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2004/06/29

A Enorme Dívida do Ensino Superior Público ao Ensino Superior Privado, em Portugal 

A Universidade Livre e depois todas as que, após 1995, surgiram a partir dela, aonde foram recrutar os seus docentes?

Recrutar alunos não foi difícil, porque as famílias tinham deixado de acreditar na Universidade pública, anarquizada, preferindo pagar propinas comparativamente elevadas, em vez de deixá-los ir vegetar para o ensino público ou serem “trucidados”pelo “numerus clausus” recém-estabelecido.

Mas os docentes?

Não esquecer que muitos docentes, “saneados” nas Universidades, tinham-se exilado, a partir de 1975 — a maioria no Brasil — para escaparem às perseguições políticas e sobretudo para tentarem ganhar a vida, direito que aqui lhes era negado.

Logo a seguir ao 25 de Novembro (1975) e na expectativa, confirmada, de serem reintegrados, muitos deles foram-se decidindo a voltar para Portugal e logo alguns encontraram lugares na recém – criada UL.

Lembro-me bem dos casos dos Profs. Adriano Moreira, José João Gonçalves de Proença, Joaquim da Silva Cunha, entre outros, como Joaquim Veríssimo Serrão, a quem ouvi bendizerem a criação da UL, onde os atendi e tive o grande gosto de lhes ser útil.

O segundo e terceiro dos nomeados, tempos depois, viriam a ser dos mais encarniçados inimigos e destruidores da UL.

Pura coincidência.

Mas houve muitas dezenas de outros professores universitários que vieram directamente da docência dos seus cursos nas Universidades públicas, já reintegrados uns e outros que nunca tinham sido saneados.

Acumulando vencimentos, por inteiro, do que não estavam proibidos de modo algum, contribuiu-se assim, para a melhoria do nível de remunerações de docentes universitários, que a inflação galopante de então ia comendo gravemente.

As remunerações pelo exercício de cargos académicos, como Reitor ou Vice-Reitor e Director de Departamento, na UL, eram modestíssimos. Mas depois de destruída a Universidade Livre, e criadas novas Universidades privadas em sua substituição pelo Ministro João de Deus Pinheiro, onde praticamente todos os cargos académicos e de Administração passaram a ser e são desempenhados por professores universitários, em matéria de remunerações as coisas passaram a piar mais fino.

Chegou-se aos níveis de remunerações “escandalosos” que o processo da Universidade Moderna revelou.

O presidente do Conselho de Administração da Universidade Lusíada, garantia-se, teria chegado a receber de remunerações diversificadas, mas naquela qualidade, cinco mil contos por mês.

Foi um fartar…

Nos últimos anos, as Universidades privadas começaram a apertar o cinto, porque a procura por parte de candidatos à matrícula tem descido bastante.

É por isso natural que alguma contenção se tenha imposto, mas a fúria do assalto pelos mesmos Senhores, à conquista ou destruição da Universidade Livre, ficou plenamente justificada.

Que efeito tiveram estes exemplos nas Universidades públicas, se isto era um domínio em que, aparentemente, elas não tinham autonomia de decisão competitiva?

É fácil de imaginar.

A.C.R.

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