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2007/04/10

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte IV – N.º 19 

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Tenderemos os portugueses ao esquecimento, por falta de oportuno registo do que individual e colectivamente nos vai acontecendo, como se diz?

Até há por aí os filósofos da nossa vocação para o esquecimento, que a seus olhos aparece assim como algo de estruturante e da nossa entidade e modo de sermos portugueses…

Ter-nos-à o Criador feito desmemoriados para, mais livres, sem prisões ou com menos prisões que os outros, nos tornarmos gente sem peias, mais apontada ao destinos de povo “das sete partidas” que efectivamente somos desde sempre e continuamos a ser, como estas “memórias das minhas Aldeias”, simples aldeias, também querem documentar, vou-o descobrindo passo a passo?...

A memória, como aquela de que os “filósofos” gostariam, faria de nós desconfiados por natureza e por sistema.

Mas nós não somos fundamentalmente desconfiados, somos é admiravelmente imaginativos.

Aliás, também bastante ao contrário do que correntemente se propaga a nosso respeito, isto é, que não somos imaginativos, não criativos também, portanto.

Parece até que não somos verdadeiramente bons em nada; concede-se-nos agora que somos, quando muito, bons, até muito bons, em futebol.

Claro que não é nada pouco e ainda mais se viermos a acrescentar o nosso amadorismo triunfal em râguebi…

Mas vamos bastante além, e se muitas vezes nos condenam pelo vício do improviso, terão também de reconhecer quantas vezes somos e fomos bons, mesmo bons, e não improvisadamente ou por acaso, mas com os méritos da organização, da nossa excelente capacidade de organização.

Quereria que estas memórias vos surpreendessem, prezadíssimos leitores, por esse extraordinário dom que temos comprovado nas mais inesperadas ocasiões e paragens.

Leitores, excelentíssimos e pacientes leitores, meus admiráveis leitores, quero, em suma, dizer o seguinte: que alguém dificilmente conseguiria abalar a nossa certeza de que a História e o dia-a-dia comprovam profusamente a nossa categoria de grande povo, com superabundância de grandes individualidades praticamente anónimas a maioria delas.

Mas mais, ainda ao contrário também do que tantas vezes se tende a propalar e fazer crer: é que somos bons e temos consciência e orgulho do que somos.

Veja-se o caso da votação para a escolha do “maior português de sempre”, que fechou 2ª feira, 26 de Março passado.

Não é o resultado final que surpreende mais, pois até pareceu firmemente definido desde o princípio, pelo pouco e escamoteado que, a medo, foi vindo a público.

Nem foram as manobras feitas insistentemente pela RTP – a mando de quem? – para inflectir esse resultado noutros sentidos, sem nenhum sucesso aliás.

Também não foi particularmente surpreendente o facto, embora injusto, de não estarem no grupo dos “dez mais” duas ou três grandíssimas figuras de Portugal, em proveito de figuras absolutamente secundárias e artificialmente projectadas, como as de A. Cunhal e A. Sousa Mendes.

Não.

O que mais surpreende é o grande acerto em todas as outras grandes figuras que lá estão.

Um acerto tão em cheio que temos de rever as nossas e generalizadas ideias de que os portugueses nada sabem de História e de que o ensino dela, nas nossas escolas, é uma inexistência ou uma miséria.

Porque, se acreditássemos à letra nisso, teríamos de descobrir ou inventar uma misteriosa fonte de informação histórica dos portugueses em geral, talvez uma excepcional sensibilidade para a História, bebida com o leite materno ou que flutua no ar que respiramos…

Uma coisa é certa: não telefonaram só os “velhos”, os demais de cinquenta anos, os que já eram gente adulta e consciente, não manipulável, quando chegou Abril.

Mas a RTP vai guardando dados como esse, as idades dos votantes, que possui, e muito ajudariam a interpretar o acontecido.

Até quando?

A.C.R.

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