<$BlogRSDUrl$>

2004/09/30

A Crise do Sindicalismo (IV) 

Outro tabu que começou a cair




(continuação)

J. Pacheco Pereira, no “Abrupto”, quis fazer crer que os sindicatos de professores até podem sair reforçados da “crise das colocações”, ao contrário das tendências do sindicalismo português em geral para o enfraquecimento.

Lembro que não são, em grande medida, sindicatos comparáveis.

Os sindicatos portugueses (ou alemães) da indústria, do comércio, dos serviços, têm de entender-se com produtores de bens sujeitos à concorrência e competitividade dos mercados estrangeiros.

Os sindicatos de professores trabalham para o Estado, produtor de educação, produto que ainda não está sujeito à concorrência estrangeira e nem sequer é ameaçado gravemente pela concorrência do ensino privado em Portugal.

Quer dizer, os sindicatos de professores, públicos ou muito predominantemente públicos, não têm senão que lutar pelo quase monopólio estatal do ensino em Portugal — a melhor forma de se defenderem a si próprios e aos seus privilégios em relação aos outros funcionários públicos. Estes, aliás, já de si privilegiados em relação aos trabalhadores por conta de outrem da actividade privada, em geral, como quis demonstrar recentemente o economista e ex-ministro Medina Carreira. Privilegiados, relativamente, claro, mas privilegiados em matéria de segurança no emprego e de reforma, como em horas de trabalho lectivo e remuneração relativamente aos professores de países mais ricos ou muito mais ricos.

Quero dizer que os sindicatos de professores não são um exemplo para a saída do sindicalismo da sua crise, como também não seriam um exemplo os restantes sindicatos da função pública. Deles pode esperar-se apenas que respeitem e compreendam a especificidade da actividade privada e que não encorajem os sindicatos desta área para atitudes contrárias aos interesses dos trabalhadores privados.

Esses sindicatos já estão suficientemente avariados em termos ideológicos e de análise da realidade social. Têm é de ser encorajados para uma visão actualizada que os liberte de todos os preconceitos em que formaram as suas mentalidades desde fins do séc. XIX.

Duvido que gente de mente estatizante como em geral a dos responsáveis de sindicatos da função pública, e não só de professores, possuam a menor predisposição ou capacidade para tanto.

Bem gostaria eu de estar errado.

Desde já peço desculpa às excepções em todos os sindicatos onde as haja.

Posso ousar pedir-lhes que tentem ser o fermento de um futuro de profunda renovação dos sindicatos portugueses?

A.C.R.

Etiquetas: ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional