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2004/06/16

Quem ganhou as eleições? Quem as perdeu? 

Na noite de domingo, pelo que respeita às eleições em Portugal, apareceram na TV vencedores e derrotados, a gozar ou glosar as respectivas vitórias e derrotas.

Os vencedores do PS, numa sala pindérica, com uma assistência pindérica, aplaudindo com pindérico entusiasmo, apresentavam-se com os louros da sua esmagadora vitória, como se tivessem sido derrotados.

Tudo o que fosse passado, era com eles.

Futuro exigiam-no ao Governo sobre o qual acabavam de obter uma estrondosa vitória.

Os derrotados, da coligação PSD/PP, por sua vez, vieram sérios e solenes, mas absolutamente determinados, prontos e seguros para enfrentar o futuro.

Como se já fossem os próximos vencedores.

Como se só eles detivessem as chaves dos amanhãs que cantam.

Foi curioso e interessante ver os contrastes.

Viria a saber-se a razão, talvez profunda, dum certo ar fúnebre dos vencedores: na assistência, cerca de metade — estimativa minha — não estariam a gostar nada do que ouviam ao secretário-geral do P.S., para lembrar que será candidato, daqui a uns meses, à confirmação no cargo.

Safa! — gemem os menos calados.

Mas penso que há outra razão mais profunda, de que, porém, muitos ainda não estão nem virão a estar facilmente conscientes.

É o temor, instintivo nuns, ponderado nalguns, da "sorte" de Schroeder, socialista.

É sina dos estadistas de agora serem castigados duramente, se tentam políticas de verdade, como Schroeder quis tentar e levar a cabo: ele, como aliás o trabalhista Blair, descobriram há mais ou menos tempo que o "modelo social europeu" não pode ser levado rigorosamente à letra.

E ambos sabem também que estão — e a Europa com eles — condenados ao atlantismo, caminho único de sobrevivência.

Aprenderam, tiraram as conclusões práticas (Schroeder mais lentamente e a contragosto) e estão a ser pesadamente derrotados nas urnas pelos seus povos que não querem, nem bater-se de armas na mão, nem deixar descer o chamado "nível de vida", isto é, de consumo.

Os socialistas portugueses temem, de morte, o que também a eles os espera, com as suas vitórias numéricas, mas que já os condenam a sucessivas derrotas logo a seguir.

É por estas que já se apresentaram de luto?

Bem no fundo, prefeririam evitar as vitórias pirrónicas, que só lhes antecipam rápidas e dolorosíssimas derrotas.

Os seus amanhãs que choram.

E sabem que não têm nem virão a ter, nas suas mãos, as chaves que lhes trocariam o destino.

Os seus eleitores também não lhas podem proporcionar.

Resta-lhes tentar: achando entre os seus um homem clarividente e determinado, como Blair e Schroeder, capaz ao menos de tornar-lhes as derrotas gloriosas.

Chegarão lá?... Parece muito duvidoso.

Pelas políticas e clientelas de sempre.

A.C.R.

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