2004/10/11
Os cristãos que se ponham a pau
“Não posso pegar nas minhas crenças católicas, nos meus artigos de fé e legislar sobre protestantes, judeus ou ateus”. Assim justifica John Kerry, candidato à presidência dos EUA, segundo citação do “Público”, o seu retraimento perante a legislação abortista. Talvez ele esteja convencido disso.
Aqui em Portugal, sempre que se discute o aborto ou qualquer outro assunto que tenha mais transcendência moral, como o homossexualismo, o consumo de drogas ou a utilização de técnicas de reprodução artificial, há sempre um conjunto de bem pensantes da opinião publicada que vem zurzir a cabeça dos dissonantes, logo católicos, que não podem impor as suas convicções à sociedade.
Boa forma de os liquidar. Nem o Lenine se lembraria de uma coisa melhor.
O assunto tem a sua complexidade, uma vez que pode ser abordado de vários ângulos, mas o que não há dúvida é que denuncia claramente uma guerra entre concepções, não só diferentes mas opostas, de homem, de vida e de mundo.
E aí, não parece haver consenso possível, a menos que por isso se entenda a aceitação obrigatória e impestanejável da liberalização do aborto, do consumo de drogas, da equiparação da homossexualidade com a família (pai, mãe e filhos), da reprodução artificial indiscriminada nas suas várias formas (FIVET, clonagem...) e com vários fins, tal como pretendem os iluminados da União Europeia e da ONU.
Para abreviar caminho, a questão de fundo é esta: qual é a convicção que pode fazer lei? Porque é que as convicções favoráveis à liberalização do aborto podem fazer lei, ainda que sejam minoritárias, e as que se opõem a tal liberalização não podem, por um alegado prejuízo antireligioso, ainda que sejam maioritárias, como aconteceu no referendo de 1998.
Parece evidente que a alegação do prejuízo antireligioso é uma falsa questão, pois o que é que o legislador tem a ver com o facto da minha recusa do aborto ter motivos religiosos ou quaisquer outros? Nada. Isso é com cada um. O que está em causa é uma guerra entre os que recusam o aborto e os que o promovem, independentemente dos motivos. O facto dos poderes políticos impedirem certas convicções das pessoas, consideradas religiosas, de terem expressão na lei e na sociedade já é fazer um juízo depreciativo das mesmas e condicionar as convicções religiosas das pessoas com outras antagónicas, ou seja, antireligiosas. O que sucede é que as convicções antireligiosas acabam por ser religiosas, isto é, elevadas à mesma ordem das outras, mas por contraste.
É claro que o que eles pretendem é que os cristãos se inibam de ser coerentes com as suas convicções, adoptando uns critérios de vida dentro de casa e outros, contrários, no meio da rua. É este o consenso deles.
Chegados aqui, a questão chave é esta: serão necessários argumentos religiosos para fundamentar a recusa do aborto? É óbvio que não. Não são necessários, nem convenientes. O que significa que cada um, cristão ou não, dispõe de argumentos científicos e outros ad hominem.
Dito de outra forma: a questão do aborto, e afins, não é religiosa, no imediato e no que respeita ao âmbito político-temporal; é cultural e civilizacional. Porque a fundamentação da recusa do aborto é feita dentro de um quadro científico-natural e racional. Ninguém aduz motivos religiosos, a não ser os antireligiosos.
O que é que o Cristianismo acrescenta à fundamentação que recusa o aborto e, em geral, a toda a manipulação da vida? É uma luz sobre a existência humana. Supõe, e não dispensa, a argumentação científico-racional, acessível ao conhecimento humano, independentemente de se ter fé ou não.
Tanto mais que o Cristianismo não implica um determinado regime político, nem uma determinada ordem temporal. Tem vivido e sobrevivido em todos os regimes dos últimos 2000 anos: monarquias, repúblicas, ditaduras, totalitarismos, democracias, liberalismos. O que significa que os cristãos não actuam politicamente em nome da Igreja, nem a representam. Cada um pensa pela sua cabeça e actua, civil e politicamente, pela sua liberdade e responsabilidade. Se o fizer coerentemente com as suas convicções tanto melhor na medida em que evita duplicidades e hipocrisias.
Porquê, então, este frenesi e este combate às convicções dos cristãos e o medo que eles sejam coerentes? Porque do outro lado está o ateísmo militante, não só contra uma mundividência cristã mas contra o entendimento da vida subjacente às religiões monoteístas, particularmente contra a civilização judaico-cristã. Porque do outro lado, na UE e na ONU, há uma religião ateia para implementar, que exclui as monoteístas. Alguns falam na espiritualidade da ONU.
Para os mais incrédulos, uma citação do Dr. Nakajima, chefe da OMS em 1997: “As éticas monoteístas enquanto tais não podem ter aplicação no futuro”.
Cristãos, abri os olhos!!!
Manuel Brás
Aqui em Portugal, sempre que se discute o aborto ou qualquer outro assunto que tenha mais transcendência moral, como o homossexualismo, o consumo de drogas ou a utilização de técnicas de reprodução artificial, há sempre um conjunto de bem pensantes da opinião publicada que vem zurzir a cabeça dos dissonantes, logo católicos, que não podem impor as suas convicções à sociedade.
Boa forma de os liquidar. Nem o Lenine se lembraria de uma coisa melhor.
O assunto tem a sua complexidade, uma vez que pode ser abordado de vários ângulos, mas o que não há dúvida é que denuncia claramente uma guerra entre concepções, não só diferentes mas opostas, de homem, de vida e de mundo.
E aí, não parece haver consenso possível, a menos que por isso se entenda a aceitação obrigatória e impestanejável da liberalização do aborto, do consumo de drogas, da equiparação da homossexualidade com a família (pai, mãe e filhos), da reprodução artificial indiscriminada nas suas várias formas (FIVET, clonagem...) e com vários fins, tal como pretendem os iluminados da União Europeia e da ONU.
Para abreviar caminho, a questão de fundo é esta: qual é a convicção que pode fazer lei? Porque é que as convicções favoráveis à liberalização do aborto podem fazer lei, ainda que sejam minoritárias, e as que se opõem a tal liberalização não podem, por um alegado prejuízo antireligioso, ainda que sejam maioritárias, como aconteceu no referendo de 1998.
Parece evidente que a alegação do prejuízo antireligioso é uma falsa questão, pois o que é que o legislador tem a ver com o facto da minha recusa do aborto ter motivos religiosos ou quaisquer outros? Nada. Isso é com cada um. O que está em causa é uma guerra entre os que recusam o aborto e os que o promovem, independentemente dos motivos. O facto dos poderes políticos impedirem certas convicções das pessoas, consideradas religiosas, de terem expressão na lei e na sociedade já é fazer um juízo depreciativo das mesmas e condicionar as convicções religiosas das pessoas com outras antagónicas, ou seja, antireligiosas. O que sucede é que as convicções antireligiosas acabam por ser religiosas, isto é, elevadas à mesma ordem das outras, mas por contraste.
É claro que o que eles pretendem é que os cristãos se inibam de ser coerentes com as suas convicções, adoptando uns critérios de vida dentro de casa e outros, contrários, no meio da rua. É este o consenso deles.
Chegados aqui, a questão chave é esta: serão necessários argumentos religiosos para fundamentar a recusa do aborto? É óbvio que não. Não são necessários, nem convenientes. O que significa que cada um, cristão ou não, dispõe de argumentos científicos e outros ad hominem.
Dito de outra forma: a questão do aborto, e afins, não é religiosa, no imediato e no que respeita ao âmbito político-temporal; é cultural e civilizacional. Porque a fundamentação da recusa do aborto é feita dentro de um quadro científico-natural e racional. Ninguém aduz motivos religiosos, a não ser os antireligiosos.
O que é que o Cristianismo acrescenta à fundamentação que recusa o aborto e, em geral, a toda a manipulação da vida? É uma luz sobre a existência humana. Supõe, e não dispensa, a argumentação científico-racional, acessível ao conhecimento humano, independentemente de se ter fé ou não.
Tanto mais que o Cristianismo não implica um determinado regime político, nem uma determinada ordem temporal. Tem vivido e sobrevivido em todos os regimes dos últimos 2000 anos: monarquias, repúblicas, ditaduras, totalitarismos, democracias, liberalismos. O que significa que os cristãos não actuam politicamente em nome da Igreja, nem a representam. Cada um pensa pela sua cabeça e actua, civil e politicamente, pela sua liberdade e responsabilidade. Se o fizer coerentemente com as suas convicções tanto melhor na medida em que evita duplicidades e hipocrisias.
Porquê, então, este frenesi e este combate às convicções dos cristãos e o medo que eles sejam coerentes? Porque do outro lado está o ateísmo militante, não só contra uma mundividência cristã mas contra o entendimento da vida subjacente às religiões monoteístas, particularmente contra a civilização judaico-cristã. Porque do outro lado, na UE e na ONU, há uma religião ateia para implementar, que exclui as monoteístas. Alguns falam na espiritualidade da ONU.
Para os mais incrédulos, uma citação do Dr. Nakajima, chefe da OMS em 1997: “As éticas monoteístas enquanto tais não podem ter aplicação no futuro”.
Cristãos, abri os olhos!!!
Manuel Brás
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