2004/05/07
Pro ou anti americanos? A Europa e a América.
Com estes títulos (aqui e aqui), referiu-se ontem "camisanegra" aos meus postes desta semana sobre as mesmas matérias (aqui , aqui e aqui).
Apreciei a atenção que lhes dedicou e a correcção com que o fez.
Sim, concordo consigo que, implicitamente, os meus postes não se destinavam aos nacionalistas americanos.
Já não concordo que "perguntar isso a nacionalistas portugueses também faz pouco sentido."
É verdade que os nacionalistas portugueses não têm que ser à partida, como diz, nem pro nem anti-americanos; têm é de ter em conta os interesses nacionais, nossos, e actuar politicamente em conformidade, como relativamente a qualquer outra potência.
Acontece, porém, que uma boa parte dos nacionalistas (ou não) portugueses, que conheço ou leio, não se comportam com essa frieza e distanciamento: parecem condicionados por preconceitos (de origem talvez bem conhecida), que muitas vezes os tornam absolutamente cegos para os próprios interesses, actuais ou futuros, de Portugal.
Há uma tarefa a levar a cabo por todos nós: a revisão lúcida e fria dos interesses nacionais.
Julgo que é possível uma "paixão" lúcida e fria.
Quanto ao segundo poste, não terei sido inteiramente feliz ao falar de "herdeiros" e herança, palavras que podem ser tomadas no sentido em que as tomou: herdeiros e heranças de mortos, efectivamente.
Como porém sabe, tão bem como eu, é que nestes casos Europa-América se trata realmente de vivos e de despojos de vivos para vivos.
Assim, os seus remoques (desculpe) terão um significado menos virulento, creio, e todos poderemos enfrentar os verdadeiros problemas num sentido construtivo de parceria incontornável e estratégica (de longo prazo, portanto), entre Europa e EUA.
Os meus cumprimentos.
A.C.R.
Apreciei a atenção que lhes dedicou e a correcção com que o fez.
Sim, concordo consigo que, implicitamente, os meus postes não se destinavam aos nacionalistas americanos.
Já não concordo que "perguntar isso a nacionalistas portugueses também faz pouco sentido."
É verdade que os nacionalistas portugueses não têm que ser à partida, como diz, nem pro nem anti-americanos; têm é de ter em conta os interesses nacionais, nossos, e actuar politicamente em conformidade, como relativamente a qualquer outra potência.
Acontece, porém, que uma boa parte dos nacionalistas (ou não) portugueses, que conheço ou leio, não se comportam com essa frieza e distanciamento: parecem condicionados por preconceitos (de origem talvez bem conhecida), que muitas vezes os tornam absolutamente cegos para os próprios interesses, actuais ou futuros, de Portugal.
Há uma tarefa a levar a cabo por todos nós: a revisão lúcida e fria dos interesses nacionais.
Julgo que é possível uma "paixão" lúcida e fria.
Quanto ao segundo poste, não terei sido inteiramente feliz ao falar de "herdeiros" e herança, palavras que podem ser tomadas no sentido em que as tomou: herdeiros e heranças de mortos, efectivamente.
Como porém sabe, tão bem como eu, é que nestes casos Europa-América se trata realmente de vivos e de despojos de vivos para vivos.
Assim, os seus remoques (desculpe) terão um significado menos virulento, creio, e todos poderemos enfrentar os verdadeiros problemas num sentido construtivo de parceria incontornável e estratégica (de longo prazo, portanto), entre Europa e EUA.
Os meus cumprimentos.
A.C.R.
2004/05/06
Os nacionalistas têm de ser anti-Americanos? Todos os Europeus tendem para a ingratidão ou, no oposto, para a visão idílica da ajuda americana?
(continuação)
Falou-se aqui ontem daqueles Europeus que vêem nos Americanos os grandes benfeitores da Europa, desde a guerra de 1914-1918, à guerra de 1939-1945 e à Guerra Fria, passando pelo Plano Marshall e pela fundação da NATO, até à queda do Muro de Berlim e "rendição" incondicional da URSS, em 1991.
São só vantagens! – clamam - Tudo "bençãos" para a Europa!
Nunca um Povo se dedicou com tal afinco a promover a segurança e engrandecimento de terceiros!
Nem com uma linha de continuidade e coerência que se pareça!
Tudo bem, concordo.
Mas esses Europeus talvez só estejam a ver um lado da questão, o lado idílico, o lado que beneficia os Americanos.
Esquecem, creio, que os EUA são, em relação, à Europa sobretudo herdeiros.
Sim, herdeiros e sucessores, aos quais, no interesse próprio, convém sempre, antes de mais, conservar a "herança", beneficiar a "herança", engrandecê-la e tirar todo o proveito possível de todos os legados e posições estratégicas que a constituam.
Ou não?...
Até na "parábolas" o bom gestor da herança e património é louvado por Cristo!
Os EUA têm sido os melhores gestores da herança que a Europa lhes consentiu.
É impossível, do ponto de vista americano, imaginar melhor.
Mas ponhamos visões idílicas de lado!
Zelar pela herança é, antes de mais, do interesse do "herdeiro".
Isso não quer dizer que esse zelo do "herdeiro" não tenha muitíssimas vezes sido proveitoso para a Europa.
Tem sido, sem dúvida.
Em primeiro lugar, porque a Europa não foi nem seria capaz de fazer melhor ou sequer tão bem.
Em segundo lugar, porque, tendo sido ela, em geral, que se meteu nas alhadas de que saiu derrotada, ficou quase sempre à mercê da ajuda ou protecção americana.
Não se pode queixar, mas agradecer.
Embora!
Porque também é verdade que os Americanos e os EUA muito têm igualmente que agradecer à Europa e aos Europeus.
Sem a Europa e a sua civilização, os EUA não existiriam e sem as alhadas dela ou em que ela se meteu, por sua exclusiva iniciativa e responsabilidade, nem por sombras a corrida da América à hegemonia mundial teria sido tão rápida e tão bem sucedida.
Foi espantoso e único.
Pouco mais de duzentos anos!
Não vale, pois, a pena tentar a contabilização do "negócio"; não seria possível concluir por quem ganhou mais ou quem ganhou menos.
Ficaríamos indefinidamente a puxar cada um a brasa à sua sardinha.
Será talvez mais inteligente e, sem dúvida, mais útil concluir que todos ganhámos muito, vendo a História a posteriori. A única maneira que há de vê-la, aliás...
Assim, talvez cheguemos a vermo-nos como parceiros, condenados, se assim quisermos, a sê-lo, melhor que como rivais, condenados a guerrear-se, mais tarde ou mais cedo, em proveito só de terceiros, que já podemos palpitar quem seriam.
A.C.R.
(continua)
Falou-se aqui ontem daqueles Europeus que vêem nos Americanos os grandes benfeitores da Europa, desde a guerra de 1914-1918, à guerra de 1939-1945 e à Guerra Fria, passando pelo Plano Marshall e pela fundação da NATO, até à queda do Muro de Berlim e "rendição" incondicional da URSS, em 1991.
São só vantagens! – clamam - Tudo "bençãos" para a Europa!
Nunca um Povo se dedicou com tal afinco a promover a segurança e engrandecimento de terceiros!
Nem com uma linha de continuidade e coerência que se pareça!
Tudo bem, concordo.
Mas esses Europeus talvez só estejam a ver um lado da questão, o lado idílico, o lado que beneficia os Americanos.
Esquecem, creio, que os EUA são, em relação, à Europa sobretudo herdeiros.
Sim, herdeiros e sucessores, aos quais, no interesse próprio, convém sempre, antes de mais, conservar a "herança", beneficiar a "herança", engrandecê-la e tirar todo o proveito possível de todos os legados e posições estratégicas que a constituam.
Ou não?...
Até na "parábolas" o bom gestor da herança e património é louvado por Cristo!
Os EUA têm sido os melhores gestores da herança que a Europa lhes consentiu.
É impossível, do ponto de vista americano, imaginar melhor.
Mas ponhamos visões idílicas de lado!
Zelar pela herança é, antes de mais, do interesse do "herdeiro".
Isso não quer dizer que esse zelo do "herdeiro" não tenha muitíssimas vezes sido proveitoso para a Europa.
Tem sido, sem dúvida.
Em primeiro lugar, porque a Europa não foi nem seria capaz de fazer melhor ou sequer tão bem.
Em segundo lugar, porque, tendo sido ela, em geral, que se meteu nas alhadas de que saiu derrotada, ficou quase sempre à mercê da ajuda ou protecção americana.
Não se pode queixar, mas agradecer.
Embora!
Porque também é verdade que os Americanos e os EUA muito têm igualmente que agradecer à Europa e aos Europeus.
Sem a Europa e a sua civilização, os EUA não existiriam e sem as alhadas dela ou em que ela se meteu, por sua exclusiva iniciativa e responsabilidade, nem por sombras a corrida da América à hegemonia mundial teria sido tão rápida e tão bem sucedida.
Foi espantoso e único.
Pouco mais de duzentos anos!
Não vale, pois, a pena tentar a contabilização do "negócio"; não seria possível concluir por quem ganhou mais ou quem ganhou menos.
Ficaríamos indefinidamente a puxar cada um a brasa à sua sardinha.
Será talvez mais inteligente e, sem dúvida, mais útil concluir que todos ganhámos muito, vendo a História a posteriori. A única maneira que há de vê-la, aliás...
Assim, talvez cheguemos a vermo-nos como parceiros, condenados, se assim quisermos, a sê-lo, melhor que como rivais, condenados a guerrear-se, mais tarde ou mais cedo, em proveito só de terceiros, que já podemos palpitar quem seriam.
A.C.R.
(continua)
2004/05/05
Ponto fundamental
Caro "camisanegra", é aos nacionalistas em geral que me refiro, nos meus postes sobre anti-americanismo, pensando sobretudo nos europeus, que conheço muito melhor, e, entre estes, sobretudo aos nacionalistas portugueses.
A.C.R.
A.C.R.
Nacionalistas mais propensos ao Anti-americanismo primário: Sim e não? Sim ou não?
(continuação)
Muitas vezes, mais que característico dos nacionalistas, o anti-americanismo coincide com o europeísmo dos que entendem não ser possível uma Europa forte e realmente autónoma sem que esteja preparada e disposta a fazer frente por toda a parte aos Estados Unidos.
Aos olhos desses europeístas extremos, hoje a real independência da Europa tem de ser conquistada contra os Estados Unidos.
Sem sequer se incomodarem a discutir essa pretensão, por a considerarem puramente ilusória e só por si anunciadora das maiores catástrofes, muitos europeus pensam que, além de ilusória, a pretensão é sobretudo injusta para com a América.
E enumeram os benefícios historicamente mais irrecusáveis que a Europa deve à generosidade e protecção americanas.
Teria sido a derrota dos Impérios Centrais — Alemão e Austríaco — e do Império Otomano, numa guerra, a de1914-18, cujo rumo só teria mudado decisivamente, quando as tropas americanas chegaram em massa e em força à frente europeia, em 1917.
Foi depois, continuam, a derrota do Eixo Berlim-Roma-Tóquio, só materializada e tornada possível pela entrada na guerra de 1939-45 dos Estados Unidos, novamente.
Aí, porém, o pró-americanismo europeu tem de concordar que, em 1945, a vitória americana, ou euro-americana, foi incompleta. Porque os EUA tiveram de resignar-se à aliança com a URSS, para vencer a Alemanha, o que deu uma tal posição de força aos soviéticos que, a partir da sua vitória, estes passaram a achar-se capazes de ameaçar e discutir a hegemonia ocidental, isto é, americana.
E foi assim que começou a Guerra Fria, digamos que declaradamente em 1951, com a Guerra (quente) das Coreias, já a China comunista entrada em cena, a reforçar o campo marxista-leninista-estalinista-maoísta, e a Cortina de Ferro a cortar a Europa em duas Europas irreconciliáveis.
Tanto assim que, para revigorar a Europa Ocidental e fazer dela um seu aliado útil, os EUA teriam sido forçados a cometer dois dos seus projectos mais ambiciosos e mais generosos: o Plano Marshal e a NATO.
Através do Plano Marshal os EUA salvam a Europa da fome e permitem aos governos europeus resistir vitoriosamente às "quintas colunas" soviéticas dos sindicatos europeus subversores da ordem social e política do pós-guerra; ao mesmo tempo que as economias nacionais europeias se vão consolidando e arrancando para os sucessivos "milagres" económicos conhecidos: o italiano, o alemão, o japonês (o Japão alinhará incondicionalmente com o Ocidente, depois da formidável derrota nuclear, a seguir aos bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki)...
Digamos que a última grande "benção" trazida pelos Americanos à Europa teria sido a abertura desta e do Mundo, a seguir, às vantagens dum sistema liberal e de Livre troca generalizada ao Mundo inteiro.
Com isso, os EUA teriam definitivamente salvo a Europa da ameaça comunista e deitado fogo à Cortina de Ferro (que mais pareceu cortina de bambu), vencendo a Guerra Fria em 1989-91, sob o comando do presidente Ronald Reagan, magnificamente assessorado pela inglesa Margaret Tatcher, conservadora liberal, e pelo alemão Kohl, democrata-cristão.
Ressalvados os convencionalismos idílicos, tudo parece estar certo.
Mas convém desmontá-los, aos laivos idílicos da história, para nem a Europa sair de tudo mais diminuída do que merece; nem os EUA tão exaltados na sua generosidade e grandeza dos sacrifícios cometidos que se perca o sentido conveniente das proporções e do que é legítimo esperar deles, Americanos.
Há cada vez mais "pano para mangas", caros e pacientes consumidores de blogues.
A.C.R.
(continua)
Muitas vezes, mais que característico dos nacionalistas, o anti-americanismo coincide com o europeísmo dos que entendem não ser possível uma Europa forte e realmente autónoma sem que esteja preparada e disposta a fazer frente por toda a parte aos Estados Unidos.
Aos olhos desses europeístas extremos, hoje a real independência da Europa tem de ser conquistada contra os Estados Unidos.
Sem sequer se incomodarem a discutir essa pretensão, por a considerarem puramente ilusória e só por si anunciadora das maiores catástrofes, muitos europeus pensam que, além de ilusória, a pretensão é sobretudo injusta para com a América.
E enumeram os benefícios historicamente mais irrecusáveis que a Europa deve à generosidade e protecção americanas.
Teria sido a derrota dos Impérios Centrais — Alemão e Austríaco — e do Império Otomano, numa guerra, a de1914-18, cujo rumo só teria mudado decisivamente, quando as tropas americanas chegaram em massa e em força à frente europeia, em 1917.
Foi depois, continuam, a derrota do Eixo Berlim-Roma-Tóquio, só materializada e tornada possível pela entrada na guerra de 1939-45 dos Estados Unidos, novamente.
Aí, porém, o pró-americanismo europeu tem de concordar que, em 1945, a vitória americana, ou euro-americana, foi incompleta. Porque os EUA tiveram de resignar-se à aliança com a URSS, para vencer a Alemanha, o que deu uma tal posição de força aos soviéticos que, a partir da sua vitória, estes passaram a achar-se capazes de ameaçar e discutir a hegemonia ocidental, isto é, americana.
E foi assim que começou a Guerra Fria, digamos que declaradamente em 1951, com a Guerra (quente) das Coreias, já a China comunista entrada em cena, a reforçar o campo marxista-leninista-estalinista-maoísta, e a Cortina de Ferro a cortar a Europa em duas Europas irreconciliáveis.
Tanto assim que, para revigorar a Europa Ocidental e fazer dela um seu aliado útil, os EUA teriam sido forçados a cometer dois dos seus projectos mais ambiciosos e mais generosos: o Plano Marshal e a NATO.
Através do Plano Marshal os EUA salvam a Europa da fome e permitem aos governos europeus resistir vitoriosamente às "quintas colunas" soviéticas dos sindicatos europeus subversores da ordem social e política do pós-guerra; ao mesmo tempo que as economias nacionais europeias se vão consolidando e arrancando para os sucessivos "milagres" económicos conhecidos: o italiano, o alemão, o japonês (o Japão alinhará incondicionalmente com o Ocidente, depois da formidável derrota nuclear, a seguir aos bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki)...
Digamos que a última grande "benção" trazida pelos Americanos à Europa teria sido a abertura desta e do Mundo, a seguir, às vantagens dum sistema liberal e de Livre troca generalizada ao Mundo inteiro.
Com isso, os EUA teriam definitivamente salvo a Europa da ameaça comunista e deitado fogo à Cortina de Ferro (que mais pareceu cortina de bambu), vencendo a Guerra Fria em 1989-91, sob o comando do presidente Ronald Reagan, magnificamente assessorado pela inglesa Margaret Tatcher, conservadora liberal, e pelo alemão Kohl, democrata-cristão.
Ressalvados os convencionalismos idílicos, tudo parece estar certo.
Mas convém desmontá-los, aos laivos idílicos da história, para nem a Europa sair de tudo mais diminuída do que merece; nem os EUA tão exaltados na sua generosidade e grandeza dos sacrifícios cometidos que se perca o sentido conveniente das proporções e do que é legítimo esperar deles, Americanos.
Há cada vez mais "pano para mangas", caros e pacientes consumidores de blogues.
A.C.R.
(continua)
Etiquetas: Em defesa do Ocidente
2004/05/04
Os nacionalistas têm de ser anti-Americanos? E podem ser pro-Americanos?
(continuação)
Posição do nacionalismo relativamente ao chamado Imperialismo Americano.
Não tem sido despiciendo o eco encontrado na Internet, blogosfera em particular, pelas "perguntas aos nacionalistas" aqui apresentadas.
Mas também pela pergunta sobre se "um nacionalista tem, ou não tem, de defender a identidade racial do seu Povo", apresentada por Vítor Lima.
A pergunta relativa ao preenchimento de vagas nas paróquias portuguesas por sacerdotes estrangeiros (de qualquer nacionalidade e etnia), deu lugar a comentários que também são contributos a considerar para uma tomada de posição do novo nacionalismo sobre as relações Igreja-Estado.
Hoje estão em causa os Americanos.
Deixo aqui alguns comentários.
Há uma certa tradição nacionalista de anti-americanismo?
Diz-se que até o Doutor Salazar, com todo o seu senso político e equilíbrio de estadista, consumado defensor dos interesses nacionais, terá sofrido da fobia.
Contam-se muitos comentários seus em privado e as manifestações de desconfiança em relação aos Kennedy, por exemplo.
Mais que anti-americanismo em si, trata-se antes, julgo, da atitude do estadista muito responsável face aos interesses da potência hegemónica que ameaçavam os interesses de Portugal.
Que defendia como um leão.
Também alguns apresentam outro exemplo mais concreto e documentado, como prova da atitude de Salazar relativamente aos Americanos.
Foi o caso de Salazar se ter recusado em 1941 a tratar a questão da cedência das bases nos Açores directamente aos Americanos, exigindo que a pretensão fosse apresentada pela Grã-Bretanha, a coberto das cláusulas da Aliança Anglo-Lusa.
E assim foi feito, ressalvando-se as formalidades e a sensibilidade portuguesa, sem o que o Governo Português teria considerado a entrada dos Americanos nos Açores como uma ocupação hostil estrangeira, contra a qual Portugal teria lutado com todas as suas forças.
Mais uma vez, não me parece que houvesse nisso propriamente anti-americanismo "primário", antes a coerência e patriótica intransigência a que os Americanos não estariam sempre habituados, mas que várias vezes Salazar usou com outros, com igual sucesso e o mesmo rigor, sem olhar a quem.
Por isso ele dizia, a quem comentava a sua boa "sorte" como estadista, em tantos casos, que lhe "dava muito trabalho ter sorte".
Mas a questão do anti-americanismo vai "dar pano para mangas".
Sei o que me espera.
A.C.R.
(continua)
Posição do nacionalismo relativamente ao chamado Imperialismo Americano.
Não tem sido despiciendo o eco encontrado na Internet, blogosfera em particular, pelas "perguntas aos nacionalistas" aqui apresentadas.
Mas também pela pergunta sobre se "um nacionalista tem, ou não tem, de defender a identidade racial do seu Povo", apresentada por Vítor Lima.
A pergunta relativa ao preenchimento de vagas nas paróquias portuguesas por sacerdotes estrangeiros (de qualquer nacionalidade e etnia), deu lugar a comentários que também são contributos a considerar para uma tomada de posição do novo nacionalismo sobre as relações Igreja-Estado.
Hoje estão em causa os Americanos.
Deixo aqui alguns comentários.
Há uma certa tradição nacionalista de anti-americanismo?
Diz-se que até o Doutor Salazar, com todo o seu senso político e equilíbrio de estadista, consumado defensor dos interesses nacionais, terá sofrido da fobia.
Contam-se muitos comentários seus em privado e as manifestações de desconfiança em relação aos Kennedy, por exemplo.
Mais que anti-americanismo em si, trata-se antes, julgo, da atitude do estadista muito responsável face aos interesses da potência hegemónica que ameaçavam os interesses de Portugal.
Que defendia como um leão.
Também alguns apresentam outro exemplo mais concreto e documentado, como prova da atitude de Salazar relativamente aos Americanos.
Foi o caso de Salazar se ter recusado em 1941 a tratar a questão da cedência das bases nos Açores directamente aos Americanos, exigindo que a pretensão fosse apresentada pela Grã-Bretanha, a coberto das cláusulas da Aliança Anglo-Lusa.
E assim foi feito, ressalvando-se as formalidades e a sensibilidade portuguesa, sem o que o Governo Português teria considerado a entrada dos Americanos nos Açores como uma ocupação hostil estrangeira, contra a qual Portugal teria lutado com todas as suas forças.
Mais uma vez, não me parece que houvesse nisso propriamente anti-americanismo "primário", antes a coerência e patriótica intransigência a que os Americanos não estariam sempre habituados, mas que várias vezes Salazar usou com outros, com igual sucesso e o mesmo rigor, sem olhar a quem.
Por isso ele dizia, a quem comentava a sua boa "sorte" como estadista, em tantos casos, que lhe "dava muito trabalho ter sorte".
Mas a questão do anti-americanismo vai "dar pano para mangas".
Sei o que me espera.
A.C.R.
(continua)
2004/05/03
Um novo sentido para o 1º de Maio?
"Os portugueses começam a sentir-se irremediavelmente perdedores e desamparados num mundo em mutação.
Este é que é o fundo da questão, com ou sem alargamento".
Isto escreveu João Cravinho, importante ministro socialista em recentes anos, que não hesita em esclarecer melhor, logo a seguir, no mesmo artigo do "Diário de Notícias" de 1 de Maio corrente:
"O nosso problema não pode ser, de modo algum, o expectável reforço da competitividade e atractividade da Hungria, Polónia, República Checa e outros. O nosso problema somos nós próprios e as nossas fragilidades cívicas, políticas, sociais e económicas."
Que deu à esquerda para desatar em tamanha crise de desânimo e desconfiança de nós próprios, de que estas citações são apenas algumas das muitas expressões com que todos os dias topamos?
Prepara-se, acaso, para ir justificando os seus infrutíferos esforços como Oposição ou para desde já nos preparar para os seus insucessos, quando eventualmente voltar a ser Poder?
Ser Poder é realmente pouco invejável à luz de tanto desânimo e descrença.
Mas não deixa de ser a visão principalmente duma esquerda em geral derrotista, quando acorda para a consciência do seu crescente irrealismo político.
Falta de confiança da esquerda em si própria, para construir ou reconstruir politicamente seja o que for?
Talvez por isso, alguém, nos bastidores da União Europeia, fixou para um dia 1 de Maio, o de 2004, a formalização plena da entrada de mais dez Estados europeus, do Leste, na Europa unida.
Como se alguém quisesse esbater a ideia dum "1º de Maio" cada vez mais apagado e substituí-lo pelo simbolismo regenador da Festa duma Europa renovada, essa, sim, empolgante e futurista.
Dado neste 1º de Maio o maior impulso de sempre à construção da Grande Europa, a ideia tem significado, não é de deitar fora. E não traduz uma simples rejeição do significado tradicional do 1º de Maio, mas pode entender-se como a sua sublimação pacificante.
No fundo, também como quem diz: Com as forças e espírito tradicionais do 1º de Maio derrotista, não vale a pena contar.
Viva a Europa nova!
A.C.R.
"Portugal e Galiza — Encantos e encontros" - Por José David Santos Araújo
É a última das edições em Português actual* sobre este tema da reaproximação entre Portugal e a Galiza, à luz das ideias integracionistas — cultural e linguisticamente falando, mas, por vezes, também económica e politicamente considerando possível e desejável a reintegração.
José David Araújo dá-nos no seu livro o estado presente da questão e o seu desenvolvimento ao longo de século e meio, sobretudo a partir do renascimento galaico da segunda metade do séc. XIX, mas sem esquecer os precursores.
Pessoalmente, é com muito orgulho que assisto a este acontecimento editorial (Edicións Laiovento — Vento do Sul — Santiago de Compostela) que é uma etapa importante no currículo galaicoportuguês ou lusogalaico do José David Araújo.
Juntos fundámos, em 21.12.95, o "Forum de Amizade Galiza Portugal" que, hoje presidido pelo José David e sempre perfeitamente fiel às raizes e projectos inspiradores, continua a desenvolver e alargar uma acção persistente em prol da reaproximação profunda entre Portugal e a Galiza.
Parabéns e um grande abraço ao Autor!
A.C.R.
__________________________________
* José David Santos Araújo é também um dos co-Autores do livro Galiza Portugal — Uma só Nação", editado em 1997 pela Nova Arrancada S.A.
Antes, em 1994, nas instalações da antiga Universidade Livre, em Lisboa, havíamos também organizado, durante dois dias, um concorrido encontro de umas três centenas de militantes e simpatizantes do reintegracionismo, que atraiu significativas atenções da Comunicação Social.
O lema fora o mesmo: "Galiza e Portugal — Uma só Nação!"
José David Araújo dá-nos no seu livro o estado presente da questão e o seu desenvolvimento ao longo de século e meio, sobretudo a partir do renascimento galaico da segunda metade do séc. XIX, mas sem esquecer os precursores.
Pessoalmente, é com muito orgulho que assisto a este acontecimento editorial (Edicións Laiovento — Vento do Sul — Santiago de Compostela) que é uma etapa importante no currículo galaicoportuguês ou lusogalaico do José David Araújo.
Juntos fundámos, em 21.12.95, o "Forum de Amizade Galiza Portugal" que, hoje presidido pelo José David e sempre perfeitamente fiel às raizes e projectos inspiradores, continua a desenvolver e alargar uma acção persistente em prol da reaproximação profunda entre Portugal e a Galiza.
Parabéns e um grande abraço ao Autor!
A.C.R.
__________________________________
* José David Santos Araújo é também um dos co-Autores do livro Galiza Portugal — Uma só Nação", editado em 1997 pela Nova Arrancada S.A.
Antes, em 1994, nas instalações da antiga Universidade Livre, em Lisboa, havíamos também organizado, durante dois dias, um concorrido encontro de umas três centenas de militantes e simpatizantes do reintegracionismo, que atraiu significativas atenções da Comunicação Social.
O lema fora o mesmo: "Galiza e Portugal — Uma só Nação!"