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2004/07/30

Novo Governo: muitas perguntas 

Álvaro Barreto e Bagão Félix: Não acredito que incumba aos governantes arranjar emprego para quem quer que seja, mesmo que na penosa situação de desemprego. Nem creio que tal promessa – que alguns persistem em fazer – seja possível de cumprir. No entanto, a sua acção governativa pode ser indirecta mas determinante, daí que faça sentido perguntar: serão eles capazes de apontar objectivos exaltantes aos (pequenos, médios e grandes) empresários dos vários sectores da economia nacional ou vamos continuar a acreditar que são os políticos que dirigem os destinos da economia?

Paulo Portas: Será capaz de apetrechar a Marinha e a Força Aérea com os meios necessários à defesa da costa portuguesa e da sua zona económica exclusiva, designadamente do tráfico de droga, de pessoas e do contrabando? Será ele capaz de alargar a acção das Forças Armadas a outros tipos de defesa do território, como a prevenção e o combate aos fogos?


António Monteiro: Alinhará as nossas relações diplomáticas à luz de critérios de soberania, de liberdade e de independência numa União de Nações Europeias? Privilegiará relações com outras nações que repudiam a hegemonia do eixo franco-alemão, como a Inglaterra (nosso mais antigo aliado), a Irlanda, a Itália e a Áustria? Ou será que vai ser cúmplice nessa farsa totalitária que dá pelo nome de Constituição Europeia, através da qual se pretende criar um super-estado de nações juridicamente amordaçadas governado pelo eixo franco-alemão?

Daniel Sanches: Será capaz de combater energicamente a onda de criminalidade que grassa nas áreas urbanas e suburbanas, devolvendo a confiança e a autoridade aos seus agentes e a segurança às populações? Será capaz de combater eficaz e realmente o tráfico de droga e de pessoas mediante vigilância adequada (como poderá ser de outra forma?), inclusivamente nas fronteiras? Será que os agentes da autoridade virão mais para a rua?

José Luís Arnaut: Conseguirá imprimir um estilo de construção habitacional mais ampla destinado a famílias mais numerosas? É uma questão de cultura. Conseguirá fixar objectivos e concitar o empenho das forças vivas locais e regionais, para criar actividades económicas de modo a repovoar o interior? Conseguirá imprimir uma toada de honestidade e transparência entre as edilidades locais, os projectos de construção habitacional e as empresas de construção civil?

José Pedro Aguiar Branco: Será ele que vai iniciar o processo de despolitização/despartidarização da justiça e dos tribunais, devolvendo-lhes a independência e a credibilidade que tanto lhes falta? Será ele que vai impedir que processos, como o da pedofilia na Casa Pia, fiquem em águas de bacalhau, quando tudo se parece encaminhar para a conclusão de que afinal não foi ninguém? Será ele, enfim, que vai mudar o Ministério da Justiça?

Carlos Costa Neves: Continuaremos nós, portugueses, a confundir agricultura, pescas e floresta com subsídios? Será que existem objectivos e prioridades concretas para orientar e dinamizar a actividade dos agricultores, proprietários rurais e pescadores? Será que existe um plano de reflorestação do território com espécies autóctones (castanheiro, carvalho, pinheiro, sobreiro, azinheira,...) ou vamos continuar a assistir à cavalgada do eucalipto? Será que existe um plano exequível de limpeza e protecção das florestas?

Maria do Carmo Seabra: Conseguirá ela acalmar a fúria de reformas curriculares dos últimos anos? Será ela que vai mudar o Ministério da Educação para que o ensino possa mudar? Conseguirá ela convencer um novo ministério da educação de que, melhor que fazer reformas à toa, o que se deve fazer é cumprir com competência os programas em vigor? Será ela que vai conseguir que o Estado trate equitativamente o ensino estatal e o ensino particular e cooperativo? Conseguirá desideologizar o ensino estatal e a fazer com que o ME reconheça a primazia das famílias na educação dos seus filhos?

Maria da Graça Carvalho: Conseguirá agilizar e rentabilizar os recursos e o trabalho dos bons investigadores que por cá existem? Conseguirá ela deter a fuga de cérebros? Será ela que vai fazer a ponte entre o que se ensina nas universidades e as necessidades do mercado de trabalho e das empresas? Reajustará o número de vagas do ensino superior às reais necessidades do mercado de trabalho, como por exemplo nos cursos de medicina, enfermagem e afins?

Luís Filipe Pereira: Será desta que o Estado salda as dívidas a farmácias, clínicas e laboratórios de análises? Tornar-se-á o serviço público de saúde mais organizado e menos dispendioso? Porque será que, no serviço público, exceptuando o caso de urgências, muitos médicos, ou quase todos, só estão uma parte do dia (por exemplo, de manhã) ao serviço? Será possível, assim, dar vazão às listas de espera? Será desta que os serviços públicos se articularão com os privados, de tal forma que se garanta o mais importante: que as pessoas sejam atendidas de forma competente, independntemente do serviço ser público ou privado? Será ele capaz de superar o dogma de que o serviço público é que é bom, mesmo que seja deficiente e dispendioso, e o privado não presta, mesmo que funcione melhor e mais barato?

Fernando Negrão: Haverá sensibilidade para a falência do sistema de segurança social que se aproxima com o envelhecimento da população? Será ele a cortar com as despesas do fundo de desemprego? Porá em prática uma política de incentivo à natalidade de tal forma que, no mínimo, se consiga renovar as gerações? Haverá aumentos de abono de família e prémios à natalidade? Ou continuarão a ser penalizados os casais que têm filhos? Será desta que o trabalho (a tempo inteiro ou parcial) das mães de família em casa – administradoras do lar – é contabilizado para efeitos de pensão de reforma? Terá ele a coragem de endurecer as leis anti-pedofilia até aos 18 anos?

Maria João Bustorff: Será ela que vai acabar com a cultura subsidiodependente, verdadeiro sorvedouro de subsídios? Será ela que vai valorizar realmente os artistas das várias artes que plasmam os sinais e imagens de Portugal? Será ela que vai requalificar tanto património artístico e cultural descuidado, fazendo disso ocasião de reencontro entre os portugueses e a sua História e Cultura?

Luís Nobre Guedes: Será ele capaz de levar às indústrias uma mentalidade de efluente zero? Será ele capaz de comprometer os pequenos, médios e grandes industriais numa política de tratamento total de resíduos? Conseguirá proporcionar os meios adequados para a recolha e tratamento de resíduos urbanos e industriais em todo o País?


Pedro Santana Lopes – Cabe-lhe a espinhosa missão de evitar aquilo que já começou a acontecer: os sinais de caos e de improviso, num governo em que parece que primeiro se escolhem os ministros e depois vamos lá ver onde é que os encaixamos. Para que este governo seja, de facto, uma nova página na História de Portugal e uma nova geração de governantes que surge à cena, o Primeiro Ministro tem que garantir que todos serão capazes de superar divergências pessoais e ter como objectivo máximo a unidade e a sintonia com a sociedade civil – a Nação, no fim de contas – que esta oportunidade histórica de virar página lhes depara.

Oxalá estejam à altura disso.

Ao Dr. Pedro Santana Lopes desejo, sinceramente, as maiores felicidades nessa árdua tarefa.

Manuel Brás

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