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2004/09/28

A Crise do Sindicalismo (II) 

Outro tabu que começa a cair

(continuação)

A crise dos sindicatos e do sindicalismo tem motivações comuns à crise de certos partidos, sobretudo socialistas, mas cuja crise ou mesmo morte não afectariam necessariamente os sistemas políticos em geral vigentes na Europa.

Ao passo que os sistemas sindicais, fruto em geral da visão marxista da sociedade e da luta de classes, são por isso excrescências duma visão e dum projecto derrotados na Guerra Fria.

São e sentem-se anacrónicos.

Claro que a crise dos partidos socialistas é fundamentalmente consequência também dessa derrota.

Ficaram desamparados, à esquerda, da asa protectora (apesar de tudo) que era a herança institucional e logística do “Pai dos Povos”, bem como do álibi que essa herança garantia a toda a esquerda.

Não sabem ainda pensar politicamente senão nos termos lógicos dessa conjuntura, por muito que pareça o contrário.

Os poucos que têm tentado escapar às grilhetas desse pensamento único, como Blair ou um Schroeder (talvez um Guterres?) acabam derrotados nas urnas eleitorais ou flagrantemente ameaçados disso.

Diria que os sistemas partidários não sofrerão, se os partidos socialistas não resistirem ao choque, que ainda sentem, em vagas sucessivas, da derrota da Guerra Fria, porque outros partidos haverá, sobretudo à direita e ao centro-direita, para continuarem a assegurar-lhes a sobrevivência.

Pelo menos, nada parece hoje ameaçar a expressão da vontade geral através do sufrágio universal, que não é imaginável sem partidos, actualmente.

Mas já não diria o mesmo do sindicalismo.

Que pode morrer se morrerem os sindicatos, na versão que a generalidade deles tem dos quadros mentais formados pelo marxismo da luta de classes e do triunfo duma delas, o proletariado, ou seja, na versão pura e dura dos partidos comunistas de há mais de trinta anos e dos seus epígonos sobreviventes.

Mas o sindicalismo morre mesmo ou tornar-se-à supérfluo, porque os sindicatos dessa origem, quase todos, parecem incapazes de mudar de visão sócio-económica e de se adaptarem a novos objectivos e novas funções, não superficialmente e por mera táctica mas profunda e estrategicamente.

Como será isso?

Têm de renunciar ao carácter revolucionário que se arrogaram e procurar a linha de actuação adequada aos novos tempos.

A.C.R.

(continua)

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