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2005/11/23

Uma terra sensacional: Boticas 


Em pleno nas Terras do Barroso.

Foi uma excelente surpresa.

Eu tinha de ir passar dois dias a Carvalhelhos, a meia dúzia de quilómetros da sede do concelho, para participar na última sessão de um curso organizado pela FORESTIS, na área da gestão florestal, destinado a dirigentes, em exercício, de Associações de produtores florestais.

Noutra ocasião falarei aqui do curso, mas hoje apresso-me a contar a surpresa que tive ao conhecer Boticas.

É um caso que quase me faz bendizer o destino de grande parte do défice das contas públicas naquela parte em que ele resulta do que foi gasto em melhoramentos locais, sempre que se trate de manifestações de bom senso e de bom gosto e melhoria efectiva da qualidade da vida nas autarquias mais distantes dos grandes centros.

Peço aos navegadores que me lêem: planeiem uma visita a Boticas; ou nem deixem perder a primeira ocasião que lhes permita passar perto, para gastarem umas horas a flanar por Boticas, não falo do resto do concelho nada pequeno em extensão, mais de 300 Km2, mas com apenas uns 10.000 habitantes, muito acidentado, embora com boas e mesmo bastante boas estradas. E por uma razão só não falo do resto do concelho que sei também ter fortes motivos de interesse, como as termas de Carvalhelhos e o castro lusitano do Séc. IV ou V a.C., em muito bom estado de conservação, a avaliar pelo postal ilustrado que me caiu debaixo dos olhos.

É que, com os melhoramentos feitos pelo
Município nos últimos anos, Boticas, vila, tornou-se uma das mais preciosas jóias do distrito de Vila Real, de cuja sede dista pouco mais de 50 quilómetros.

O centro da vila foi transformado de alto a baixo, sem uma manifestação de mau gosto ou de agressão ao ambiente e à paisagem, natural ou construída, como se a mesma fada boa e inteligente tivesse presidido a tudo aquilo.

São exemplos disso o edifício dos Paços do Concelho, recente mas já em fase de grande ampliação, o que não resulta seguramente de erros de planeamento mas de execução realistamente faseada dum vasto objectivo definido desde o princípio.

No mesmo largo, ajardinado, foi aproveitado para Biblioteca Municipal, pública, um solar do séc. XVIII, que não pude visitar porque era domingo, mas de fora, através das portas de vidro, via-se um espaço interior que me pareceu muito bonito, a servir de átrio.

A poucos metros, ainda no largo dos Paços do Concelho, um enorme e belíssimo espigueiro antigo, ali colocado a lembrar o que foi a riqueza das actividades agrícolas da região.

Todo em granito, com a réplica, também ali perto, do guerreiro lusitano muito conhecido, que se encontra no Museu Nacional de Arqueologia e Etnografia em Lisboa.

Descendo a rua, encontra-se logo à esquerda o edifício do Anfiteatro Municipal, para as actividades culturais e, um pouco mais abaixo, o edifício do Mercado com uma fachada original e discretamente chamativa, que tive pena também de não poder visitar.

Depois, atravessa – se por uma ponte o pequeno rio, cujas margens foram arranjadas para utilização do espaço como parque de lazer muito agradável, no mesmo tom de coisa bem pensada, como tudo o resto, para servir uma população que, talvez sem se dar conta, não pode deixar de ser uma população refinada, para viver no ambiente que não hesito em qualificar de refinado, oferecido pelos responsáveis municipais de Boticas das últimas décadas e, certamente, com raízes em muitas décadas anteriores.

Não lhe digo mais, caro leitor, nem enumero várias realizações(*) de que ainda me apercebi, só para lhe deixar hipóteses para descobertas suas que um dia gostará de fazer, tenho a certeza.

A.C.R.

(*) Como a Igreja, o Turismo de Habitação, a Porta do Carral…

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