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2005/01/27

Entrevista de António da Cruz Rodrigues
ao "Causa Nacional" (1ª parte) 

Por entendermos que tem interesse para este blogue, iniciamos aqui a publicação da entrevista dada por António da Cruz Rodrigues ao "Causa Nacional", por este site solicitada e já publicada em 2005/01/13.
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1. O que é a Aliança Nacional? Uma simples página na Internet, uma organização?

Sim, uma organização também, como resulta da nossa escritura pública, notarial. Mas, acima de tudo, uma associação de carácter doutrinário e político. Como tal, uma das muitas iniciativas, conhecidas, do “grupo Vector”, em quarenta anos de actividade, visando a doutrinação e a acção no plano do empenhamento cívico e social, à luz do Cristianismo e da Doutrina Social da Igreja. Sobre a actividade desse grupo, a respeito de várias das suas iniciativas, há apontamentos mais ou menos desenvolvidos no blogue Aliança Nacional. Não conheço, nestes quarenta anos, em Portugal, grupo com maior repercussão efectiva ou que tenha sido mais activo e mais coerente na sua acção.

2. Consideram-se a voz do nacionalismo de futuro?

Sim, consideramo-nos uma voz estruturadora e estruturante do nacionalismo de futuro. Porque quebrámos todas as cadeias que no passado prenderam os vários nacionalismos a meros e sucessivos circunstancialismos históricos. Assim, rejeitamos os regimes de partido único, consequências da profundíssima crise e descrédito generalizado dos regimes demo-parlamentaristas, nos fins do séc. XIX e princípios do séc. XX. Rejeitamos igualmente, por isso, qualquer totalitarismo e defendemos que a representação da vontade política dos povos se deve exprimir, menos imperfeitamente que por qualquer outro meio, através do sufrágio directo universal.

Naturalmente, pois, não aceitamos que o corporativismo seja ou possa vir a ser uma forma exclusiva ou dominante de expressão da vontade política popular.

Como também rejeitamos que, para se ser nacionalista, se tenha de ser monárquico e visar a restauração da Monarquia, ou que se tenha de ser Cristão (ou Judeu ou Muçulmano) ou ser ateu, agnóstico, anti-cristão, anti-muçulmano ou anti-judeu.

Mas um outro preconceito dos nacionalismos antigos, dos séc. XIX e XX, temos de esclarecer, porque talvez seja até o mais grave de todos: de facto, o novo nacionalismo, para nós, não pode assentar em qualquer preconceito ou prevenção de carácter racista ou racialista ou étnico.
Não duvidamos de que todo o racialismo de base, por muito cor de rosa, lírico ou idealista que se apresente, acaba sempre por degenerar em racismo, teórico ou simplesmente prático. Porquê? … Creio, fundamentalmente, que por o racialismo esquecer que as manifestações racistas adversas, que tanto teme e de que tanto quer a todo o custo defender-nos (nos bairros periféricos de Lisboa, por exemplo), são antes de mais casos de polícia que a Polícia terá de resolver.

Os problemas concretos duma sociedade nunca se resolvem só com nacionalismo, nem só com ideologias, quaisquer que sejam, ao contrário do que criam todos os ideólogos e os nacionalistas tradicionais ou tradicionalistas também.

3. Quando lemos as críticas a um nacionalismo racialista e a apologia a um nacionalismo não étnico, não será esse um nacionalismo de passado? Não era esse nacionalismo que regia o Estado Novo?

Se assim fosse, teríamos de concluir que o Estado Novo foi singularmente futurista. Pelo menos muito mais actualizado, moderno e futurista que qualquer outro nacionalismo do séc. XX, de origens germânicas, italianas, francesas, espanholas, balcânicas … É que assentava fundamentalmente na profunda tradição política portuguesa, universalista e anti-racista. Em Portugal, só poderá ser-se nacional-racialista deixando de ser Português. O que, em contraponto, significa que, sendo-se Português, não se pode ser nacional-racialista, ou nacionalista de base étnica, como também gostam de camuflar-se. Direi até que, no plano lógico, pelo menos, um nacional-racialista português acabará sempre por ser anti-Português e que, mais tarde ou mais cedo, por força da mesma lógica, acabará de facto anti-Português.

Os medos por que se deixará submergir farão o resto.

4. Qual a vossa posição perante a imigração?

A imigração, como qualquer outro fenómeno social, tem de ser regulado e controlado por um Estado que se preze e esteja vigilante contra qualquer invasão, seja de que tipo for. Mas regulado e controlado sem discriminações por motivos raciais, ao contrário do que tantos racialistas defendem, descaindo claramente para o racismo anti-negro ou anti-afroasiático. Cada Estado tem de continuar a poder escolher os imigrantes que aceita, mas em igualdade de condições e sem discriminação racial, a qual, de acordo também com a tradição e formação católicas do Povo português, é inaceitável. Queiram-no ou não certos racialistas – ou mesmo todos? – essa tradição é parte substancial da nossa identidade. Mesmo quando pessoalmente se renegou qualquer religião cristã, essa tradição continua a ser uma referência intrínseca de todos, familiar a todos. É dessas referências que se alimenta instintivamente a natureza da grande maioria dos Portugueses.

(continua)

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