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2004/06/17

A Europa e Portugal desorientados, depois das eleições para o PE 



A verdade, porém, é que a desorientação parece maior entre os vencedores que entre os derrotados.

O grande derrotado Schroeder garantiu já que irá manter a mesma linha de rumo e prosseguir o rumo reformista, que foi aliás a causa da sua derrota: insistindo nas correcções introduzidas ao "modelo social europeu", que os leitores não querem ver atingido, mesmo que apenas beliscado.

O igualmente grande derrotado Tony Blair garantiu também que persistirá na política de adesão plena à Europa, incluindo o projectado referendo sobre a constituição europeia, bem como que continuará a rejeitar o abandono da coligação ou a saída unilateral do Iraque.

O também derrotado, ainda que menos, Durão Barroso, jura igualmente que não vai rever as suas políticas de dois anos ao sabor de sondagens, como quem implicitamente não considera estas eleições mais que uma sondagem.

Há nisto, claro, um certo erro: é que as sondagens, para serem credíveis, têm de dirigir-se proporcionalmente a todos os estratos sociais ou de interesses.

Parece não ter sido o caso destas eleições que, a avaliar pelos mais de 60% de abstenções, terão sido "respondidas" predominantemente por eleitores de preconceitos esquerdistas, ficando os outros predominantemente em casa, no campo, na praia, nos festejos de Santo António, ou no Euro/2004.

Como se explica a firmeza e, digamos, segurança dos derrotados?

No poste de ontem, limitei-me a constatar uma para mim evidência: que do lado dos vencedores há uma espécie de sentimento profundo, dilacerante e deprimente de que as vitórias de agora, se os levassem ao poder, os conduziriam rapidamente a derrotas sem honra, nem glória ou proveito.

Mas porquê?

Atrevo-me a dizer.

Porque são vitórias absolutamente contrárias ao "sentido da História".

Porque vou buscar o chavão de tão tristes recordações?

Porque hoje e aqui ele me parece ajustar-se perfeitamente às realidades, neste grande espaço europeu de mais de 350 milhões de habitantes, o lado de cá, mais "ocidental", do Atlântico.

É que, mais ainda do que nos números dos votos que se exprimiram a favor dos vencedores (muitas vezes o dobro ou cerca do dobro dos atribuídos aos vencidos), se pode ter por certo que o poder efectivo de mudar e consolidar a sociedade, não está de facto aí.

Isto é, governos sem o apoio dos vencidos nestas eleições, correrão de certeza para rápidas derrotas, mais humilhantes e desestruturantes das sociedades do que as derrotas, formalmente numéricas, de quaisquer outros.

Isto nada tem contra o sufrágio universal.

Pelo contrário.

É apenas um alerta contra alguns que, julgando servir o princípio do sufrágio universal, estão apenas a servir-se dele, mas muito mal para todos nós.

A.C.R.

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