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2008/04/23

CONTA-ME COMO FOI …(15)
UM PADRE SEM NORTE CERTO, MAS COM MUITOS AMIGOS 

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Uma coisa talvez lhe valesse, principalmente.

Ele sabia, pressentia pelo menos, que queriam fazê-lo passar por idiota, exactamente por idiota, entre amigos e suspeitos e amigos que seriam pouco seguros mas outros fixes.

Ah! Mas isso… Isso não!

Ele lhes provaria quem eram os idiotas.

Não se iludia, por aí além, sobre a amizade.

Acreditava, na verdade, que muitos dos amigos nos abandonam se perdermos força ou miragens de força com que iludimos os outros.

Entre os que rodeavam, sabia-o, alguns, talvez muitos, talvez mesmo a maioria, não resistiriam ao seu primeiro sinal de fraqueza.

Sabia inclusivamente bem, como coisa certa, que nem o temor de Deus os faria hesitar.

De resto, o padre-capelão não tinha dúvidas sobre quais os que mais depressa o atraiçoariam…

Precisamente aqueles sobre cuja Fé mais reticências se lhe tinham ido formando, fosse no coração, no instinto ou na inteligência, ao longo de alguns anos.

Ainda divagava sobre tudo isso, quando ao fim de alguns minutos a rapariga abriu enfim a porta.

Apesar de a ter mandado prevenir, ela mostrou-se surpreendida.

Sempre o padre-capelão admirara a capacidade e vontade quase invariável das mulheres de fingirem o falso, sempre que lhes convinha ou com que julgavam defender-se melhor.

Dizia, não obstante esse seu juízo, que não tinha nem cultivava preconceitos sobre as mulheres.

Não tinha quaisquer reservas de relutância em repetir essa banalidade, comum à maioria dos homens-machos, tantas vezes quantas lhe agradasse ou julgasse útil ou os olhos das mulheres lho solicitassem.

Desenvolvera havia anos essa capacidade de ler nos olhos das mulheres, mas talvez principalmente, com mais acuidade, a capacidade e o gosto de ler neles aquilo que elas gostariam de ouvir da sua boca, tinha a certeza, sem a mais pequena dúvida

O padre pensava muitas vezes que isso era o verdadeiro segredo do seu sucesso com elas, mulheres, em que ele acreditava e muitos colegas e homens “do século”, invejosos, diziam acreditar também e até exploravam para as chalaças mais grosseiras.

Mas, verdade ou não, o padre-capelão acreditava no seu sucesso, garantindo, quando era preciso, que jamais abusara dele. Nem sequer em pensamento, esclarecia aos que lhe merecessem a explicação.

Tinha, de facto, fama disso, lisonjeira ou não, ou nem por isso, conforme a “limpeza” de cada uma das mentes que primavam por ter voz activa na matéria…

Havia no povoado certa dama que, no fundo da sua alma – era daquelas de quem se poderia pôr em questão que tivesse alma… – mas que, fosse como fosse, não perdoava e jamais perdoaria ao padre-capelão pô-la ao molho com os seus supostos sucessos junto das outras.

É uma história pouco lisonjeira, sobretudo pouco recomendável, mas, enfim – já se sabe – de histórias, pouco ou não muito apresentáveis, está o Inferno cheio, como a boa ou a má literatura.

O leitor há-de acabar por ter uma opinião, se é que não tem já, por força do que terá lido ou ouvido deste meu passatempo.

Vou tentar não demorar demasiado…

Não posso esquecer que os tenho, ao padre e à rapariga, “pendurados” à porta de casa dela, há já bom bocado.

A.C.R.

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