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2008/01/12

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 19 – NAZISMO DE OPERETA 

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Uma onda de nazismo inesperado, mas basto e aguerrido, foi o que alguns jovens de umas quantas escolas públicas, espalhadas por toda a Federação, encontraram no mais profundo das suas cabeças para oporem ao anti-nazismo “mais genuíno” dos “imperialistas” e “colonialistas” da UL…

Era assim que os novos nazis chamavam, de facto, aos promotores da UL, porque havia muito lhes atribuíam as piores intenções políticas a seu respeito, como únicos nacionalistas viáveis e coerentes que os nazis a si mesmos se consideravam.

“Presunção e água benta”…

Iam tendo os neo-nazis em questão muita sorte, politicamente falando, porque o seu arranque encontrou grande eco e foi muito seguido exactamente onde menos se esperaria, quer-se dizer entre os nazis negros de certas escolas africanas, públicas e privadas.

Explica-se, se observarmos com atenção…

Digamos que isso era consequência, em primeiro lugar, duma nova manifestação de grande criatividade e iniciativa dos futuros alunos negros de todos os pólos da UL em África.

Que haviam eles de ter descoberto?

Apenas isto… que graças aos estudos mais avançados dos movimentos da “negritude”, o nazismo, o nazismo como teoria de superioridade racial e escola de organização política das sociedades, seria efectivamente o melhor modelo de mobilização dos negros para a conquista, defesa e funcionamento do poder político, que deixaria então de ser monopólio dos caras pálidas.

Sobretudo porque, acreditavam, a comprovada decadência dos Estados brancos, por serem brancos, seria definitiva, imparável e irreversível.

Sem remédio!

A reacção dos jovens brancos mais politizados dos pólos da UL, os de orientação nazi, que havia alguns nazis por lá, não muitos, mas suficientes, foi uma reacção inesperada, embora inteligentemente oportunista.

O que interessava, antes de tudo, não era a conquista do poder, afinal? – perguntavam-se os jovens brancos que gostavam de intitular-se de neo-nazis.

Se assim era, porque não haveriam então de aliar-se, para esse efeito, jovens brancos e jovens negros, no fundo tão nazis uns como os outros?

A hipótese suscitou reacções indignadas duma minoria, muito minoritária, de jovens nazis brancos, mas a sua forte maioria entendeu que sim, que era de estender as mãos aos jovens nazis negros, na expectativa de que, mais tarde ou mais cedo, os brancos acabariam por enganar e “comer” os pretos…

O racismo militante ficaria para depois… se é que me faço entender.

Será verdade que ideologias há propensas a nivelar por muito baixo as inteligências dos seus aderentes, de qualquer raça e proveniência que sejam?

Talvez seja secundário tirar conclusões…

Mas não deixa de ser agradável verificar que, mesmo entre nazis, começa a encontrar-se gente desempoeirada e sem antolhos, brancos e negros. Todos nazis de vistas largas e capazes de mutuamente se respeitarem…

Sabendo naturalmente os riscos que correm e corriam.

O primeiro dos quais era terem de ignorar e passar por cima ou ao lado de líderes e inspiradores encartados, hábeis em ministrar o seu veneno sem pudor nem respeito pelas mentes dos “mais pequeninos”, que se lhes entregavam e entregam confiadamente, incapazes de cálculos especiosos ou de estratégia alguma menos respeitável.

Esses líderes, ou pelo menos alguns deles, deitavam-lhe de contas… Isto é…

Pois se eles próprios já haviam sido iludidos e desencaminhados por outros líderes, mais antigos, que mal haveria em que eles próprios também, por sua vez, desencaminhassem os inocentes mais novos?

“É preciso que cada geração reviva as experiências todas de todas as gerações anteriores; só assim a Humanidade poderá dar o seu melhor no roteiro do progresso e da renovação.”

- Uma extraordinária máxima! – descobriu Jucelino – Uma máxima tipicamente nazi, pois que, bem interiorizada, permitirá controlar rigorosamente a liberdade e os progressos de todos e cada um dos cidadãos, sem necessidade de serviços secretos nem de polícias de defesa do Estado!

Ora aí estava mais outra vantagem do nazismo… sem violação de consciências.

A.C.R.

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