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2005/12/05

Rua do Crucifixo 

A recente investida do laicismo furibundo contra a presença de crucifixos em certas escolas – que lá estão porque as pessoas que ali ensinam e aprendem, de alguma forma, se identificam com esse símbolo, doutra sorte já os tinham retirado – é apenas mais um sinal de intolerância e de perseguição dos “tolerantes” do costume.

É sempre assim: quando esta gente vem pregar a tolerância é porque tem alguma na manga para proibir os outros de manifestar as suas convicções pessoais, da mesma forma que quando bacoreja sobre a liberdade é porque anda à cata de votos.

Como não sou socialista, estou-me a marimbar para que o Estado seja laico. Não o conheço, nem nunca o vi. O que sei é que há muitas pessoas que têm convicções religiosas, não são laicas, e têm o direito de manifestar essas convicções em público.

O facto de existirem pessoas, de certa ideologia política, que pretendem identificar-se com o Estado e falar em seu nome contra a religião, neste caso o Cristianismo, acaba por transformar o laicismo numa religião anti-religiosa, com os seus preceitos, a sua liturgia e as suas divindades, cuja maior é o Estado.

Sendo o homem por natureza um ser religioso, é impossível, como a História dos últimos 100 anos demonstrou, retirar o sentido do sagrado da vida dos homens. Pode-se tentar substituir, arranjar sucedâneos do tipo “faça você mesmo”, mas nunca apagar essa marca indelével, esse fragmento de infinito presente em todo o ser humano. Não é por acaso que os teólogos da ONU andam a congeminar uma religião global, como se os monoteísmos não tivessem um cunho universal. Há-de ser bonito…

Eu bem sei que os homens não nascem com asas nas costas. E os cristãos também não. Aliás, ninguém nasce cristão. Os cristãos fazem-se, e não são, necessariamente, melhores que os outros. Na História do Cristianismo encontramos os melhores e os piores exemplos. De resto, julgo que ninguém adere ao Cristianismo por causa dos outros, mas sim por convicções pessoais muito profundas a respeito do sentido da vida e da morte e de um entendimento de homem, de mundo e de vida.

É certo que os bons exemplos, de tantos santos, homens e mulheres com defeitos e fraquezas como os outros, edificam, e os maus exemplos, cuja raiz está, precisamente, na fraqueza humana, e não numa perversão intrínseca do Cristianismo ou da Igreja, destroem. Mas são, ambos, acessórios.

Contrariamente aquilo que alguns espíritos moderados preconizaram, não me parece que esta investida laicista seja desnecessária, pois considero que a clareza e a firmeza deve estar presente nas relações entre os homens, pelo que prefiro o combate sem rodeios ao fingimento, aos golpes palacianos e aos truques por baixo da mesa. Se os laicistas estão incomodados, que ataquem.

Eu até lhes sugiro um programa de trabalho ambicioso para depois do logro da retirada dos crucifixos das escolas: retirar os crucifixos dos exteriores das igrejas, abolir da toponímia nomes como Rua do Crucifixo, Av. João Paulo II, Av. Paulo VI, Av. da Igreja, ruas e avenidas com nomes de santos e homens da cultura como Padre António Vieira e Santo Condestável, de localidades como S. Pedro e S. João do Estoril, as festas dos santos populares, a substituição dos feriados religiosos por feriados laicos dedicados ao gender, à saúde e direitos reprodutivos (entenda-se aborto e demais contracepção), ao homossexualismo, ao aquecimento global e mudanças climáticas, à igualdade de todas as formas de vida, à fruição das drogas, enfim, um rol interminável de limpezas a fazer em nome da laicidade.

Se estiverem com falta de imaginação para encontrar tantos novos nomes, eu posso dar uma ajuda.

Eu bem dizia que, um dia destes, as calças ainda se transformam num símbolo religioso.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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