2004/09/30
Dois Inesperados Vencedores? Duas Vitórias Inesperadas?
Os peritos em PS consideraram inesperada a vitória de José Sócrates, pela sua esmagadora dimensão; eu que não sou perito em ME, tenho de confessar que considerei completamente inesperada a vitória da ministra Doutora Maria do Carmo Seabra.
Ouvi a sua comunicação pela TV em 23, a prometer ao País um trabalho pronto para 30, que o ministério, pela Direcção Geral de Recursos Humanos, não conseguira fechar em meses; e espantei-me com a audácia, mesmo que firme e serena da Senhora, até porque, acima de tudo, me espantou exactamente essa firmeza e serenidade inesperadas.
Pareceu-me tal o risco que não podia concluir outra coisa senão: inconsciência e disposição suicida da Ministra!
Afinal a Senhora Ministra sabia o que estava a dizer e tinha tudo perfeitamente controlado!
Conseguiu até publicar as listas dois dias antes do prometido!
É tudo tão raro, desde há tanto tempo, que não resisto a entusiasmar-me.
Até que enfim! Até que enfim! Até que enfim!
É quase uma grande vitória final depois das sucessivas derrotas da máquina pesadona e pouco fiável do seu Ministério.
Temos Mulher!
Teremos também Mulher para finalmente ter mão nesse Ministério de burocracia pior que pesadona, tão suspeita?
A Ministra teve agora ainda o talento de não perder a ocasião de explorar o seu sucesso, como mandam as boas regras da guerra, que é aquilo — não se iluda — que vai ter de continuar a travar.
Mas se a Ministra convencer quem realmente interessa convencer de que, na verdade, está disposta a travar essa “guerra”, com crescente firmeza e não menos serenidade e inteligência, estou certo de que não lhe faltarão apoios da melhor gente, como tudo diz que não lhe faltaram agora para vencer este primeiro episódio da sua formidável “guerra”.
Ora a Senhora Ministra mostrou também um grande sentido de oportunidade ao aproveitar a conferência de Imprensa de 4ª feira, para anunciar ao País ir desde já dedicar-se:
“ao que verdadeiramente interessa”,
“a melhoria do sistema educativo e criação de condições para o sucesso escolar”.
Faça-o decididamente e terá o País todo consigo, Senhora Ministra!
Talvez até os sindicatos, onde também há gente excelente que muito sofre com o “faz que anda mas não anda” do seu ministério dinossáurico e cheio de teias de aranha ideológicas.
E vamos ao caso, também desta semana, do novo secretário-geral do PS, José Sócrates, o segundo vencedor “inesperado” subentendido na epígrafe.
O meu leitor assíduo — ou pelo menos assíduo do último mês, neste blogue — não duvidará da minha posição sobre o assunto.
Mas vou ser mais preciso.
Em todo o caso, não direi, como alguns poderiam esperar, que a eleição de José Sócrates foi “um mal menor”.
Mas sim que a sua eleição foi o único bem que poderia esperar-se daquele escrutínio.
O Dr. José Sócrates, por muito do que demonstrou até hoje incluindo por muito do que disse na sua campanha eleitoral de candidato a secretário-geral do PS, posicionou-se como representante duma esquerda realista em geral.
Isto é, posicionou-se como capaz de apoiar uma política interna que continue sem grandes sobressaltos a política definida pelos governos destes dois anos e pouco, ao mesmo tempo que não parece renegar a política euro-atlantista de Portugal dos mesmos governos.
Ressalvando que, pelo menos neste aspecto, terá no futuro de ser mais claro, creio poder dizer que o novo secretário-geral do PS não contribuirá para voltar a escurecer ainda mais os horizontes da política interna portuguesa.
Da sua política externa, direi que, para poder ser mais claro, por certo o novo secretário-geral ficará a aguardar os resultados das eleições presidenciais americanas.
Não é lúcido nem corajoso por aí além, mas…
“Não vá o Diabo tecê-las,” pensará o Dr. José Sócrates.
António da Cruz Rodrigues (ACR)
Ouvi a sua comunicação pela TV em 23, a prometer ao País um trabalho pronto para 30, que o ministério, pela Direcção Geral de Recursos Humanos, não conseguira fechar em meses; e espantei-me com a audácia, mesmo que firme e serena da Senhora, até porque, acima de tudo, me espantou exactamente essa firmeza e serenidade inesperadas.
Pareceu-me tal o risco que não podia concluir outra coisa senão: inconsciência e disposição suicida da Ministra!
Afinal a Senhora Ministra sabia o que estava a dizer e tinha tudo perfeitamente controlado!
Conseguiu até publicar as listas dois dias antes do prometido!
É tudo tão raro, desde há tanto tempo, que não resisto a entusiasmar-me.
Até que enfim! Até que enfim! Até que enfim!
É quase uma grande vitória final depois das sucessivas derrotas da máquina pesadona e pouco fiável do seu Ministério.
Temos Mulher!
Teremos também Mulher para finalmente ter mão nesse Ministério de burocracia pior que pesadona, tão suspeita?
A Ministra teve agora ainda o talento de não perder a ocasião de explorar o seu sucesso, como mandam as boas regras da guerra, que é aquilo — não se iluda — que vai ter de continuar a travar.
Mas se a Ministra convencer quem realmente interessa convencer de que, na verdade, está disposta a travar essa “guerra”, com crescente firmeza e não menos serenidade e inteligência, estou certo de que não lhe faltarão apoios da melhor gente, como tudo diz que não lhe faltaram agora para vencer este primeiro episódio da sua formidável “guerra”.
Ora a Senhora Ministra mostrou também um grande sentido de oportunidade ao aproveitar a conferência de Imprensa de 4ª feira, para anunciar ao País ir desde já dedicar-se:
“ao que verdadeiramente interessa”,
“a melhoria do sistema educativo e criação de condições para o sucesso escolar”.
Faça-o decididamente e terá o País todo consigo, Senhora Ministra!
Talvez até os sindicatos, onde também há gente excelente que muito sofre com o “faz que anda mas não anda” do seu ministério dinossáurico e cheio de teias de aranha ideológicas.
— x —
E vamos ao caso, também desta semana, do novo secretário-geral do PS, José Sócrates, o segundo vencedor “inesperado” subentendido na epígrafe.
O meu leitor assíduo — ou pelo menos assíduo do último mês, neste blogue — não duvidará da minha posição sobre o assunto.
Mas vou ser mais preciso.
Em todo o caso, não direi, como alguns poderiam esperar, que a eleição de José Sócrates foi “um mal menor”.
Mas sim que a sua eleição foi o único bem que poderia esperar-se daquele escrutínio.
O Dr. José Sócrates, por muito do que demonstrou até hoje incluindo por muito do que disse na sua campanha eleitoral de candidato a secretário-geral do PS, posicionou-se como representante duma esquerda realista em geral.
Isto é, posicionou-se como capaz de apoiar uma política interna que continue sem grandes sobressaltos a política definida pelos governos destes dois anos e pouco, ao mesmo tempo que não parece renegar a política euro-atlantista de Portugal dos mesmos governos.
Ressalvando que, pelo menos neste aspecto, terá no futuro de ser mais claro, creio poder dizer que o novo secretário-geral do PS não contribuirá para voltar a escurecer ainda mais os horizontes da política interna portuguesa.
Da sua política externa, direi que, para poder ser mais claro, por certo o novo secretário-geral ficará a aguardar os resultados das eleições presidenciais americanas.
Não é lúcido nem corajoso por aí além, mas…
“Não vá o Diabo tecê-las,” pensará o Dr. José Sócrates.
António da Cruz Rodrigues (ACR)