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2008/01/08

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 17
ENSINO INOVADOR E… ENRIQUECEDOR 

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Veio do conjunto dos governos nacionais ali representados talvez a mais espectacular das reacções à ideia duma federação, informal embora, de Estados Lusíadas da Europa e da África, surgida no conclave onde só o Estado brasileiro e o seu governo não estavam de facto representados.

Mesmo do governo da África do Sul, naturalmente não lusófono, chegou uma reacção que poderá chamar-se de certa conivência. Lembrou esse governo, em comunicado especial publicado por todos os M.C. Social, que sendo a “federação” lusófona, excluía logicamente Estados que o não fossem. Mas também que isso não impedia a associação às suas finalidades de grupos de cidadãos sul-africanos de língua portuguesa e com origem portuguesa.

Assim o conclave o entendera já, mas a concordância do governo sul-africano vinha dar a esse entendimento um peso enorme, muito benvindo, numa altura problemática.

Quanto aos Estados lusófonos da “federação”, a reacção “espectacular” deles consistiu na sua pública adesão às finalidades e meios propostos, mas exigindo que se formalizasse por escrito, imediatamente, o acordo sobre a sua criação, natureza e regras de funcionamento, “dado o carácter inédito e absolutamente original daquilo que todos esses Estados tinham afinal em vista”.

O que pareciam dificuldades susceptíveis de fazer encalhar o “barco”, posto a navegar com tão grandes esperanças, revelaram-se afinal estímulos para a rapidez e eficácia das acções requeridas, mesmo tratando-se das mais complexas e delicadas acções de concepção e marketing.

Tudo cresceu de tal modo e tão depressa que a partir de certa altura tinha jeitos de verdadeira explosão, uma explosão contínua, sob a pressão dos futuros alunos que faziam por empurrar na sua máxima força, porque ansiavam por ver tudo a andar e definido sem demora tudo o que ainda o não tivesse sido.

Quanto pagariam de propinas?...

Haveria multas para os que se atrasassem nos pagamentos?...

Em casos desses, as notas de frequência e de exames ou simples testes não seriam publicadas enquanto os pagamentos não fossem postos em dia?...

A assistência às aulas seria obrigatória?...

O ensino seria realmente inovador, ao contrário do que efectivamente se passava nas Universidades públicas?...

Etc., etc., etc.

Mas sobretudo a pergunta que acabaria por provocar mais intervenções e mais interessadas, muito interessadas mesmo, da parte de todos…

A Universidade Livre, o pólo de Pretória, iria ficar-se por cursos de “papel e lápis”, isto é, papel, esferográfica e biblioteca, como lhes parecia estar a acontecer nos pólos europeus mais antigos, em geral ou predominantemente?

Haveria lugar para as engenharias, as artes, as medicinas, a enfermagem, a investigação, a arquitectura, a gestão operacional, a biotecnologia, a semiótica interlinguística, as origens e futuro das raças?...

Jucelino levantou-se num repente, para responder sem uma hesitação…

“Não! Não, não será como na Europa.

“Queremos ir desde já muito mais longe!

“Teremos todos os cursos para os quais seja possível conseguir professores e investigadores competentes…

“E vamos querer em todos os cursos os mais competentes!

“Vereis, garanto-vos!

“Para podermos um dia ter os licenciados mais distintos de todas as Universidades sul-africanas… E em Angola, como em Moçambique, no Zaire, em Cabo Verde…

“Vocês deram-me excelentes ideias!

“O ensino da medicina e da enfermagem é uma ideia fantástica!

“Teremos faculdades de medicina em todos os pólos da UL, antes de serem criadas nos pólos europeus da UL!

“Vamos antecipar-nos à Europa!

“Criaremos os melhores hospitais de África junto a cada uma das nossas futuras faculdades de medicina…

“Daqui a vinte anos a África terá serviços de saúde de tão alto nível como a Europa!

“E os médicos que licenciaremos aqui não terão de ir a correr arranjar emprego na Europa ou na América, porque a nossa Federação nova há-de criar empregos para todos…

“Porque a saúde generalizada das nossas populações será o primeiro grande desígnio dos nossos governos.

“Queremos que os pólos da UL sejam inspiração e motores de progresso e justiça para toda a nossa África.

“Vamos salvar a África de uma vez para sempre.

“Estamos embarcados no maior sonho que já alguma vez empolgou os africanos.

“Não falharemos, amigos e camaradas!

“Não falharemos nunca!”

Temendo os aplausos ameaçadores que seguramente não serviriam senão para distrair a assembleia do mais importante, Jucelino fez fortes sinais para todos compreenderem que tinha ainda coisas a dizer, naquele momento, imediatamente, que mereciam ser ouvidas, que teriam de ouvir, quisessem ou não.

“Ide pensar no que vos disse.

“Ainda não tínhamos falado dos cursos para que abriremos matrículas.

“Mas a questão está lançada e teremos de saber as vossas respostas. Vai ser-vos distribuído um questionário, com todas as instruções necessárias. Preenchei-o com clareza. Estaremos todos aqui depois de amanhã outra vez, à mesma hora, para os recolher. A partir das vossas respostas, vamos pôr a Universidade a andar, em grande velocidade! Até depois de amanhã, se Deus quiser.”

A.C.R.

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