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2004/07/01

Caso da Moderna com origens remotas, mas profundas, no tratamento ignominioso dado pelo Estado à U.L. 

Não há que regatear encómios aos Professores e dirigentes das novas Universidades privadas que tão bem souberam distribuir, pelos Colegas das Universidades públicas, fartas fatias dos rendimentos que lhes vinham das propinas pagas pelas famílias dos alunos.

É, bem poderá dizer-se, a maior descoberta saída no séc. XX dos cérebros universitários portugueses:... a descoberta de como poderia tornar-se uma verdadeira mina o ensino universitário privado, se bem exploradas, isto é, bem ordenhadas as "tetas" das famílias indefesas.

Não, eles não inventaram o ensino universitário privado. Fomos nós, "leigos" com espírito de iniciativa e organizador, que o concebemos, montámos, organizámos e pusemos a funcionar. Os que viriam a ser os seus novos donos apenas invejaram, intrigaram e assaltaram...

E não foi pouco!

De facto, tudo conseguiram pela influência política determinante sobre João de Deus Pinheiro, e sobretudo pelo seu poder de intriga e manha, para que ele lhes desse outras universidades, visto que a UL não se deixava conquistar às boas, por dentro, nem à má cara, a partir de fora.

Chegaram a tentá-lo a tiro!

Deus Pinheiro, por seu lado, também tentou tudo, entendido, como não podia deixar de ser, com Cavaco Silva, Primeiro-Ministro, para nos arrancar "legalmente" a Universidade Livre. Tudo maquinou para o efeito, com uns famosos assessores que lá tinha, no Gabinete, desde um extraordinário decreto-lei, logo declarado inconstitucional, a nosso pedido, pelo Tribunal Constitucional, decreto-lei que nos espoliava descaradamente de todo o património físico, moral, social que havíamos criado, como se fosse ainda o PREC (um Prec agora de "direita"); até àquela incrível série de despachos com que o Grande Ministro, e seus inteligentes e ardilosos mas puros assessores, sucessivamente iam deitando o barro à parede, para nos obrigarem a fechar a UL, com sempre novos argumentos que a Relação de Lisboa foi, sem descanso nem tréguas, declarando improcedentes.

Até que...

Mas isso é continuação da história para outra altura.

Importa, sim, agora, levar ao cabo a história, esboçada, relativamente a dinheiros e tetas prontas para se deixarem ordenhar, pelos manda-chuvas das novas Universidades.

Basta dizer que a sua sofreguidão a mostraram de pronto: de um dia para outro, anulada a concorrência da U.L., combinaram entre si, aí por Set.º/Outubro de 1986, as propinas que os seus Alunos iriam pagar, imediatamente: seria mais do dobro do que, no ano lectivo anterior, haviam pago eles próprios ou seus colegas, na Universidade Livre, exactamente pelos mesmos cursos, com currículos exactamente iguais, copiados sem vergonha dos currículos e programas dos cursos da UL, aliás dados pelos mesmos professores e assistentes.

O futuro sorria-lhes, ria-lhes às gargalhadas, sem vergonha! E ainda não se sabia no que tudo isso iria dar: nos casos da U. Moderna, discutidíssima nos M.C.S. e em Tribunal.

Houve, de facto, responsáveis das novas Universidades privadas a pensar que, depois do esmagamento grosseiramente imoral da UL, "brilhantemente" conseguido, tudo lhes seria permitido e ninguém lhes iria à mão.

Como de facto.

Ou quase.

António da Cruz Rodrigues

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