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2008/01/05

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 16
UMA FEDERAÇÃO INFORMAL DE ESTADOS LUSÍADAS 

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Foi tal o entusiasmo que chegou a ser necessário “deitar água na fervura”, por mais de uma vez...

Pareceu a uns tantos que, habilmente, quem mais insistira por retirar qualquer aparência de carácter político à orientação do conclave fora exactamente quem mais contribuíra para orientar nesse sentido a rede de pólos da UL, isto é, o próprio filho do soba da Lunda, Jucelino Silva.

Mas, para os Meios de Comunicação Social, o que aconteceu logo no primeiro dia do conclave – reunião à porta fechada, “com chave”, cum clave, do latim – o que aconteceu foi a proclamação efectiva dum novo Estado, mas também dum tipo novo de Estado, cuja primeira formulação podia chegar a revolucionar a política mundial, mas simultaneamente a própria ciência da política e a arte de fazer política.

Com esta grande e tranquilizadora novidade, contudo: é que o novo Estado não ameaçava nada nem ninguém, nem tinha outras armas que inteligência acutilante, militância juvenil e decisão pronta, inspirada e altamente mobilizadora.

“Os tempos são novos em absoluto. Exigem-nos métodos e objectivos radicalmente novos também!”

Passagens dos MCS, citando textualmente o grande Jucelino.

E tendo começado assim, impunha-se a Jucelino justificar o arrojo do pressuposto.

“É a primeira vez que uma grande realização política nasce directamente dum grande projecto cultural, queridos camaradas!

“Estamos aqui a convite e por inspiração da UL – que não é uma Universidade branca qualquer! – para centrarmos o futuro desenvolvimento dos nossos povos no seu exemplo de irradiação e crescimento.

“Se em poucos, pouquíssimos anos, fomos capazes de conceber e instalar um tipo de Universidade com uma dúzia já de grandes pólos, em seis ou sete Países e a caminharem rapidamente para mais de cem mil alunos, o mesmo arrojo e a mesma força criadora têm de inspirar-nos para, fortemente unidos e igualmente decididos, multiplicarmos outras grandes iniciativas capazes de, sem fronteiras, tornarmos depressa os nossos povos dos mais ricos e avançados do Mundo inteiro!

“Os governos que aqui representamos também são todos de esquerda e da mesma esquerda, sem nada que nos divida e oponha e nos tornasse impossível avançarmos juntos para os mesmos objectivos e com os mesmos projectos…

“Quero eu dizer que nos podemos entender tão bem que vamos surgir aos olhos de todo o Mundo como se fossemos uma federação de Estados, tão unidos e eficazes como o Brasil ou os Estados Unidos da América, camaradas!

“Atenção! – exclamou para que não houvesse dúvidas – AUL inspira-nos, é o nosso exemplo, mas não nos governa nem governará jamais. Quem nos governa, e governará sempre, são os governos aqui representados e por nós eleitos. Entendido?...”

“Tudo governos de esquerda e só de esquerda, mas da esquerda mais lúcida, avançada e progressiva!

“Entendido, camaradas?

“Então! Entendidos ou não?...”

Os aplausos que lhe responderam excitaram-no para gritar tão alto quanto lhe foi possível…

- Viva a Federação Livre dos nossos povos de África, da Europa e das Américas, que hoje aqui declaramos unidos para sempre!

- Juramos nunca deixar de trabalhar unidos como um só corpo e uma só alma!

- Juramos levar a nossa fé a todos os nossos povos de boa vontade!

- Viva a UL, Universidade negra e branca que nos inspirará sempre!

- Viva a UL! Viva!



Em resposta, aplausos que ameaçavam não parar, tal o entusiasmo suscitado pela eloquência apaixonada do orador…

Estava selado o pacto cujo eco retumbaria nos dias e tempos seguintes de Lisboa e Porto a cabo Verde e a Kinshasa, Luanda, Lumumba, Maputo, Tshombé, Cabora Bassa e Pretória.

Sem deixar indiferente nem sequer o Brasil, mas apenas os brasileiros mais fechados nos limites geográficos gigantescos que lhes foram e são próprios. Que de facto pareciam ensurdecê-los para realidades novas no espaço Lusíada, que sempre se lhes afiguravam ameaçadoras ou estranhas à sua indiscutível e indiscutida grandeza. E não se diga superioridade, desde agora; é só de grandeza que pode e deve falar-se. Só irresponsáveis não compreenderiam ou fugiriam a compreender.

A.C.R.

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