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2008/01/02

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 15
ENTENDERAM QUE PODIAM GOVERNAR UMA POTÊNCIA… 

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Uma nova potência mundial…

Os partidos políticos supostamente beneficiários mal podiam acreditar.

Alguns deles – da zona de influência, sobretudo, do PC e do PS – pensaram que era altura de tirarem tudo a limpo, principalmente para definição das suas estratégias próprias.

Também gostariam de saber ao certo quem andava a reboque de quem.

Tanta coisa que se afigurava estar a escapar-lhes, confessavam entre si, sem complexos nem reservas!

Rufino, que se apercebeu da relativa desorientação, sugeriu que os partidos de esquerda dos vários governos mandassem os seus representantes a uma reunião limitada, em que participariam igualmente os três elementos fulcrais da UL, na Europa e em África.

E sugeriu Kinshasa para ponto de encontro.

“Ordem de trabalhos?” – perguntaram a Rufino dois ministros comunistas do governo em exercício em Lisboa, que o seu partido tinha designado para o representarem na conclave de Kinshasa.

Rufino passou-lhes um papel para as mãos, com que eles se apressaram a refugiar-se a um canto para discuti-lo, convencidos de que não arrancariam nenhuma explicação ao secretário-geral da UL, tal o desinteresse e displicência com que lho entregara.

Mas funcionava, sobretudo, na reacção deles, a disciplina do partido, para a qual não se perguntava nada a quem soubesse mais que nós de qualquer assunto, sobretudo a um potencial inimigo, que ia com certeza enganar-nos.

Dialéctica marxista, da mais pura e ousada…

Ou manha georgiana rústica, à maneira de Staline, o genial georgiano rústico.

Rufino olhou serenamente para dentro de si próprio e pensou que estava a deixar-se arrastar por todos os seus velhos reflexos anti-marxistas, quase de miúdo, e prometeu controlar-se.

Afinal, aquela era gente decente com que não podia deixar de aliar-se, sem preconceitos excessivos, apenas os absolutamente necessários.

O que mais importava era o projecto essencialmente lusíada que tinham em comum e que não resultaria sem a participação empenhada e criativa deles, comunistas e socialistas, mas principalmente comunistas.

Nessa altura julgou Rufino que estava a tomar-se por mais esperto que todos os demais e tornou a rir da sua presunção de superioridade, mas sorriu, de tal maneira que os outros sorriram também, seguros de que a situação era mesmo para rir.

Rufino achou que estavam a começar bem porque era bom sinal, para começar, repetiu, não se levarem demasiado a sério, o que criava uma excelente predisposição para todas as audácias no desconhecido e sem precedentes, que tudo aquilo era e iria continuar a ser.

Quando se encontraram na República Democrática do Congo, em Kinshasa, vindos de todos os pontos do horizonte, eram mais de cem e a primeira tarefa ingente, sem exagero, foi conseguir que cada um se apresentasse com simplicidade e clareza, todos em português. Excelente prenúncio, esta primeira grande vitória de Rufino, cuja proposta a favor da língua portuguesa foi aclamada de pé, pela unanimidade dos participantes e sem necessidade de outro argumento que tratar-se da língua da Universidade que ali os juntara.

Sensivelmente mais fácil e mais rápido do que Rufino ousara esperar, de modo que muitos, para não dizer a generalidade, tomaram os aplausos à sua proposta como uma verdadeira aclamação da sua pessoa, para dirigir os trabalhos do encontro, do que o próprio também aliás não duvidou…

Diga-se, porém, que os comunistas não gostaram mas não reguilaram, enquanto os socialistas apoiaram entusiasticamente, porque não queriam nenhum comunista a presidir àquilo a que já muitos chamavam “a Cimeira”.

E, para não haver dúvidas de que ali se trabalharia em cheio pelo futuro, de muitas dezenas, mesmo umas centenas de milhões de brancos e negros da Europa, África e Américas, logo alguns acrescentaram e tornou-se regra para muitos…

“A Cimeira do Futuro”!

Ou, com mais clareza e ambição, como acabou por ser aceite por todos…

“A Cimeira do Futuro dos Três Continentes”!

Mais uma vez, quem explicou cabalmente o que os reunia ali foi o incontornável Jucelino, com firmeza, convicção e clareza de quem fora o primeiro a perceber o que se preparava e aquele que mais terá feito para que o impossível viesse a acontecer.

Foi nas palavras de Jucelino que as esquerdas presentes melhor se reviram, acreditando nele, logo ali, como o maior profeta e o maior visionário da mais formidável realização em perspectiva daqueles tempos, para três Continentes”!

A.C.R.

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