<$BlogRSDUrl$>

2008/05/12

CONTA-ME COMO FOI …(16)
UM PADRE SEM NORTE CERTO, MAS COM BONDA! DE INIMIGOS 

(<--)

Não era a sobredita dama, nem de perto nem de longe, o que as línguas machistas, e sem qualquer noção de respeito, chegam a chamar de “uma gaja”, sossegue o leitor ou a leitora. Isto é, sosseguem principalmente as estimadíssimas leitoras, que tanto considero e venero, creiam, sinceramente o proclamo aqui, com toda a solenidade e ênfase de que sou capaz.

Outros diriam… com igual solenidade e ênfase: “para que temos lata”!

Palavra de beirões!

Ainda por cima do Interior…

A dama tinha confidenciado, com juras e tudo, a duas ou três outras damas, muitíssimo íntimas suas, sempre prontas para carregar-lhe com o peso das mais pesadas confidências… De facto já a mim próprio me pesam! Conto, não conto?... Conto, pela estima e respeito que profissionalmente devo ao leitor. Segredara-lhes ela um dia, e mais dias de seguida, certas propostas do padre-capelão, mais insinuadas que expressas, as quais indiciavam, da parte dele e segundo ela, as mais vis intenções, os mais abjectos propósitos, num despropósito pegado.

O padre-capelão jurou pela saúde e mais saúde dos sobrinhos e afilhados, os quais eram muitos e todos cheios de saúde, que a aleivosia era completamente falsa. E as coisas ficaram justamente por ali. A dama optou à cautela por não insistir, naquela altura, e o reles boato esmoreceu e rapidamente foi silenciado, até porque as damas que lhe tinham dado origem e o puseram em circulação não gozavam de fama por aí além, não obstante fazerem questão, não digo ponto de honra, de passarem por damas… de respeito e alto valor, por toda a Beira, do planalto à montanha, subidas e descidas incluídas, sem falha de uma só.

Ao passo que o padre-capelão…

Mas voltemos antes às damas.

Melhor, voltemos antes à dama, que as outras apenas fazem parte do coro privativo dela, o seu grupo coral sempre de serviço, para todo o muito e alto serviço dela.

Longanimidade nossa?

Credo!

Logo nossa!

De verdade, o padre-capelão, não obstante uma espécie de mal amanhado pedido de desculpas da parte dela, porque tudo não teria passado de um “delírio das amigas, bem intencionadas mas estúpidas”, não obstante isso, repita-se, o padre-capelão afastou-a de si quanto pôde e nunca mais quis nada “com aquela mulher”! “Aquela mulher tão solta de língua e acanhada de intelecto…” – garantia o padre.

Muito simplificadamente, foi mesmo assim que passou sempre a referir-se-lhe, enjoado e com uma ponta aguçada de desprezo, mal disfarçado de indiferença e distanciamento, se não mesmo de… cristã caridade, ou perdão resignado, como de quem mais do que isso não pode ou deve, nem mais lhe peçam, que é violentar-lhe a consciência.

Comovedor… de fazer rir as pedras.

Com efeito “aquela mulher” gozara, até dois ou três anos antes, de certa fama de fêmea fiel para com os dois ou três homens da sua vida e incapaz de um gesto ousado ou mais equívoco, que merecesse censura de cautos ou incautos.

Mas, de súbito, passara a ser notável pela variedade dos amores e pelo desplante da falta de tento na colecção sem critério que fazia deles, sucessiva e simultaneamente.

Chegou a dizer-se – com pouco exagero – que não podia ver umas calças, que não corresse logo atrás delas, pronta a derrubá-las na cama mais próxima, ou no mais próximo assento de automóvel, com desconforto e tudo, até promiscuidade e pouca higiene.

Deviam ser exageros da opinião pública e dos mirones, pois que a visada nem nunca precisou de indignar-se com as más línguas, que aliás não deixavam de chegar-lhe aos ouvidos pontualmente.

A.C.R.

(-->)

Etiquetas: , ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional