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2004/06/28

Aspectos, outros, da competição cerrada entre estabelecimentos de ensino: públicos e privados. 

O facto de o Estado ter imposto aos estabelecimentos de ensino superior públicos limites para as propinas mais de acordo com os custos muito elevados desse ensino; e, por outro lado, o facto de lhes determinar o orçamento das despesas, que o Estado cobre, também em função dos números de alunos, tudo isso, completamente inovador para muitas mentalidades de gestores e docentes – “funcionários públicos”, foi uma enorme revolução, evidentemente necessária mas inaceitável para os resistentes a essas mudanças.

Tal forçada entrada no mercado puro e duro, assim de chofre, não foi compreendida no seu alcance pelas mentalidades velhas, desorientando-as e desorganizando-as completamente.

Não é, principalmente, uma questão de inteligência; é a fé profunda de que elas ou cada uma delas governa melhor o “seu” mundo do que as leis materiais ou “materialistas” da física social, a física do mercado, em particular, que consideram alienantes e conduzindo ao triunfo dos mais fortes, nunca, ou só por acaso, ao triunfo dos melhores.

Não lhes passa pelas cabeças que os mais fortes possam mesmo ser os melhores e os mais capazes servidores do interesse e utilidade públicas.

Mas a realidade impõe-se sempre, mais tarde ou mais cedo, como soe dizer-se.

E as Universidades e Politécnicos acabaram por entrar no jogo das regras e exigências do mercado.

Não é senão também uma prova disso que haja hoje em Portugal uma densidade de doutores e mestres universitários, por quilómetro quadrado, como nunca houve.

As licenciaturas banalizaram-se ou desvalorizaram-se tanto que os titulares delas, se não acederem pelo menos ao mestrado, ficam apenas pouco mais que... superiormente iliteratos/iletrados.

A procura de mestrados e doutoramentos aumentou, por isso, muito ou muitíssimo e os Politécnicos e Universidades, indo ao encontro do mercado, têm sabido oferecer-lhe os melhores produtos de que dispõem — mestrados e doutoramentos.

Segundo a lógica do mercado, também, essa satisfação das necessidades da procura traz às Universidades e Politécnicos substancial reforço das suas receitas próprias, o que não é nada despiciendo, por um lado, nem, por outro, tem seja o que for de censurável.

Antes pelo contrário: é prova do seu sucesso e de acerto, na avaliação de carências que só umas e outros podem conhecer bem e que só umas e outros podem satisfazer.

Não poderiam nem deveriam, aliás, Universidades e Politécnicos continuar a ter imagem de meros fabricantes de licenciaturas, nem deverão, por isso, passar a ser consideradas meras fábricas de mestrados e doutoramentos.

A.C.R.

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