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2004/05/03

Um novo sentido para o 1º de Maio? 



"Os portugueses começam a sentir-se irremediavelmente perdedores e desamparados num mundo em mutação.

Este é que é o fundo da questão, com ou sem alargamento".

Isto escreveu João Cravinho, importante ministro socialista em recentes anos, que não hesita em esclarecer melhor, logo a seguir, no mesmo artigo do "Diário de Notícias" de 1 de Maio corrente:

"O nosso problema não pode ser, de modo algum, o expectável reforço da competitividade e atractividade da Hungria, Polónia, República Checa e outros. O nosso problema somos nós próprios e as nossas fragilidades cívicas, políticas, sociais e económicas."

Que deu à esquerda para desatar em tamanha crise de desânimo e desconfiança de nós próprios, de que estas citações são apenas algumas das muitas expressões com que todos os dias topamos?

Prepara-se, acaso, para ir justificando os seus infrutíferos esforços como Oposição ou para desde já nos preparar para os seus insucessos, quando eventualmente voltar a ser Poder?

Ser Poder é realmente pouco invejável à luz de tanto desânimo e descrença.

Mas não deixa de ser a visão principalmente duma esquerda em geral derrotista, quando acorda para a consciência do seu crescente irrealismo político.

Falta de confiança da esquerda em si própria, para construir ou reconstruir politicamente seja o que for?

Talvez por isso, alguém, nos bastidores da União Europeia, fixou para um dia 1 de Maio, o de 2004, a formalização plena da entrada de mais dez Estados europeus, do Leste, na Europa unida.

Como se alguém quisesse esbater a ideia dum "1º de Maio" cada vez mais apagado e substituí-lo pelo simbolismo regenador da Festa duma Europa renovada, essa, sim, empolgante e futurista.

Dado neste 1º de Maio o maior impulso de sempre à construção da Grande Europa, a ideia tem significado, não é de deitar fora. E não traduz uma simples rejeição do significado tradicional do 1º de Maio, mas pode entender-se como a sua sublimação pacificante.

No fundo, também como quem diz: Com as forças e espírito tradicionais do 1º de Maio derrotista, não vale a pena contar.

Viva a Europa nova!

A.C.R.

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