2004/04/22
O declínio da Europa e a ideologia onusiana (VII)
(continuação do post de 2004/04/21)
Assente a necessidade de afirmar o realismo da condição humana que, logicamente, se contrapõe à ingenuidade antropológica rousseauniana, para dar um novo sentido ao homem, enquanto ser político e social, e à Europa, resta tentar estabelecer quais deverão ser as prioridades próximas das nações europeias:
1) A afirmação e o respeito pela soberania, liberdade e independência de cada nação, o que exclui uma constituição e a criação de um super-estado. Uma Europa de Nações, livres e independentes de fazerem acordos entre si, à medida dos interesses recíprocos, segundo os sentir das comunidades nacionais.
2) São competências insubstituíveis do Estado a defesa e a segurança do território, bem como o exercício da justiça.
3) O combate à crise demográfica, mediante a criação de condições mais favoráveis (menos penalizadoras) à família e à maternidade, que vão desde o desagravamento da política fiscal à harmonização de horários laborais compatíveis com a dedicação aos filhos. A Europa tem penalizado de uma forma particularmente cruel as suas famílias e os seus filhos.
4) Controlar e evitar o caos no sector da imigração, mediante a exigência de legalidade à entrada, por razões de segurança, muito mais fáceis de entender a partir de 11 de Março.
A curto prazo a questão mais premente na Europa é a segurança. É bem conhecida a fragilidade neste sector em países como Portugal, de tal forma que se pode afirmar, sem receio de errar, que se o terrorismo, islâmico ou qualquer outro que seja, ainda não fez aqui “das suas” foi porque não quis. E oxalá não queira. Porque se quiser, ninguém dá conta deles.
Ninguém está livre de um ataque terrorista. Nem mesmo os EUA, que são os polícias do mundo. Mas vale a pena comparar a reacção dos americanos a seguir ao 11 de Setembro com a dos espanhóis – e de outros europeus – a seguir ao 11 de Março. Essa diferença é sintomática da crise europeia.
Os americanos, com maior ou menor sensatez e eficácia, que se pode discutir, ganharam espírito de corpo, sentido nacional, cada um percebeu que era consigo, e reagiram militarmente. Em Espanha, aproveitaram a ocasião para pôr no poder aqueles que, numa clara demostração de fraqueza e de medo, se pretendem curvar subservientemente diante dos terroristas: “Vá lá, não nos façam mal que nós somos bons rapazes! O que é que pretendem? Peçam que a gente dá...”.
Certamente que a intervenção anglo-americana no Iraque é desastrada, como tem sido a política externa americana ao longo de décadas, com algumas (poucas) excepções. Mas uma vez que se assumiram determinados compromissos militares, estes devem ser levados até ao fim. Recuar na hora de honrar compromissos em virtude do pânico e do medo gerado por acções terroristas é afirmar categoricamente que quem manda são os terroristas. Neste caso particular de Espanha até se pode afirmar que foram eles que ganharam as eleições.
Não se exige à Europa de hoje declarações de guerra nem acções militares no Oriente, como se de uma reedição das cruzadas se tratasse. Não. Até porque não tem capacidade bélica nem moral para isso. Pede-se, tão somente, a lucidez e a coragem para garantir a segurança das suas nações, sem soçobrar pelo medo diante do espectro do terrorismo. Viver habitualmente. Porém, parece que nem disso é capaz.
Eis o resultado na Europa da ideologia onusiana, que a UE perfilha e injecta nos seus países, através dos partidos maioritários (PPE e Intenacional Socialista) e da sua burocracia. Gente que vê o perigo e recua, foge, em vez de se preparar para o enfrentar. A Europa cultiva a cobardia, a fraqueza e o anti-governo: foi amestrada para isso.
A Europa só tem dois caminhos: ou se prepara – pela vontade e determinação dos seus povos, sem “supervisões” externas da ONU e EUA – para combater a crise que os seus políticos e governantes alimentaram, ou recua. Mas, se recua, é cada vez mais para sempre.
Manuel Brás
Assente a necessidade de afirmar o realismo da condição humana que, logicamente, se contrapõe à ingenuidade antropológica rousseauniana, para dar um novo sentido ao homem, enquanto ser político e social, e à Europa, resta tentar estabelecer quais deverão ser as prioridades próximas das nações europeias:
1) A afirmação e o respeito pela soberania, liberdade e independência de cada nação, o que exclui uma constituição e a criação de um super-estado. Uma Europa de Nações, livres e independentes de fazerem acordos entre si, à medida dos interesses recíprocos, segundo os sentir das comunidades nacionais.
2) São competências insubstituíveis do Estado a defesa e a segurança do território, bem como o exercício da justiça.
3) O combate à crise demográfica, mediante a criação de condições mais favoráveis (menos penalizadoras) à família e à maternidade, que vão desde o desagravamento da política fiscal à harmonização de horários laborais compatíveis com a dedicação aos filhos. A Europa tem penalizado de uma forma particularmente cruel as suas famílias e os seus filhos.
4) Controlar e evitar o caos no sector da imigração, mediante a exigência de legalidade à entrada, por razões de segurança, muito mais fáceis de entender a partir de 11 de Março.
A curto prazo a questão mais premente na Europa é a segurança. É bem conhecida a fragilidade neste sector em países como Portugal, de tal forma que se pode afirmar, sem receio de errar, que se o terrorismo, islâmico ou qualquer outro que seja, ainda não fez aqui “das suas” foi porque não quis. E oxalá não queira. Porque se quiser, ninguém dá conta deles.
Ninguém está livre de um ataque terrorista. Nem mesmo os EUA, que são os polícias do mundo. Mas vale a pena comparar a reacção dos americanos a seguir ao 11 de Setembro com a dos espanhóis – e de outros europeus – a seguir ao 11 de Março. Essa diferença é sintomática da crise europeia.
Os americanos, com maior ou menor sensatez e eficácia, que se pode discutir, ganharam espírito de corpo, sentido nacional, cada um percebeu que era consigo, e reagiram militarmente. Em Espanha, aproveitaram a ocasião para pôr no poder aqueles que, numa clara demostração de fraqueza e de medo, se pretendem curvar subservientemente diante dos terroristas: “Vá lá, não nos façam mal que nós somos bons rapazes! O que é que pretendem? Peçam que a gente dá...”.
Certamente que a intervenção anglo-americana no Iraque é desastrada, como tem sido a política externa americana ao longo de décadas, com algumas (poucas) excepções. Mas uma vez que se assumiram determinados compromissos militares, estes devem ser levados até ao fim. Recuar na hora de honrar compromissos em virtude do pânico e do medo gerado por acções terroristas é afirmar categoricamente que quem manda são os terroristas. Neste caso particular de Espanha até se pode afirmar que foram eles que ganharam as eleições.
Não se exige à Europa de hoje declarações de guerra nem acções militares no Oriente, como se de uma reedição das cruzadas se tratasse. Não. Até porque não tem capacidade bélica nem moral para isso. Pede-se, tão somente, a lucidez e a coragem para garantir a segurança das suas nações, sem soçobrar pelo medo diante do espectro do terrorismo. Viver habitualmente. Porém, parece que nem disso é capaz.
Eis o resultado na Europa da ideologia onusiana, que a UE perfilha e injecta nos seus países, através dos partidos maioritários (PPE e Intenacional Socialista) e da sua burocracia. Gente que vê o perigo e recua, foge, em vez de se preparar para o enfrentar. A Europa cultiva a cobardia, a fraqueza e o anti-governo: foi amestrada para isso.
A Europa só tem dois caminhos: ou se prepara – pela vontade e determinação dos seus povos, sem “supervisões” externas da ONU e EUA – para combater a crise que os seus políticos e governantes alimentaram, ou recua. Mas, se recua, é cada vez mais para sempre.
Manuel Brás
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