e às arbitrariedades dos profetas climáticos, a um colectivismo verde, como sempre baseado no medo e no pânico. Surgem, de repente, do alto das suas fortunas e dos seus excessos, grandes preocupações éticas. Má consciência? Problema deles!

Hoje, qualquer actor ou vedeta mediática, como Schwartzenegger, Di Caprio, Cameron Diaz; Bono, entre outros, sem esquecer o inefável Gore, é doutor em ciências climáticas. Qualquer jornalista, político, sapateiro ou barbeiro, sabe mais sobre o clima, e tem muito mais certezas, que aqueles que se dedicam a estudá-lo profissionalmente.

Confunde-se – propositadamente? – ambiente e poluição com clima, quando a maior parte do volume de poluição nada tem a ver com o clima: chuvas ácidas, metais pesados, descargas em rios, lagos e mares, pesticidas, excesso de adubos, lixos variados, camada de ozono.

Só muito residualmente alguns gases com efeito de estufa podem, eventualmente, contribuir para variações climáticas. As suspeitas recaem sobretudo sobre o CO2, o metano, óxido de azoto e CFC.

Porém, todos estes gases são produzidos naturalmente e só uma pequena parte – cerca de 6% - do total das suas emissões (em conjunto) é produzido pela indústria e demais “actividades humanas”. Quanto vale a contribuição desta pequena fracção para as variações climáticas? Não é fácil de determinar e provavelmente ninguém sabe dizer com certeza, mas as estimativas existentes – e corrigíveis – apontam para os 2% no máximo.

E as emissões naturais? As variações da actividade solar? A dinâmica das massas de ar e suas variações? Os raios cósmicos? Não têm influência nenhuma nas variações climáticas?

A utopia da sociedade sem classes foi substituída pelo fixismo climático. Como se estivesse nas mãos do Homem fazer com que o clima seja fixo, quando nunca o foi. E é à força destas utopias que as “vedetas globais”, que têm contas astronómicas de electricidade, passam a vida a viajar em carros topo de gama e correm este mundo e o outro de avião, com um “carbon footprint” invejável, querem impor o colectivismo verde aos outros.

Dizem que é moda. É verdade. A moda é efémera.

Daqui a 20 anos, provavelmente, já ninguém fala disto.

Tal como hoje ninguém fala do terror dos anos 60 e 70: a “explosão demográfica”.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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