2007/12/28
Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte VIII – N.º 14
ASSIM SE CONSTRÓI UMA POTÊNCIA MUNDIAL
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Não está tudo dito só porque ninguém sabia, na altura, no que podia ir dar esta embrulhada…
Quando descobriram e se deram conta do que haviam feito, aquela gente organizou-se como se fossem senhores do Mundo.
Não lhes bastava serem dos melhores no ranking mundial do futebol por nações, como portugueses…
Entenderam de súbito que podiam também governar uma grande potência política…
Nem tinham de conquistá-la, ela oferecera-se-lhes sem resistências, antes pelo contrário. Só tinham que não desperdiçar a oportunidade.
Mesmo a tentativa precipitada de que a sede da UL deixasse Lisboa, para se instalar em África ou no meio do Atlântico, em Cabo Verde, não passou disso mesmo, a tentativa dum impulso precipitado, sem ponderação de forças e recursos, materiais e humanos, a logisticazinha.
Rufino resistiu, com êxito, à primeira tentativa, mas só enquanto pôde e valendo-se principalmente dos argumentos jurídicos da prioridade da iniciativa e do voto de maiorias arduamente construídas nos órgãos sociais desde a primeira hora, mas também sem poupar os ardis indispensáveis. Mesmo os dispensáveis, que os tinha para todos os gostos e anseios…
A minoria negra pensava que retirar a sede da UL de Lisboa, para África, a faria perder as conotações “colonialistas” – chamavam-lhes eles – da Universidade quase tricontinental…
Rufino quase os convenceu de que isso era mera etiqueta para tentar desacreditar uma iniciativa sem pontos fracos, mas que alguns entendiam ter de ser desacreditada fosse como fosse.
E então ele próprio caiu na armadilha da sua argumentação. Quanto mais negava, e demonstrava o não-colonialismo da iniciativa, mais aos olhos de muitos avultava esse suposto carácter dela. Não teve outra solução, senão deixar de falar disso e propibir que se falasse. O seu grande prestígio ficou demonstrado também pelo acatamento absoluto que a proibição efectivamente encontrou da parte de todos.
Como que em compensação, Rufino teve de se deixar “levar” ainda mais completamente pelo lado “político” da rede de pólos da UL, quase aparecendo a muitos como o verdadeiro inspirador do projecto “federador” da rede universitária e principal responsável pelo rumo que as coisas tomaram, por bem ou por mal.
Na verdade… ele próprio, Rufino, teve a surpresa de encontrar-se, em certo momento, completamente envolvido e condicionado por uma opção que estava longe de ser apenas sua ou da sua iniciativa.
Foi Jucelino, o negro filho do soba, por seu lado grande beneficiário do colonialismo, quem melhor e mais rapidamente fez compreender a todos que, quanto menos se falasse de colonialismo, melhor. Para nada se perder do alcance previsto do projecto, colocando-lhe etiquetas equívocas.
Mas como os partidos governantes de Lisboa a Pretória, passando pelo Porto, Braga, Cabo Verde, Luanda, Maputo e tudo o mais, eram todos afins uns dos outros e de esquerda, de facto insuspeitos no seu esquerdismo comprovado… Foi inevitável, e consolador para os egos respectivos, que se generalizasse a ideia de que uma verdadeira governação de esquerdas, por assim dizer federadas, passara a pôr e dispor no novo Império Lusófono.
Eureka! – clamaram ao telefone os três chefes lusitanos, deslumbrados pela descoberta e simultaneamente ansiosos de revelar ao Ocidente adormecido a grandeza do seu génio inventivo, para a farsa política, que acreditavam ter recuperado do atoleiro e renovado como há muito se não via.
Nem os “gatos mal cheirosos”.
Gente, afinal, de inesperada ingenuidade!
A.C.R.
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